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O Grande Truque (The Prestige, 2006)

Sister Jack

Usuário
Agora eu entendi. Não é Christopher Nolan o cérebro por trás da obra-prima Amnésia, e agora deste excelente filme; é o seu maninho, Jonathan Nolan. Prova? Basta reparar os outros dois filmes que Chris escreveu sem ajuda do parente: Insônia é o Que Você Vai Sentir Durante Essa Fita e Mais Uma Fita Ruim do Batman, ambos medíocres. E enquanto Chris não é grande coisa na direção - meramente competente, o que me faz suspeitar que seu irmão deve ter sujado um pouco as mãos também nos sets de Amnésia - o talento de Jonny no roteiro mais do que compensa.

Como em Amnésia, a combinação de trama engenhosa e temas profundamente resonantes - e a eventual junção dos dois - levam a resultados espetaculares.

Vou citar aqui três momentos, entre vários, que me impressionaram (muito):

(SPOILERS; vá embora)

*A maravilhosa reviravolta da Máquina de Tesla, pressagiada no primeiro plano do filme, com aquela poética imagem de vários chapéus espalhados numa floresta. Eu admito que, quando a origem desses chapéus foi revelada, meu queixo caiu, e eu deixei sair um som da minha boca que era uma mistura de "Uau" com "Aaaggg!" e "Putz" (por favor, não tentem imaginar). Mas não foi só espanto; eu realmente fiquei emocionado de dar um nó na garganta (um momento semelheante de Ciência Quebrando Os Limites da Realidade em Primer me deixou ao ponto de lágrimas; devo ter alguma coisa com isso).

*O voice-over final de Michael Caine, comentando sobre o nosso próprio desejo de sermos enganados, e nossa cúmplicidade com os enganadores: uma bela metáfora para o cinema em si. Quando o Caine descreve a magia do olhar e emoção no rosto da platéia quando ela se deixa ser enganada, ele basicamente estava falando do que eu escrevi no asterisco acima.

*Esse momento é do Chris (ele merece um): a forma arrepiante, de tirar o fôlego, que foi dirigida e montada a primeira apresentação de Borden e seu truque do Homem Transportado. Não é só o truque em si. É o jeito que o ambiente está com uma iluminação desinteressante, a platéia está calada e entediada, a apresentação mixuruca do Borden, o fato do Nolan cortar para Angier dizendo que foi "o maior truque de mágica que ele já viu", e o melhor de tudo: ele corta antes do truque terminar. Ele não mostra o Prestígio. Você completa a magia com a mente. Perfeito.

76

PS: Eu olhei no "Procurar" e não achei outro tópico sobre o filme. Se tiver, oops.
 
Última edição:
Re: O Grande Meta-Truque de Jonny Nolan

O post do Folco, existe.
Quanto a ele:

1°* ok, essa cena foi boa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato de que daria pra se fazer coisa muito melhor com a trama etc.

1°* ok, essa cena foi boa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato de que daria pra se fazer coisa muito melhor com a trama etc. 1°* ok, essa cena foi boa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato de que daria pra se fazer coisa muito melhor com a trama etc.
1°* ok, essa cena foi boa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato de que daria pra se fazer coisa muito melhor com a tra


3º* ele fez coisas semelhantes naquele filme chato do Batman, que me lembre. lembra? não lembro se ele fez isso em outros filmes, dele. lembra?



1°* ok, essa cena foi boa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato de que daria pra se fazer coisa muito melhor com a trama etc.

1°* ok, essa cena foiboa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato d e que daria pra se fazer coisa muito melhor com a trama etc.

