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ODISSÉIA - Homero

Jorge Leberg

Palavras valem por mil imagens
A Odisséia é atribuída, de acordo com a antiguidade, ao poeta grego Homero. Quase nada se sabe sobre Homero. Supõe-se que tenha vivido no século VIII a.C. em Quios. Segundo a tradição, Homero era cego. Também lhe é imputada a autoria da Ilíada; juntas, Ilíada e Odisséia são os dois grandes poemas épicos da antiguidade ocidental, até hoje duas das maiores obras-primas da literatura universal de todos os tempos, irrefutavelmente. A importância das duas epopéias não só para o campo fundamentalmente artístico-literário, mas igualmente para a filosofia, a psicologia e a antropologia, é sobremodo ímpar. Ainda retornando à autoria dos dois grandes poemas, é imprescindível transcrever os seguintes trechos, os dois primeiros extraídos do breve prefácio explanatório do livro (Editora Cultrix):

“Essas obras resultam aparentemente da fusão de poemas de autores desconhecidos, realizada, através do tempo, por uma corporação de aedos intitulados Homéridas, isto é, descendentes de Homero, que os transmitiam oralmente de geração a geração. A mais antiga edição escrita de que se tem notícia não foi certamente a primeira que se fez. Foi a determinada, no século VI a.C., por Pisístrato, tirano de Atenas, ou por seu filho e sucessor, Hiparco.”

“O texto que conhecemos é o que compilaram, expurgando erros e vícios, eruditos de Alexandria, a serviço dos Ptolomeus nos séculos III e II a.C.”

“O filólogo alemão Friederich August Wolf sugere que os textos da Ilíada e da Odisséia são compilações de vários poetas, que até então só haviam sido divulgados oralmente.”

A Ilíada e a Odisséia são relatos de narrativas heróicas preexistentes na História e na mitologia grega. O que ocorreu foram as compilações dessas histórias, até então transmitidas oralmente. E não se tem certeza se Homero realmente existiu, sendo seus poemas registrados de forma escrita mais tarde, ou se nunca houve Homero, mas sim vários aedos que cantavam as epopéias, nenhum deles destacando-se em particular. É uma incógnita.

A Ilíada relata a guerra de dez anos pela conquista da cidade de Tróia, guerra esta supostamente suscitada – conforme o mito – pelo rapto de Helena, tida como a mulher mais bela do mundo em sua época. Obviamente que se trata de uma narrativa repleta de fatos mitológicos, e não todos reais. A Odisséia conta as peripécias e desventuras do rei Odisseu – Ulisses em latim – após a Guerra de Tróia. Ele pena dez anos, por mares e terras, antes de finalmente chegar à sua terra natal, Ítaca. Suas aventuras e padecimentos incluem: os lotófagos (comedores de lótus); o ciclope Polifemo; a prisão na ilha da deusa-feiticeira Circe, que transformava homens em porcos; uma descida ao Hades, as terras infernais para onde desciam as sombras dos mortos, antes de irem ao Tártaro, aos Campos Elísios ou por lá mesmo perdurarem – uma definição diferente da mitologia cristã, onde o Inferno é um lugar de tormento eterno aonde serão lançados e subjugados os “iníquos” –; sereias e monstros praticamente inexoráveis como Cila e Caríbdis; além de uma temporada coagida em Ogígia, a ilha da deusa Calipso, que o cobiçava para esposo. Após vencer e passar por tantas atribulações incomensuráveis e tarefas aparentemente inexeqüíveis, Odisseu consegue voltar à sua pátria. E ainda terá de reconquistar seu reino e derrotar uma horda de pretendentes à mão de sua esposa, Penélope, que não só a almejam, porém também dissipam insidiosamente seus bens, desde que não se teve mais notícias dele, muitos o declarando como morto. Simplificando, pode-se afirmar que o itinerário calejado de Odisseu simboliza a própria trajetória humana, e que a força motriz da historia é a busca de um homem pela retomada de uma vida plena e da honra.

