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Finalmente tenho computador de novo e posso te responder decentemente, @Haran Alkarin. Mals ae pela demora.

Decerto o Olavo conhece esse fato,

Tenho lah minhas duvidas. E. se conhece, parece nao entender o que de fato significa.

o ponto é que isso só vale para referenciais que classicamente são não-acelerados ou inerciais, e o que o Olavo defende é que esse tipo de referencial não é privilegiado (ou não é o único privilegiado).

Privilégio no sentido de ser um referencial especialmente apropriado para o entendimento dos fenômenos físicos.

Mas referenciais inerciais nao sao, nem nunca foram, privilegiados no sentido que voce propoe, de serem 'apropriados para o entendimento dos fenomenos fisicos'. A vantagem de um referencial inercial sobre um nao-inercial eh que, no primeiro, as leis de Newton do movimento sao validas. Logo, analisar um sistema no qual nos sabemos quais regras aplicar eh mais simples do que analisar um em que essas regras nao sao aplicaveis. O que nos precisamos entender eh o seguinte: o movimento acontece, a natureza acontece, digamos assim, independentemente da descricao que utilizamos. Usar referenciais inerciais ou nao inerciais para descrever um movimento nao eh questao de privilegio, mas de conveniencia. Eh perfeitamente possivel utilizar diferentes sistemas de referencia para descrever o mesmo movimento.

Voltando ao exemplo Terra-Sol: podemos descrever esse sistema como a Terra girando em torno do sol (heliocentrismo) ou o sol girando em torno da Terra (geocentrismo). Desde que facamos os calculos corretamente, as duas descricoes sao perfeitamente equivalentes. Ue, mas isso nao contradiz o meu ultimo post, no qual eu afirmo categoricamente que o heliocentrismo eh 'melhor' que o geocentrismo? Talvez haja uma contradicao aparente, por eu nao ter me explicado direito da primeira vez. O que acontece eh o seguinte: nos nao estamos interessados no sistema Terra-sol somente, mas no movimento de todos os planetas do sistema solar. De novo: podemos, sim, tratar esse problema deixando a Terra fixa e analisando o movimento dos outros planetas e do Sol, pois o movimento eh relativo. Ptolomeu fez isso com todos seus epiciclos e esferas e tudo mais (e deu certo). Mas o que os astronomos perceberam eh que usando um modelo heliocentrico os mesmos resultados poderiam ser obtidos, com muito menos esforco (no sentido de menos calculos serem necessarios).

Quando dizemos hoje que a Terra orbita o sol o que realmente estamos dizemos eh que num modelo heliocentrico menos calculos sao necessarios para descrever o movimento do Sol e dos demais planetas do sistema solar do que num modelo geocentrico. A explicacao dos movimentos se torna mais simples e, entao, aplicamos o principio da navalha de Ockham: se temos duas explicacoes fornecendo o mesmo resultado, optamos pela mais simples entre elas.

Inclusive uma vez em uma discussão no facebook chegou a aceitar por hipótese a Teoria da Relatividade Geral, e, citando Einstein, pontuou que esse teoria eleva à categoria de referencial inercial os referenciais gravitacionalmente acelerados, o que coloca em pé de igualdade do ponto de vista da Física os referenciais centrados ou na Terra ou no Sol, assim coloca como igualmente válidos os referenciais geocêntricos ou heliocêntricos.

Ele foi buscar relatividade geral pra afirmar isso? o_O
Como eu disse ali em cima, em mecanica classica, esses referenciais jah sao igualmente validos. O que nos faz escolher um ao inves do outro eh questao de conveniencia.
 
O Olavo gravou um vídeo especial para o @Paganus :


E chamou pra dançar:

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Na boa, algum agente másculo da KGB, com uma estrela do PT tatuada no braço e a bandeira de Cuba no lado esquerdo do peito, seduziu o Olavo e não ligou depois.
 
Última edição:
Sobre a motivação do post e das minhas relações com o olavismo.

Bom, todos sabem aqui que eu desprezo o Olavo pelas suas 'críticas' à Igreja Ortodoxa e às suas relações com o estado russo. Falta tudo nessas críticas: rigor, contextualização, aprofundamento das questões, conhecimento sobre a história da Igreja Russa e de suas tradições. Sempre me causou asco, desde minha conversão à Ortodoxia, a forma como uma tradição repleta de santos é rebaixada a um tipo disforme de Igreja estatal. Mas isso é um detalhe.

