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O Poder das Palavras na Obra de Tolkien. Manifestação do "Divino"?

Éomer

Usuário
Há certas passagens nos livros de Tolkien em que as palavras deixam de ser apenas palavras e parecem causar a canalização de alguma força superior (digamos divina) externa à pessoa que se utiliza dessas palavras. Vejamos alguns exemplos:

- A canção dos elfos no condado que acaba afastando os Cavaleiros Negros.

- A invocação à Elbereth quando Frodo foi atacado pelo senhor dos Nazgul.

- A passagem pelas Sentinelas no RDR.

E uma passagem que merece ser postada pois está entre as mais belas de toda a obra:

"No momento em que o próprio Sam se agachava, olhando para ela (Laracna) enxergando sua morte naqueles olhos, um pensamento lhe ocorreu como se alguma voz remota lhe tivesse falado e ele tateou o peito com a mão esquerda e encontrou o que procurava: frio, duro e sólido pareceu-lhe ao tato, naquele mundo fantasmagórico de horror, o frasco de Galadriel.

- Galadriel! - disse ele numa voz sumida, e então ouviu vozes distantes mais nítidas: o clamor dos elfos andando sobre as estrelas nas amadas sombras do Condado e a música dos elfos como lhe chegara em sonhos no Salão de Fogo da casa de elrond.

Gilthoniel! A Elbereth

Então sua língua se soltou e sua voz gritou numa língua desconhecida:

Ah elbereth Gilthoniel
o menel palan-diriel,
le nallon si di'nguruthos!
A tiro nin, Fanuilos! "

Sempre que eu leio esses trechos eu não posso deixar de fazer uma comparação com o dom das línguas, conforme a tradição cristã, onde o poder do Espírito ao preencher uma pessoa lhe concede o poder de falar numa língua desconhecida e através disso executar atos maravilhosos, assim como maravilhoso foi o enfrentamento de Sam a Laracna.

E vocês, que opinião têm sobre isso e por acaso lembram de alguma outra passagem do SDA ou de outro livro de Tolkien que lhes passe essa impressão?
 
Última edição:
olha, muito bem colocado!!! Realmente as palavras têm uma força imensa na obra de Tolkien. Tem o juramento de Fëanor que ao ser pronunciado é algo a que não se pode renunciar, se foi jurado, foi jurado e acabou, tem que ser cumprido, e isso é muito forte.

Também o duelo de canções de poder entre Finrod e Sauron, que no fundo são palavras, certo?
 
Nossa essa comparação com o dom das línguas foi extremamente bem colocada! É algo sim a se analisar. Nunca poderemos dizer com certeza o que se passou na cabeça do professor, mas é uma suposição válida e sábia.
Até hj existem livros e mais livros sobre o poder das palavras... de coisas fortes a coisas simples.

Para melhor estudar e gravar as matérias, leia em voz alta, vc se escuta, vc entende vc grava... a palavra tem o dom de penetrar até mesmo em quem as pronunciam.
Para se expressar com ódio, amor, carinho ou tristeza nada melhor que as palavras, sua tonalidade enfoca sua força e faça com que a mensagem transmitida chegue e seja recebida da forma desejada....
E talvez vc esteja certo, talvez o clamor do coração do Sam atraiu uma força divina que o tenha ajudado a pronunciar palavras fortes, embora desconhecidas capazes de afugentar seus inimigos e acalentar seus temores... é uma visão fantástica...
Da mesma forma o juramento de Fëanor como bem disse Fimbrethil... jurou em voz alta, em tom de solenidate talvez... colocou força e alma em suas palavras... não existe como quebrar um juramento feito com a alma!

Parabéns pela colocação Puck! Gostei mto!
 
Vocês se esqueceram de Lúthien! Lúthien se utilizou muito dessa certa "magia" das palavras.

Cantando, Lúthien hipnotizou Morgoth e toda sua corte, fez crescer seus cabelos para poder escapar da casa da árvore em que seu pai a tinha prendido, e foi cantando que Beren a encontrou e se apaixonou por ela.
 
Vocês se esqueceram de Lúthien! Lúthien se utilizou muito dessa certa "magia" das palavras.

Cantando, Lúthien hipnotizou Morgoth e toda sua corte, fez crescer seus cabelos para poder escapar da casa da árvore em que seu pai a tinha prendido, e foi cantando que Beren a encontrou e se apaixonou por ela.


E se utilizando apenas das palavras dominou Carcharoth, o terrível lobo de Angband.
 
