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O NÃO-GESTO DOS MORTOS
+++++++++++Este é dedicado ao Hamilton Santos
Eu choro os mortos
E fico como o artista estéril
triste quando o rol dos seus truques se esgota
Sou um velho deus e seu solilóquio
Sou os pastores esquecidos
Remoendo seus erros de sintaxe
O gari da quarta-feira
Recolhendo a alegria da cidade desfeita
Eu não choro os mortos que se foram
Não aqueles cuja tramela eu fechei
Cujo discurso, de dentro da minha escrita suja, desdobrei
entre honrado e exausto
Não choro as crianças que afoguei
Nem as mulheres que bebi
Meu pranto é dos mortos, dos mortos-vivos da estrada
Ouço-lhe as preces sonâmbulas
Afino meu ouvido à encruzilhada
Recebo deles um sem-número de cartas
Que entram pelas mil janelas miseráveis de que sou feito
As cartas dos mortos-vivos vêm de resmas rasuradas
De um momento órfão de um gesto que não veio.
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O NÃO-GESTO DOS MORTOS
+++++++++++Este é dedicado ao Hamilton Santos
Eu choro os mortos
E fico como o artista estéril
triste quando o rol dos seus truques se esgota
Sou um velho deus e seu solilóquio
Sou os pastores esquecidos
Remoendo seus erros de sintaxe
O gari da quarta-feira
Recolhendo a alegria da cidade desfeita
Eu não choro os mortos que se foram
Não aqueles cuja tramela eu fechei
Cujo discurso, de dentro da minha escrita suja, desdobrei
entre honrado e exausto
Não choro as crianças que afoguei
Nem as mulheres que bebi
Meu pranto é dos mortos, dos mortos-vivos da estrada
Ouço-lhe as preces sonâmbulas
Afino meu ouvido à encruzilhada
Recebo deles um sem-número de cartas
Que entram pelas mil janelas miseráveis de que sou feito
As cartas dos mortos-vivos vêm de resmas rasuradas
De um momento órfão de um gesto que não veio.