Meus problemas sempre foram na verdade com esses tipos esquálidos que propagam as ideias do Olavo de forma acrítica, endeusando o homem e o filósofo. Os problemas eram ideológicos: não por eu ser eurasianista, simplesmente, mas pela crítica que nós, tradicionalista, fazemos da noção olavista de Tradição, uma noção deturpada, que não só se compraz em criar uma falsa mitologia em torno de um Satanás comunista que parece governar o globo e as consciências dos líderes mundiais e das lideranças políticas brasileiras, e parece ignorar, ou mesmo negar, que do ponto de vista conservador, a sociedade capitalista e o liberalismo são tão ou mesmo mais responsáveis pela dissolução dos valores e instituições tradicionais que o 'comunismo satânico'.

O que exasperava os eurasianistas e evolianos do velho orkut não era, porém, o apoio ao americanismo estritamente, mas a absurda desonestidade intelectual do filósofo, seu apoio a personagens e seitas estranhas, a defesa de teorias conspiratórias, o apoio a coisas de caráter claramente contra-iniciática, enganando, deformando situações e conceitos, enfim, desinformado e criando essa seita babaca dos olavetes, que só serve, como bem falaram aí em cima para denegrir a direita conservadora.

Eu só fui tomando ciência desse aspecto de crítica ideológica do Olavo mais recentemente e só fui me emputecendo com isso gradualmente, conforme ia aprendendo mais e mais coisas sobre o legado do Olavo. Sempre tentei me distanciar tanto dos olavetes imbecis quanto dos piores anti-olavetes, desde que conheci o tradicionalismo, só procurei somar contatos e informações sobre o assunto, o que acabou inevitavelmente a me levar a certos confrontos indiretos ou diretos com o olavismo.

Mas é claro que isso é tudo uma questão de discussões políticas e filosóficas pela internet, nada tãooooo importante assim. O facebook sempre foi mesmo pra compartilhar notícias e textos tradicionais, conversas com amigos de ideias semelhantes, desde eurasianistas convictos a fascistas, de perenialistas guenonianos ao clero ortodoxo mundial, enfim, contatos, sírios, armênios, russos, romenos, palestinos, coptas, sérvios, enfim, pessoas com ideias afins, com algum comprometimento, mesmo que apenas intelectual, com a causa anti-liberal.

Agora isso não muda jamais o fato do Olavo ser uma figura importante para o conservadorismo, de ser um excelente filósofo, de ser o responsável pela introdução no Brasil de importantes autores e escritores, como o próprio René Guenon, de escrever coisas muito interessantes sobre o mundo da Tradição. Quer dizer, ele é um boçal, desonesto, uma figura caricata e frequentemente mentirosa, mas não se pode negar os méritos culturais e intelectuais dele. O Seminário de Filosofia é, para muitas pessoas, a libertação da ignorância filosófica e ideológica, o rompimento com as cadeias mainstream de pensamento, uma luz no fim do túnel para a formação de pessoas mais bem instruídas. O problema é que para isso essas mesmas pessoas tenham de se tornar fanáticas, ignorantes, agressivas, absolutizar as opiniões do filósofo, tomá-lo como algum tipo de profeta e condenar tudo que se afaste da interpretação olavista. Eu tenho é pena dessas pessoas e algo mais: tristeza, porque lamento quantos jovens promissores e afastam da ignorância modernista para se idiotizarem assistindo o True Outspeak e bajulando o Mestre (sim, há quem o chame assim) de todas as formas possíveis, peçam autorização dele para ler determinadas obras e ver determinados filmes, enfim, essa punhetagem, esse culto estúpido, irracional, deprimente que é o olavetismo.

A discussão que motivou o post do blog que postei nasceu de uma fofoca sim, de uma coisa bem baixa, mas mais baixa por parte de quem? Eu postei porque ela ilustra bem o caráter baixo e desonesto desse ser aí e que servia para por à luz certos aspectos menos conhecidos da figura do filósofo.
 