1°* ok, essa cena foi boa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato de que da ria pra se fazer coisa muito melhor com a trama etc.
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2º* essa cena é a mais patética deste e de muitos filmes da lista de filmes não gostados que vi este ano, provavelmente. me surpreende que alguém como você tenha gostado porque, ei, aquele final estava mega-óbvio a pelo menos meia hora e fez-se questão de revelá-lo da maneira mais melodramática possível. até agora me pergunto se o filme é metairônico, mas acho que não.
a relação entre cinema e mágica (não magia) é implicita o tempo todo mas até agora não consegui encontrar relevância alguma na forma como foi estabelecida, pois parece não dizer ou discutir coisa alguma além de apontar semelhanças entre um cineasta e um mágico.
quando o filme me encontrou, ele era bem chato.
talvez o maior problema seja falar de mágicos e magos impressionantes de uma forma que pretende ser impressionante, dado o paralelo já supracitado.


suprasuco.

1°* ok, essa cena foi boa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato de que daria pra se fazer coisa muito melhor com a trama etc.
1°* ok, essa cena foi boa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato de que daria pra se fazer coisa muito melhor com a trama etc.
1°* ok, essa cena foi boa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato de que daria pra se fazer coisa muito melhor com a trama etc.
1°* ok, essa cena foi boa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato de que daria pra se fazer coisa muito melhor com a trama etc.
1°* ok, essa cena foi boa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato de que daria pra se fazer coisa muito melhor com a trama etc. 1°* ok, essa cena foi boa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato de que daria pra se fazer coisa muito melhor com a t49
ora para o fato de que daria pra se fazer coisa muito melhor com a trama etc.1°* ok, essa cena foi boa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato de que daria pra se fazer coisa muito melhor com a trama etc.

David Bowie.
 
Re: O Grande Meta-Truque de Jonny Nolan

SPOILERS; vá embora.

Ignorando o resto do post pós-modernista do Kim:

1°* ok, essa cena foi boa de se viver. foi ela que me chama atenção até agora para o fato de que daria pra se fazer coisa muito melhor com a trama etc.

Diga.

3º* ele fez coisas semelhantes naquele filme chato do Batman, que me lembre. lembra? não lembro se ele fez isso em outros filmes, dele. lembra?

Eu não lembro de nenhum momento concebido, dirigido e montado de forma tão sublime em Batman Begins. Qual seria?

me surpreende que alguém como você tenha gostado porque, ei, aquele final estava mega-óbvio a pelo menos meia hora e fez-se questão de revelá-lo da maneira mais melodramática possível. até agora me pergunto se o filme é metairônico, mas acho que não.

Não entendi ao que você está se referindo. O monólogo em si não tem nada a ver com a trama do filme, nem a sua estrutura temática. O filme não é sobre mágica. E sim, eu previ o final desde aprox. metade do filme (a maquiagem do Fallon foi fraca), mas eu não poderia ter previsto a existência daquele voice-over do Caine.

Você não está fazendo sentido, Kim.

a relação entre cinema e mágica (não magia) é implicita o tempo todo mas até agora não consegui encontrar relevância alguma na forma como foi estabelecida, pois parece não dizer ou discutir coisa alguma além de apontar semelhanças entre um cineasta e um mágico.

Ah, mas é aí que você se engana. Eu não acredito que o Nolan queria que Cinema = Mágica fosse o subtexto do filme. Nem de longe. O filme inteiro fala sobre o "Sacrifício Pessoal Pela Glória" (em outras palavras, O Prestígio); essa é a estrutura temática, que é ecoada pelo filme todo (nas vidas duplas, irmãos gêmeos, duplicatas, a dedicação pela "arte" e a dedicação pela família, etc etc).

Na verdade, o monólogo final de Caine foi um erro, já que o Nolan decide trazer para a mesa uma idéia que o filme não fez o menor esforço pra desenvolver. Se essa idéia - que é óbvia, eu concordo - estava correndo pela sua cabeça, não foi diretamente por causa do filme.

E mesmo sendo um erro, eu ainda me senti emocionado, provavelmente porque eu nem estava pensando nisso; meu cérebro estava trabalhando em entender todas as formas que o Nolan (brilhantemente) costurou o tema previamente mencionado na narrativa.

Pode ser que uma segunda assistida revele que na verdade um subtexto de Cinema = Mágica propositalmente inserido, mas eu duvido.
 
O filme é muito bom, mas poderia ser melhor. O filme se perde um pouco na questão da mágica, e deveria focar somente nos sacrificios e escolhas de cada lado para conseguir o sucesso que eles procuram.

