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Os Contos de Fada e a Sanidade Mental: A Visão de G. K. Chesterton e J. R. R. Tolkien

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<a href="images/stories/ives_nova.jpg" title="Ives Gandra da Silva Martins Filho" class="jcebox"><img src="images/stories/thumbnails/thumb_ives_nova.jpg" alt="Ives Gandra da Silva Martins Filho" style="margin: 5px; width: 300px; height: 199px; float: left" title="Ives Gandra da Silva Martins Filho" width="300" height="199" /></a>
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<![endif]-->&nbsp;&nbsp;<b> IVES GANDRA DA SILVA MARTINS FILHO</b><br />
Ministro do Tribunal Superior do Trabalho<br />
Membro do Conselho Nacional de Justi&ccedil;a
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&nbsp;
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&nbsp;Vida de juiz de Corte Superior. Estressante, quer pela quantidade de processos a resolver, quer pela responsabilidade de n&atilde;o se cometer injusti&ccedil;a ao deslindar os casos mais complexos. Perto de 50 processos a despachar por dia, cifra humanamente imposs&iacute;vel de se dar conta, sem (ou mesmo com) uma assessoria qualificada e numerosa, em torno de 25 gabaritados bachar&eacute;is, mas que devem ser formados <i>ad mentem judicem</i>. Sess&otilde;es longas de julgamento, em que nem sempre todos os elementos dos autos s&atilde;o dominados pelo julgador. E atendimento a advogados, que buscam convencer de que a raz&atilde;o est&aacute; com seus clientes e esperam alguma sinaliza&ccedil;&atilde;o de que ter&atilde;o ganho de causa. Tantas ocupa&ccedil;&otilde;es e preocupa&ccedil;&otilde;es, afora aulas, escritos, fam&iacute;lia e amigos, parecem n&atilde;o caber num dia de 24 horas. O recurso a Deus &eacute; cont&iacute;nuo, como sentido de tudo o que se faz, mas tamb&eacute;m para n&atilde;o perder a paci&ecirc;ncia e para resolver com sabedoria tantas causas e problemas alheios. Ingredientes suficientes para colocar &agrave; prova a sa&uacute;de f&iacute;sica e mental de qualquer um.<br />
<br />
&nbsp;&nbsp; &nbsp;Vida n&atilde;o diferente da de tantos homens e mulheres da moderna sociedade de consumo e produ&ccedil;&atilde;o em massa, informatizada e globalizada, que se dedicam a ganhar o seu p&atilde;o de cada dia com sacrif&iacute;cio nas mais diversas &aacute;reas de atividade humana (m&eacute;dicos, advogados, engenheiros, professores, comerciantes, empres&aacute;rios...), correndo atr&aacute;s de clientes (para ter servi&ccedil;o ou receber por eles), estudando para passar em concursos (cada dia mais dif&iacute;ceis e concorridos), lutando para compaginar dois ou tr&ecirc;s empregos simult&acirc;neos (sen&atilde;o n&atilde;o se consegue pagar o aluguel do apartamento), enfrentando a concorr&ecirc;ncia desleal (desde o meio acad&ecirc;mico ao negocial), suportando chefes iracundos e superlativamente exigentes (perfeccionistas mesmo) e procurando atender da melhor forma poss&iacute;vel seus demais compromissos profissionais, familiares, religiosos e sociais. H&aacute; momentos em que, diante de tanta press&atilde;o e tens&atilde;o (a corda do arco da vida est&aacute; continuamente tencionada), d&aacute; vontade de repetir o que se viu numa picha&ccedil;&atilde;o de muro de casa: <i>Parem o mundo que eu quero descer!</i>
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<br />
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Re: Os Contos de Fada e a Sanidade Mental: A Visão de G. K. Chesterton e J. R. R. Tol

Adorei o artigo. Ele me fez relembrar pequenas coisas da infância. Mas existem alguns pontos que eu gostaria de ressaltar que me deixaram bastante intrigada e instigada a estudar.

Nesse ponto se verifica a similaridade com o mundo real. Chesterton traça o paralelismo entre o pecado original (tudo é permitido ao homem no paraíso, à exceção do fruto da árvore da ciência do bem e do mal) e as condições colocadas às fabulosas façanhas dos personagens de contos de fadas (Gata Borralheira que deve voltar do baile à meia-noite; Bela Adormecida que não pode se ferir numa roca; etc). Esse realidade é bem retratada nas obras de Tolkien, nas quais a disputa pelos “Silmarils” e pelos “Anéis do Poder” é o exemplo emblemático da não aceitação, pela criatura, dos limites impostos pelo Criador, provocando a sua ruína (vide, por exemplo, a rebeldia de Morgoth contra Illuvatar; a dos numenorianos contra a proibição de navegar para o Ocidente; etc), mas com a subseqüente vitória da humildade sobre o orgulho, com o restabelecimento da harmonia quebrada (Elendil escapando do naufrágio da ilha de Númenor; Frodo e Sam salvando o mundo civilizado, com o cumprimento da missão de destruir o Um Anel).
Neste ponto ele ressalta o quanto a questão do “Ser Criador” é um tema sempre abordado. Costumam dizer que o homem precisa acreditar em algo para se apoiar, para ter um chão e continuar sonhando. Embora eu não siga uma determinada religião eu sou defensora de que em algum lugar deve existir um poder maior ou uma força vital que rege todo o universo. Embora muitas vezes eu me pegue a pensar que talvez “Esse Criador” não exista, porque eu trabalho com ciências biológicas e enfim a gente passa a se tornar descrente em relação a determinadas coisas, fica difícil dizer que um ser tenha resolvido que devamos passar por algum tipo de sofrimento ou que ele rege nossas vidas e não temos direito a escolha.
Vejo muitos tópicos sobre Tolkien e suas obras, influências entre outros assuntos. Mas a questão da existência de uma alegoria baseada na religião, em Cristo sempre volta á tona. O que eu casualmente acho um tanto quanto absurdo, mas enfim; Qdo eu li Lewis ao chegar ao final do livro eu me surpreendi, por que ali sim encontramos “o dedos Deus”. Quem leu o livro entende o que quero dizer. Não comparo SdA como um conto de fadas, embora o mesmo possuía elementos ás vezes um tanto quanto comuns em contos de fada.
a) Na saga de “O Senhor dos Anéis”, de J.R.R.Tolkien, quem não se identifica, em muitas de suas circunstâncias de vida, com Frodo Baggins ou Sam Gamgee, ao tomar consciência da grandeza da missão que têm nesta Terra, não obstante a carência de talentos e virtudes para cumpri-la? Quem não gostaria de ter a prudência de Gandalf ou a nobreza de Galadriel? Quem não passou pela angústia de um amor impossível como Éowyn (encontrando, depois, seu verdadeiro companheiro de jornada) ou pela necessidade de passar oculto por tanto tempo e lutar perseverantemente em tantas frentes, até recuperar aquilo que lhe era devido e ver sua condição real reconhecida, como Aragorn?

