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O lado obscuro da palavra "negro" nas obras de Tolkien.

Analisando o histórico do professor e como disse o Eadsohn, é preciso que analisemos toda a questão européia e o mundo com o qual o professor estava acostumado. Aquilo que era e ainda é escuro sempre afetou a Europa, os grandes inimigos sempre foram negros, turcos, arabes, raças cuja cor de pele possui uma pigmentação mais forte. Ainda hoje a sociedade europeia sofre com problemas raciais, e isso, mesmo que Tolkien não fosse racista, se traduzia em seu modo de pensar.

Sem falar que, em 90 por cento das culturas a luz representa algo bom e a escuridão representa o deseconhecido, aquilo que é errado e ruim. Os deuses gregos das mais altas castas eram portadores do fogo e da luz, os deuses egipcios condenavam seus mortos ruins a escuridão eterna, sem falar de outro tema que é o mito dos vampiros que surgiram para evitar que as pessoas saissem na rua denoite XD. Sem falar que na cultura cristã, a luz sempre trouxe algo bom, aquilo que era mais correto e eterno, algo que vinha de Deus, os anjos eram ilumiandos, Jesus nasceu numa noite iluminada, já o demonio era escuro, vinha debaixo da terra e seus servos traziam a escuridão. E Tolkien era cristão por tanto é clara sua influencia com relação a luz e a escuridão e tudo aquilo o que é escuro. Claro que, a tradução influencia muito, mas mesmo assim, é importante ter em mente que por mais capenga que seja, não alteraria de forma tão absurda o sentido do texto.
 
No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sôbre as águas.
Deus disse: "Faça-se a luz!" E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. Deus chamou a luz DIA, e às trevas NOITE.

Essa é uma citação do Gênesis, o primeiro livro do Antigo Testamento. A oposição entre trevas e luz já se dá no início da criação do mundo, de acordo com a crença judaico-cristã e muitas outras. Foi esse princípio que norteou e guiou os rumos que a humanidade, inserida nessa crença, tomou.
Assim, obviamente, luz/claro/dia representa o "Bem", ou o que há de bom, enquanto que trevas/escuro/noite, representa o "Mal", ou o que há de mau nos homens e no mundo. Não deve ser tomado por termos pejorativos. Acho importante lembrar que: a luz é oposta às trevas, na medida em que representa o dia, ou seja, é e foi durante o dia que os povos e civilizações trabalharam e construíram para o seu desenvolvimento, foi durante o dia que os impérios conquistaram e se expandiram.
Numa época em que tudo só era possível ser feito enquanto o Sol estivesse sobre as cabeças, a luz era mais do que uma dádiva. A parca luz que o fogo gerava, só permitia um pequeno perímetro de protenção no "mar de trevas" que era a noite nas florestas e desertos do mundo antigo, ou até mesmo pouco tempo antes do advento da luz artificial.
A noite sempre representou o "Mal". Não se podia fazer nada durante a noite. Como, obviamente, não se via e nem notava nada com os olhos além do limite da luz das chamas, a noite era vista e temida por ser o local em que se escondiam os mais terríveis perigos e espreitavam as mais selvagens bestas. O "medo do escuro" não é bobagem de criança, está inserido no subconsciente, na própria história da evolução do ser humano.
Dessa forma, entende-se o motivo de a luz ser refúgio e a escuridão perigo, mesmo que esse perigo, muitas vezes, fosse imaginário. Uma mística batalha era travada nas trevas da noite pela sobrevivência, já que envolvia "aquilo que não se via", com "aquilo que se acreditava e se temia".
 
Não podemos confundir xenofobia, que é uma característica marcante da maioria das culturas européias, com racismo. Ambos são fenômenos cunhados no preconceito, mas o tipo de discriminação é de caráter diferente.

Tolkien viveu imerso numa cultura severamente influenciada pelas invasões de "povos bárbaros" ao longo da sua história (como já foi comentado em alguns posts). Em sua mitologia ele trouxe esse fato, povos de regiões distantes vieram invadir e eram tratados como inimigos. As características físicas desses povos destoavam dos heróis e Tolkien salientou esse fato. Mas, repito, o fenômeno está ligado principalmente à xenofobia e não ao racismo. Nas obras os negros e orientais não são originalmente maus, são maus aqueles que depois de corrompidos por Morgoth vieram sob seu comando lutar. O raciocínio incorreto é pensar "todos os negros e orientais descritos por tokien eram maus, logo ele era racista". Tenho certeza que houve resistência nas terras ermas do leste e no extremo Harad, tenho certeza que lá também existiram heróis, mas Tolkien não se propôs a falar deles.

Outro tipo de discriminação que existe nas obras, mas este politicamente correto e não é tão criticado, é o regime monárquico. A linhagem é supervalorizada e é dito várias e várias vezes que a mistura do sangue tornava os homens mais fracos. Nesse sentido teríamos todo direito de taxar Tolkien "racista" (preconceituoso, para ser exato), pois há uma clara divisão entre a linhagem pura dos descendentes de Númenor e a linhagem enfraquecida.

Não há nada contra negros ou orientais especificamente, há contra todos os homens, todos que não são de descendência direta dos grandes reis de Númenor são descritos inferiores. Mas esta divisão baseada na linhagem é justamente o que justifica a monarquia.

Sobra a Luz e a Sombra, não tenho o que acrescentar. Vários posts me antecederam e já esgotaram o que eu poderia dizer sobre este assunto.
 
Última edição:
Interessante que alguns aqui tenham falado da cultura cristã, e também de muitas outras. O Eädsohn inclusive íniciou seu último post com um trecho bíblico. E, na verdade, é praticamente impossível dissociar as coisas. Quando penso em "escuro", "trevas", tanto na obra de Tolkien com no que é aceito pela humanidade em geral, é inevitável, pra mim, que pense na Sombra, no Mal, no que se opõe à Luz, ao Bem. Digo que esse tipo de associação mental de minha parte é feita exatamente pela crença que sigo, pela fé que tenho.

Na bíblia, é dito:

João 3:19 - O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.

e

1 João 1:5 - Ora, a mensagem que, da parte dele (Deus), temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma.

Ouso dizer que para Tolkien era a mesma coisa. Ele tinha uma fé, uma crença em Algo, isso era demasiado importante, ele via como necessário (ou simplesmente algo natural) passar esse seu pensamento para sua obra.

E além do mais, é como também já foi dito, no post logo acima do meu e também em outros, anteriores a este. Era o contexto europeu, o estilo de vida, que na verdade, sabemos que, em parte, ainda é assim. Os povos invasores, "bárbaros", "inimigos", eram do Oriente, da África, do Leste e Sul ou do que for (acho que um conhecedor mais experiente dessa área da História pode dizer melhor do que eu). E eram de pele escura. O fato de os orientais de Tolkien também terem pele escura era uma conseqüência disso, desse conhecimento, desse pensamento europeu, dessa vivência. Acho que se o contrário fosse possível e verdadeiro, ou seja, se os orientais (verdadeiros), os bárbaros invasores, os inimigos da Europa fossem brancos, possivelmente os orientais de Tolkien também seriam. É claro, é só uma posição minha, não posso e não vou afirmar nada relativo a isso. Mas é uma hipótese.
 
Última edição:
Eu penso que a palavra "negro", nas obras de tolkien, não é uma indirecta a pessoas de raça negra

Pelo menos a mim, essa palavra me transmite maldade, não por ser racista, mas pelo negro ser negro gente

A escuridão é negra
 

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