E eu estou impressionado como esse filme passou em branco por aqui. Com o elenco e direção que o fazem, achei que teria um pouco mais de hype.
 
Última edição:
Pensei que existisse uma tendência do filme a cair, mas em quase três semanas não consegui tirar O Grande Truque do topo da minha (limitada) lista de 2006 ainda e imagino que agora isso só deva acontecer se eu vir a ler o livro algum dia (vocês devem saber que o roteiro é adaptado né).

Sister Jack disse:
PS: Eu também amei o fato de que esse filme se transforma em Ficção Científica.

Sim. Na verdade o próprio fato de o filme tratar de ilusionismo (e não de feitiçaria, como eu mal-informado imaginei) já me interessou o bastante pra que eu depois me perguntasse se um assunto tão atraente caindo de surpresa não estaria me fazendo fechar os olhos pra possíveis defeitos no filme. Só que eu realmente não consigo enxergar nenhum problemão assim tão visível que me fizesse entender coisas tipo o pouco caso e a nota 50/100 que surgiram aqui, então eu ia achar bom se me puxassem direito as pálpebras esclarecendo cadê as tamanhas ruindades.

Lukaz Drakon disse:
O filme é muito bom, mas poderia ser melhor. O filme se perde um pouco na questão da mágica, e deveria focar somente nos sacrificios e escolhas de cada lado para conseguir o sucesso que eles procuram.

Eu não sei quanto a deixar o filme perdido, mas as mágicas me deslocaram a mandíbula pelo menos. Caía meu queixo sem parar com os afogamentos e a seqüência de sabotagens e o escambau. Vocês entendem o que eu quero dizer sobre ter ficado atônito demais com os truques. Mas, quanto aos sacrifícios, saber deles foi (a princípio) uma revelação pra ser deixada no final, ué. Quanto a isso:

Kiwi disse:
ei, aquele final estava mega-óbvio a pelo menos meia hora e fez-se questão de revelá-lo da maneira mais melodramática possível. até agora me pergunto se o filme é metairônico, mas acho que não.
Eu não sei de metaironia no filme (e, falando em meta, convenhamos que a metalinguagem do seu post foi medonha :think:). O que exatamente vocês sacaram? Os gêmeos e tudo? Que droga. Eu me senti tão bem entendendo no final coisas tipo por que a mulher diz "agora o 'eu te amo' foi mentira"/ "agora você foi sincero", e vocês aí desconfiando de maquiagem. Vai ver eu não estava watching closely. Que bom então, porque eu adorei ser enganado.

PS: Eu fiquei me perguntando até onde seria melhor chamar o terceiro ato e o filme de O Grande Truque em vez de O Prestígio, mas, lendo o tópico que preserva a tradução literal, tudo em que eu pude pensar foi no chocolate ruinzinho, sabe.

PPS: Só respondendo a dúvida: é, antes da estréia o TGA postou um tópico disso, acho.

PPPS: Olha quantos P antes desse S.
 
Notícia boa então, Folco: "The Dark Knight" foi escrito pelo irmão dele também.
 
Sabe, não achei o filme nada revelador. Descobri as grandes viradas do filme bem antes e ainda comentei com o Bruce e por isso não foi tão bom pra mim

O fato de que o Barão era o Hugh Jackman foi fácil. Assim que apareceu o duble dele eu percebi isso pensando que na verdade era o dublê quem morria.

Que o Christian Bale era o mago e o engenheiro também foi bem no início, o Bruce quem viu que era o ator por baixo da barba e aí toda a história do dedicar toda vida a mágica veio a tona.

Admito que não descobri que a máquina de Tesla duplicava as coisas até ver o chapeu mas assim que foi visto isso tudo ficou óbvio. Ele se matava sabendo que sairia novamente do outro lado e tal.

No final, a existencia de algo do tipo num filme que parece ser passado na vida real ficou meio estranho pra mim. A inclusão de uma ciencia que não existe. Obvio que não vou ficar aqui reclamando que o Superman voa no filme, mas sei lá, não me pareceu o tipo de filme onde algo do tipo se encaixa bem.
 