A trama da Odisséia é provavelmente conhecida por quase todos, pelo menos em partes. Todos nós já ouvimos falar ou lemos sobre ela, seja na escola, na TV, em livros e revistas, cinema e HQ. Está praticamente no inconsciente coletivo. É da Ilíada e da Odisséia que brotaram arquétipos do herói tão difundidos e, pode-se declarar, venerados, nas páginas da História, na arte, no inconsciente coletivo, em suma – ele de novo. Aquiles é a força bruta, aliada à resistência, que fere e derrota muitos combatentes. Odisseu é a sagacidade, o espírito astuto e capcioso, que dribla a força bruta; além de, várias vezes, submetê-la a seus desígnios. São os dois protótipos de heróis mais idealizados e representados na arte de maneira abrangente, principalmente em livros e esculturas; e mais recentemente – além de largamente –, tendo em mente as artes “jovens”, no cinema, nas HQs e na teledramaturgia (seriados, novelas, etc). É bom salientar que Odisseu não é um herói franzino, parco de dotes físicos; ele possui força muscular e maneja armamentos como ninguém, mas é a solércia sua maior e mais eficaz arma.

E não é apenas nos arquétipos heróicos que consiste a contribuição inegável e contundente da Odisséia nas artes e em outros campos distintos do conhecimento. Os versos da narrativa são autênticos “lavores” finíssimos de estilística; apresentam descrições de teor grandioso e imponente referentes a pessoas, às cidades, aos palácios e aos lugares de modo geral, o que podemos denominar por “realismo grandiloquente”; assim, denotando o típico habito da Grécia Antiga de enaltecer, além de exagerar em termos de beleza e/ou suntuosidade, os ambientes e entes como heróis, nobres, reis e deuses, quando representados pela arte (pintura, escultura, literatura, etc). São características que inspiraram posteriormente outros poemas épicos, como A Divina Comédia, de Dante, Os Lusíadas, de Camões, Paraíso Perdido, de John Milton, dentre outras obras, que buscavam o “polimento” estilístico e o ideal de beleza quase obsessivo - calcado especialmente no extremo equilíbrio das formas físico-corporais – dos padrões greco-romanos.

Não só Odisseu é um exemplar de herói, mas também outros arquétipos figuram na Odisséia, como Penélope, o ideal da mulher-modelo: bela, sensata, inexoravelmente fiel e exibindo-se incólume – mesmo que sofrendo plangente pelo sumiço do marido quando reclusa em seus aposentos. Telêmaco é o filho recém adentrado na “maturidade” do mundo adulto, entretanto que resiste à perfídia dos homens, demonstrando sensatez, senso de justiça, coragem e respeito à imagem e, conseqüentemente, à honra do pai. Aliás, honra é um dos valores firmemente defendidos pela epopéia, além de bravura, nobreza heróica e de sentimentos, hospitalidade, respeito aos mais velhos e sábios, submissão ao intento dos deuses, etc. A despeito de alguns desses valores revelarem caráter lábil, belicista e até mesmo subserviente/condescencente ante o poder – especificamente o despótico –, em relação à nossa mentalidade, é imprescindível para se compreender o panorama político-social da era; e, todavia, alguns desses ditames também são de natureza atemporal, genuínas aulas de sabedoria.

Vale ressaltar que Odisseu não é um herói perfeito. Ele também erra, é por vezes imprudente e arrogante; inclusive tem lá seus momentos efêmeros, no início do enredo, em que desafia a ira de deuses, voluntariamente ou não. Ele é humano, acima de qualquer outro aspecto. Contudo, a Odisséia não é uma obra de cunho humanista, já que os falhos e frágeis seres humanos, mesmo respondendo por suas conseqüências das suas ações, estão constantemente a mercê dos planos e caprichos das divindades. Inclusive, a deusa Atena é a fiel e inabalável “guardiã” de Odisseu, auxiliando-o no seu regresso a Ítaca, e demais intentos.

Outro parágrafo da introdução explicativa da obra, que vale a pena trasladar (as observações entre colchetes são minhas):

"O leitor arguto notará [na Odisséia] inúmeras repetições de epítetos [alcunhas largamente reproduzidas como "solerte Odisseu", "sensata Penélope", "ajuizado Telêmaco", "Atena, deusa de olhos verde-mar", "Aurora de róseos dedos", "Calipso, deusa de ricas tranças", etc], de versos inteiros e mesmo de grupos de versos. Não lhe será difícil inferir daí o caráter popular da composição. Nossos cantores populares, principalmente os cultivadores do gênero desafio, têm à mão a sua coleção de rimas, e de versos já prontos, que muito ajudam a improvisação [expressão cultural comum no meu Nordeste]. O mesmo se passava nos tempos homéricos, cujos autores recorrem livremente a um arsenal de fórmulas prontas."
 
