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O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006)

Sua nota para o filme:


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Spoilers, inc.


Uma de minhas cenas favoritas é o banquete. Eu vi que gastou-se um monte de linhas no debate do erro da menina, mas a interpretação de minha preferência foi mencionada apenas en passant.

O banquete é uma alegoria do fruto proibido. Como vocês são um bando de hereges que não leram o Livro, vou contar os detalhes da história original. Deus disse a Adão e Eva que, se comessem o fruto da árvore da ciência do bem e do mal, eles iriam morrer. A serpente disse a Eva que eles não morreriam, mas seriam como deuses, conhecedores do bem e mal. Eva olha para a árvore e o fruto é agradável aos olhos, suculento, de aspecto apetitoso e a árvore também inspira desejo. Eva come e leva um para Adão. Eles não morrem, mas seus olhos se abrem e vêem que estão nus. Deus chega e seguem-se as punições: dores no parto, sofrimento, "comerás o pão com o suor do teu rosto", "tu és pó e ao pó voltarás" etc. Sem falar que eles são banidos do Éden, para nunca mais retornar, e querubins são colocados lá como guardiões. Em El Laberinto temos muitos pontos em comum (a serpente seria interna), até mesmo um parto doloroso.

Isso deixa algumas implicações interessantes. Por exemplo, quem a criatura, o Pale Man, representa...
 
Mas essa história não surge na Bíblia Sagrada, Engethor. Trata-se do antiquíssimo mito de Prometeu, né, em que ele rouba o fogo sagrado e é punido por isso - punido com a curiosidade de Pandora, principalmente, que abre a caixa repleta de desgraças mesmo já tendo sido avisada para não fazê-lo. É um mito arquetípico que se repete continuamente nos relatos da humanidade, não só nos textos cristãos.

Portanto, não vejo a cena do banquete como você (uma alusão ao fruto proibido).
 
Depois de toda essa movimentação com relação ao filme e as indiações ao Oscar, fiquei com muita vontade de vê-lo. Mas, como já não está mais em cartaz, esperarei sair nas locadoras.
 
Depois de toda essa movimentação com relação ao filme e as indiações ao Oscar, fiquei com muita vontade de vê-lo. Mas, como já não está mais em cartaz, esperarei sair nas locadoras.

O único lugar em que ainda está em cartaz é no Cine Bombril, no Conjunto Nacional, na Paulista. Vi o filme lá ante-ontem.
 
Aliás, o filme parece que vai ficar eternamente no Cine Bombril, né. Eu assisti lá já deve fazer um mês e na época já era um dos únicos lugares em que tava passando... e continua sendo, agora o único mesmo. Corra, Lost Predator!
 
Aliás, o filme parece que vai ficar eternamente no Cine Bombril, né. Eu assisti lá já deve fazer um mês e na época já era um dos únicos lugares em que tava passando... e continua sendo, agora o único mesmo. Corra, Lost Predator!


Tenho o intuito de ir amanhã mesmo assistí-lo! Não sei se realmente vai dar, aliás, ainda irei ligar lá no Cine Bombril amanhã para me certificar de queainda passa.
Bom, mas se não der certo, o jeito é esperar mesmo :lol:
 
Hoje tava folheando o roteiro de uma peça que estou montando e vi uma fala de um personagem que tem MUITO a ver com esse tópico. Vejam só:

Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos disse:
GUIL: Um homem em uma jornada entre um lugar e outro, em um terceiro lugar sem nome, caráter, população ou significância, vê um unicórnio cruzar o seu caminho e desaparecer. Este é um fato consternante, mas tenta se desiludir de que tenha sido um encontro místico de algum tipo, até que alguém comenta: "Nossa, eu devo estar sonhando, pois achei que vi um unicórnio." Neste momento, uma dimensão é adicionada que torna a experiência alarmante! Uma terceira testemunha torna o fato ainda mais concreto e mais uma quarta e uma quinta deixam o fato bastante razoável, até que seja tão tangível quanto a realidade, que é o nome dado à experiência comum. "Olhem!", ele ouve a multidão gritar, "um cavalo com uma flecha na testa! Devem tê-lo confundido com um cervo!"

Discutam.
 
Hoje tava folheando o roteiro de uma peça que estou montando e vi uma fala de um personagem que tem MUITO a ver com esse tópico. Vejam só:



Discutam.

Nossa kra, foda essa fala do personagem.

Mas, enfim, ainda não pude ver o filme hoje, vou ligar lá de novo e ver se na quarta que vem ainda estará passando.
 
Re: O Labirinto de Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006)

Porque daí estaríamos tomando como absoluta ou 'certa' a intenção do diretor (ou de sua assessoria de imprensa, por ex.), enquanto o que acho que deve ser levado em consideração é a intenção da obra e nada mais. E a obra não deixa essa questão clara, portanto, deixa aberta a interpretações.


Quando eu vejo esse tipo de raciocínio, eu me lembro de uma entrevista com o Mário Prata em que ele falava sobra as questões sobre a obra dele no vestibular. Ele disse que não acertaria nenhuma. Tem também a história de uma professora de literatura que conversou com o Drummond. Ele detestava acadêmicos de literatura porque eles "inventam" (não lembro se era esse o termo) interpretações que ele não quis dar ao texto.

Eu acho que toda obra não é do leitor, do ouvinte, do espectador, etc. Isso me tentam enfiar goela abaixo desde pequeno, e não consigo. A não ser que o autor queira algo interativo mesmo, a obra é dele. Se ele tem alguma intenção com a obra, e ela é consistente o suficiente pra sustentar aquela visão,não cabe a alguém de fora dizer sobra a imaginação de outro. Um exemplo de uma área que eu conheço: não vou dizer que o Um Anel é uma alegoria pra bomba de Hidrogênio se o autor do livro disse que não é. Por mais que pareça coerente, não é isso.

