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O psicopata mora ao lado.

Isso cai naquilo que eu postei tempos atrás sobre quem defende que homossexualismo seja uma patologia. Esses patologicistas parecem enquadrar a heterossexualidade como um padrão a partir do qual nos dizem o que é um comportamento sexual 'natural' e o que foge disso, como antinatural.

O problema não está somente nesse 'referencial', que é ideologia pura, mas na dificuldade de se colocar limites entre sanidade e insanidade. Eu quero algum dia começar a estudar psicologia só pra tentar entender como a ciência analisa e fixa esses limites, que eu sempre achei tênues. Afinal, o que é loucura? Algumas sociedades encaram o incesto como algo normal, e o mesmo se pode dizer da pedofilia, no entanto, esses comportamentos não são considerados doentios? Parece que há também uma certa confusão entre o que é patológico e imoral pelos mesmos motivos, o de fixação de limites. Autores que eu comentei que jogam bastante com esses assuntos são Nietzsche e Dostoievski, o primeiro enquanto parte de sua crítica ao pensamento ocidental e sua imposição de padrões morais como valores absolutos sendo que a valoração é atividade essencialmente humana e, portanto, condicionada, relativa; o segundo, com sua análise profunda de tipos psicológicos, muitos enfrentando situações de tensão extrema, nervosismo, e patologias diversas, como monomania, esquizofrenia, idiotia etc. Foucault retoma a crítica de Nietzsche ao analisar os hospícios que serviriam mais como centros de despejo de tipos mentais indesejáveis. Manutenção do status quo.

Se os valores são assim tão relativos, sendo a própria loucura quase indistinguível da sanidade, se você tentar eliminar esses condicionamentos onde cai a doença no entendimento do homem, o que nos resta? Uma consciência 'sã' talvez não exista, e loucura talvez seja um modo mais extremo ou diferente de se exercitar os impulsos, ou rebeldia contra uma ordem mental vigente, ou mesmo intelectual. Talvez toda a alma seja mesmo esse jogo caótico de impulsos desgovernados que só são domados de forma artificial pelo que chamamos de cultura, arte, pensamento, enfim, civilização. Nesse sentido não só o potencial para a psicopatia é o mesmo para todos como o próprio conceito de psicopatia só sirva pra indicar uma resistência anormalmente maior à domesticação?

Lembro também que em várias sociedades primitivas atitudes de extremo devocionismo religioso, presença contínua de êxtases místicos, comportamento anormal, eram considerados traços típicos de santos, profetas, mesmo deuses encarnados segundo a mentalidade desse povo. Engraçado que como há uma transição semelhante do sentimento religioso para o sentimento que se dedica ao sábio, filósofo, mesmo ao cientista, está ligado a essa sua aparente existência apartada da sociedade. Aí a gente tem uma estranha ligação entre loucura e intelectualidade, como os mais altos voos do espírito serem tão admirados pela sua irreverência, novidade, revolução. E isso se estende à religião e a arte, como se os quatro, fé, loucura, arte, razão, fossem a mesma coisa ou, pelo menos, experimentados como tendo a mesma fonte ou como sendo iguais.
 
Última edição:
Neithan disse:
Véi, lendo isso, sem maldade nem piada, lembrei da minha ex-mulher.

Eu tive uma reação muito parecida. 8-O

Eu li e reli o post. Tive a primeira impressão de que sou assim. Mas não sou não, sou racional, mas emotiva também. Fico pulando entre racional e emotiva o tempo todo então, sob uma perspectiva totalmente não médica e com todos os viés possíveis, acho que me classificaria apenas como problemática. :lol:
 
Acho que como doença, numa certa cultura, está qualquer condição física e mental que torne o indivíduo globalmente desvantajoso para si próprio e para a sociedade que o cerca.

A definição não só dos distúrbios psicológicos, mas de qualquer condição física está assim associada às condições e aos lemas daquela sociedade. Há diversos relatos, em muitas regiões do mundo, de sociedades com elevado índice de surdez congênita, por causa do casamento entre parentes próximos, especula-se. A maioria delas acaba desenvolvendo uma língua sinalizada (acho que existe um caso de língua assim no Brasil), que tem um poder expressivo tão grande quanto qualquer idioma oral, e os surdos participam ativamente da sociedade. São doentes? As pessoas auditivamente típicas certamente realizam algumas funções que lhe são específicas, mas a surdez talvez seja tratada mais como um "algo a menos" do que uma doença.

