[size=large]O velho e a criada[/size]
Por Rafael Duarte
Certa noite de julho, sentindo um frio inoportuno, o velho levantou da cadeira e realizou o que já vinha há muito adiando: contratou uma criada. Lis chegou no dia seguinte, bem recomendada, e sobre as ordens do patrão, solícita, baixou a cabeça e não disse mais nada, além de “meu senhor”.
Preparava banho, passava a roupa e fazia comida. Além do básico, as ordens extravagantes do velho atendia, coisas de velhos e de crianças, às quais Lis, solícita, baixava a cabeça e dizia “meu senhor”.
Pouco tempo se passou e logo o velho estava acostumado. Levantava de madrugada pedindo ensopado, quando não uma comida mais complicada. Com a simples menção da ordem, Lis, solícita e educada, baixava a cabeça e dizia “meu senhor”.
Quando o velho perdeu a noção do certo e do errado, deu-lhe na boca um soco bem dado e disse: “Vadia, limpe logo esse sangue do chão. Você é podre, você é podridão”, ao que Lis, solícita, baixou a cabeça e disse “meu senhor”.
No dia seguinte o velho morreu, de causas naturais, mas para a polícia era óbvio demais, acusaram a criada. Foi para a cadeia por um mês, só então foi julgada. Esquecida, por dez anos condenada, olhou para o céu antes de se entregar a uma doença fatal e disse “meu senhor”.
Por Rafael Duarte
Certa noite de julho, sentindo um frio inoportuno, o velho levantou da cadeira e realizou o que já vinha há muito adiando: contratou uma criada. Lis chegou no dia seguinte, bem recomendada, e sobre as ordens do patrão, solícita, baixou a cabeça e não disse mais nada, além de “meu senhor”.
Preparava banho, passava a roupa e fazia comida. Além do básico, as ordens extravagantes do velho atendia, coisas de velhos e de crianças, às quais Lis, solícita, baixava a cabeça e dizia “meu senhor”.
Pouco tempo se passou e logo o velho estava acostumado. Levantava de madrugada pedindo ensopado, quando não uma comida mais complicada. Com a simples menção da ordem, Lis, solícita e educada, baixava a cabeça e dizia “meu senhor”.
Quando o velho perdeu a noção do certo e do errado, deu-lhe na boca um soco bem dado e disse: “Vadia, limpe logo esse sangue do chão. Você é podre, você é podridão”, ao que Lis, solícita, baixou a cabeça e disse “meu senhor”.
No dia seguinte o velho morreu, de causas naturais, mas para a polícia era óbvio demais, acusaram a criada. Foi para a cadeia por um mês, só então foi julgada. Esquecida, por dez anos condenada, olhou para o céu antes de se entregar a uma doença fatal e disse “meu senhor”.