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O Pêndulo de Foucalut, de Umberto Eco

JLM

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Difícil mas prazeroso


Ele está na lista dos dez livros mais difíceis de ler (Listverse). O autor revelou que foi neste livro que inventou Dan Brown (Veja). Apenas estas duas notícias já seriam o suficiente para despertar a curiosidade sobre o que há de exótico em O Pêndulo de Foucault, do italiano Umberto Eco. Acrescente que Eco é meticuloso xiita incansável nas pesquisas preparatórias para os livros que escreve, tendo consultado mais de 1500 manuscritos e documentos antigos sobre sociedades secretas como templários, rosacrucianos, maçons etc. e personalidade famosas como Galileu, Leonardo Da Vinci, Isaac Newton, entre outras. E justamente esta pesquisa extensa é que torna a leitura lenta e complicada – muitas vezes chata e repetitiva – pois muitos títulos e citações pesquisados não são traduzidos para o português, aparecendo em francês, italiano, inglês etc. Mas é também o que torna o livro atraente: a possibilidade de incontáveis documentos e pessoas reais estarem envolvidos em uma teoria de conspiração mundial. Podemos dizer que enquanto muitos escritores tentam superficializar a sua escrita para facilitar a leitura e atingir o máximo de leitores, Eco vai na contramão, selecionando e limitando os seus leitores e forçando-os ao extremo para que a experiência com a leitura seja diferente. Por causa disso, este é o primeiro livro que eu recomendo aos interessados corajosos a antes ler o resumo do enredo (que na Wikipédia é imenso) mesmo com spoilers para depois se aventurarem a lê-lo, pois terão um pequeno vislumbre do desafio que enfrentarão.

Ficha técnica
Título: O Pêndulo de Foucault (Il Pendolo di Foucault)
Autora: Umberto Eco (Itália, 1932-)
Tradutor: Ivo Barroso
Editora: Bestbolso
Ano: 1988 (Itália), 2009 (Brasil)
Páginas: 686
Preço no Submarino: R$19,71

(Fonte)
 
Nunca li, mas gostaria de ler um dia, Umberto Eco está na minha lista. Só implico com qualquer coisa (livro, filme...) que usa um personagem real histórico em sua obra de ficção. Sem nenhum motivo aparente, sei que muitas vezes o autor é especialista no cidadão, mas eu acho desnecessário, parece que o autor quer usar o nome da personalidade para atrair leitores. Alguns podem até pensar que a história é real, pode parecer absurdo, mas deve ter gente que acredita, não há limites para a burrice humana. Preferiria que inventassem um personagem fictício com personalidade parecida, acho que dá na mesma e evita confusões. Não sei, posso estar errado quanto a isso.
 
Esse livro é fantástico. A associação entre as práticas ocultistas e a construção da história é obra de um sujeito que domina o seu trabalho.

Oi, Rapahel.

Eu discordo desse seu posicionamento. Como sabemos, a forma de construção de uma narrativa vai de acordo com as necessidades de cada criador. Então, eu compreendo que quando um autor constrói um personagem (que foi uma figura histórica), a proposta a ser lida é a de pensar o fato histórico (ou personagem histórico) de um outro ponto de vista, que não o da história oficial.

É claro que o risco de se imaginar essa história como verdadeira é grande, mas como o próprio Umberto Eco trata em sua obra teórica, um sujeito que realiza a leitura, desobedecendo à instrução de ler aquelo objeto literário como ficção, está quebrando as regras do jogo e inventando um jogo próprio. O leitor, nesse caso, age desonestamente (mas, claro, um leitor que conscientemente age dessa forma descrita).

Mas, existem casos, em que o objetivo do autor é justamente explorar os limites entre a ficção e a realidade (vide o Borges com os seus contos em formato de resenha literária). Então, o autor vai fazer de tudo para o seu leitor caia nessa armadilha e aí, dentro da armadilha, ele (leitor) interaja com aquilo que leu. Por exemplo, (para citar um exemplo do cinema) você deve ter assistido ou ouvido falar do filme Atividade Paranormal. Nesse filme, nós somos levados por todas as artimanhas a pensar que aquelas filmagens são reais; desde o início do filme que afirma que o vídeo foi encontrado na casa do tal casal protagonista até a ausência da forma tradicional dos créditos finais.

É chato e nos deixa, como leitores/espectadores numa posição desconfortável? É. Mas, é isso o que os criadores buscam: mexer com a gente de uma forma que ninguém mexeu antes.

Já nos casos de incompetência do leitor, isso se tornar o próprio processo de aprendizagem de leitura. É, justamente, quando esse sujeito vai levar compartilhar sua leitura com os outros que ele vai poder compreender qual a força da leitura, pois ele pode entrar em contato com alguém que desfaça seu equivoco ou com alguém que o reforce. No primeiro caso, ele vai reformular o seu conhecimento. No segundo, ele vai se enredar mais ainda no seu engano. Mas, isso são consequências a serem enfrentadas pelo sujeito leitor. Ele precisa passar por esse confronto. Se não, ele pode não compreender o valor dessa aprendizagem.

Afinal, quem nunca se enganou assim na vida?

