A sua babaquice está nessa insistência de me rotular como olavete (agora pretensamente "ex"), a partir de meia dúzia de posts aqui e acolá que você deve ter visto no fórum anos atrás. Como se você me conhecesse — mas já adianto e friso: você não me conhece. E a partir daí forçando analogias com católicos que tenham renegado publicamente sua fé (por isso a menção ao fumi-ê) ou com "ex-evangélicos". Para que a analogia tivesse alguma validade, seria preciso que eu estivesse envolvido e comprometido com a "causa" ou a seita olavista, algo minimamente próximo do que se espera de um convertido a alguma fé (pela minha experiência e de outros, são os recém-convertidos os que mais fervorosamente se apegam à nova fé, como que para compensar os anos perdidos, e não raro para substituir alguma compulsão passada, como vício em drogas, p.ex.). Seria preciso que a influência dele fosse sentida muito mais que uma breve menção aqui e outra acolá ou uma simpatia fortuita. Eu era tão olavete quanto eu era católico, ou seja, não era: li algumas coisas a esmo a respeito desses dois assuntos, adicionei pessoas do meio conservador no Facebook, cheguei a conhecer alguns pessoalmente e a sair com eles, e no entanto nunca me converti a nada nem professei nenhuma fé. Nunca pude aderir a nenhum deles, e cada qual por sua razão própria. Posso dizer que conheço algumas coisinhas sobre doutrina e história do catolicismo mais do que um "brasileiro médio", e que em geral simpatizo mais com a Igreja católica do que com qualquer neopentecostal, e com católicos mais do que com evangélicos, e nem por isso eu sou da Igreja. Com o olavismo é parecido: ainda tenho simpatia por uma coisa ou outra, e vejo méritos no velho, que no entanto são ofuscados pela maluquice dele e seu projeto de "foder com a coisa toda". Eu vejo muito potencial desperdiçado, e não por acidente. Assim também conheço olavistas sérios e gente boa, embora raros, e com o tempo fui ficando sem paciência com todos os demais, que tendem ao extremo tanto mais quanto seus projetos dão em nada (e sempre vão dar em nada porque a rigor nem têm projetos). O Olavo foi um grande catalisador de frustações e ressentimentos.
E era o fato de muitos desses conservadores olavetes só saberem falar de Olavo, Olavo, Olavo e assuntos correlatos o que mais me incomodava. Um deles só sabia falar sobre como estava "olavizando" até as garotas com quem ele flertava. Mas era também uma atitude raivosa perante tudo, uma tendência ao confronto gratuito e, claro, a ver inimigos, secretos ou declarados, em quase todo mundo. Algo que raiava a marginalidade mesmo, em alguns casos. Nada disso jamais teve qualquer coisa a ver comigo. Uma vez um conhecido estava no inbox do FB falando com uma menina que queria comprar dele um livro anunciado; quando ele viu no perfil dela que era feminista, xingou-a gratuitamente e deu por encerrada a negociação sem vender nada. Um bagulho que não tinha nada a ver com nada...
Eu já disse, mas preciso repetir, pelo visto: de Olavo só li uma dúzia de artigos aleatórios na internet, vi uma dúzia de vídeos aleatórios (a maioria do True Outspeak, e não as aulas do COF), nunca frequentei o COF e só li um único livro dele — sobre o Aristóteles! Nunca li nenhum dos autores por ele recomendados e que acabam sendo forte indício de que alguém é olavete quando você o vê lendo: Eric Voegelin, Louis Lavelle, Eric Weil, Xavier Zubiri, Mário Ferreira dos Santos, Raymundo Faoro, e tantos e tantos outros (basta ver o catálogo da É Realizações, ou as recomendações dos Contra os Acadêmicos pra ter uma ideia; é tudo cria olavista).
Se você tem redes sociais como Facebook e acompanha perfis olavetes de verdade, saberá a diferença. Porque eu pelo menos sei. Se pra você "olavete" é só um rótulo que voce aplica a esmo com o intuito de zombar, problema seu.
Um olavete paga setenta contos por mês pela mensalidade do COF e aguarda ansiosamente pela aula no sábado à noite. Às vezes assiste à aula rodeado de amigos ou familiares, ou acompanhado da namorada, como pessoas normais fariam com um jogo de futebol — como se fosse o grande evento da semana. Se não pode pagar o curso, dá um jeito de ver como puder (em geral usando a senha/login de algum amigo que já anda menos assíduo). Um olavete de verdade consome só, ou majoritariamente, a literatura do próprio Olavo e a "autorizada" por ele (aqueles autores citados e outros), até mesmo quando se trata de literatura stricto sensu: daí vai correr atrás dos livros do Bruno Tolentino, do Herberto Sales, do Marques Rebelo, do José Geraldo Vieira, e provavelmente evitará Graciliano Ramos etc. Um olavete de verdade acaba em pouco tempo "limpando" os seus contatos para só ter outros olavetes, numa bolha autoimposta, ou porque deleta os demais, ou porque os demais o deletam após um confrontamento assíduo e não raro gratuito. Um olavete de verdade cria um canal do Discord pra ler e comentar livros, talvez não propriamente olavetes, mas com o intuito de "restaurar a alta cultura", usando fundamentação teórica olavista; esse mesmo olavete, aliás, há anos transformou seu perfil do FB num enorme repositório de citações do Olavo. É realmente monomaníaco o negócio. Isso é olavismo de verdade. Eu sei, porque eu vi de perto, não porque eu vi de dentro (um olavete de verdade escolheria dizer "desde dentro", pra imitar os cacoetes do mestre: e nisso está, mais do que um deboche, uma outra verdade: muitos chegam mesmo a emulá-lo nos trejeitos linguísitcos, muito além do mero palavrório obsceno, e não só nos trejeitos de costume, como charuto e fetiche por armas etc.).
Mas enfim... Já me alongo demais. Era tudo o que eu tinha a dizer ainda sobre o assunto, e é todo o "testemunho" que você vai ter. Se ajudou, ajudou; se não, azar o seu. Não estou aqui pra fazer um número de circo pra você.