Sobre minhas generalizações... bem, eu não acho que tudo que sai na Veja é bosta nem que o Constantino e o Sakamoto só escrevem asneiras, eu só não perco meu tempo com eles como não perco meu tempo lendo posts do morfindel e da free willy do tiopês. É sempre um festival de irrelevância, ignorância ou desonestidade pura e simples. Faz mal à alma se estressar com todo tipo de crítica e discussão, principalmente quando os interlocutores fazem tanta questão de cagar com a boca.

Sobre o fato de eu xingar um ou outro de merda, acostumem-se, eu também xingo vocês e nem isso quer dizer que não os ame. Sou só um pouco enfático demais nos insultos. =P Eu não deixo de debater, de discutir quando se cita algum pensador, autor, escrito de quem eu discorde, aliás, tenho nojo desse tipo de comportamento, do contrário, nem apareceria mais nas discussões aqui do fórum.

Pra descontrair:

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Última edição por um moderador:
Mas referenciais inerciais nao sao, nem nunca foram, privilegiados no sentido que voce propoe, de serem 'apropriados para o entendimento dos fenomenos fisicos'. A vantagem de um referencial inercial sobre um nao-inercial eh que, no primeiro, as leis de Newton do movimento sao validas. Logo, analisar um sistema no qual nos sabemos quais regras aplicar eh mais simples do que analisar um em que essas regras nao sao aplicaveis. O que nos precisamos entender eh o seguinte: o movimento acontece, a natureza acontece, digamos assim, independentemente da descricao que utilizamos. Usar referenciais inerciais ou nao inerciais para descrever um movimento nao eh questao de privilegio, mas de conveniencia. Eh perfeitamente possivel utilizar diferentes sistemas de referencia para descrever o mesmo movimento.

(...)

Quando dizemos hoje que a Terra orbita o sol o que realmente estamos dizemos eh que num modelo heliocentrico menos calculos sao necessarios para descrever o movimento do Sol e dos demais planetas do sistema solar do que num modelo geocentrico. A explicacao dos movimentos se torna mais simples e, entao, aplicamos o principio da navalha de Ockham: se temos duas explicacoes fornecendo o mesmo resultado, optamos pela mais simples entre elas.


Ele foi buscar relatividade geral pra afirmar isso? o_O
Como eu disse ali em cima, em mecanica classica, esses referenciais jah sao igualmente validos. O que nos faz escolher um ao inves do outro eh questao de conveniencia.

Não acho que esse seja o caso de mero uso de "navalha de Occam" e "conveniência" entre referenciais, especialmente na época de Copérnico e Galileu. Primeiramente, não penso que as duas coisas são compatíveis. Quando a diferença entre duas teorias não são os resultados, mas a "quantidade de cálculos", essas teorias são equivalentes logicamente, e assim não é preciso apelar para a navalha de Occam, que entendo ser um critério para a escolha entre duas teorias não equivalentes logicamente. Assim, por exemplo, ninguém precisa optar entre a mecânica lagrangeana ou a mecânica newtoniana, ambas são equivalentes, escolhe-se trabalhar com a que menos dê trabalho, mas não seria o caso de aplicar a navalha de Occam para optar entre as duas teorias, pois se uma fornece dados corretos a outra também irá fornecer (mesmo se fosse o caso de uma delas sempre fornecer resultados através de mais labor aritmético do que a outra).

Quando Galileu defendia o heliocentrismo frente ao geocentrismo, decerto que não queria dizer apenas que seu método dava menos trabalho, e sim pontuava que aquela teoria era superior no sentido de fornecer uma descrição mais fidedigna do mundo. O mesmo pensavam os geocentristas em relação ao geocentrismo. Assim, quando ele esperava associar o movimento das marés ao movimento da Terra, esperava encontrar uma evidência empírica que a Terra não poderia ser considerada estacionária, e assim que o geocentrismo fazia previsões erradas, e não meramente mais laboriosas. E isso vale até mesmo para o geocentrismo de Tycho Brahe, que inspirado pelo modelo copernicano, fornecia as mesmas previsões sobre a posição relativa entre os planetas; e vale para qualquer modelo que fornecesse a posição estacionária à Terra mas a mesma posição relativa entre os corpos que o modelo de Copérnico. E é nesse mesmo sentido que Galileu queria que o heliocentrismo prevalecesse, que de fato prevaleceu no séc. XIX com as evidências empíricas envolvendo a paralaxe de estrelas ou o efeito no pêndulo de Foucault.

