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O Funeral dos Vermelhos

Edu

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Fidel diz que é cedo para avaliar sua recuperação

O líder cubano Fidel Castro considera ser cedo demais para avaliar sua recuperação depois da cirurgia que o obrigou a se afastar temporariamente do poder pela primeira vez em 47 anos, afirmou a mídia oficial do país na quarta-feira.

Enquanto circulam boatos sobre o fim próximo e definitivo do governo de Fidel, o jornal estatal Granma publicou uma mensagem do presidente de 79 anos, afirmando que os detalhes sobre sua saúde eram secretos, mas que sua condição era estável e que ele estava bem disposto.

"O máximo que posso dizer é que a situação continuará estável por muitos dias antes de um veredicto ser firmado", disse a mensagem de Fidel, lida primeiro no canal público de TV de Cuba, na terça-feira à noite.

"A situação é estável, mas é preciso tempo para que haja avanços na questão da saúde", afirmou a mensagem, que mencionou a "situação específica" de Cuba - uma referência à histórica hostilidade dos EUA ao entreposto comunista localizado às suas portas.

Fidel, que apareceu em público pela última vez no dia 26 de julho, entregou o controle do governo a seu irmão, Raúl Castro, 75 anos, ministro de Defesa, na segunda-feira, depois de uma cirurgia realizada para estancar um sangramento estomacal.

As notícias fizeram os cubano-americanos que moram em Miami sair às ruas para celebrar o que esperam ser o fim próximo do comunismo na ilha. Os moradores do país, porém, continuaram levando suas vidas normalmente. Muitos afirmaram estar preocupados com a saúde de "El Comandante", mas notaram que a revolução iniciada por ele na serra Maestra prosseguiria sem o dirigente.

Parece ter havido um aumento discreto no número de policiais estacionados nas ruas de alguns dos bairros mais pobres de Havana, onde, no verão passado, foram realizados protestos devido a cortes no fornecimento de eletricidade.

Alguns cubanos com parentes nas forças de segurança afirmaram que os militares e outros agentes à paisana haviam sido mobilizados nos alojamentos e nas delegacias como medida de precaução. Moradores do país também informaram que parte das brigadas de ação rápida usadas para reprimir distúrbios de rua tinha sido colocada de prontidão.

"Tudo está calmo e as pessoas não estão falando nisso nas ruas. Mas elas estão preocupadas. O que irá acontecer?", perguntou Manuel, que dirigia um velho carro Lada, de fabricação russa.

(Artigo retirado do site Terra Notícias)


Peguei essa matéria sobre o afastamento do Fidel para usar como gancho para algo que preocupa (ou deveria preocupar, IMO) a gente, já que dos países socialistas que restaram Cuba é o único que ainda tem alguns motivos para ser chamado de "socialista", já que ainda é fechado ao mercado externo capitalista (em parte não por opção inteiramente sua), uma vez que, de acordo com o próprio governo da Coréia do Norte, essa passa por um processo de abertura chamado de "socialismo de mercado" (alguém notou a semelhança com o que a URSS viveu antes de se desfazer?).

Eu postei isso aqui não para defender Fidel Castro ou as doutrinas sociais-comunistas, mas só porque me fez pensar: uma vez que a Coréia do Norte se torna cada vez mais capitalista e globalizada e que o governo de Fidel desmorona, tanto por razões de sua prórpia saúde (inevitavelmente ele é a alma da revolução) e ideológicas mesmo (leia-se comunismo às avessas, porque ele não entrega o poder ao povo nem com reza), o mundo inteiro vai se tornar homogêneo, ao menos no que diz respeito à sua ligação com o capital e o modo de produção de hoje em dia.