"Irrefutavelmente" e "maiores obras-primas da literatura universal" são palavras exageradas. Os dois poemas são geralmente considerados (e não irrefutavelmente) as maiores obras da literatura ocidental - há um mundo literário inteiro no Oriente tão antigo quanto o do Ocidente e tão prolífero quanto. O fato de muitas pessoas do "lado de cá" não terem conhecimento das obras do "lado de lá" não pode ser usado como desculpa para automaticamente excluir todo que é lá produzido e eleger as obras ocidentais como as melhores "do mundo".

Apenas para citar duas obras orientais tão relevantes quanto as obras de Homero, há o Mahabharata, poema épico hindu que é dez vezes maior em extensão do que a Ilíada e Odisséia juntas, e o Genji monogatari ("A História de Genji"), de Murasaki Shikibu, do séc. XI, obra máxima da literatura japonesa e considerado por muitos o primeiro romance do mundo.
 
:lol:
Gabriel disse:
"Irrefutavelmente" e "maiores obras-primas da literatura universal" são palavras exageradas. Os dois poemas são geralmente considerados (e não irrefutavelmente) as maiores obras da literatura ocidental - há um mundo literário inteiro no Oriente tão antigo quanto o do Ocidente e tão prolífero quanto. O fato de muitas pessoas do "lado de cá" não terem conhecimento das obras do "lado de lá" não pode ser usado como desculpa para automaticamente excluir todo que é lá produzido e eleger as obras ocidentais como as melhores "do mundo".

Apenas para citar duas obras orientais tão relevantes quanto as obras de Homero, há o Mahabharata, poema épico hindu que é dez vezes maior em extensão do que a Ilíada e Odisséia juntas, e o Genji monogatari ("A História de Genji"), de Murasaki Shikibu, do séc. XI, obra máxima da literatura japonesa e considerado por muito o primeiro romance do mundo.


Espetacular o seu post!! Tirou as palavras do meu "teclado":lol: E quanto a maior obra da literatura ocidental também é meio difícil considerar a Odisséia de forma irrefutável -tanto q para mim, o livro de maior influência em todos os autores q eu já li foi a Bíblia.
 
Os comentários de vocês dois, Gabriel e lipecosta, são a prova viva de como uma leitura apressada ou equivocada, e em suma, a existência autêntica e problemática de uma certa "incomunicabilidade" que nos acomete, mesmo em um universo abarrotado de palavras, pode gerar idéias preconcebidas ou críticas infundadas. Dirimindo: eu não declarei que a Ilíada e a Odisséia são irrefutavelmente as duas maiores obras-primas da literatura universal. Homero nem está entre os meus escritores diletíssimos, prefiro Dostoiévski - meu grande ídolo literário -, Shakespeare e Cervantes - esses dois autores, provavelmente, são os mas influentes do panorama artístico-literário ocidental. Atentem bem para o que eu escrevi:

(...) juntas, Ilíada e Odisséia são os dois grandes poemas épicos da antiguidade ocidental, até hoje duas das maiores obras-primas da literatura universal de todos os tempos, irrefutavelmente.

Leram com acuidade? Eu postei que a Ilíada e a Odisséia são os dois grandes poemas épicos da antiguidade ocidental, e não da antiguidade mundial, pois tenho pleno conhecimento da grandiosidade literária e densidade próprias das obras orientais, que não deixam nada a desejar ao Ocidente. Obras como o Ramayana e o Mahabharata - este três vezes maior que a Bíblia e sete vezes maior que a Il. e a Od. reunidas -, são obras-primas majestosas da literatura hindu, o primeiro de maior importância filosófica, e o segundo, o maior poema épico de todos os tempos; o Analectos, de Confúcio; o Tao te King, de Lao Tsé; o I Ching, mais antigo que a Bíblia, misto de oráculo e profunda sabedoria; etc. Pensam que eu sou qualquer um, é?