Sobre homossexualidade, é interessante ler sobre os Marind, povo da Papua Nova Guiné que antes da cristianização tinha o comportamento homossexual como regra e a mulher como instrumento reprodutivo. Isso baixava tanto as taxas de natalidade que, para reprodução, eles capturavam crianças de outras tribos e criavam como se fossem deles. Bizarro, mas enfim, deve ter funcionado por séculos, quiçá milênios.
 
Paganus disse:
Foucault retoma a crítica de Nietzsche ao analisar os hospícios que serviriam mais como centros de despejo de tipos mentais indesejáveis. Manutenção do status quo.

Esse seu texto me fez lembrar um relato de uma mulher que foi internada muito tempo e depois passou a lutar pela reforna antimanicomial. Apesar do quadro diagnosticado de esquizofrenia, ela falava de forma mais lúcida que muita gente que dá entrevista. Muitas pessoas ainda tratam ou acreditam nas instituições psiquiátrica como um local de despejo de pessoas indesejáveis ou incorrigíveis. Apesar de que isso tem mudado de uns tempos para cá.
 
Me desculpem mas a foto da Pearl tá digna de psico.

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Não to falando nada.
 

Anexos

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Isso cai naquilo que eu postei tempos atrás sobre quem defende que homossexualismo seja uma patologia. Esses patologicistas parecem enquadrar a heterossexualidade como um padrão a partir do qual nos dizem o que é um comportamento sexual 'natural' e o que foge disso, como antinatural.

O problema não está somente nesse 'referencial', que é ideologia pura, mas na dificuldade de se colocar limites entre sanidade e insanidade. Eu quero algum dia começar a estudar psicologia só pra tentar entender como a ciência analisa e fixa esses limites, que eu sempre achei tênues. Afinal, o que é loucura? Algumas sociedades encaram o incesto como algo normal, e o mesmo se pode dizer da pedofilia, no entanto, esses comportamentos não são considerados doentios? Parece que há também uma certa confusão entre o que é patológico e imoral pelos mesmos motivos, o de fixação de limites. Autores que eu comentei que jogam bastante com esses assuntos são Nietzsche e Dostoievski, o primeiro enquanto parte de sua crítica ao pensamento ocidental e sua imposição de padrões morais como valores absolutos sendo que a valoração é atividade essencialmente humana e, portanto, condicionada, relativa; o segundo, com sua análise profunda de tipos psicológicos, muitos enfrentando situações de tensão extrema, nervosismo, e patologias diversas, como monomania, esquizofrenia, idiotia etc. Foucault retoma a crítica de Nietzsche ao analisar os hospícios que serviriam mais como centros de despejo de tipos mentais indesejáveis. Manutenção do status quo.

Se os valores são assim tão relativos, sendo a própria loucura quase indistinguível da sanidade, se você tentar eliminar esses condicionamentos onde cai a doença no entendimento do homem, o que nos resta? Uma consciência 'sã' talvez não exista, e loucura talvez seja um modo mais extremo ou diferente de se exercitar os impulsos, ou rebeldia contra uma ordem mental vigente, ou mesmo intelectual. Talvez toda a alma seja mesmo esse jogo caótico de impulsos desgovernados que só são domados de forma artificial pelo que chamamos de cultura, arte, pensamento, enfim, civilização. Nesse sentido não só o potencial para a psicopatia é o mesmo para todos como o próprio conceito de psicopatia só sirva pra indicar uma resistência anormalmente maior à domesticação?

Lembro também que em várias sociedades primitivas atitudes de extremo devocionismo religioso, presença contínua de êxtases místicos, comportamento anormal, eram considerados traços típicos de santos, profetas, mesmo deuses encarnados segundo a mentalidade desse povo. Engraçado que como há uma transição semelhante do sentimento religioso para o sentimento que se dedica ao sábio, filósofo, mesmo ao cientista, está ligado a essa sua aparente existência apartada da sociedade. Aí a gente tem uma estranha ligação entre loucura e intelectualidade, como os mais altos voos do espírito serem tão admirados pela sua irreverência, novidade, revolução. E isso se estende à religião e a arte, como se os quatro, fé, loucura, arte, razão, fossem a mesma coisa ou, pelo menos, experimentados como tendo a mesma fonte ou como sendo iguais.

Tem um pintor, que eu sempre esqueço o nome, que retratava as mulheres com olhos intensos ou expressões intensas ou flamejantes no rosto. As obras dele são muito bonitas e as personagens femininas dele... fatais.

A intensidade do olhar ou do sorriso demonstra que uma batalha emocional ou física foi ou está sendo enfrentada pela pessoa. As pessoas intensas costumam ser acompanhadas de perto pelo destino para o bem ou para o mal. Por exemplo, algumas pessoas atraem certos tipos mais fatais de indivíduos angelicais ou demoníacos por estarem em busca de sinais intensos no comportamento dos outros.

Toda característica humana forte atrai uma situação igualmente intensa buscada por ela. De maneira que alguns autores citam a existência de uma espécie de êxtase negro em contra-posição ao êxtase divino ou sagrado inspiracional que funciona como estímulo e aparece em momentos de grande necessidade. Isso ocorre porque a pessoa está em busca de ajuste para com determinado comportamento da natureza e por isso algumas pessoas são seguidas de perto pelo destino como Turin Turambar no livro Silmarillion.

Quando se fala em ajuste o escritor e guru hindu Osho traça uma diferença importante entre ajuste e equilíbrio no livro "A Semente de Mostarda".

É possível haver uma pessoa boa/saudável (equilibrada) que seja desajustada na sociedade (uma sociedade doentia por exemplo). E também é possível haver uma pessoa ajustada numa sociedade doentia em que ela seja uma pessoa desequilibrada ou até mesmo ruim (se houver escolhido ser assim).

De maneira que por essa razão o Ministério Público trabalha com termos de ajuste de conduta ao invés de termos de "equilíbrio de conduta". O indivíduo fica responsável por se auto-regular e se equilibrar.

Ocorre que o grande problema com os loucos é que para eles é fácil sentir a loucura mas é muito mais difícil manifestá-la produtivamente no mundo. Aquele que não tem piedade com a realidade é penalizado pela carência que existe naturalmente no mundo. Por exemplo, sentir o amor é fácil mas manifestá-lo é difícil porque qualquer um consegue transgredir os direitos de outra pessoa mas poucos conseguem entrar no coração da outra pessoa como convidado. Por essa razão a esmagadora maioria dos loucos não é iluminada, nem sagrada, são apenas loucos transgressores.

Significa que apesar de na mente tudo ser permitido (ainda que seja recomendável e conveniente ser misericordioso com a mente quando possível também) no mundo real é preciso intepretar piedosamente antes de manifestar ou concretizar algo.

O autor do livro que postei divide em 10 paradigmas o estudo da mente problemática:

-O Paradigma da Dor (Extrapunitivos x Intrapunitivos)
-O Paradigma da Patologia (Fisiologia x Patologia)
-O Paradigma Médico (Psiquiatria X Neurologia)
-O Paradigma Taoísta (Cuidado X Controle)
-O Paradigma do Limite (Eu X Não Eu)
-O Paradigma da Ordem (Ordem X Caos)
-O Paradigma do Amor (Paixão X Segurança)
-O Paradigma da Percepção (Conteúdo X Processo)
-O Paradigma do Sistema (Individual X Sistemático)
-O Paradigma da Classificação (Dimensão X Categoria)

Pessoalmente eu adicionaria também no livro comentários que explicassem a "Essência x Aparência" que são fundamentais para as pessoas se prepararem antes de interpretar qualquer situação ou assunto. Estou aqui com um livro que fala sobre o método judaico de resolução de problemas e a medicina e tecnologia de Israel é considerada de ponta principalmente no campo da inteligência. Como o livro do psiquiatra fala de Taoismo acho que seria bem vinda essa abordagem que é muito parecida com a tradição zen Kensho (enxergar a verdadeira natureza de algo).
 
Última edição:
Hm... Tenho certeza que uma pessoa muito próxima a mim tem isso. Tem todos os sintomas, e sempre tive dificuldade de lidar com essa pessoa. Eu já até disse que essa precisaria de um acompanhamento profissional, mas isso parece uma ofensa...