Outro exemplo disso fica claro no experimento do balde de Newton: se temos um referencial inercial, e vários referenciais girantes em relação a ele, serão observados efeitos que hoje chamamos não-inerciais nesses referenciais girantes, pois neles falham as leis de Newton. Newton, ciente desse fato, se viu propelido a postular a existência do espaço absoluto, para explicar porque aquele referencial inercial era especial o bastante para só nele valer as leis de Newton, sendo que não havia nenhuma propriedade material para dar a ele esse privilégio. Aquele referencial seria o referencial inercial, pois só ele seria um referencial não-girante em relação ao espaço absoluto.

Que se pode escolher o centro do referencial onde quer que seja e a partir daí descrever os objetos a sua volta, isso sabe-se praticamente desde sempre. Mas isso vale até mesmo se o centro for colocado no nariz de uma pessoa qualquer (que é também um referencial acelerado, como aquele da Terra, só que de aceleração bem mais complicada). Nesse referencial o movimento de todos os objetos vai refletir de alguma forma o movimento dessa pessoa - no referencial do dançarino de tango, todo o universo vai emular uma espécie de dança de tango também, e vai parar de fazê-lo quando o dançarino descansar. Ora, entre um universo que dança tango, e um universo com as propriedades habituais, a diferença é uma questão de trabalho de cálculo, e não de uma visão pouco privilegiada do dançarino? Aí entramos numa questão quase que meramente vocabular, mas se eu me permito considerar que o universo como emulador de uma dança de tango é uma descrição enviesada, então eu me permitiria dizer que, sim, a descrição do universo a partir do nariz do dançarino é pouco privilegiada.

E é nesse sentido que Galileu pensava o referencial estacionário na Terra ou Newton pensava os referenciais girantes acima mencionados: está implícito de que havia uma classe de referenciais especiais nos quais a Terra (segundo Galileu) não poderia apresentar marés se estivesse parada, e é com respeito a esses referenciais que se diz que a Terra se move ou está parada. Ora, se todos referenciais tivessem mesmo status, e não houvesse alguma espécie de privilégio conceitual de um em relação a outro, então é óbvio que existe um referencial no qual a Terra está parada e apresenta marés: justamente o referencial no qual estamos fixados quando estamos parados na praia. E assim não haveria motivo para investigar as marés no contexto do heliocentrismo, e toda a discussão entre heliocentristas e geocentristas seria inútil desde o início, ninguém perceberia o fato óbvio que só faz sentido discutir o movimento de um objeto em relação a outro objeto. Ora, essa é justamente a visão do Olavo de Carvalho da diferença entre heliocentristas e geocentristas: cada um queria colocar o centro do referencial onde lhe aprouvesse e ninguém perceberia que era uma questão de conveniência. Nesse sentido você concorda com o Olavo até mais do que eu. E é uma visão que julgo equivocada, pois a discussão não era discutir o movimento da Terra e do Sol em relação a um referencial fixado em um objeto qualquer, mas em relação a referenciais "privilegiados", “não-enviesados”, ou como queira chamar. A existência desses referenciais era ponto comum da discussão, ainda que não fossem claramente definidos.

Assim para os geocentristas somente a Terra constituía um referencial não-enviesado, para Copérnico (ou melhor, o que uma leitura sem pudores de Copérnico levava a crer) o Sol constituía esse tipo de referencial, e para Galileu e Newton esses eram os (infinitos) referenciais inerciais, onde em um deles encontrava-se (tudo levava a crer) o referencial fixado no Sol. Com Newton a definição fica mais clara (ainda que não foi ele propriamente a dar essa definição): os referenciais inerciais seguem leis simples, e os referenciais não-inerciais seguem outras leis, ainda que sejam leis que levem o universo a dançar tango...