E, assim, mais uma informação: apesar de eu ter argumentado em relação a sua fala, o livro do Eco, não tem nenhum personagem histórico. Pelo menos, não esse O Pêndulo de Foucalt!

Abraço!
 
eu já tenho 1 ponto d vista ligeiramente diferente d ambos: acho a utilização d personagens históricos válida desde q seja feita por 1 escritor competente. até pq, como escritor amador, eu já utilizei-me dessa estratégia d escrita (como exercício) em 1 conto e as reações foram super interessantes. me senti o próprio dan brown na época do lançamento do código da vinci.

ñ li ainda o cemitério d praga, ond o próprio eco desenvolve uma das teorias d conspiração q levantou no pêndulo, mas sei q lá ele usa os personagens históricos interagindo com o protagonista fictício. como conheço a competência do autor, antes mesmo d ler já pressuponho q ele tenha feito uma obra interessante.

porém, se vc pegar os crimes do mosaico d giulio leoni, vai ver q ele criou um dante alighieri totalmente desprezível e q ñ conseguimos gostar ou engolir. e a história é tão fraca q ñ passa verossimilhança alguma, o leitor ñ consegue viajar, ñ sente o prazer total q a leitura deveria proporcionar.
 
Mas, JLM, você deve reconhecer que esse seu posicionamento tem muito mais a ver com o que você aceita como literariamente válido.

Talvez, a gente esteja falando de algo diverso. Pois o que está em discussão não é a validade da obra. Essa nasce no momento em que ela entra no circuito do "acordo" literário entre autor e leitor.

O que você mais acentua é a qualidade literária e essa não tem relação com o uso ou não de figuras históricas como personagens. A qualidade do livro se dará por outros fatores.

Mesmo porque, um mal escritor será sempre um mal escritor, use ele ou não uma figura histórica como personagem principal.

Com relação ao personagem Dante, na sua perspectiva ele seja prejudicado por um texto fraco, mas, também (e talvez), porque ele não corresponda a imagem de Dante que você construiu pra si.

Eu não li o livro que você citou e tendo a achar que ele não seja tão bom assim (já que a opinião de um sujeito que participa de um fórum literário não pode ser desconsiderada), mas fico pensando nessa nova imagem de Dante e nas possíveis ressignificações que ela propõe. Pensar num Dante que seja próximo a um detetive dos anos 30 (fiquei pensando nessa imagem depois de ler a sinopse do livro), vai na direção contrária da imagem do Dante apaixonado por Beatriz construída na Divina Comédia. Não posso falar se o livro é bom ou não, mas essa ideia me parece boa; me é interessante.

Abraço!
 
sim, eu considero essencial a qualidade da obra como justificativa p o uso d personagens históricos. inclusive essa qualidade acaba justificando até mesmo distorções dos fatos (leves e mascaradas ou radicais e evidentes). afinal, os romances históricos ñ são biografias, se bem q até mesmo nesse nicho hj já se diga q exista tta ficção qto realidade.

e eu ñ havia criado nenhuma imagem d dante antes d ler o livro citado, por ñ ter lido nada da obra dele seria a minha introdução (inversa? discutível?) do personagem histórico. e ñ foi por dante ser retratado desprezível com + defeitos q virtudes pois os bórgias, p.exe., são geralmente vilões q despertam mto a minha atenção. oq me decepcionou foi a má escrita mesmo, como q vendo 1 personagem com potencial sendo desperdiçado ali na minha frente.

estou finalizando a leitura d as cidades invisíveis hj e o calvino brinca com marco polo e kublai khan, explorando os personagens reais num bate-papo fictício, e o fazendo primorosamente. enfim, apoio o uso&abuso d personagens históricos, mas por quem sabe oq faz.
 
Eu já tenho outro posicionamento, pra mim o que justifica o uso seja de que recurso for é a necessidade do criador. Pra mim, essa necessidade é a guia principal da leitura, ou seja, se determinado recurso foi utilizado é porque ele constrói sentido dentro da obra. E minha tarefa como leitor é construir conexões dando significado ao que está sendo mostrado a mim.

Eu, também, já li As Cidades Invisíveis e é interessante reconhecer como o Calvino constrói o perfil tanto do Marco Polo quanto do Kublai Khan. Ambos são demonstrados no romance como pensadores; um que acompanhamos em suas divagações (Marco Polo) e outro que só conhecemos através dos diálogos (Kublai), quando este se pronuncia ao Marco Polo. Querendo ou não, há uma imagem prévia construída em cimas dessas duas figuras e, geralmente, imagens românticas tanto a do viajante descobridor de novos mundos quanto do conquistador que vem de longe. O Calvino joga com essas duas imagens muito bem.

Talvez, seja isso que o autor do livro que tem o Dante como personagem não soube fazer. Ele não soube aproveitar a "aura" existente em torno da personagem. E quando eu falo em imagem criada, eu digo acerca da imagem prévia, já construída socialmente, acerca de Dante. Você poderia não ter tido acesso à obra dele, mas com certeza conhecia a figura, nem que fosse como autor da Divina Comédia.

É porque o livro deve ser ruim mesmo, então. Mas, isso não impede que qualquer criador use uma figura histórica (na minha concepção). Agora se vai ficar bom ou não, aí são outros quinhentos.

Abraço.
 

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