E também deixei bem claro que a Il. e a Od. estão situadas entre duas das maiores obras-primas, e não que são as maiores obras-primas, em cujo rol também figuram Hamlet, de Shakespeare; A Divina Comédia, de Dante; Dom Quixote, de Cervantes; Crime e Castigo e Os Irmãos Karamázovi, de Dostoiévski; Ulisses e Finnegans Wake, de Joyce; etc.

(...) tanto q para mim, o livro de maior influência em todos os autores q eu já li foi a Bíblia.

Essa é uma assertiva que já desconsidera o Oriente, posto que a Bíblia teve exígua expressividade e importância para a formação da cultura e mitologia orientais, pois eles já tinham suas grandes obras literário-filosóficas, como já frisamos.
 
Jorge Leberg disse:
Os comentários de vocês dois, Gabriel e lipecosta, são a prova viva de como uma leitura apressada ou equivocada, e em suma, a existência autêntica e problemática de uma certa "incomunicabilidade" que nos acomete, mesmo em um universo abarrotado de palavras, pode gerar idéias preconcebidas ou críticas infundadas. Dirimindo: eu não declarei que a Ilíada e a Odisséia são irrefutavelmente as duas maiores obras-primas da literatura universal. Homero nem está entre os meus escritores diletíssimos, prefiro Dostoiévski - meu grande ídolo literário -, Shakespeare e Cervantes - esses dois autores, provavelmente, são os mas influentes do panorama artístico-literário ocidental. Atentem bem para o que eu escrevi:

(...) juntas, Ilíada e Odisséia são os dois grandes poemas épicos da antiguidade ocidental, até hoje duas das maiores obras-primas da literatura universal de todos os tempos, irrefutavelmente.

Leram com acuidade? Eu postei que a Ilíada e a Odisséia são os dois grandes poemas épicos da antiguidade ocidental, e não da antiguidade mundial, pois tenho pleno conhecimento da grandiosidade literária e densidade próprias das obras orientais, que não deixam nada a desejar ao Ocidente. Obras como o Ramayana e o Mahabharata - este três vezes maior que a Bíblia e sete vezes maior que a Il. e a Od. reunidas -, são obras-primas majestosas da literatura hindu, o primeiro de maior importância filosófica, e o segundo, o maior poema épico de todos os tempos; o Analectos, de Confúcio; o Tao te King, de Lao Tsé; o I Ching, mais antigo que a Bíblia, misto de oráculo e profunda sabedoria; etc. Pensam que eu sou qualquer um, é?

E também deixei bem claro que a Il. e a Od. estão situadas entre duas das maiores obras-primas, e não que são as maiores obras-primas, em cujo rol também figuram Hamlet, de Shakespeare; A Divina Comédia, de Dante; Dom Quixote, de Cervantes; Crime e Castigo e Os Irmãos Karamázovi, de Dostoiévski; Ulisses e Finnegans Wake, de Joyce; etc.

(...) tanto q para mim, o livro de maior influência em todos os autores q eu já li foi a Bíblia.

Essa é uma assertiva que já desconsidera o Oriente, posto que a Bíblia teve exígua expressividade e importância para a formação da cultura e mitologia orientais, pois eles já tinham suas grandes obras literário-filosóficas, como já frisamos.

Muita calma, meu garoto. Não quis dizer q a Odisséia não pode ser considerada um clássico da literatura ocidental - uma vez q não sei ler em grego e, portanto, ainda não li na língua original -, só concordei com o Gabriel q não há nada irrefutável no mundo. Pra mim a Bíblia tem uma influência exacerbada nos escritores q eu já li, entre eles o nosso preferido : Dostoiévski.
Há até um crítico literário q diz q todas as histórias posteriores à Bílblia são "inspiradas" nela.
Contudo ,Eu admito q li o texto rapidin e q gostei do comentário do Gabriel. Foi só por isso q concordei com o post dele.
 
Continua valendo o que eu disse, tanto pelo "irrefutavelmente" vir justamente depois da expressão toda como por eu estar falando em termos genéricos, não só pelo teu post.

A opinião geral é justamente a qual critiquei, visto que há desconhecimento da literatura oriental e/ou um detrimento da mesma em favor da ocidental. Mesmo quando há um reconhecimento do valor da literatura ocidental, o mesmo é feito de forma condescentente, ficando implícito a sensação de "aquelas coisas estranhas estão ali só para constar e, por terem sido criadas em paralelo durante as eras, temos que reconhecer a existência, mas não necessariamente o valor" - o que é utterly crap, claro. As pessoa em geral não conseguem entender - ou mesmo não fazem um esforço para tal - a literatura oriental e por sua própria deficiência/preguiça particular acaba ostracizando milhares de obras como "aquilo lá que os orientais escrevem no mundo doido deles".
 
