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O Príncipe e o Cavaleiro (Diálogo de Maekar e Dunk)

Gerbur Forja-Quente

Defensor do Povo de Durin
Olá pessoal, tudo bem?

Todos já conhecem o último livro do Martin: O Cavaleiro dos Sete Reinos? É um livro muito bom que se passa 90 anos antes dos acontecimentos do primeiro livro da saga (A Guerra dos Tronos), no auge da dinastia Targaryen. Ele já foi mencionado nesse tópico: http://forum.valinor.com.br/topico/...-e-outras-historias-george-r-r-martin.124071/ . Vale muito a pena conferir, viu gente? Para mim esse seria “O Hobbit” de GoT. Uma história mais simples, prelúdio da obra principal, mas que é muito bem escrito e gostoso de ler. Muito indicado para quem não leu nada desse universo, começar por esse livro, é um bom começo. Também indico para os velhos fãs da obra, para eles matarem as saudades de Westeros.

Mas esse post não é para falar do livro como um todo, apenas do primeiro conto, que eu achei realmente muito bom. Para isso eu terei que contar algumas acontecimentos desse conto, então quem não gosta de SPOILER, não leia. Mas não é nada bombástico, fiquem tranquilos. É como se você não conhecesse O Hobbit e eu estivesse contando sobre os problemas que Bilbo e os anões tiveram com os trolls.

Nesse primeiro conto conhecemos os personagens principais: Dunk, chamado Sor Duncan, o Alto e Egg, seu escudeiro, que é na verdade Aegon Targaryen, neto do atual rei dos sete reinos, Daeron Targaryen.

Uma das coisas que gostei é que um dos protagonistas do livro, o cavaleiro Dunk, tem uma idéia romanceada do que é ser cavaleiro. Ele não é um Lorde de nenhum castelo, nem aspira qualquer poder. A única coisa que ele quer é ser correto, ser justo, ser verdadeiramente um cavaleiro e cumprir seus votos. Temos então uma aproximação com Tolkien aqui, uma vez que Dunk é inteiramente bom, não é um personagem cinzento como Jaime Lannister, por exemplo, que oscila entre ser herói ou vilão.

Egg também é bom. Tudo o que ele quer é ser cavaleiro da Guarda Real um dia para proteger o próprio rei e sua família. Egg não aspira ser rei, porque ele está bem abaixo na linha de sucessão ao trono, uma vez que ele é o quarto filho, do quarto filho do rei. Para ser cavaleiro, Egg precisa servir um cavaleiro de verdade como escudeiro para aprender o ofício e um dia poder ser armado cavaleiro. Por isso, ele engana Dunk, fazendo-se passar por um cavalariço, para ser aceito como seu escudeiro.

Então como o livro é sobre um cavaleiro andante ensinando seu escudeiro a ser cavaleiro o que aprendemos? O Código da Cavalaria! Dunk constantemente se lembra dos ensinamentos do seu próprio mestre, Sor Arlan de Centarbor enquanto servia esse cavaleiro como seu escudeiro. E ao se lembrar das lições de Sor Arlan vai se guiando por elas e também ensinando-as a Egg. Assim nós leitores somos gratificados com esse código, aprendemos junto com Egg o que é ser um cavaleiro de verdade, lições sobre honra, por exemplo. Lembrei muito de Ned Stark nesse livro, mas de um jeito bem mais leve.

Uma das lições de exemplo: Dunk se lembra o que Sor Arlan lhe disse sobre servi: “Quando você está a serviço de algum senhor tome cuidado com suas ações, pois tudo o que você faz reflete nele. Também sempre faça mais do que ele espera de ti, nunca menos. Nunca diga ‘não’ a uma tarefa ou desafio e acima de tudo: Não o envergonhe”. Muito bacana, né?

Voltando ao conto... gostei muito do diálogo final dele, o diálogo entre o príncipe Maekar, pai de Egg, e Dunk. Esse diálogo acontece depois de tudo ser esclarecido: o fato de Egg não ser um plebeu, um simples cavalariço, mas ser na verdade um príncipe Targaryen. Até chegar nesse ponto muita coisa acontece, como Dunk socar e chutar um irmão de Egg, o príncipe Aerion, que é mais um Targaryen louco. Para definir quem estava com a razão foi feito um julgamento por combate envolvendo 7 campeões do lado de Aerion (ele incluso) e 7 do lado de Dunk (também ele sendo um dos seus cavaleiros). E nesse julgamento por combate acarretou a morte de algumas pessoas importantes, uma delas, Baelor Targaryen, Mão do Rei, que lutou ao lado de Dunk.