O simples fato de todos seguirem leis (complicadas ou não) cria um empecilho para inferir um privilégio em um referencial ou classe de referenciais? Penso que não. Decerto todas figuras mais importantes que se envolveram com física, até os geocentristas como Tycho Brahe, concordariam que, sabendo as leis (aristotélicas, que seja) no referencial da Terra, poderia-se em princípio construir leis do universo como observado sobre o dorso de um cavalo transloucado - a relação entre essas leis ocorreriam pelo fato de ambos estarem no mesmo universo, e dependeriam do caráter geométrico do universo (euclidiano ou não). Ora, o fato de haver leis que eram seguidas no universo conforme visto sobre o dorso de um cavalo maluco não impedia Brahe ou qualquer outro envolvido na discussão da época de concordar que considerar a Terra parada era muito mais do que uma questão de conveniência de onde se considera o centro do referencial.

Nesse sentido tenho a sensação que o que motivou todas suas objeções foi uma interpretação equivocada da minha frase "privilégio no sentido de ser um referencial especialmente apropriado para o entendimento dos fenômenos físicos", como se eu pressupunha que nos referenciais não especialmente apropriados a existência de qualquer lei fosse inconcebível.

Também Einstein, em "The meaning of Relativity", não teve pudores em dizer que os referenciais inerciais têm "preference" sobre os referenciais não inerciais, no contexto da mecânica clássica e da relatividade restrita:

All of the previous considerations have been based upon the assumption that all inertial systems are equivalent for the description of physical phenomena, but that they are preferred, for the formulation of the laws of nature, to space of reference in a different state of motion. (...)

What justifies us in dispensing with the preference for inertial systems over all other co-ordinate systems, a preference that seems so securely established by experiment based upon the principle of inertia? (...)​

E essa "preference" não estava incrustada apenas em convenção e conveniência, mas na realidade física do universo:

We can think of no cause for this preference for definite states of motion to all others, according to our previous considerations, either in the perceptible bodies or in the concept of motion; on the contrary, it must be regarded as an independent property of the space-time continuum. (...)​

Curiosamente, o prof. Mário Silva, em sua tradução "O significado da Relatividade", também usa a palavra "privilégio":

As reflexões precedentes baseiam-se sobre a hipótese de que todos os sistemas de inércia são, não só equivalentes para a descrição dos fenômenos físicos, mas também privilegiados, para formular as leis da natureza, sobre os espaços de referência ligados a outros estados de movimento. (...)

Como se justifica que rejeitemos o privilégio concedido aos sistemas de inércia sobre os outros sistemas de coordenadas, privilégio que parecia estabelecido pela experiência? (...)
E esse artigo usa o análogo "privileged":

Einstein aimed at an explanation of inertia which would eliminate the privileged role of the class of inertial frames in classical mechanics, and which was based on the premise that the results of measurements should not depend on the choice of coordinates assigned to events.​

E explica porque a observação do Olavo é no mínimo pertinente, pois pontua a mudança importante que a Relatividade Geral inseriu em relação à Mecânica Clássica no papel executado pelos referenciais inerciais, removendo seu antigo privilégio.

Voltando ao exemplo Terra-Sol: podemos descrever esse sistema como a Terra girando em torno do sol (heliocentrismo) ou o sol girando em torno da Terra (geocentrismo). Desde que facamos os calculos corretamente, as duas descricoes sao perfeitamente equivalentes. Ue, mas isso nao contradiz o meu ultimo post, no qual eu afirmo categoricamente que o heliocentrismo eh 'melhor' que o geocentrismo? Talvez haja uma contradicao aparente, por eu nao ter me explicado direito da primeira vez. O que acontece eh o seguinte: nos nao estamos interessados no sistema Terra-sol somente, mas no movimento de todos os planetas do sistema solar. De novo: podemos, sim, tratar esse problema deixando a Terra fixa e analisando o movimento dos outros planetas e do Sol, pois o movimento eh relativo. Ptolomeu fez isso com todos seus epiciclos e esferas e tudo mais (e deu certo). Mas o que os astronomos perceberam eh que usando um modelo heliocentrico os mesmos resultados poderiam ser obtidos, com muito menos esforco (no sentido de menos calculos serem necessarios).