O engraçado é que eu não sei se é por causa de tradução ou coisa assim, mas achei que a leitura de A Odisséia soou mais fácil para mim do que A Ilíada. Parecem obras completamente diferentes (e disso eu até entendo aquele monte de teorias que levantam sobre a autoria das obras).
 
Independente da questão da autoria, elas foram compostas de modo diferente mesmo.

Os assuntos abordados na Ilíada, além dos personagens envolvidos (basicamente só a nobreza), aparentemente demandava um estilo narrativo mais tradicional, a poesia heróica propriamente dita, com suas inversões sintáticas e tudo o mais.

Já a Odisséia, embora tenha como personagem principal um dos nobres da Ilíada, este segundo Odisseu é diferente do retratado no primeiro poema: é mostrado como um homem mais falho, menos "divino", não sendo ressaltadas suas qualidades guerreiras (características que poucos possuíam e com as quais podiam se identificar), mas sim suas qualidades mais subjetivas, como a inteligência e oratória (com as quais havia uma maior probabilidade de identificação por parte da audiência). O Odisseu da Odisséia é mais humano que o da Ilíada e, por conseguinte, mais "realista", o que faz com que a própria forma narrativa dessa obra seja diferente: ainda em que escrita em versos, ela possui claramente uma estrutura de romance, com uma trama definida que se desenvolve progressivamente, histórias dentro de histórias, peripécias, etc. Muitos vêm o poema até mesmo como precursor do romance propriamente dito nesses e em outros pontos (como o fato de ser dado voz a personagens "populares"), e não sem razão.
 
Gostaria de replicar a alguns comentários:

Muita calma, meu garoto. Não quis dizer q a Odisséia não pode ser considerada um clássico da literatura ocidental - uma vez q não sei ler em grego e, portanto, ainda não li na língua original -, só concordei com o Gabriel q não há nada irrefutável no mundo. Pra mim a Bíblia tem uma influência exacerbada nos escritores q eu já li, entre eles o nosso preferido : Dostoiévski.

Você deixou implícito que sabe ler outros idiomas. Que inveja, lipecosta! Só conheço fluentemente o meu bom e velho português, embora arranho na leitura do espanhol. Aliás, você sabe ler russo? Ler Dostoiévski na sua língua mãe deve ser extraordinário. Retornando ao debate, é claro que tudo é refutável, também discordo frequentemente de opiniões, idéias e teses, até mesmo quando são proferidas por grandes críticos/intelectuais. Mas é necessário reconhecer a quase unanimidade de certas obras. Na minha opinião e na dos críticos literários, a Odisséia é de uma grandiosidade e de uma importância incontestáveis.

A opinião geral é justamente a qual critiquei, visto que há desconhecimento da literatura oriental e/ou um detrimento da mesma em favor da ocidental. Mesmo quando há um reconhecimento do valor da literatura ocidental, o mesmo é feito de forma condescentente, ficando implícito a sensação de "aquelas coisas estranhas estão ali só para constar e, por terem sido criadas em paralelo durante as eras, temos que reconhecer a existência, mas não necessariamente o valor" - o que é utterly crap, claro. As pessoa em geral não conseguem entender - ou mesmo não fazem um esforço para tal - a literatura oriental e por sua própria deficiência/preguiça particular acaba ostracizando milhares de obras como "aquilo lá que os orientais escrevem no mundo doido deles".

Concordo com você, Gabriel. Contudo, há pessoas, como eu, que não leêm obras-primas literárias e filosóficas orientais pela dificuldade de encontrá-las nas bibliotecas. E cultura é quase um artigo de luxo no Brasil. Na livraria do supermercado da minha cidade há algumas dessas obras. O problema pungente é o preço. Faz um bom tempo que nunca mais comprei livros por dificuldades financeiras. Quando obtiver um emprego, pretendo comprar até o Mahabharata, que há tempos estou doido para ler.