SPOILERS; afaste-se.

O fato de que o Barão era o Hugh Jackman foi fácil. Assim que apareceu o duble dele eu percebi isso pensando que na verdade era o dublê quem morria.

Que o Christian Bale era o mago e o engenheiro também foi bem no início, o Bruce quem viu que era o ator por baixo da barba e aí toda a história do dedicar toda vida a mágica veio a tona.

Admito que não descobri que a máquina de Tesla duplicava as coisas até ver o chapeu mas assim que foi visto isso tudo ficou óbvio. Ele se matava sabendo que sairia novamente do outro lado e tal.

No final, a existencia de algo do tipo num filme que parece ser passado na vida real ficou meio estranho pra mim. A inclusão de uma ciencia que não existe. Obvio que não vou ficar aqui reclamando que o Superman voa no filme, mas sei lá, não me pareceu o tipo de filme onde algo do tipo se encaixa bem.

Eu também descobri a maioria das reviravoltas bem antes delas acontecerem, mas isso não quer dizer que o filme não possa funcionar, e funcionar muito bem. Se o único prazer da obra fosse ser surpreendido por reviravoltas, então seria um filme desinteressante, mesmo que elas fossem mais surpreendentes ainda. Não estamos falando de Jogos Mortais aqui, nem de uma partida de Detetive.

O prazer é ver como os Nolans desenvolvem a narrativa elegantemente, fluindo entre os três tempos da história, com revelações tão bem construidas (e.g. os chapéus na floresta, o "Abracadabra" de Borden, etc) que se tornam excitantes por si mesmas, não só pelo que revelam. Sem falar que você estaria descartando o peso emocional do filme (ver a voz de Borden tremendo ao falar que ele "ia continuar", que ele "ia sair dali", enquanto é levado para sua execução, é emocionante - e mais ainda, eu suspeito, pra quem percebeu a reviravolta antecipadamente, i.e. eu) e a riqueza temática (todo os ecos de vidas duplas e auto-sacrifício, etc).

Aliás, eu suspeito que uma segunda assistida, sabendo todos os segredos, provavelmente vai deixar a experiência mais forte ainda. Prova? Veja a "Revelação" recente do MDA.
 
Gente. O que foi isso. E eu que já estava achavando esse cara chato.

Sister Jack disse:
Na verdade, o monólogo final de Caine foi um erro, já que o Nolan decide trazer para a mesa uma idéia que o filme não fez o menor esforço pra desenvolver. Se essa idéia - que é óbvia, eu concordo - estava correndo pela sua cabeça, não foi diretamente por causa do filme.

Eu realmente não entendi o que você quis dizer com isso.

E a idéia sobre existir um subtexto relacionado ao cinema (que nóia por metalingüismo aqui) é praticamente interpretação pessoal, acho. O leitor da Veja, o corno manso, o que tem fé na Matrix, cada um saiu com uma certa idéia na cabeça com aquilo de querer ser enganado. Existe uma relação disso com o próprio filme em si: estar atento às deixas dos Nolan, deixar-se enganar ou não. (E talvez já ter consciência de um twist e não se deixar enganar possa ser de fato ainda melhor, como na cena do Borden rindo à toa no show de mágica quando vê o cara fazer o aquário aparecer sabendo que o objeto era escondido entra as pernas do cara.) Mas com cinema em geral, fica por conta de cada um.

Fingolfin disse:
No final, a existencia de algo do tipo num filme que parece ser passado na vida real ficou meio estranho pra mim. A inclusão de uma ciencia que não existe. Obvio que não vou ficar aqui reclamando que o Superman voa no filme, mas sei lá, não me pareceu o tipo de filme onde algo do tipo se encaixa bem.

A máquina foi destruída. Como você sabe que não foi "passado na vida real"? :hanhan:
 
Godric Gryffindor disse:
Gente. O que foi isso. E eu que já estava achavando esse cara chato.