Concordo com o que foi pontuado nesse parágrafo (só não saberia dizer se o heliocentrismo era superior em qualquer questão de cálculo, pois pelo que ouvi falar em muitos usos práticos o modelo geocentrista é usado até hoje). Mas vejo uma contradição não só aparente, mas real, em relação a objeção que você fez anteriormente, afinal lá você critica o Olavo pontuando que em ótima aproximação a Terra gira em torno do Sol, já aqui você reconhece que isso não é necessariamente verdade em certos referenciais. Decerto sabia disso, mas foi um detalhe importante que esqueceu de levar em conta na reflexão do post, e torna, a meu ver, aquela primeira objeção pouco efetiva frente ao que Olavo defendeu.

(Figura que mostra que Olavo não tem Lattes)

A despeito de ser um post brincalhão, vamos concordar que isso é irrelevante, né? Já que se Olavo fosse reunir toda sua produção bibliográfica no currículo, daria um bom currículo, ainda se comparado ao critérios do grosso da malha universitária, que ao publicar algo em uma revista qualquer, ou falar por 5 min em um evento, já chega em casa e atualiza o Lattes.

O Olavo gravou um vídeo especial para o @Paganus :

Tem outros dois também:
 
Última edição:
Nesse sentido tenho a sensação que o que motivou todas suas objeções foi uma interpretação equivocada da minha frase "privilégio no sentido de ser um referencial especialmente apropriado para o entendimento dos fenômenos físicos", como se eu pressupunha que nos referenciais não especialmente apropriados a existência de qualquer lei fosse inconcebível.

@Haran Alkarin Foi bem por ai mesmo. Eu tinha entendido que voce estava dizendo que os referenciais inerciais tinham alguma vantagem real sobre os outros. Foi um erro de interpretacao meu.

Não acho que esse seja o caso de mero uso de "navalha de Occam" e "conveniência" entre referenciais, especialmente na época de Copérnico e Galileu.

Nada do que eu disse eh aplicavel a epoca de Copernico e Galileu. Eu fiz uma confusao danada, espero que agora eu consiga me explicar direito: na epoca de Copernico e Galileu havia um embate real entre geocentrismo e heliocentrismo. As pessoas realmente acreditam que a Terra (ou o Sol) estava no centro do universo. A mudanca de paradigma ocorrida no seculo XVI do geocentrismo para o heliocentrismo foi, inclusive, essencial para o trabalho de Kepler. Foi ao analisar o movimento dos planetas colocando-os orbitando o sol que ele chegou nas suas 3 leis. E isso foi importantissimo pra descobrirem que havia uma interacao responsavel pelo movimento dos planetas que variava com o inverso do quadrado da distancia, que, por sua vez, foi fundamental pro trabalho desenvolvido por Newton. Entao, historicamente falando, essa disputa entre geocentrismo/heliocentrismo foi importantissima e, como voce pontuou, definitivamente nao era um caso de conveniencia meramente.

O que eu queria dizer, no fim das contas, eh que, a luz da fisica atual, essa discussao de heliocentrismo/geocentrismo nao faz mais sentido (e parece que eu concordo com o tal Olavo nesse ponto, mas por razoes completamente distintas), jah que sabemos que o sistema solar eh soh mais sistema, dentro da nossa galaxia. Nem terra, nem sol estao no centro do universo. E ai eh que entra o meu primeiro post: com ele eu queria justificar porque, mesmo sabendo que nao estamos mais no centro do universo e que podemos considerar tanto o sol orbitando a terra ou a terra o sol, continuamos dizendo que a Terra orbita o sol. E concordo com suas observacoes: colocado da maneira como foi, foi um post sem sentido. Falha minha.


Primeiramente, não penso que as duas coisas são compatíveis. Quando a diferença entre duas teorias não são os resultados, mas a "quantidade de cálculos", essas teorias são equivalentes logicamente, e assim não é preciso apelar para a navalha de Occam, que entendo ser um critério para a escolha entre duas teorias não equivalentes logicamente. Assim, por exemplo, ninguém precisa optar entre a mecânica lagrangeana ou a mecânica newtoniana, ambas são equivalentes, escolhe-se trabalhar com a que menos dê trabalho, mas não seria o caso de aplicar a navalha de Occam para optar entre as duas teorias, pois se uma fornece dados corretos a outra também irá fornecer (mesmo se fosse o caso de uma delas sempre fornecer resultados através de mais labor aritmético do que a outra).