Já a Odisséia, embora tenha como personagem principal um dos nobres da Ilíada, este segundo Odisseu é diferente do retratado no primeiro poema: é mostrado como um homem mais falho, menos "divino", não sendo ressaltadas suas qualidades guerreiras (características que poucos possuíam e com as quais podiam se identificar), mas sim suas qualidades mais subjetivas, como a inteligência e oratória (com as quais havia uma maior probabilidade de identificação por parte da audiência). O Odisseu da Odisséia é mais humano que o da Ilíada e, por conseguinte, mais "realista", o que faz com que a própria forma narrativa dessa obra seja diferente: ainda em que escrita em versos, ela possui claramente uma estrutura de romance, com uma trama definida que se desenvolve progressivamente, histórias dentro de histórias, peripécias, etc. Muitos vêm o poema até mesmo como precursor do romance propriamente dito nesses e em outros pontos (como o fato de ser dado voz a personagens "populares"), e não sem razão.

Não li ainda a Ilíada, mas tive essa mesma impressão, pelo que vocês perceberam através da minha resenha crítica. A Odisséia transpira uma humanidade que provavelmente não se encontra na Ilíada. Apesar do primeiro romance moderno, da forma como o concebemos, ter sido o magistral, imponente e revolucionário Dom Quixote, do Cervantes, afigura-se na Odisséia uma estrutura narrativa pré-"romancesca". Li a obra em prosa, mas deduzo isso porque, independentemente de um poema épico ser organizado na forma de prosa, sempre conservará a sua linha de versificação e sua cadência. Li A Divina Comédia em prosa, e essas eram caracteríticas meio que perceptíveis - você lê e sabe que não trata-se de um romance, não possui de forma alguma a organização estrutural de um romance.
 
Começo já dizendo que a Odisséia a obra literária que mais admiro, a minha preferida. Tanto pelo enredo empolgante, quanto pela mitolgia grega estar completamente imersa na obra (ou o contrário...). Portanto, ao menos pra mim, a Odisséia é irrefutavelmente a maior obra-prima da literatura universal. :mrpurple:

Jorge Lerberg disse:
A Ilíada relata a guerra de dez anos pela conquista da cidade de Tróia, guerra esta supostamente suscitada – conforme o mito – pelo rapto de Helena, tida como a mulher mais bela do mundo em sua época.

Só uma correção, a Ilíada não narra os dez anos de guerra. No livro, somente são mostrados muito pouco tempo de batalha (1 ou 2 semanas, não lembro mais). Que vai desde a retirada de Aquiles até os funerais de Heitor e Pátroclo.

Jorge Lerberg disse:
Pensam que eu sou qualquer um, é?

Só faltou o carteiraço. :lol:
Que ridículo isso. Tu é um cara inteligente e sabemos disso, não precisa fazer essa ceninha. Não precisa tentar aumentar o teu conceito com esse tipo de banalidade de erudição. Lugares comuns até papagaio sabe. Continue mostrando as tuas opiniões que já bastam. ;)

Gabriel disse:
As pessoa em geral não conseguem entender - ou mesmo não fazem um esforço para tal - a literatura oriental e por sua própria deficiência/preguiça particular acaba ostracizando milhares de obras como "aquilo lá que os orientais escrevem no mundo doido deles".

O xis da questão é que não temos traduções (decentes e suficientes) aqui no país. Nem acesso ou tiragem suficientes. Duvido que alguém que curte epopéias não iria querer ler o Ramayan ou Mahabarata. Eu quero pelo menos!

A seleção de livros se faz por gênero, não por nacionalidade. Apesar de que o local onde foi escrito influencia muito na identificação entre a obra e o leitor. Há características em comum.
 
Só uma correção, a Ilíada não narra os dez anos de guerra. No livro, somente são mostrados muito pouco tempo de batalha (1 ou 2 semanas, não lembro mais). Que vai desde a retirada de Aquiles até os funerais de Heitor e Pátroclo.

Então, o livro no qual me baseei para escrever essa afirmação estava errado. Eu tinha conhecimento de que a Ilíada narrava a Guerra de Tróia até o funeral de Heitor, mas não que eram apenas 1 ou 2 semanas. Você tem total certeza dessa informação, Kainof?