Você foi sutil demais aqui. Ao que você está se referindo? Quem você estava "achavando" [sic]?

SPOILERS; procure outro caminho.

Eu realmente não entendi o que você quis dizer com isso.

O que eu quis dizer foi o que o voice-over final do Michael Caine não tem quase nada a ver com a tese do filme. Eu não acho (por enquanto) que existam evidências suficientes para apoiar a existência de um subtexto sobre "cinema = mágica/platéia = deixa se enganar, etc" no filme, e assim justificar o uso do tal V.O. Mesmo que você considere a presença do subtexto por associação indireta, o V.O. ainda parece fora de lugar.

É como se o Lenny começasse a falar na narração final de Amnésia que sua "condição mental é como ouvir uma história de trás pra frente." Seria um meta-comentário interessante, mas não é disso que o filme está falando.
 
Ahn. Eu estava me referindo ao carinha que você mencionou. Ele tinha dado 63 pra O Grande Truque antes.

E eu continuo sem entender. Vejamos. O filme foca a obsessão de dois ilusionistas rivais em superar um ao outro, conseguir reconhecimento profissional e bem-estar junto à família/aos entes amados. O alcance de tudo isso tem seu preço: uma catarse que exige sacríficios e segredos (chaves de "grandes truques"), que pra serem mantidos dependem também de uma disposição dos alvos (a esposa, o público do espetáculo) em serem enganados (de forma que os conflitos surgem justamente quando a esposa/alguém no público/whoever não está interessado em ser ludibriado pelo segredo, mas em desvendá-lo). E o voice-over final retoma nada menos do que os três atos e essa acomodação indispensável ao engano. Está tudo certo, oras.

Godric Gryffindor disse:
... em quase três semanas não consegui tirar O Grande Truque do topo da minha (limitada) lista de 2006 ainda e imagino que agora isso só deva acontecer se eu vir a ler o livro algum dia (vocês devem saber que o roteiro é adaptado né).

*vier

Alguém sabe alguma coisa do lançamento do livro no Brasil?
 
Excelente entretenimento. Realmente fica evidente como o roteiro é superior à direção.
72
 
SPOILERS; olha pra lá.

O filme foca a obsessão de dois ilusionistas rivais em superar um ao outro, conseguir reconhecimento profissional e bem-estar junto à família/aos entes amados. O alcance de tudo isso tem seu preço: uma catarse que exige sacríficios e segredos (chaves de "grandes truques"), que pra serem mantidos dependem também de uma disposição dos alvos (a esposa, o público do espetáculo) em serem enganados (de forma que os conflitos surgem justamente quando a esposa/alguém no público/whoever não está interessado em ser ludibriado pelo segredo, mas em desvendá-lo). E o voice-over final retoma nada menos do que os três atos e essa acomodação indispensável ao engano. Está tudo certo, oras.

Pra mim, o V.O. parecia estar somente sublinhando a forma em que a platéia do filme lida com ele. Foi tipo um "Aha!" metalinguístico.

Como eu disse, o subtexto de "se deixar enganar" pode estar implicitamente lá. O filme é sobre mágica, então mesmo sem a narração final de Caine, a conexão existiria por natureza. Mas eu não acho que o filme seja sobre isso, e por isso a mensagem do V.O. não devia ter tido um posicionamento tão climático na narrativa.

Eu não acho que o subtexto foi representado na subtrama da esposa, que certamente não parecia querer "se deixar enganar" - a cada aparição, ela está mais e mais perturbada com a forma que Borden exclui ela e os filhos de sua vida (sem falar no negócio do "hoje você me ama"/"hoje não"). Nem o filme destaca que a platéia está ciente de que está sendo enganada (com exceção daquela cena do Chinês que você citou antes, mas que não parece muito relevante), embora isso esteja implícito.

Mesmo que hajam indicações claras do subtexto (que eu posso muito bem estar esquecendo), elas não parecem cruciais para o drama da história.