A cena final que mostra a menina falando com o Fauno, e depois o militar assistindo a cena sem ver o bicho, é bem defiitiva, na minha opinião. Tudo que parece "mágico" no filme é explicável como imaginação dela.
 
Re: O Labirinto de Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006)

Eu acho que toda obra não é do leitor, do ouvinte, do espectador, etc.

Eu protesto! Acredito que a obra é sim do leitor, Maglor. Muito dele, aliás. É o leitor que aprecia, engloba, consome, adquire, sorve, frui, percebe a obra. Tanto que uma mesma obra pode (e tem!) diversos sentidos, de acordo com a época em que é analisada - apesar disso não retirar o sentido hm... fenomenológico (?) que ela carrega consigo.

Aliás, que ótimo que podemos, cada um de nós, interpretar as coisas de um jeito nosso. É até uma espécie de livre-arbítrio. Se para mim o Um Anel é a Bomba H, OK, ele é a Bomba H e eu vou ler pensando nisso e chegar à conclusões pensando nisso. Pode não ser o que o Tolkien tinha em mente, mas não tem problema nenhum. Ia ser muito chato se para cada livro que eu leio eu tivesse que descer nas profundezas da mente talvez entediante do autor e descobrir as suas intenções nem sempre tão incríveis, ao invés de usar a minha experiência pessoal e a minha criatividade.

Bom, é o que eu penso, etc etc etc. Você continua podendo achar que a obra é do autor, e não precisamos concordar, no final das contas.

A cena final que mostra a menina falando com o Fauno, e depois o militar assistindo a cena sem ver o bicho, é bem defiitiva, na minha opinião. Tudo que parece "mágico" no filme é explicável como imaginação dela.

Protesto mais uma vez! Essa cena prova, pra mim, que o militar era incapaz de ver o Fauno, já que não fazia parte do reino mágico e não acreditava em magia. É a palavra dela contra a dele.
 
Filme fantástico! Achei muito interessante a esquisitice e a crueldade da imaginação de Ofélia, que são marcas que a realidade lhe deixou. Aquele fauno parece o diabo, e o mundo subterrâneo, sem luz do sol, não é nem um pouco claustrofóbico... Mas é o que ela preferia, melhor aquele mundo sombrio, mas mágico e justo, do qual ela tinha controle, do que a realidade em que ela vivia.
 
Tipo... 3 páginas de discussão e nenhuma conclusão... realmente importa saber se era real ou não? O filme não abre essa possibilidade. Como alguns falaram aí em cima, ele termina e você não fica sabendo se aquilo aconteceu mesmo ou não. É como tentar provar que Capitu traiu Bentinho.

De qualquer forma, o filme é muito bom.
 
É como tentar provar que Capitu traiu Bentinho.

Ou que Balrogs tem asa :think:

Não seja desmancha-prazeres, Pippin. É claro que não importa, mas uma discussãozinha é sempre tão gostosa! Da mesma forma com que alguns acreditam que a Capitu traiu o Bentinho e alguns não, vai sempre haver os que acham que a menina estava fantasiando e outros que ela não estava. Não há resposta, mas cada um ainda pode dizer por que pensa de tal forma e tentar justificar. É divertido.
 
Acabei de ver o filme. Bem foda, mas quase tudo já foi dito aqui.


Só uma correção: eu também vejo a cena do banquete meio como aquela seduão mágica que o Ugluk falou, mas vocês estão equivocados em usar como argumento a fome dela pelo castigo. No dia em que ela é castigada, ainda dorme com a mãe. E foi nessa mnoite que ela ficou sem jantar. Só na manhã seguinte vê o livro ensanguentado, acaba sendo mudada de quarto para, na noite seguinte, receber a visita do fauno com as fadas e o giz. Ou seja, quando ela entra na sala do banquete, já era outro dia, e não o do castigo + cansaço.
 
Opa.
Só agora eu assisti esse filme em DVD.
E gostei.

O filme deixa aberto as interpretações mesmo. Mas o mais bonito ao meu ver é o da sinopse oficial. Uma garota que tem uma vida relativamente triste ao perder o pai, ganhar um novo maniqueisticamente horroroso (mas mesmo assim nada fora do real), perde a mãe, vive no meio de uma guerra civil e ainda morre no final. Qualquer um piraria tendo tudo isso com só 10 anos.



PS: Provavelmente até já tenham resolvido isso.
Mas a questão do banquete deu pra ver que a intenção era de magia mesmo. Dá pra se escutar claramente um som de sinos ao fundo como aquele clássico barulhinho de quando um feitiço está sendo lançado.
 
Aí, me dêem uma luz aí. Eu assisti há algum tempo o filme e não me lembro tão bem, mas eu tava achando que era imaginação dela mesmo etc. Mas quando trancam ela no quartinho e os revoltosos atacam os soldados, eles chegam ao quartinho para tirá-la e ela não está mais lá (sendo que o quarto ainda estava trancado) e há uma porta de giz na parede. A diferença entre o uso do giz nessa hora e a de quando ela foi fazer a prova lá do banquete é que na primeira vez que ela usou, ela "saiu e voltou" para o mesmo lugar (se for imaginação, ela na verdade nem saiu do quarto), enquanto que na segunda vez ela saiu de um lugar em que haviam trancado ela (se fosse imaginação dela, seria impossível).
Então, como conciliar isso como imaginação dela? No primeiro caso é possível (ela nem sai do quarto). Mas no segundo, não. Então é "real" essa porra?
 

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