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O museu do diabo

Jeff Donizetti

Quid est veritas?
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Na LITUÂNIA, na desconhecida cidade de Kaunas, existe o MK Ciurlionis Velniu Muziejus ou Devil Museum, o Museu do Diabo que conta com um acervo de mais de duas mil peças representativas do Canhoto. O Velniu Muziejus é uma edificação de três pavimentos que abriga uma impressionante coleção de demônios de todas as formas, tamanhos, cores e materiais. O Museu tem uma tradição que enriquece ainda mais seu catálogo: visitantes estrangeiros são estimulados contribuir doando diabos típicos de seus países e/ou regiões de origem.

O primeiro andar abriga o trabalho de Antanas Zmuidzinavicius, que constitui o núcleo original da coleção. Zmuidzinavicius concentra sua criação no arquétipo do demônio especificamente lituano. Nesse contexto as pessoas lutam com o Maligno ou aparecem cavalgando bodes ou cabras demoníacos. Algumas cenas são terríveis, violentas; outras são satíricas, engraçadas ou quase profanas: os homens bebem com o Diabo, ou brincam juntos como colegiais exibindo uma camaradagem bastante não esperada entre cristão de demônios.

Entre os andares, as escadas são decoradas com gravuras macabras, grandes telas de pintura, vívidas caricaturas. No segundo andar estão expostas, principalmente, esculturas em madeira, a maioria proveniente de países eslavos. Estas são notavelmente impressionantes pelos detalhes, que parecem conferir vida às peças. Uma parte do deste patamar é dedicada á obra de Antanas Kazlauskas que trabalha com a figura do Diabo no cotidiano da sociedade rural, espreitando caçadores nas florestas.


No terceiro andar estão figurinhas produzidas nos antigos territórios da União Soviética. Conceitos de todas as culturas daquela parte do leste europeu estão presentes: da Armênia à Yakutia. Os originários de países eslavos, como Polônia, Ucrânia ou Rússia, apresentam similaridades. São diabos que convivem muito de perto com com os seres humanos em uma espécie da batalha pela superioridade da raça. Alguns capetas aparecem carregando seus infelizes seguidores nas costas, posto que sempre chega a hora do herege ir para o inferno. Outras imagens mostram grupos de camponeses combatendo o demônio.

O Diabo tem um lugar de destaque no folclore eslavo: o povo estava sempre alerta contra as investidas do Maligno. Uma situação especialmente perigosa era ir às banya, que são casas de banho. Nessa situação, o banho, as pessoas têm tirar seus objetos de proteção, seus amuletos, seus cintos de oração, rosários, ficando, deste modo, suscetíveis à aproximação do Adversário. São inúmeras as histórias de cristãos que foram atacados enquanto se banhavam.

A maioria dos demônios é do sexo masculino e não são apenas estátuas; podem ser adornos de objetos como cachimbos, cinzeiros e pratos. As estátuas são feitas dos mais diferentes materiais: pedra, cerâmica, madeira, tecido, revestidos de seda. Alguns ganham todas as feições de terríveis bestas: os chifres, a causa pontuda, os cascos, o pelo espesso dos bodes. Preto e vermelho são as cores predominantes. Ainda no terceiro andar, encontram-se contribuições de países distantes como México, Cuba, Japão e, ainda, de povos indígenas.

No porão, como uma atração extra, o visitante pode desfrutar dos drinques, coquetéis e acepipes de um bar diabolicamente bem decorado e abastecido. O guia do Museu, Arunas Stankunas, informa que o Velniu Muziejus foi inaugurado em 1966. Na época eram apenas 260 peças em exposição.

Seu primeiro proprietário foi o artista Antanas Zmuidzinavicius, mencionado como ocupante de boa parte do primeiro andar e que morreu no de abertura do Museu. Zmuidzinavicius era obcecado pelo número 13, chamado de a dúzia do Diabo. Não foi por acaso que o Museu que o número de peças do museu na ocasião de sua abertura pode ser decomposto em 13x20 ou 260.

As obras foram obtidas contrariando as leis soviéticas, que proibiam qualquer valorização ou destaque cultural para artefatos religiosos. O fato é que a arte popular da Lituânia e das outras repúblicas soviéticas representavam um nacionalismo não-soviético que resultava em uma mensagem anti-comunista.

A iniciativa era tão ilegal que, quando a coleção foi descoberta, na casa de Zmuidzinavicius, embrião do atual Museu do Diabo, o artista foi exilado na Sibéria. Porém, as obras foram preservadas e doadas ao governo da Lituânia. Ao longo dos anos, graças a doações internacionais, o acervo diabólico cresceu para mais de duas mil peças e o Museu ganhou uma sede especialmente construída para abrigar seus demônios.

É surpreendente que o Velniu Muziejus tenha sobrevivido à fúria anti-religiosa soviética. A explicação está no orgulho lituano de sua herança pagã que nem mesmo convicções políticas lograram sepultar. Os lituanos consideram seu país como o último país pagão da Europa com uma tradição que, nas zonas rurais, prevaleceu até o século XIX [anos 1800]. Entre os europeus orientais o Diabo é uma entidade muito próxima do homem; mais ainda, representa uma parte do próprio homem. Segundo esse ponto de vista, o diabo é parte do Mundo e, de muitas maneiras, personificação das forças da Natureza. O Tinhoso é um brincalhão de mau gosto e más intenções. É o imprevisível desagradável que faz parte do Destino.

FONTE: BIGNELL, Rachel. Devil Museum, Kaunas, Lithuania
In Fortean Times publicado em setembro, 2007
[http://www.forteantimes.com/features/fortean_traveller/662/devil_museum_kaunas_lithuania.html]
trad. Ligia Cabus

Fonte:http://www.sofadasala.com/noticia/museudodiabo001.htm
 
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