Hmm, saí decepcionado com esse último filme. Mesmo tendo lido tantos spoilers e ido preparado para relevar os problemas, o filme não funcionou para mim.
A Sociedade do Anel [8]
O Retorno do Rei [8]
A Sociedade do Anel - Versão Estendida [8]
As Duas Torres [7]
As Duas Torres - Versão Estendida [7]
O Retorno do Rei - Versão Estendida [7]
Uma Jornada Inesperada - Versão Estendida [6]
A Desolação de Smaug [6]
Uma Jornada Inesperada [6]
A Desolação de Smaug - Versão Estendida [6]
A Batalha dos Cinco Exércitos [5]
Antes de mais nada, para esclarecer minha posição:
1. Nenhuma adaptação tem obrigação de ser fiel ao original. O que desejo é que a adaptação seja boa por si própria (comparações à obra original serão inevitáveis, entretanto).
2. No caso do Hobbit, não ligo para a fidelidade (com Senhor dos Anéis foi bem diferente, demorei mais até divorciar o filme do livro).
É incrível o quanto A Batalha dos Cinco Exércitos parece mal construído. Praticamente não há desenvolvimento de personagens, o filme todo é um grande clímax. Ainda assim, os momentos se sucedem e não criam um crescendo, como era de se esperar. Ao contrário, as cenas se atropelam e se anulam mutuamente. A batalha em si me causou tédio em vários momentos, já que não havia conecção emocional aos personagens e nem as lutas sozinhas eram especialmente excitantes (como são as de The Raid, por exemplo). Dol Guldur ficou meio brochante, fiquei com a impressão de que poderia ter sido cortada inteiramente dos filmes e não ia fazer quase diferença nenhuma. O ataque de Smaug e seu fim certamente teriam ficado melhor como clímax do filme anterior, onde teriam mais impacto. Concordo com o Pablo Villaça quando diz: "há tensão na
situação apresentada, mas não na narrativa" (a não ser que o espectador esteja fazendo maratona e tenha visto A Desolação de Smaug imediatamente antes). O maior destaque é mesmo Bilbo, Martin Freeman brilha em todas as cenas em que aparece, mesmo quando o texto é mediano.
Estranhamente, não me incomodei tanto com as cenas entre Thranduil e Tauriel, embora os diálogos fossem mal escritos. Lamentável foi a trajetória de Thranduil, que passou de um personagem digno de ser tratado como rei (ainda que orgulhoso e isolacionista), para um desnecessariamente antipático (entenderia se fosse com Thorin, mas Bard?) e, principalmente, tolo (abandonar a guerra naquele momento?).
Uma outra coisa que me irritou foram as inconsistências entre os filmes. Por exemplo, na cena de Galadriel/Samara, ela revela seu poder numa transformação que remete à uma cena de Sociedade do Anel. Só que, independente da opinião sobre o modo como a transformação foi executada em filme, aquele foi um momento de tentação para Galadriel e a visão que surge é dela como seria se fosse portadora do Anel.
In place of the Dark Lord, you would have a Queen, not dark, but beautiful and terrible as the Dawn. Treacherous as the Sea! Stronger than the foundations of the earth...all shall love me and despair!
Minha pergunta é: por que enfrentando Sauron ela aparece da mesma maneira, "bela e terrível" (muito mais terrível do que bela, enfim)? Não faria mais sentido ela aparecer como um ser de pura luz (como os elfos em batalha aparecem para Bilbo, quando ele corre pelo campo de batalha com o anel no dedo, ou como Arwen, Galadriel e Celeborn são apresentados ao espectador, banhados em luz)? E devo lembrar que Gandalf, quando enfrentou Sauron no segundo filme, criou redoma de luz semelhante à do embate com o Balrog. É bizarro que em Dol Guldur, em outro embate luz/trevas, o poder de Galadriel seja apresentado daquela forma.
Outro momento: Thorin agradece a Bilbo por ter dado testemunho a favor dele na Cidade do Lago, mas tal cena só ocorre na versão estendida de Desolação de Smaug, ou estou enganado?
A trilogia tem seus méritos ("Misty Mountains" e, em especial, "The Last Goodbye" são belas canções), não acredito que PJ & cia fizeram tudo "só pelo dinheiro" (como se isso fosse implicitamente algo ruim) ou foram preguiçosos. Eles, sim, tomaram decisões questionáveis (na concepção de personagens, como Radagast e seu trenó de coelhinhos, ou na de lugares, como Gundabad), mas sobretudo não souberam expandir uma história simples, mas efetiva, como a de O Hobbit (Brokeback Mountain, por exemplo, era um conto de menos de 50 páginas, mas foi transformado, com sucesso, em um filme de mais de 130 minutos). O desenvolvimento dos personagens foi sacrificado em nome do espetáculo e PJ parece, pelo menos desde King Kong (e talvez até mesmo Retorno do Rei), ter perdido o tato na sala de montagem. Enfim, O Hobbit tornou-se uma trilogia mediana, preocupada mais em emular glórias passadas do que em abrir novos horizontes. Uma pena.