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Os Cantos (Ezra Pound)

Mavericco

I am fire and air.
Usuário Premium
Os Cantos são basicamente o que o autor desse blog definiu.

Mas, sobretudo, Os Cantos é um livro muito difícil... Confesso que pedi arrego. Cheguei a ler o livro, ou, melhor dizendo, passar os olhos, visto que o número de referências e o corte fragmentário tornam a obra absurdamente difícil de ser lida... Ela é tipo um Finnegans Wake da poesia. E inclusive do ponto de vista estrutural, visto que a obra tem como fim o inconsciente coletivo.

Então vamos lá, criar esse templo para aqueles que já leram a obra, já leram a respeito ou ficaram curiosos. Apesar de você passar 99% do livro com essa cara: 8-O, tem passagens muito bonitas... Meu Canto preferido é o Canto II.

Aqui você pode encontrar uma tradução anotada do Dirceu Villa, o que é uma baita mão na roda...

A passagem mais bonita do livro está justamente no final do Canto II. São alguns dos versos mais bonitos que já li:

Olive grey in the near,far, smoke grey of the rock-slide,
Salmon-pink wings of the fish-hawk
cast grey shadows in water,
The tower like a one-eyed great goose
cranes up out of the olive-grove

And we have heard the fauns chiding Proteus
in the smell of hay under the olive-trees
And the frogs singing against the fauns
in the half-light.
And…


Outros versos bem bonitos são os versos no final do livro, no fragmento dos Cantos:

I have tried to write Paradise
Do not move
Let the wind speak that
is paradise.

Let the Gods forgive what I
have made
Let those I love try to forgive
what I have made.

Nesse blog tem uma tradução desse trecho.
 
Foi o José Lino Grünewald. Li pela tradução dele. Ele participou, junto com os Irmãos Campos, o Pignatari e o Mário Faustino da primeira, digamos, força-tarefa em traduzir e entender o Pound.
 
Pensando em comprar a edição da Saraiva de Bolso. Alguém lembra quem traduziu?
Mas Bruce, o preço dos dois volumes juntos (sem descontos) dá quase o da edição comemorativa, não acha melhor não? Se bem que... aquela edição "comemorativa" dá até vergonha por ser colada e não encadernada, né?... Como que eles colam um livro de 1000 páginas!? A mesma coisa com A montanha mágica e O homem sem qualidades... E ainda querem cobrar os olhos da cara, aff... Enfim.

Também estou pensando em ler esse ano. Se quiserem a gente pode se juntar para tentar ir lendo aos poucos. Ano passado li só o primeiro que faz referência à visita de Odisseu ao submundo. Não tem nenhuma edição anotada por aí, tem? :dente:
 
Bem, tem um blog em que o autor fez algo parecido: um diário de bordo de leitura do The Cantos:
http://www.gordsellar.com/2012/02/21/canto-i/
O Grünewald faz referência a esse livro também, que parece ser bem completo:
http://www.ucpress.edu/book.php?isbn=9780520082878
E esse livro aqui tem bons comentários a respeito:
http://www.amazon.com/Guide-Cantos-Ezra-Pound-Revised/dp/0892552468
Acho o artigo da Wikipedia inglesa bem decente também:
http://en.wikipedia.org/wiki/The_Cantos

Agora acho o máximo é a definição que o R. P. Blackmur faz:

The Cantos are not complex, they are complicated

youdontsay.png
 
Sobre a edição comemorativa da Nova Fronteira:
Eu comprei a minha no Estante virtual com a vendedora Ana Lima Bookseller. Livro novo por R$20,64+ R$8 frete. Recomendo a vendedora, fiz uma compra desse e mais alguns livros, a vendedora foi super atenciosa e ainda me enviou um livrinho de brinde. Quem quiser aproveitar ainda tem alguns exemplares:
http://www.estantevirtual.com.br/mo...os&alvo=autor+ou+titulo&bvendor=anabookseller
 