A motivação dos personagens, que providencia grande parte do conflito na narrativa, vem da obsessão pela Glória, e como isso afeta todo o resto da vida deles. O Borden fala em admiração do Mago Chinês pois ele está disposto a chegar a extremos pela sua arte - e ele mesmo se limita a viver uma "meia-vida" pra poder ter o Prestígio. O Angier tem uma máquina que mata uma cópia (ou um Pedaço, figurativamente) dele toda vez que ele a utiliza, só para se colocar na frente de seu oponente, para poder participar do prestígio do truque (e recebê-lo) - lembre como quando ele usava um dublê, ficava no porão enquanto o bêbado recebia os aplausos.

É por isso que a fala final do personagem do Caine antes do V.O. é perfeita: "Lembra o que eu te falei sobre o marinheiro se afogando?"; "Sim, ele disse que era como ir para casa"; "Eu menti. Ele disse que era agonia."

Isso sim é o jeito de fechar o filme. Coloca em negrito o auto-sacrifício de Angier e termina o filme numa nota apropriadamente perturbadora.
 
Possíveis SPOILERS abaixo.

É fato que a história praticamente termina inteira antes da cena com o engenheiro do Angier. Os temas da história em si – obsessão, sucesso, dedicação – tem suas conclusões mediante as revelações antes do incêndio, a citação do Cutter que você fez, tudo coisa que antecede a parte final. O único negócio que realmente falta para o enredo é o Borden reencontrar a filha, o que é tipo de coisa a ser feita com um diálogo memorável ou uma musiquinha marcante ou seja lá o que for, pra redundar com efeito o significado do filme. Convenhamos que o desfecho aqui é questão de retórica. E, depois de já ter finalizado bem a moral do longa anteriormente, por que não agora um voice-over do background ilusionista do filme – redundar a "natureza" do filme, você diria, apesar de que eu não vejo isso como um pleonasmo vicioso. Primar a mágica no fim foi interessante sim, foi tipo fechar legal as cortinas depois do fim do show; o próprio começo vem com a apresentação dos três atos, então fica um [fundo][história][/história][/fundo]. Além da relação com esse fundo, e alguma com o enredo, tem a metalinguagem no sentido restrito ao filme, como você também falou no último post. Inegável que o be watching closely é um conselho e tanto pra quando se ver o filme de novo. Só repensando o filme, as deixas pros segredos não param de surgir. Criancinha chora que o passarinho morreu no truque. Ele reaparece, criancinha pergunta: "But where's his brother?" Boa, criancinha.
 
Acabei de ver o filme de novo. Vou levantar um pouquinho pra 77.

SPOILERS; veja bem.

Eu acredito que o verdadeiro mistério do filme seja a motivação por trás da obsessão destrutiva de Angiers e Borden e Fallon. Na primeira assistida, eu tinha certeza que o que realmente motivava os dois era a Glória (e há ampla evidência disso no filme, e.g. a frustração de Angiers em não poder participar do Prestígio quando ele usa o dublê).

Agora que eu revi, a própria Arte da mágica parece ser venerada/respeitada por Borden (mas não por Fallon, como o Angier demonstra no final), o que faz a narração do Caine ser mais justificada (não como subtexto, mas como motivação). Na cena logo após o truque do chinês, Borden explica pra Angiers que o negócio da mágica é o auto-sacrifício (obrigado por soletrar, Nolan), e ele completa - crucialmente - com um "it's an escape... from this..." e bate com o punho na parede (i.e. Realidade).

Já o Angiers é mais complicado: ele tem como motivação para superar Borden: (1) a Glória, como eu acreditei na primeira assistida; (2) a paixão pela Arte da Mágica, pela enganação da platéia; (3) a vingança pelo que o Borden fez com sua namorada. Motivações números 1 & 2 são ambiguamente invocadas no final, quando o Angiers diz que "era o olhar na cara deles" (deles = da platéia) que era o motivo daquilo tudo (e é essa ambiguidade que deixa essa frase tão foda). A motivação número 3 com certeza é a razão de Angiers ter incriminado o Borden, mas não acredito que seja por isso que ele usou a Máquina de Tesla e fez o que fez (em um momento ele diz "I don't care about my wife, I only care about the secret", e percebe o que falou alguns segundos depois). Ele é um personagem complexo.