Só faltou o carteiraço.
Que ridículo isso. Tu é um cara inteligente e sabemos disso, não precisa fazer essa ceninha. Não precisa tentar aumentar o teu conceito com esse tipo de banalidade de erudição. Lugares comuns até papagaio sabe. Continue mostrando as tuas opiniões que já bastam.

Ainda bem que isso trata-se de um elogio, mesmo que com uma certa crítica, senão...:disgust: Mas, falando sério, não vejo nas minhas argumentações nenhuma banalidade de erudição. Fui o mais claro possível, e acho que é necessário exibir os conhecimentos que temos - sem arrogância - para comprovar nossa inteligência - sobretudo a alguns que duvidam dela - e o que realmente sabemos ou não, com o intuito de evitar dubiedades, juízos de valor distorcidos e errôneos, esclarecer informações. E, claro, mostrar que você sabe sim sobre o assunto, não é nenhum "perdido no fórum" ;)! Não há mal algum nisso. E, afinal, estamos aqui para isso, debater e expor nossos conhecimentos, visando aprimorar o de outros e igualmente os nossos, pelas réplicas. Um abraço!
 
Jorge Leberg disse:
Só uma correção, a Ilíada não narra os dez anos de guerra. No livro, somente são mostrados muito pouco tempo de batalha (1 ou 2 semanas, não lembro mais). Que vai desde a retirada de Aquiles até os funerais de Heitor e Pátroclo.

Então, o livro no qual me baseei para escrever essa afirmação estava errado. Eu tinha conhecimento de que a Ilíada narrava a Guerra de Tróia até o funeral de Heitor, mas não que eram apenas 1 ou 2 semanas. Você tem total certeza dessa informação, Kainof?

Sim, Jorge, o livro no qual você se baseou está errado. A Ilíada, como um poema épico típico, começa in media res, e não ab ovo. Acredito que você acabou confundindo o "dez anos de Guerra" com o fato de a narrativa começar no décimo ano da Guerra de Tróia.
 
Jorge Leberg disse:
Só uma correção, a Ilíada não narra os dez anos de guerra. No livro, somente são mostrados muito pouco tempo de batalha (1 ou 2 semanas, não lembro mais). Que vai desde a retirada de Aquiles até os funerais de Heitor e Pátroclo.

Então, o livro no qual me baseei para escrever essa afirmação estava errado. Eu tinha conhecimento de que a Ilíada narrava a Guerra de Tróia até o funeral de Heitor, mas não que eram apenas 1 ou 2 semanas. Você tem total certeza dessa informação, Kainof?

Claro que tenho, ué. Ao contrário de ti, eu li o livro. Tá pensando que eu sou qualquer um, é?

:lol:
 
Com a reforma ortográfica Odisséia fica Odisseia. Primeiro caso que eu pensei que realmente pode fazer alguma diferença, já que bem, é o título da obra. Fico curiosa aqui sobre qual é a posição da editora em situações como essa - vão esperar esgotar para então fazer os livros de acordo com as novas normas ou vão mudar já, uma vez que o negócio está estampado no título?
 
Vão esperar esgotar, provavelmente, já que reeditar o livro de novo imediatamente vai apenas gerar gastos para as editoras e deixar um monte de edições "defasadas" encalhadas. Duvido que vão querer que isso aconteça.

Fora o fato de que a grafia antiga continua valendo juntamente com a nova até 2012, então vão esperar até o último momento para tomar qualquer medida do tipo, já que não faz muito sentido correr pra mudar tudo agora. As únicas editoras que já estão fazendo isso são as de livros didáticos, por motivos óbvios.
 
Eu acho que todos os livros servem para melhorar/ensinar. Você ganha mais vocabulário quando lê mais, não é mesmo? Nesse caso é uma pena que as editoras realmente só deixem para se coçar lá para perto do fim do prazo, porque serão três anos aí de livros fora da nova norma que no final das contas já poderiam estar ajudando o pessoal a fixar senão as novas regras, no mínimo algumas palavras mais recorrentes (como o caso de odisseia).
 
nham nham nham -> http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/produto.dll/detalhe?pro_id=2633799&ID=C9562E5A7D9051607301F0819
 
Bonita mesmo a edição, quando puder vou comprar.
Eu tenho a Odisséia, uma edição meio antiga mas muito boa, de uma coleção com obras de vários autores, que meus pais compraram há muitos anos atrás.
 

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