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“O trabalho de meu pai teve as vísceras arrancadas” – diz Christopher Tolkien

O mal-entendido começou com O Hobbit, no meio dos anos 1930. Até então, Tolkien tinha publicado apenas um ensaio de renome, Beowulf, o grande poema épico povoado de monstros e que foi escrito na Idade Média. Sua ficção, iniciada durante a Segunda Guerra Mundial, permaneceu invisível.
Primeira Guerra Mundial, não?
 
Velho... que reportagem sensacional! E mais um ponto para o Le Monde (uma revista de que eu já era fã) pela proeza de fazer o CT abrir a boca. :clap:
 
Vísceras seria o cerebro?´´[Lat.viscera]sf.Anat.Nome comum a qualquer grande orgão alojado nas cavidades cranianas,toracica ou abdomina.``Ou seja roubaram a Esencia dos Livros de Tolkien?
 
Última edição:
Essa briga é de séculos e o Tolkien Estate tem a razão. Contudo, também é fato que os filmes ajudaram muito para a literatura de Tolkien, expandido-a para novas gerações.
 
Isso me dá a sensação de que a luta da família não é bem contra os produtos baseados no original (cinema) e adaptações mas da forma com que os produtos derivados foram tratados, em parte das questões contratuais que precisavam ser rediscutidas para encaixar o respeito da obra original com as implicações novas que apareceram do sucesso ao longo do tempo.
 
Pra se tornar um "blockbuster" é isso mesmo que acaba acontecendo. Provavelmente não era essa a intenção inicial de Tolkien, e hoje o filho dele repudia isso, mas... ainda assim, as filmagens ficaram bem melhores do que um "Crepúsculo/Amanhecer" da vida. Rs.
 
Nada dos primeiros mil parágrafos são novidade, não é mesmo?
Mas ao final, a declaração de "vísceras arrancadas" é algo que soa meio fora da casinha.
Na verdade, o mundo mudou de 1938-e-lá-vai-pedrada para cá, queira Christopher Tolkien, ou não.
E sei que ele deve ter herdado essa retórica do próprio pai, visto que Tolkien era um anti modernismo (nem carro ele gostava). Enfim, cada um vivendo no seu quadrado da forma como lhe apetece.
Tantas obras literárias mundiais passaram por adaptações sem essa frescuraiada dos Tolkien... Pra que isso?
Achei extremamente deselegante e arrogante essa coisa de "não querer conhecer Peter Jackson" por um motivo tão legal como rodar uma ADAPTAÇÃO das obras do pai. Pegou mal.
Obviamente que existem coisas bizarras e banalizações em cima do legendarium tolkieniano na atualidade, mas sem os filmes de Peter Jackson, duvido dó que metade dos que se dizem conhecedores de Tolkien saberiam de sua existência, e a venda dos livros não teria alavancado tanto nos últimos 12 anos (dim dim pra vocês, Christopher e família!)
Sinto um certo ar de inveja pelo sucesso dos filmes serem mais bombásticos que dos livros da parte dele.
Mas o que eles não levam em consideração é que uma coisa pode muito bem auxiliar a outra.
Enfim.. se até a Bíblia já tem enredo pra dar com o pau nos cinemas (e já deu), pra que esse anus adocicado da família Tolkien?
Pffffff...
 
uma opinião bem amarga - mas acho q não foi nenhuma novidade. por mais que nós gostemos de Tolkien, acho q é um pouco difícil entender o que o filho sente, uma vez que ele viveu o universo mítico do pai.

de qualquer forma, eu tb concordo que é meio arrogante não querer conhecer PJ, uma vez que os filmes ajudaram (e tem ajudado) a divulgar a obra de Tolkien.

se o filme d'O Hobbit é um exemplo de evisceração da obra original, então acho que essa foi uma "violência" necessária para adaptar o livro não apenas para o cinema, mas dentro do próprio universo desenvolvido após O Hobbit.
 
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É admirável a discrição deste senhor neste mundo de reality shows, não sou exatamente um ferrenho admirador de Christopher Tolkien, mas sua compostura deve ser louvada.

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Eu nunca entendi muito bem o porquê dessa aversão do Christopher com as adaptações, mas depois dessa entrevista, passei a entender melhor o que ele sente.