Dunk reflete muito sobre tudo o que aconteceu sentado embaixo de uma árvore ao redor de um lago enquanto escuta as libélulas do lago. Ele reflete sobre elas, será que Dunk será sempre um simples cavaleiro que terá que dormir sob as árvores ao som das libélulas, como Sor Arlan, ou algum dia servirá um grande senhor em suntuosos salões de seus castelos?

Após o julgamento, Maekar, na minha opinião, se mostra muito sábio e justo. Ele parece resolver o destino de Egg junto com Dunk. Primeiro porque Maekar respeita mesmo o julgamento, pois como Dunk “ganhou” o mesmo, Maekar então pune Aerion, mandando-o para Lys, uma cidade-livre, fora dos Sete Reinos. Então ele exila temporariamente o próprio filho, pois reconhece que o filho estava errado. Muito interessante.

Outro fato interessante é que Maekar respeita a opinião do outro filho, Egg, que quer ser escudeiro de Dunk. Quando ele diz isso ao cavaleiro o mesmo responde: “Mas eu sou apenas um cavaleiro andante”, ao que o príncipe responde: “Isso pode ser consertado. Jure sua espada a mim e me sirva em meu castelo, assim você poderá treinar Aegon junto com meu mestre de armas, pois você ainda tem muito o que aprender”. Dunk reconhece que tem muito a aprender, mas não quer jurar sua espada a Maekar, ele mesmo quer aprender a ser um cavaleiro com as andanças, assim como seu antigo mestre, Sor Arlan. Então o próprio Dunk abre mão do conforto dos salões de Maekar, pela vida difícil ao céu aberto, Dunk escolhe as libélulas em detrimento dos dragões.

Então ele propõe isso a Maekar:

“Ele pode ser meu escudeiro, mas não em seu castelo. Ele me servirá em minhas andanças, comeremos carne salgada e frutas, não teremos mordomia, mas tampouco passaremos fome. Dormiremos em valas na estrada ou em salões de velhos cavaleiros ou senhores de casas menores”. Fantástica essa fala dele, e Maeka obviamente responde: “Você está louco se acha que vou deixar meu filho, um príncipe Targaryen dormir em valas e comer carne salgada”. E Dunk hesita, mas responde: “Tenho certeza que Daeron nunca dormiu em nenhuma vala, e toda carne que Aerion comeu foi suculenta e saborosa...” Com isso, Dunk mostra a Maekar que a dificuldade forja o caráter de uma pessoa. Que o trabalho e a dificuldade podem transformar uma pessoa acomodada ou então cruel em alguém melhor.

Maekar, sentindo-se insultado vai embora deixando Dunk com os zumbidos das libélulas. E no dia seguinte, Egg se apresenta a Dunk dizendo: “Meu pai disse que tenho que servi-lo”, ao que Dunk prontamente corrige “Servi-lo, sor”.

Aqui percebemos 2 coisas bacanas: a primeira é que Maekar reflete bem e vê a verdade nas palavras de Dunk. Seus dois filhos mais velhos (Daeron e Aerion) foram criados no luxo e se transformaram em pessoas ruins, e se Aegon for criado na dificuldade em que ele se transformará? Então Maekar aceita e permite que Aegon sirva um cavaleiro andante.

A segunda coisa é que Dunk não se intimida por quem Aegon é, ele já corrige o menino e o ensina a ter respeito pelas pessoas, pois ele pode até ser da família real, mas como escudeiro dele, Egg é subordinado de Dunk e deve tratá-lo com o título que Dunk tem, Sor. Essa foi a primeira lição, humildade, muito bacana.

Bom pessoal vou ficando por aqui para não deixar o tópico muito grande, mas espero ter passado algumas reflexões boas que esse livro me passou. E aí, o que acharam do diálogo do Príncipe com o Cavaleiro?
 
Olá pessoal, tudo bem?

Todos já conhecem o último livro do Martin: O Cavaleiro dos Sete Reinos? É um livro muito bom que se passa 90 anos antes dos acontecimentos do primeiro livro da saga (A Guerra dos Tronos), no auge da dinastia Targaryen. Ele já foi mencionado nesse tópico: http://forum.valinor.com.br/topico/...-e-outras-historias-george-r-r-martin.124071/ . Vale muito a pena conferir, viu gente? Para mim esse seria “O Hobbit” de GoT. Uma história mais simples, prelúdio da obra principal, mas que é muito bem escrito e gostoso de ler. Muito indicado para quem não leu nada desse universo, começar por esse livro, é um bom começo. Também indico para os velhos fãs da obra, para eles matarem as saudades de Westeros.