Entendi seu ponto, pode ser que eu tenha me equivocado ao dizer sobre o principio de Occam. Soh uma pergunta: voce esta certo sobre essa parte que eu negritei? Nunca tinha visto ninguem tocar nesse ponto. Se tiver um lugar que eu possa ler sobre, fico agradecido.

Quando Galileu defendia o heliocentrismo frente ao geocentrismo, decerto que não queria dizer apenas que seu método dava menos trabalho, e sim pontuava que aquela teoria era superior no sentido de fornecer uma descrição mais fidedigna do mundo. O mesmo pensavam os geocentristas em relação ao geocentrismo. Assim, quando ele esperava associar o movimento das marés ao movimento da Terra, esperava encontrar uma evidência empírica que a Terra não poderia ser considerada estacionária, e assim que o geocentrismo fazia previsões erradas, e não meramente mais laboriosas. E isso vale até mesmo para o geocentrismo de Tycho Brahe, que inspirado pelo modelo copernicano, fornecia as mesmas previsões sobre a posição relativa entre os planetas; e vale para qualquer modelo que fornecesse a posição estacionária à Terra mas a mesma posição relativa entre os corpos que o modelo de Copérnico. E é nesse mesmo sentido que Galileu queria que o heliocentrismo prevalecesse, que de fato prevaleceu no séc. XIX com as evidências empíricas envolvendo a paralaxe de estrelas ou o efeito no pêndulo de Foucault.

Sim, voce esta correto. Eh como eu disse antes, eu pensei uma coisa e escrevi outra.

E é uma visão que julgo equivocada, pois a discussão não era discutir o movimento da Terra e do Sol em relação a um referencial fixado em um objeto qualquer, mas em relação a referenciais "privilegiados", “não-enviesados”, ou como queira chamar. A existência desses referenciais era ponto comum da discussão, ainda que não fossem claramente definidos.

Eh nessa parte que eu me confundi. Aqui, voce analisa a coisa de um ponto de vista historico, certo? Do embate entre geocentrismo/heliocentrismo lah no seculo XV, XVI, quando ele ainda fazia sentido. Porque acho que esse foi outro problema fundamental que eu tive: eu quis analisar tudo do ponto de vista do que sabemos hoje, desconsiderando completamente o carater historico da discussao. Outra falha seriissima no meu post anterior.

E, depois disso tudo, vou quotar exatamente o que o Feanor postou e tentar comentar os absurdos de maneira mais direta.

Ele também faz críticas ao heliocentrismo e à teoria da relatividade. Segundo ele o heliocentrismo não seria uma teoria científica superior ao geocentrismo: "No confronto entre geocentrismo e heliocentrismo não existe nenhuma prova definitiva de um lado nem do outro". A experiência de Michelson-Morley, na visão de Olavo, não trata-se de um forte indício da constância da velocidade da luz, e sim de uma evidência em favor do geocentrismo: estando a Terra parada em relação ao éter, não seria esperada variação na velocidade da luz. A teoria da relatividade seria uma teoria com "noções estranhas" e que "nunca foram provadas", mas "intelectualmente elegantes", feita justamente para "salvar as aparências" do heliocentrismo. "O cidadão chamado Albert Einstein achou que era preferível modificar a física inteira só para não admitir que não havia provas do heliocentrismo"

Serio, esse quote eh tao absurdo que eu nao to sabendo nem por onde comecar. Como assim nao provaram as 'nocoes estranhas' da relatividade? Em 1919, fizeram uma observacao astronomica que corroborava as previsoes da teoria. Recentemente, tivemos o caso da inflacao e das ondas gravitacionais, tao comemorado. Os aparelhos de GPS usam correcoes relativisticas para se manterem sincronizados. O que mais esse Olavo quer?

E o que raios isso tem a ver com heliocentrismo? A Terra esta parada com relacao ao eter? Eter, aquela coisa invisivel, imperceptivel... Indetectavel? E o cidadao Einstein podia achar o que quiser, a teoria dele recebeu os creditos que recebeu pela capacidade de fazer previsoes acertadas e nao porque foi proposta pelo 'cidadao chamado Albert Einstein'. Junto dele, existem milhares de outros cidadaos que estudam e analisam as ideias propostas e veem se elas fazem sentido ou nao.