Penso que o problema é que o Christopher tem uma relação muito íntima com toda a obra, que vai além do aspecto profissional dele e o seu trabalho, ou dos milhões que a história produz todos os anos, ou de qualquer sentimento de inveja dos filmes e protecionismo dos livros, como foi dito acima. Penso que a verdadeira questão vai além de tudo isso, a questão é carinho. É que a Terra-Média foi um presente que o pai dele fez e deu para ele e irmãos, e depois morreu.

Por exemplo: Meu pai tem um tesouro lá em casa e minha mãe tem outro. O do meu pai é um instrumento manual de cortar cabelo que era do pai dele (meu avô). Era com essa maquininha manual que meu avô cortava os cabelos da criançada que hoje são meus tios e meu pai. Meu avô morreu há muito tempo e meu pai herdou essa maquininha e tem tanto carinho com ela que ele tem até a caixinha em que a máquina veio quando meu avô a comprou. O tesouro da minha mãe é a carteira de trabalho do pai dela que tem apenas um registro. Ele trabalhou vida inteira numa única empresa: uma fábrica de lápis. Só saiu de lá porque teve que se aposentar. Hoje ele já morreu e essa carteira é o maior orgulho da minha mãe. Esses objetos são mais valiosos porque eles representam a vida de meus avôs e a relação que eles tiveram com meus pais. meus avôs não existem mais, mas seus objetos existem para provar que eles existiram e o simples fato de possuí-los tranquiliza meus pais, como se eles ainda estivessem se relacionando com os seus pais (meus avôs).

Todo mundo tem alguma coisa assim. Um objeto que comercialmente não vale nada, mas que tem um valor emocional tremendo. Alguma lembrança de alguém que já se foi e marcou sua vida. Pode ser um bibelô de mesa, uma camisa ou até uma fotografia que está sempre empoeirada porque a família não deixa nem a empregada limpar com medo que a moça a deixe cair e quebrar. Isso porque ela não saberia manusear esse objeto como nós sabemos. Ela não sabe o que o objeto é, ela não entende. Só nós conseguimos entendê-lo e mexer com ele da forma correta, porque só nós conhecemos os seus verdadeiros donos com a profundidade que conhecemos.

Na minha família esse objeto-relíquia é uma maquininha de cortar cabelo e uma carteira de trabalho velha. Na família do Christopher é a Terra-Média.

A Terra-Média é uma coisa que o pai dele inventou para ele e os irmãos quando eles eram crianças. Imagina quantas histórias desse mundo eles não ouviram durante toda a vida da boca do seu próprio pai? E quanta vezes o Professor Tolkien não repetiu as histórias? E no caso de Christopher, mesmo com ele adulto o pai dele continuou enviando para ele os capítulos da história, pedindo sugestões, etc. mesmo ele sendo um homem adulto na Força Aérea. Para Christopher, a Terra-Média é uma relíquia do pai dele, que prova que o pai dele existiu e o representa. E ninguém entende a Terra-Média como ele entende. Ninguém consegue trabalhar com a Terra-Média como ele trabalha. Porque ninguém conheceu Tolkien como ele conheceu. E o incomoda profundamente ver outros "manuseando" esse mundo que o pai dele inventou para ele. Christopher teme que numa dessas "manuseadas" alheia possam derrubar sua relíquia e quebrá-la. Porque não entendem o que ela é. Não sentem o carinho que ele sente.

Nem poderíamos. Esse é um sentimento muito íntimo e raro que só sentimos entre os nossos. Tão íntimo que chega a ser quase privado. Tão íntimo que ele quase prefere que empoeire do que seja exposto para olhos e mãos estranhas.

Eu entendi Christopher.

Mas como fãn espero que ele repense seu sentimento. Que ele entenda que o que o pai dele construiu (e ele ajudou) não é mais só um tesouro familiar. É uma relíquia para muita gente. Já é íntima de muita gente. Claro que tem gente que vai consumir a Terra-Média como algo descartável, vai usar 1 vez e jogar fora. Mas terão também aqueles que vão mergulhar nesse mundo e deixar que a Terra-Média seja também uma parte dos seus mundinhos particulares. E pode até ser que Peter Jackson (ou outros diretores e estúdios) possam um dia errar a mão e deixar a relíquia cair e quebrar. Mas não será a relíquia verdadeira, só a propaganda dela. A relíquia verdadeira são os livros que o pai dele escreveu e eles viverão para sempre, inquebráveis. Mesmo que o pai dele não viva.
 