Mas esse post não é para falar do livro como um todo, apenas do primeiro conto, que eu achei realmente muito bom. Para isso eu terei que contar algumas acontecimentos desse conto, então quem não gosta de SPOILER, não leia. Mas não é nada bombástico, fiquem tranquilos. É como se você não conhecesse O Hobbit e eu estivesse contando sobre os problemas que Bilbo e os anões tiveram com os trolls.

Nesse primeiro conto conhecemos os personagens principais: Dunk, chamado Sor Duncan, o Alto e Egg, seu escudeiro, que é na verdade Aegon Targaryen, neto do atual rei dos sete reinos, Daeron Targaryen.

Uma das coisas que gostei é que um dos protagonistas do livro, o cavaleiro Dunk, tem uma idéia romanceada do que é ser cavaleiro. Ele não é um Lorde de nenhum castelo, nem aspira qualquer poder. A única coisa que ele quer é ser correto, ser justo, ser verdadeiramente um cavaleiro e cumprir seus votos. Temos então uma aproximação com Tolkien aqui, uma vez que Dunk é inteiramente bom, não é um personagem cinzento como Jaime Lannister, por exemplo, que oscila entre ser herói ou vilão.

Egg também é bom. Tudo o que ele quer é ser cavaleiro da Guarda Real um dia para proteger o próprio rei e sua família. Egg não aspira ser rei, porque ele está bem abaixo na linha de sucessão ao trono, uma vez que ele é o quarto filho, do quarto filho do rei. Para ser cavaleiro, Egg precisa servir um cavaleiro de verdade como escudeiro para aprender o ofício e um dia poder ser armado cavaleiro. Por isso, ele engana Dunk, fazendo-se passar por um cavalariço, para ser aceito como seu escudeiro.

Então como o livro é sobre um cavaleiro andante ensinando seu escudeiro a ser cavaleiro o que aprendemos? O Código da Cavalaria! Dunk constantemente se lembra dos ensinamentos do seu próprio mestre, Sor Arlan de Centarbor enquanto servia esse cavaleiro como seu escudeiro. E ao se lembrar das lições de Sor Arlan vai se guiando por elas e também ensinando-as a Egg. Assim nós leitores somos gratificados com esse código, aprendemos junto com Egg o que é ser um cavaleiro de verdade, lições sobre honra, por exemplo. Lembrei muito de Ned Stark nesse livro, mas de um jeito bem mais leve.

Uma das lições de exemplo: Dunk se lembra o que Sor Arlan lhe disse sobre servi: “Quando você está a serviço de algum senhor tome cuidado com suas ações, pois tudo o que você faz reflete nele. Também sempre faça mais do que ele espera de ti, nunca menos. Nunca diga ‘não’ a uma tarefa ou desafio e acima de tudo: Não o envergonhe”. Muito bacana, né?

Voltando ao conto... gostei muito do diálogo final dele, o diálogo entre o príncipe Maekar, pai de Egg, e Dunk. Esse diálogo acontece depois de tudo ser esclarecido: o fato de Egg não ser um plebeu, um simples cavalariço, mas ser na verdade um príncipe Targaryen. Até chegar nesse ponto muita coisa acontece, como Dunk socar e chutar um irmão de Egg, o príncipe Aerion, que é mais um Targaryen louco. Para definir quem estava com a razão foi feito um julgamento por combate envolvendo 7 campeões do lado de Aerion (ele incluso) e 7 do lado de Dunk (também ele sendo um dos seus cavaleiros). E nesse julgamento por combate acarretou a morte de algumas pessoas importantes, uma delas, Baelor Targaryen, Mão do Rei, que lutou ao lado de Dunk.

Dunk reflete muito sobre tudo o que aconteceu sentado embaixo de uma árvore ao redor de um lago enquanto escuta as libélulas do lago. Ele reflete sobre elas, será que Dunk será sempre um simples cavaleiro que terá que dormir sob as árvores ao som das libélulas, como Sor Arlan, ou algum dia servirá um grande senhor em suntuosos salões de seus castelos?