E eu repito: a cena onde Borden estréia o "Homem Transportado" é es-pe-ta-cu-lar. Eu fiquei arrepiado nas duas vezes que eu vi. Tanto essa quanto a cena da revelação do funcionamento da Máquina de Tesla vão entrar nas minhas indicações de Melhores Cenas pro Valinor Film Awards.

PS: Jackman é competente, Rebecca Hall é ótima, Caine arrasa, mas a performance de Borden é realmente fantástica (talvez a melhor do ano). A sutileza com que ele interpreta as pequenas variações que ajudam a diferenciar o Borden do Fallon (uma das maiores diversões de assistir de novo) é incrível.
 
Última edição:
SPOILERS; siga o coelho branco.

Eu acredito que talvez esse filme seja sobre Materialismo X Espiritualidade.

Terceira Lei de Arthur C. Clarke: "Any sufficiently advanced technology is indistinguishable from magic."

Eu pretendo ver o filme mais uma vez (e é possível que sua nota suba mais ainda).

Batman Begins eh medíocre?
Então tá bom champz...

Obrigado pela sua contribuição.
 
Pips, explique porque você deu 58 pra O Grande Truque:

[sinopse cortada]

"A promessa do filme é muito boa, a direção de Nolan é muito competente e a edição do filme colabora com a história. O problema é a evidência que é colocada as surpresas do filme que se você prestar atenção no filme, acaba por desvendar o filme antes que ele termine. Porém o que mais dá o crédito a essa produção é a subjetividade com que você pode interpretar os sinais do filme. Lembram aquele "Mito da Caverna" de Platão? Onde na verdade vemos apenas sombra dos objetos para criarmos um conceito e na verdade não o vemos realmente. Dessa forma fica uma pista para saber o que ocorre em "O Grande Truque". Gostaria de ressaltar que quem leu "Cem Anos de Solidão" do Gabriel García Márquez pode encontrar um referência, talvez não proposital, em um dos atos do filme. Também não podemos esquecer que apesar de revelar muitas coisas durante a exibição, a película insiste em dizer o segredo de um truque está atrás de nunca revelar o segredo, pois bem, as explicações do filme vão ao contrário, elas revelam o segredo, mas há muito mais atrás dele."

Eu deixei em negrito as únicas frases que pareciam ser críticas contra o filme; o problema é que eu não faço a menor idéia do que elas significam. Sério, tá muito confuso. Eu só quero compreender.

PS: Quem não der nota alta pro roteiro de O Grande Truque vai ser colocado numa cela tão apertada que é impossível deitar no chão, e baixa demais pra conseguir ficar em pé.
 
Pips, explique porque você deu 58 pra O Grande Truque:

"O problema é a evidência que é colocada as surpresas do filme que se você prestar atenção no filme, acaba por desvendar o filme antes que ele termine.

Você mesmo disse que também desvendou o "grande" mistério do filme, antes da metade.

O que eu quis dizer foi isso: Os tais momentos surpreendentes do filme não são surpreendentes, você saca eles antes mesmo da revelação, porém...

Sister Jack disse:
a película insiste em dizer o segredo de um truque está atrás de nunca revelar o segredo, pois bem, as explicações do filme vão ao contrário, elas revelam o segredo, mas há muito mais atrás dele."

... o filme faz questão que você saque os tais "segredos", ele vai contra o que é dito durante toda a projeção: manter segredo. A trama não tenta criar um suspense sobre os mágicos, desde o começo joga na nossa cara o que acontece e o que irá acontecer. E isso é provado justamente por causa da edição, se ele mantesse linearidade o mistério seria maior. Sem aquela cena inicial das cartolas ou uma das revelações do "clímax".


E eu aumentei a nota do filme antes mesmo de revê-lo, quando estava pensando e escrevendo sobre ele, comecei a achar detalhes muito mais sinuciosos, aposto que na segunda assistida ele chegue a 67 (pois no tópico de 2006 eu subi para 60 já).
 

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