Verdade, entendo o ponto de vista dele como filho. Porém, sem o PJ, eu não teria conhecido Tolkien, e nem teria a coleção inteira de livros do pai dele até o mais recente Filhos de Húrin......ou seja, como alguém disse, "dimdim pros Tolkiens".

Eu conheci os livros depois do lançamento do segundo filme, e hj pertenço à classe dos que amam muito mais o livro do que o filme.
 
Sou obrigada a dizer que comecei a gostar dos livros com os filmes também, rs. Os filmes, não vi nenhum mais de uma vez. Já os livros, estou relendo pela quarta vez.

PJ fez sim um trabalho de divulgação da obra de Tolkien, e apesar do sentimento ser compreensivel, também acho que poderiam ao menos conhecer o homem. Não precisava de tanto "orgulho" assim.
 
As mais antigas memórias de Christopher Tolkien estão ligadas à história das origens de seu mundo imaginário e que seu pai gostava de compartilhar com os filhos. “Por mais estranho que possa parecer, eu cresci no mundo que ele criou”, explica. “Para mim, as cidades de O Silmarillion são mais reais do que a Babilônia”.

há um estrado coberto por um pequeno bordado gasto. Este é o lugar onde Christopher, com 6 ou 7 anos, parava para ouvir as histórias de seu pai. “Meu pai não tinha dinheiro para pagar um secretário”, diz ele. “Eu fui o único que escreveu e desenhou os mapas que ele esboçou”. “À noite, recorda, ele entrou no meu quarto e me contou, parado em frente à lareira, grandes histórias, como a de Beren e Lúthien, por exemplo. Tudo que parecia interessante vinha de sua maneira de ver as coisas”.

Invejinha... :timido:
 
Bom, lendo este artigo, a entrevista inteira, vejo que fui um tanto intempestivo também, e entendo mais o Christopher Tolkien.

No entanto, ainda discordo dele. Como bem ressaltou Gerbur em seu post, essa relíquia não é mais apenas deles. Não sei se eles fazem ideia do tanto de pessoas que foram influenciadas por suas obras. A ponto de várias pessoas EXISTIREM por conta dela. Não é mesmo, Arthur, Beatriz, Elanor, Theo, os vindouros Alexandre e Olga, e outros?

Insisto num ponto: ele deveria ter se imposto mais, acompanhado mais de perto as adaptações. O grande exemplo, para mim, é Frank Miller, que foi produtor-executivo nas adaptações de suas HQs. O resultado é que foram algumas das melhores adaptações. OK, HQs não são livros, é menos difícil para adaptar para o cinema, mas escritores tem feito esta prática também, seja como produtores, seja como consultores. C. Tolkien deixou muito largado o negócio, por motivos que desconheço, e aí estão as consequências.
 
Bom, lendo este artigo, a entrevista inteira, vejo que fui um tanto intempestivo também, e entendo mais o Christopher Tolkien.

No entanto, ainda discordo dele. Como bem ressaltou Gerbur em seu post, essa relíquia não é mais apenas deles. Não sei se eles fazem ideia do tanto de pessoas que foram influenciadas por suas obras. A ponto de várias pessoas EXISTIREM por conta dela. Não é mesmo, Arthur, Beatriz, Elanor, Theo, os vindouros Alexandre e Olga, e outros?

Insisto num ponto: ele deveria ter se imposto mais, acompanhado mais de perto as adaptações. O grande exemplo, para mim, é Frank Miller, que foi produtor-executivo nas adaptações de suas HQs. O resultado é que foram algumas das melhores adaptações. OK, HQs não são livros, é menos difícil para adaptar para o cinema, mas escritores tem feito esta prática também, seja como produtores, seja como consultores. C. Tolkien deixou muito largado o negócio, por motivos que desconheço, e aí estão as consequências.

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O problema é que o contrato para a adaptação dos livros para o cinema foi assinado no final dos anos sessenta e os filmes só chegaram às telas no início da década passada (principalmente por não haver tecnologia que possibilitasse a plena adaptação de muitos elementos da obra), qualquer um perde o interesse com um atraso destes.

PS: Até onde sei, o Kubrick seria o diretor do projeto original.

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