Após o julgamento, Maekar, na minha opinião, se mostra muito sábio e justo. Ele parece resolver o destino de Egg junto com Dunk. Primeiro porque Maekar respeita mesmo o julgamento, pois como Dunk “ganhou” o mesmo, Maekar então pune Aerion, mandando-o para Lys, uma cidade-livre, fora dos Sete Reinos. Então ele exila temporariamente o próprio filho, pois reconhece que o filho estava errado. Muito interessante.

Outro fato interessante é que Maekar respeita a opinião do outro filho, Egg, que quer ser escudeiro de Dunk. Quando ele diz isso ao cavaleiro o mesmo responde: “Mas eu sou apenas um cavaleiro andante”, ao que o príncipe responde: “Isso pode ser consertado. Jure sua espada a mim e me sirva em meu castelo, assim você poderá treinar Aegon junto com meu mestre de armas, pois você ainda tem muito o que aprender”. Dunk reconhece que tem muito a aprender, mas não quer jurar sua espada a Maekar, ele mesmo quer aprender a ser um cavaleiro com as andanças, assim como seu antigo mestre, Sor Arlan. Então o próprio Dunk abre mão do conforto dos salões de Maekar, pela vida difícil ao céu aberto, Dunk escolhe as libélulas em detrimento dos dragões.

Então ele propõe isso a Maekar:

“Ele pode ser meu escudeiro, mas não em seu castelo. Ele me servirá em minhas andanças, comeremos carne salgada e frutas, não teremos mordomia, mas tampouco passaremos fome. Dormiremos em valas na estrada ou em salões de velhos cavaleiros ou senhores de casas menores”. Fantástica essa fala dele, e Maeka obviamente responde: “Você está louco se acha que vou deixar meu filho, um príncipe Targaryen dormir em valas e comer carne salgada”. E Dunk hesita, mas responde: “Tenho certeza que Daeron nunca dormiu em nenhuma vala, e toda carne que Aerion comeu foi suculenta e saborosa...” Com isso, Dunk mostra a Maekar que a dificuldade forja o caráter de uma pessoa. Que o trabalho e a dificuldade podem transformar uma pessoa acomodada ou então cruel em alguém melhor.

Maekar, sentindo-se insultado vai embora deixando Dunk com os zumbidos das libélulas. E no dia seguinte, Egg se apresenta a Dunk dizendo: “Meu pai disse que tenho que servi-lo”, ao que Dunk prontamente corrige “Servi-lo, sor”.

Aqui percebemos 2 coisas bacanas: a primeira é que Maekar reflete bem e vê a verdade nas palavras de Dunk. Seus dois filhos mais velhos (Daeron e Aerion) foram criados no luxo e se transformaram em pessoas ruins, e se Aegon for criado na dificuldade em que ele se transformará? Então Maekar aceita e permite que Aegon sirva um cavaleiro andante.

A segunda coisa é que Dunk não se intimida por quem Aegon é, ele já corrige o menino e o ensina a ter respeito pelas pessoas, pois ele pode até ser da família real, mas como escudeiro dele, Egg é subordinado de Dunk e deve tratá-lo com o título que Dunk tem, Sor. Essa foi a primeira lição, humildade, muito bacana.

Bom pessoal vou ficando por aqui para não deixar o tópico muito grande, mas espero ter passado algumas reflexões boas que esse livro me passou. E aí, o que acharam do diálogo do Príncipe com o Cavaleiro?
Uma das minhas partes favoritas também! Muito legal esse dialogo, só queria fazer uma observação: O filho mais velho de Maekar, o Daeron, não é uma pessoa ruim, ele é um alcoólatra acomodado, um príncipe que enche a cara e desmaia no próprio vômito, mas é uma pessoa correta, tanto é que ele, após acusar o Dunk (por pressão familiar), afirma que perderá o duelo propositalmente e reconhece que o culpado pelo desaparecimento do Egg foi ele. Achei ele mais um atormentado do que um pessoa ruim.
 
