• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

O profeta das pequenas coisas

JLM

mata o branquelo detta walker
[size=x-large]O PROFETA DAS PEQUENAS COISAS[/size]
de Jefferson Luiz Maleski


Andava o maltrapilho em seu próprio ritmo inconstante, porém determinado, a revirar algumas latas de lixo. A cidade corria frenética e mecânica ao seu redor, como uma máquina do tempo acelerada rumo a um futuro frenético e mecânico. Mas ele não. Ele não tinha pressa alguma. Cuidadoso, sagaz, metódico, apanhava alguns restos dos sacos plásticos meio abertos, olhava, revirava, cheirava e depois comia. Algumas vezes comia sem cheirar. Outras, cheirava sem olhar. Quase sempre olhava sem comer. E assim, sobre o lixo, sobre sacos, sobre restos, sobre vida vivia. Orbitava dentro daquele universo de resquícios da existência alheia fétidos como ele, descartados como ele e indesejáveis como ele. Esboçou um sorriso embaixo da barba espessa e desgrenhada quando pensou que o lixo e ele foram importantes para alguém um dia. Talvez hoje fossem notados somente por Deus e pelos lixeiros. Se achou esperto pelo raciocínio e o sorriso aumentou imperceptível mas significativamente.

Foi quando encontrou o livro. Pequeno, usado, cheirando a papel velho e enrolado em um pano mais velho ainda. Tinha a capa de couro com palavras escritas em dourado desgastado. Achou bonito. Abriu, folheou, procurou por figuras que ali não existiam. Letra miúda, vista cansada: este livro trará verdadeira felicidade a quem possuí-lo, é o que teria lido na dedicatória se soubesse ler. Guardou o livro como um achado precioso no bolso do casaco, e atravessando a rua lembrou que o Seu Antônio da padaria, um cara inteligentefina, talvez trocasse o livro por um pão com presunto e uma pinga. Se não valesse tanto, bastava a pinga. Esqueceu somente de olhar para o ônibus que o jogou violentamente contra o muro. Ali, caído enquanto morria, sentiu a boca adocicar com um gosto forte, divinal, que lembrava muito a cachaça.
 
O cara tava mais interessado em comer do que beber. hueheuehueheu
Enquanto lia, pensei que as divinas palavras iriam salvar a vida dele (ou ao menos adiar sua morte, enchendo sua barriga), de forma indireta. Mas é claro que seu final foi espetacular, bem melhor que o final comum que eu pensei que teria. :D
 
Mais um belo texto.
Só não entendi porque você descreveu tanto o personagem e suas ações e deu poucas dicas sobre o futuro (do livro). Era para deixar um gosto de quero mais?
 
Ai, é o segundo conto que leio hoje em que o protagonista é atropelado no final! :susto:

Você realmente escreve muito bem!
 
kkk, se o 1º foi o do LucasCF, repare q no 1º comentário q fiz no texto dele pedi se ele não tinha se inspirado nesse daqui. supus isso pq ele escreveu o dele logo após eu mostrar esse e incentivar ele a escrever.
 
LucasCF disse:
foi só uma inspiradinha vai. huehueheuheuheue

mas não faz mal vc revelar onde se inspirou. eu costumo revelar minhas fontes na maior cara sem vergonha sem-vergonha.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo