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O que vocês acham dos puristas?

Roy Batty

"Inconsertável"
Eu ia escrever um calhamaço aqui, divagando sobre essa coisa de ser purista...reclamar das alterações, praguejar, torcer o nariz para as adaptações cinematográficas. Quero dizer que apesar de ser fã do herculeo trabalho de PJ na trilogia SDA, entendo perfeitamente algumas reclamações dos puristas. Puristas que acham que filme deve seguir à risca o livro, sendo que são duas artes distintas que precisam contar a história a seu próprio modo, enfatizando o que cada arte tem de melhor: livro tem a vantagem do detalhismo e subjetividade de cada um imaginar ao seu próprio modo. Filme tem a vantagem do poder do audiovisual, que nos provocam sentimentos tão fortes quanto aqueles provocados pelos livros. Nem tanto no caso de O Hobbit, mas é fato que a trilogia SDA é uma das grandes obras cinematográficas de todos os tempos e que mudou a vida de muita gente. Eu mesmo, antes de SDA já gostava de fantasia, mas eu ansiava por "aquela" fantasia definitiva, aquela que me convencesse de que um mundo fantástico pudesse ser mais real que a realidade na qual estamos inseridos mas que, no fundo, é feito de coisas vazias. E todas as boas mensagens contidas na obra de Tolkien foram mantidas na adaptação cinematográfica.


Mesmo em O Hobbit, tudo o que o sustenta (no livro) é Smaug, A Batalha dos Cinco Exércitos e a idiossincrasia de um Hobbit. Não há profundas filosofias, momentos intimistas como há em SDA. E mesmo que as alterações pareçam exageradas (como fazer do Smaug um Tom correndo atrás do Jerry de maneira abestalhada) são nos pequenos acertos que em muito sobrepujam os desacertos. Em nível muito menor do que ocorreu com a trilogia SDA, como era de se esperar, mas aqui estamos, ainda amando esse universo e isso nunca vai esmorecer. PJ já entrou para a história com um colosso que foi conseguir adaptar de maneira belíssima, apaixonada e atemporal a obra que para muitos é a definitiva de Tolkien: Senhor dos Anéis. Tudo o que viria depois, eu pensei quando assisti, O Retorno do Rei no cinema, "será apenas uma homenagem a esta grande obra que foi a trilogia SDA."

O Hobbit é meio que uma homenagem, pois presenciamos muitos diálogos, tomadas, etc, que gritam "eu te amo Senhor dos Anéis". E, ainda assim, emocionamo-nos com a imperfeição, pq a vida é feita de coisas imperfeitas, e tudo o que é perfeito em pensamento acaba perdendo o viço, pois sempre queremos retocar, mudar isso ou aquilo para ver "como ficaria". E é disso que se trata uma adaptação! O desafio, a curiosidade subjetiva de cada um imaginar o ideal de transmitir um mundo fantástico!


Lembramos que um filme fiel a um livro está longe de significar qualidade e que em muitos casos, a licença poética faz o filme melhor em muitos aspectos à obra literária. Pegando, por exemplo, o filme "Blade Runner", que simplesmente fez em menos de duas horas de projeção a mesma coisa que o livro "Do Androids Dream Of Electric Sheep", de Philip K Dick fez. E há alguém que critica Blade Runner? Cadê? Ambos os veículos artísticos demonstraram maneiras distintas de passar a mensagem, de contar uma boa história e conseguir fazer-nos refletir. No caso de SDA, PJ, como um fã declarado das obras de Tolkien, NUNCA teve 100% de liberdade para fazer o que quisesse, como se o contexto fosse o mesmo de "Fome Animal"!


No fim das contas, a comparação entre livro e filme não pode ser aplicada. Artes não podem ser comparadas qualitativamente de maneira objetiva. Arbitrariamente sempre existem os "doutos", os pseudo críticos de arte que se acham no direito de dizer que "isso é melhor", "isso está certo e aquilo está errado". Mas a arte toca individualmente no coração de pobres mortais. E a adaptação de PJ em SDA tocou o coração de milhões e ganhou do mundo o respeito e milhões de novos fãs da obra de Tolkien.