E aqui fica bem claro a minha opinião a respeito de SdA, eu vejo a saga do Um como um verdadeiro hino á humanidade. Nunca vi, em nenhum livro o ser humano ser representado e sua totalidade com tanta graça e respeito igual nas histórias Tolkienianas. Certa vez em um tópico me falaram que eu estava errada, por que existiam elfos, anões e hobbits entre outros. Mas eu me refiro a questão dos pequenos detalhes, da humildade, do medo, da coragem, do amor, da alegria...eu me refiro a esses sentimentos e características muito marcantes. Das qualidades, das virtudes, dos defeitos e erros que muitas vezes ao decorrer da nossa vida nós acabamos por cometer. Esses “detalhes” como eu disse, são o que tornam a obra de Tolkien e seus personagens em si intensos.
Nossa vida real e o mundo de fantasia no qual nos refugiamos nos momentos de lazer, acompanhando as aventuras dos heróis com os quais mais nos identificamos, são, também, histórias paralelas, que se cruzam e interpenetram, servindo as virtudes vivenciadas pelos personagens de exemplo e estímulo para nossa luta diária contra a preguiça e o desânimo, a vaidade e a sensualidade, a ira e a inveja, a avareza e a intemperança. A diferença é que a nossa aventura é mais bonita e emocionante, porque é real.
 
Re: Os Contos de Fada e a Sanidade Mental: A Visão de G. K. Chesterton e J. R. R. Tol

Parabéns por mais este maravilhoso artigo, Ives!
Uau! Um dos melhores (se não o melhor) que já li aqui na Valinor!
Sou uma das pessoas que acreditam piamente no poder dos contos de fadas, sejam eles direcionados às crianças ou à nós, adultos (e o que eu vejo de crianças que são loucas, por exemplo, pelo mundo de Tolkien não está escrito...).
Enfim, não é à toa que lemos e relemos (assim como as crianças nos pedem para ler as mesmas historinhas infinitas vezes) estes contos ou histórias de mundos distantes...
É neles que buscamos as fontes de inspiração para a nossa realidade. E neles que nos identificamos com algum personagem. É neles que encontramos o refúgio e o escape necessários para lidar com nossos conflitos e tensões diárias.
Que belo artigo!
Muito obrigada por nos cedê-lo!
 
Re: Os Contos de Fada e a Sanidade Mental: A Visão de G. K. Chesterton e J. R. R. Tol

Gostei do texto.

Há um aspecto curativo e gentil nas histórias de fantasia e bastante sutil.

Como um princípio medicinal elas podem ser usadas para devolver forças a quem precisa e foi desenganado. E também nesses dias quando parece que a noite se adensa com tanta força alimentada pelo sofrimento de tantas pessoas.

Curiosamente histórias encantadas permitem ao ouvinte aceitar situações que de outro modo não poderiam ser exploradas. Estimulam a diversidade, criatividade e originalidade e são suaves no trato de certos assuntos. Elas podem proteger segredos também até que a pessoa descubra um por um os significados presentes no texto.

Aos que lembram dos sonhos, durante o sono a pessoa também vive fantasias na forma de simulações ou espelhamentos da realidade, para preservar o verdadeiro conceito de realidade que é a possibilidade de várias situações, sejam elas possíveis ou impossíveis e que no estado de vigília poucos admitem como verdadeiro.

Nas mãos de autores tendenciosos essa ferramenta é deturpada e pode ser utilizada para o lado negativo tornando a prática da fantasia na prática da mentira, enquanto que nas mãos certas ela é capaz de valorizar a inteligência.
 
Última edição:
Re: Os Contos de Fada e a Sanidade Mental: A Visão de G. K. Chesterton e J. R. R. Tol

texto prazeiroso como sempre.

tempos atrás, recorri de fuga semelhante, criando um blog com semi-histórias ou semi-poesias sobre um universo quase fantasioso, que moldou minha infância e com o qual me deparei mais tarde, ao ler Guimarães Rosa: O Gerais, ou o sertão-cerrado.

Há ali um modo de vida tão intrínsecamente permeado de estórias, que não se sabe onde terminam e onde começa a vida real. O que é uma alívio para a vida dos sábios e sofridos matutos. É sobre isso que resolvi falar, e foi isso que me trouxe alívio para as tensões que passava na época.

Imagino que cada um possa (e talvez deva) encontrar refúgios para a lucidez no universo que mais lhe cativar. Contos de fadas e folclores populares são formas extremamente singelas, e talvez muito mais potentes para fazê-lo.
 

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