Dunk nem cavaleiro é. É por isso que eu amo o GRR Martin <3
Qualquer coisa que ele escreva tem que ser lida suspeitando de tudo que o protagonista pensa.
Se foi dito que x = y então provavelmente x não é = y
Agora fui pro google e confirmei minha maior suspeita no conto, e é legal que é muito, muito fácil de alguém passar batido um ponto muito, muito importante.
a única ambição do Dunk era ganhar uns trocos vencendo 1 luta e voltar a perambular atras de trabalho como cavaleiro para algum lorde.
mas com base em aproximadamente 5 dicas sutis ao longo das 100 paginas, tu consegue notar que o velho cavaleiro nunca fez o juramento com ele - ele não é um cavaleiro, ele conta uma mentira terrível, seria uma enorme desonra se ele fosse descoberto.
mas por ironia do autor, ele acaba encarando um dilema moral e defendendo os mais necessitados.
a enfase do conto é: mais vale ser um ''true knight''e defender quem precisa, do que obedecer um principe cruel
mas ele é o único dessa história toda que não é um, tã-dã, true knight
o mesmo tema é explorado em game of thrones, já que a brienne e o cão levam knighthood mais a sério do que os cavaleiros (e eles nao sao)
e as dicas estão espalhadas em palavrinhas jogadas aqui e ali, como nas orelhas de Dunk avermelhando ao tentar se inscrever no torneio como cavaleiro, ou quando ele sente ''culpa e alívio'' ao não ter que fazer o juramento de outro cavaleiro, ou quando ele fala que o velho Arlan tocou uma vez seu ombro direito e uma seu ombro esquerdo (vemos depois que o ombro direito é tocado 4 vezes e o esquerdo 3), ele entende que Egg ''contou uma mentira terrível, mas ele sabia como era contar uma mentira terrível para conseguir algo que desejava ardentemente'' entre várias outras pequenas pistas.
 
Dunk nem cavaleiro é. É por isso que eu amo o GRR Martin <3
Qualquer coisa que ele escreva tem que ser lida suspeitando de tudo que o protagonista pensa.
Se foi dito que x = y então provavelmente x não é = y
Agora fui pro google e confirmei minha maior suspeita no conto, e é legal que é muito, muito fácil de alguém passar batido um ponto muito, muito importante.
a única ambição do Dunk era ganhar uns trocos vencendo 1 luta e voltar a perambular atras de trabalho como cavaleiro para algum lorde.
mas com base em aproximadamente 5 dicas sutis ao longo das 100 paginas, tu consegue notar que o velho cavaleiro nunca fez o juramento com ele - ele não é um cavaleiro, ele conta uma mentira terrível, seria uma enorme desonra se ele fosse descoberto.
mas por ironia do autor, ele acaba encarando um dilema moral e defendendo os mais necessitados.
a enfase do conto é: mais vale ser um ''true knight''e defender quem precisa, do que obedecer um principe cruel
mas ele é o único dessa história toda que não é um, tã-dã, true knight
o mesmo tema é explorado em game of thrones, já que a brienne e o cão levam knighthood mais a sério do que os cavaleiros (e eles nao sao)
e as dicas estão espalhadas em palavrinhas jogadas aqui e ali, como nas orelhas de Dunk avermelhando ao tentar se inscrever no torneio como cavaleiro, ou quando ele sente ''culpa e alívio'' ao não ter que fazer o juramento de outro cavaleiro, ou quando ele fala que o velho Arlan tocou uma vez seu ombro direito e uma seu ombro esquerdo (vemos depois que o ombro direito é tocado 4 vezes e o esquerdo 3), ele entende que Egg ''contou uma mentira terrível, mas ele sabia como era contar uma mentira terrível para conseguir algo que desejava ardentemente'' entre várias outras pequenas pistas.

É verdade, Martin é bem cinza. Não temos certeza se Dunk é cavaleiro ou não, pois não vemos Sor Arlan transformar Dunk de escudeiro em cavaleiro.

Também suspeito que Dunk não seja cavaleiro "de verdade" no sentido de Sor Arlan não ter tido tempo, ou por algum outro motivo, não ter "graduado" o Dunk.

Porém, Dunk é um cavaleiro no coração. Todas as suas ações após a morte de Sor Arlan reflete isso. Ele quer ser um cavaleiro, passa a agir como um e "se transforma" em um, só não vê quem não quer.

A graduação pode não ser legítima, mas suas ações são.

E pode até acontecer de no final Dunk ser mesmo cavaleiro, como Ned Stark que teve sua honra manchada por ter um filho bastardo, porém no final percebemos que na verdade ele foi mais honrado ainda ao aceitar Jon Snow como seu filho bastardo. Quem sabe no futuro não pode haver algo assim com Dunk?

Além de Ned, vemos isso também em Jaime Lannister, que carrega uma fama que é superficial, não reflete quem ele é de verdade.

Enfim, isso acredito que só o tempo dirá... isso se o Martin não parar de escrever, o homem está velho e demora muito para lançar seus livros, rs.
 

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