A verdade, nua e crua é que livro tem vantagens e desvantagens assim como o filme, embora, a grosso modo, não se pode dizer que uma arte supera a outra, só pq alguém tem preguiça de ler um bom livro ou, de outro modo, pq alguém tem preconceito e cegueira sobre a beleza da Sétima Arte em demonstrar os conceitos de forma tão diversa e inabalavelmente convincente em relação ao livro.



Em resumo: puristas precisam de carinho e atenção!

 
Última edição:
Penso que para a questão do purismo a polêmica ocorra porque ambos, cinema e o livro, só podem divulgar que são fiéis se evocarem na audiência o mesmo universo subjetivo autoral que motivava a obra original, dos mesmos significados.

A partir disso (do imaginário oficial), a produção traduz os valores da obra original para aquilo que é valorizado e desvalorizado também nos tempos recentes. Se a obra de arte refletir a subjetividade do autor na objetividade do mundo de hoje então ela pode ser chamada de fiel porque preserva os significados. E boa parte da encrenca vem daí uma vez que questões como "Legolas borrachudo invencível" pareça ser um ponto moderno do qual Tolkien poderia disputar. Ou seja, em parte porque ocorre perda de informação também em todo processo de tradução (incluindo entre mídias).

Ainda outro exemplo, apesar de os livros do Tolkien servirem também para exercitarem a imaginação individual eu não consigo evitar de pensar que o autor faria correções nas conclusões imaginativas da audiência se as pessoas houvessem pensado em algo muito afastado de conceitos típicos que ele desejasse (considerando o que ele definiu para o universo de Ea tardiamente e não os conceitos da juventude que apesar de valerem menos, por não serem a versão final, eles também valem principalmente se o jovem Tolkien estiver pensando melhor que o Tolkien maduro).

De modo que considero O Hobbit como um filme inspirado na obra de Tolkien, algo que se o locutor da TV fosse anunciar seria como "Da visão do diretor Peter Jackson sobre o livro original de Tokien, O Hobbit". Que é divertido funcionando como ferramenta de divulgação (tem acertos também e dá pra aprender muito com ela) mas é diferente e diminuída em relação ao que seria produzido se seguissem o apelo desejado pela audiência da primeira metade do século vinte. Naturalmente isso deve ocorrer até certo ponto numa adaptação.

Nesse sentido foi feita uma substituição para o gosto e para a mentalidade da juventude atual. Infelizmente isso é notável (principalmente em relação ao grau de maturidade do público). Ou seja, a riqueza de elementos original foi alterada para servir a outro conjunto de necessidades, a outro contexto.

Quando essa tradução de elementos é eficiente a obra original ganha em profundidade como Blade Runner. Quando isso não ocorre se torna num exercício de taxidermia. Um objeto reduzido a uma forma seca e empalhada que lembra um ser que viveu um dia e que não se compara ao bicho vivo.
 
Não gostei de O Hobbit parte I e II, assistirei o terceiro para cumprir tabela. Em O Senhor dos Anéis havia uma grande indagação e expectativas acerca da produção de uma obra considerada infilmável e Peter Jackson, além da coragem de topar a tarefa, fez os filmes para atrair um público que desconhecia as obras de Tolkien; nome este que só era conhecido por fãs antigos e jogadores de RPG's.

Visualmente O Hobbit pode ser superior em termos de efeitos, mas na prática, é mais um blockbuster feito para a atual geração que prefere sentar e ver o pau rolar solto na tela como acontece nos jogos de videogame.

Se tem gente que gosta de elfos surfistas de orcs e anões fazendo rafting sincronizado em barris e sambando em cima de um dragão... paciência. É a zoeira tomando conta do mundo.
 

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