O que eu faço? Qual a melhor forma de lidar com uma pessoa assim?

A melhor forma é se afastar, já que, como você mesmo percebeu, as pessoas com psicopatia não veem isso como um problema, só como uma diferença em relação aos outros, assim como há diferenças entre loiros e morenos, brancos e negros.

Alguns acham até que essa frieza (a não-emotividade) seria um ganho pra eles, porque vira e mexe o nosso emocional atrapalha bastante nosso lado racional e, com isso, podemos tomar condutas racionalmente impróprias (ou seja, fazer merda) por causa de um ímpeto sentimental. Essa última frase eu ouvi de uma pessoa que há a suspeita (minha, de outras pessoas e dela mesma) de ser psicopata leve.
 
vira e mexe o nosso emocional atrapalha bastante nosso lado racional e, com isso, podemos tomar condutas racionalmente impróprias (ou seja, fazer merda) por causa de um ímpeto sentimental.

Opa, certo que não sou psicopata então. O que mais eu fiz foi merda por deixar o lado emocional falar primeiro.
 
A psicopatia, por definição, é um distúrbio mental grave caracterizado por um desvio de caráter, ausência de sentimentos genuínos, frieza, insensibilidade aos sentimentos alheios, manipulação, egocentrismo, falta de remorso e culpa para atos cruéis e inflexibilidade com castigos e punições.

Isso cai naquilo que eu postei tempos atrás sobre quem defende que homossexualismo seja uma patologia. Esses patologicistas parecem enquadrar a heterossexualidade como um padrão a partir do qual nos dizem o que é um comportamento sexual 'natural' e o que foge disso, como antinatural.

Acho que como doença, numa certa cultura, está qualquer condição física e mental que torne o indivíduo globalmente desvantajoso para si próprio e para a sociedade que o cerca.

Eu não entendo essa separação do que é doença e do que é normal ou são, não consigo ver a psicopatia como uma doença incurável, nem como um comportamento com o qual já se nasça.

Um psicopata tem este conjunto de características que o tornam uma pessoa perigosa de se conviver, mas por que isso deve ser tratado como um distúrbio? Eu acredito que se as pessoas vivem com uma certa harmonia na sociedade essa harmonia existe por necessidade, óbvio que por estarmos lidando com seres humanos diversos fatores influenciam a questão, mas de uma forma geral ter empatia para com alguém da mesma espécie não é uma obrigação, esta pode ser uma característica escolhida por nós como algo que define a humanidade de um ser, mas na prática não acho que isto possa ser usado como um diferencial entre 'humanos e andróides'.

A razão para tomarem a psicopatia como uma doença incurável é justamente por ela ser um conjunto de características que moldam um comportamento específico que deixa o indivíduo com essa sensação de poder e segurança, ele não precisa de ninguém, ele não se importa com ninguém, ele já está ótimo sozinho, pra que mudar? Como eu já falei uma vez, inclusive sobre esse tema de homossexualismo, uma pessoa só é capaz de mudar quando ela quer, e se ela não quiser não tem como forçar ela do contrário, a doença é 'incurável' por ser um comportamento que ninguém quer abrir mão, não tem como curar comportamentos.

Eu gosto de definir a doença como algo que faz mal para a própria pessoa, acredito que isso englobe todo e qualquer tipo de doença que existe, ela causa mal para a pessoa. A psicopatia, pelo que sei até agora, não parece causar danos para a pessoa, claro que ela pode se dar mal dependendo da situação e das suas ações, mas isso é o normal da vida, o psicopata não faz mal para si, seja direta ou indiretamente, ele apenas vive da forma que acha melhor. Relacionar a idéia de doença dentro de uma sociedade pode gerar visões erradas como por exemplo: "homossexualismo é uma doença", ou "como você pode fazer isso? Você é doente!", situações como essa só aparecem quando julgamos a atitude de outros segundo os nossos padrões, e isso não deve servir para classificar uma atitude ou pensamento como doentio, ou até mesmo imoral, como se qualquer característica aparentemente negativa pudesse ser usada para reconhecer a doença de alguém.


Não tenho certeza se consegui ser claro, mas resumindo, eu queria entender essa relação doença x comportamento.
 

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