Eu nao entendo porque eles chamam geocentrismo/heliocentrismo de 'teoria cientifica' e nem porque, se ele acha que nao existe 'prova' que penda nem para um lado nem para o outro, ele diz que o experimento de Michelson-Morley eh uma evidencia em favor do geocentrismo (?). E ele se esquece de outra coisa: a constancia da velocidade da luz, que eh uma suposicao na relatividade especial, eh uma consequencia do eletromagnetismo classico, entao nao eh como se o unico motivo que tivessemos para chegar a essa conclusao (constancia da velocidade da luz) fosse a teoria da relatividade (que, por si soh, jah seria uma otima razao, mesmo descreditada pelo sabio Olavo).
 
"um tal de Caio", "duguinette"... :lol:

E pela concepção de inteligência do Olavo, a ofensa vai além: diz que o @Paganus não tem colhões!


Não sei o que é mais escroto, o véio falando essas :poop: ou as risadas histéricas ao fundo.
Aliás, por quê os fãs dele são assim, tão histéricos e "adoradores"? sempre usando adjetivos como "o maior" "o melhor" "uma surra" "estupendo".
Parece que ele próprio (o véio) tá se tornando uma espécie de ideologia pra esses tontos.

Paganus com sua postura muito altiva, "solar", cristã... na página do Olavo:

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: rofl: : rofl: : rofl: : rofl: : rofl: : rofl: : rofl: : rofl: : rofl: : rofl:

E nem vem com provocation, seo Haran, o sr. sabe que eu sou escroto mesmo e adoro xingar, nem nunca paguei de santo, de místico asceta por aqui. Eu falo do mundo da Tradição mas sempre deixei claro que existe um abismo entre propagandear uma ideologia e ser um verdadeiro iniciado. Existem outros mais aptos, infinitamente mais preparados que eu para isso.

Sobre o Olavo, francamente, se eu tivesse tempo e paciência, até me daria ao trabalho de postar algo no face, escrever algum texto mais elaborado falando do abismo que existe entre a percepção paranoica de olavetes e liberais sobre duguinismo e a realidade das ideologias de Terceira e Quarta Via.

Mas como não tenho tempo, saco nem tanta falta de vergonha, vou deixar o velho tripudiar o quanto quiser. O Olavo caducou de vez, nunca vi ele se rebaixar tanto assim.
 
Última edição por um moderador:
Olavo foi mencionado explicitamente em vídeo de youtuber como contrário ao heliocentrismo, e pronto, mexeu na ferida, e como Olavo não recua sobre o assunto, foi obrigado a encarnar novamente o astrólogo. Ele em seu perfil no facebook só hoje já:

- Gabou-se de ter previsto (entre outras coisas) a sexualidade de Gabeira apenas olhando seu mapa astral (sem saber que tratava-se de Gabeira). Isto aqui em suma. Kkkkkk, olha o que o cara estava fazendo nas décadas de 70, 80...!
- Desafiou quem defende o heliocentrismo a participar de concurso super confiável e notório que premia com quantia de dinheiro quem provar fisicamente o heliocentrismo.
- Divulgou textinho mixuruca sobre trabalhos de Michel Gauquelin no que diz respeito a efeitos astrológicos (Gauquelin defendeu por exemplo o suposto efeito Marte, o planeta que teria certo efeito sobre as profissões de seus influenciados).
- Gabou-se de debates com astrônomos famosos que teriam falado merda e perdido (nenhum debate devidamente registrado).
- Sugere que é improvável estatisticamente que "o ambiente cósmico em torno NÃO exerça nenhuma influência sobre o organismo psicofísico humano".
- Banca o Sócrates dando odes ao "só sei que nada sei" no que diz respeito a astrologia, heliocentrismo, evolução, etc - ótima estratégia quando você falou muita merda sobre um assunto.
 

Anexos

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Olavismo é uma ideologia da moda, seduz pessoas que não entende nada de nada, que leram apenas algumas coisas do Olavo e saem por aí defendendo-o , simplesmente porq quer seguir alguma ideologia e se juntar a algum grupo. Como esquerdistas que nunca leram Marx, ou feministas que nem sabem quem é simone de beauvoir, ou torcedores do são paulo que nunca deram o furico, etc etc.

Lutam por uma causa que ñ conhecem porq querem ser revoltados com alguma coisa porq isso é legal.
 

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