Um ponto que me chamou atenção foi quando Bombadil disse que conhecia a canção certa para a árvore que atacou os Hobbits. É como se Eru e os Valar houvessem composto uma canção que incluía cada coisa no mundo e para cada coisa houvesse uma canção especial que a animaria e a daria vida ou que pudesse contê-la e influenciá-la. Grande parte da magia aplicada nos seres era baseada na canção original e é possível que essa fosse uma forma de construir as coisas do mundo. Fico pensando que talvez quando Frodo aprendeu a canção que o salvou nas colinas, Tom possa ter ensinado um pequeno trecho da canção que criou o mundo para ele.
 
Essa questão das palavras já havia me ocorrido mais de uma vez. Mas ficou por isso mesmo, e como faz um certo tempo que li SdA pela última vez, não me ocorreu, quando me cadastrei no fórum, levá-la à discussão. Que bom que alguém fez isso! De fato, é um assunto que sempre me intrigou, rs.

O dom de línguas realmente pode ser lembrado ao tratarmos do uso das palavras na obra de Tolkien. Principalmente na passagem citada no post de abertura do tópico, quando Sam fala numa língua que lhe é desconhecida. Alguém, como o Espírito de Deus, lhe sussurou aquelas palavras desconhecidas ao ouvido e ele as reproduziu. E as palavras eram recheadas de tal poder que ele derrotou Laracna (não somente ao pronunciá-las, mas por conseqüência, diria assim).

Naquela batalha entre Felagund e Sauron, no embate das canções de poder, que é, para mim, uma das passagens mais poderosas do Silmarillion, e uma das que me deixou mais triste ao fim, as palavras cantadas ali eram completamente repletas de poder em sua essência. Finrod, um grande Senhor Élfico, rei entre os elfos, que vira a Luz das Árvores, que vivera no Reino Abençoado, estava tomado de poder divino (creio eu) quando cantou, e Sauron só ganhou a batalha do canto porque foi-lhe permitido. E porque ele, um maia, era mais poderoso que Finrod, um noldo que fugira de Valinor (mas que não deixara de ser um dos Primogênitos de Ilúvatar).

Enfim, as palavras têm um poder tremendo e um "Q" de divino na obra do professor. E isso, a meu ver, é presente desde o início, na canção dos Ainur, apesar de eu não me lembrar se a canção era ou não dotada de palavras, ou se era só melodia. Mesmo assim, digo e repito que sim, as palavras têm poder.
 
Verdade, a luta de Fegalund contra Sauron foi tanto linda quanto triste, e concerteza uma das mais emocionantes do Silmarillion, só perde para Morgoth VS Fingolfin.
 
Última edição:
Imagino que as músicas de criação funcionavam como linguagem em um nível mais profundo que as palavras, que fosse entendida tanto com idioma dos anjos (Ainur) ou com o dos mortais. Como se a chama de Eru retirasse o poder do ditado que diz que a palavra é de prata e o silêncio é de ouro e o invertesse.

No momento primordial a música se comunicava de forma tão completa que concretizava as palavras e a descrição se precipitava na forma do mundo. Ulmo ainda podia ouvir a música que tocava na água e talvez os atos dos seres de Arda fossem ecos como as vibrações que se escutava ainda na água...
 
Muito bom tópico Puck, agora o melhor exemplo apesar de ser o mais singelo, vem do Próprio Ilúvatar, quando ele diz, Eä...que exista (to sem o livro aqui, é mais ou menos isso ) Excelente tópico
 
Realmente tem algo espiritual nessas passagens do SDA...a propria lingua dos elfos pra mim eh magica....
 
Tolkien além de ser muito religioso era um filólogo que dava muita importância as palavras. Sendo assim e sendo um homem que não acreditava em manifestações absurdas de poder e de varinhas de condão, de algum lugar deveriam ver os poderes de seus personagens, daí surgem as palavras, que todos nós sabemos, possuem poderes incriveis em nossa vida, uma palavra uma vez pronunciada não existe como voltar atrás, por isso os encantamentos, porque uma vez pronunciados eles surtem seu efeito, e só podem serem desfeitos se outro encantamento for pronunciado para reverte-lo.
Tolkien cria nas palavras, cria nas canções, e acima de tudo nas orações e sabia da forma como elas afetam nossos pensamentos por isso eram tão importantes na vida de suas criações. Daí é claro que devemos assumir que as palavras teriam profundo efeito na vida de seus personagens.
 
é nítido que muitas partes do Senhor dos Anéis faz alusão a religião,mais especificamente o cristianismo,e assim Tolkien escreveu certos fatos que contam como a pessoa se superou através de algo superior,como por exemplo o caso do Sam.essas passagens são bastante inspiradoras como por exemplo o juramento de Fëanor
essas passagens são muito bonitas só temos a agradecer ao professor por te-las escrevido
 

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