Sobre a edição comemorativa da Nova Fronteira:
Eu comprei a minha no Estante virtual com a vendedora Ana Lima Bookseller. Livro novo por R$20,64+ R$8 frete. Recomendo a vendedora, fiz uma compra desse e mais alguns livros, a vendedora foi super atenciosa e ainda me enviou um livrinho de brinde. Quem quiser aproveitar ainda tem alguns exemplares:
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Valeu pela dica. Acho que vou comprar direto dela, então. :)
 
Os livros realmente bons, fazem-nos parar para refletir no que ali está escrito, emocionam-nos e, por vezes, mudam a nossa perspetiva de vida. É mesmo assim, por isso é que ler é uma verdadeira paixão para mim, é outro mundo!:)
 
Dando um up no tópico, descobri esse ensaio sobre o Canto I do livro. Bem legal!

Andei dando uma lida na poesia do Pound que-não Os Cantos e encontrei muita coisa legal. Por exemplo, tem esse soneto aqui:

A Virginal
BY EZRA POUND

No, no! Go from me. I have left her lately.
I will not spoil my sheath with lesser brightness,
For my surrounding air hath a new lightness;
Slight are her arms, yet they have bound me straitly
And left me cloaked as with a gauze of æther;
As with sweet leaves; as with subtle clearness.
Oh, I have picked up magic in her nearness
To sheathe me half in half the things that sheathe her.
No, no! Go from me. I have still the flavour,
Soft as spring wind that’s come from birchen bowers.
Green come the shoots, aye April in the branches,
As winter’s wound with her sleight hand she staunches,
Hath of the trees a likeness of the savour:
As white their bark, so white this lady’s hours.

FONTE: http://www.poetryfoundation.org/poem/175777

A construção dele é realmente magnífica, com todo esse uso muito bem pensado da palavra "sheathe" e dos termos que caracterizam a virgindade da mulher e a impureza do eu lírico. Tem duas análises dele que são dignas de nota: essa, do Rethink, e essa, do garethbarry. O Pound, apesar de seu projeto relativamente iconoclasta, era um mestre nas formas fixas, e o soneto não é nenhuma exceção. Basta ver a tradução dele pros sonetos do Guido Cavalcanti ou o hábito que ele tinha de escrever um soneto por dia e no final do ano destruí-los todos (pelo menos é o que o William Carlos Williams diz).
 
EP_Poesia.jpg
A primeira edição de uma seleção dos Cantos de Ezra Pound – batizada a pedido do autor, ainda vivo, de Cantares –, apareceu no Brasil em 1960, e reunia traduções assinadas em conjunto pelos irmãos Campos e por Décio Pignatari. A publicação teve a rubrica do Serviço de Documentação do Ministério da Educação, então dirigido por José Simeão Leal. Em 1968, graças ao empenho do poeta Ernesto Manuel de Mello e Castro, foi publicada, em Portugal, pela editora Ulisseia. De 1983 a 1993, três edições da Ezra Pound Poesia, revistas e ampliadas, foram publicadas pela Editora Hucitec em associação com a Universidade de Brasília.
Depois de três décadas de sua última edição, e há muitos anos inacessível, esta antologia da poesia de Ezra Pound volta a ser publicada entre nós, e agora enriquecida com os textos originais dos poemas recriados em português.
Para a presente publicação EZRA POUND POESIA, organizada por Augusto de Campos, resolveu-se acrescentar o texto de EXTRAPOUND (coletânea reunida por Augusto de Campos e editada por Vanderley Mendonça, para Selo Demônio Negro, em 2020). Tem, assim, o leitor a sua disposição as traduções dos Cantos assinadas pelos irmãos Campos e por Décio, e mais as de José Lino Grünewald e de Mário Faustino, completadas pelas do próprio organizador, de modo a formar um largo panorama da obra poética de Pound.
Pela sua atualidade, decidiu-se, à guisa de prefácio geral, fazer anteceder todo o conjunto pela introdução que Augusto escreveu para as suas mais novas traduções.

@Mavericco
 
Excelente notícia! Essa antologia é extraordinária, um dos grandes momentos da tradução de poesia no Brasil. Estive relendo Pound final do ano passado e continuo achando os Cantos um trabalho extraordinário.
 

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