Isso tudo é preocupante não só pela sobrepujança de uma doutrina norte-americana sobre aquela(s) que visa(m) dar mesmo o poder ao povo, mas também porque com isso e a vinda quase invevitável de novos conflitos armados por aí (essa frase você pode ler também como "o Irã ainda vai botar pra quebrar"), esse sonho de igualdade, não digo comunista, mas de igualdade mesmo, sem doutrina alguma enfiada aqui, pode acabar sendo deixado para mais tarde.
 
tivemos chances.. e das grandes, de implantar essas igualidades entre as nações. se quer a minha opinião, eu digo: somos o carvão que faz a grande maria-fumaça americana funcionar.
lia, eu, ontem um artigo sobre uma nova tecnologia, chamada VeriChip. A idéia é o seguinte: já está sendo fabricado, um chip do tamanho (ou menor) que um grão de arroz, que será implantado nos seres humanos.. e tal chip, será capaz de distinguir pessoa por pessoa, medir a taxa calórica, arterial, etc.. porém, o chip será capaz de outra coisa, também, muito mais perigosa: seremos controlados por satélite. a empresa está investindo nisso, alegando precaução contra ataques terroristas.
então, se uma nação americana quer um implantar um chip nas pessoas, que na qual tirará de todos a nossa privacidade, que força teremos, nós, para gritar contra o imperialismo americano? ainda não temos chips em nossos organismos (espero) porém, já somos escravos do velho bush. reféns de seus produtos e dependentes de seu dinheiro. e agora?
 
Peguei essa matéria sobre o afastamento do Fidel para usar como gancho para algo que preocupa (ou deveria preocupar, IMO) a gente

Apesar de me compadecer da enfermidade do senil ditador, não consigo conter a esperança pelo triunfo da liberdade no day after Fidel.

E não... isso não me preocupa nem um pouco. IMHO.


já que dos países socialistas que restaram Cuba é o único que ainda tem alguns motivos para ser chamado de "socialista", já que ainda é fechado ao mercado externo capitalista

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Será que são miragens famélicas?

Ah, é claro, é bom lembrar que os cartões de ração não são aceitos para pagar os bens vistos... são pagos em dólares. Dólares americanos.

de acordo com o próprio governo da Coréia do Norte, essa passa por um processo de abertura chamado de "socialismo de mercado" (alguém notou a semelhança com o que a URSS viveu antes de se desfazer?).

"Socialismo de Mercado" é um dos termos mais ignorantes que já ouvi.
E olha que já ouvi cada coisa...

Eu postei isso aqui não para defender Fidel Castro ou as doutrinas sociais-comunistas, mas só porque me fez pensar: uma vez que a Coréia do Norte se torna cada vez mais capitalista e globalizada

Onde?
Só se for nas jacuzzis imensas do baixinho lunático.

o mundo inteiro vai se tornar homogêneo, ao menos no que diz respeito à sua ligação com o capital e o modo de produção de hoje em dia.

Pois é... seu post é uma prova clara de que isso nunca vai acontecer.
Enquanto o mundo muda, e os estudos econômicos tornam-se cada vez mais abrangentes e - quero crer - livre de ranços deixados por (alguns) economistas marxistas , tem gente que ainda tenta entender a realidade capitalista global através de arquétipos monolíticos como "modos de produção". Uma pena, mas é fato.

Isso tudo é preocupante não só pela sobrepujança de uma doutrina norte-americana sobre aquela(s) que visa(m) dar mesmo o poder ao povo

Por exemplo?
 
Correção: não saberia dizer porque, eu digitei "Coréia do Norte" todas as vezes que quis me referir à China. Peço desculpas a quem leu esse artigo até agora pelo erro abissal.


Em primeiro lugar, obrigado por postar aqui, jean.

jean disse:
Apesar de me compadecer da enfermidade do senil ditador, não consigo conter a esperança pelo triunfo da liberdade no day after Fidel.

E não... isso não me preocupa nem um pouco. IMHO.

Eu não apoiei Fidel no post -- ele não faz socialismo em Cuba. É um ditador. Na verdade, a notícia foi só um gancho (como eu disse) para o verdadeiro motivo de eu ter escrito isso: o poder que é retido na mão de alguns certos governantes, e a igualdade e liberdade que só existe na cabeça daqueles que acreditam que o day after Fidel vai resolver o problema de Cuba. "(...) esse sonho de igualdade, não digo comunista, mas de igualdade mesmo, sem doutrina alguma enfiada aqui, pode acabar sendo deixado para mais tarde" (esse trecho o post mostra isso. Ou pelo menos tentei mostrar quando o digitei).


Será que são miragens famélicas?

Ah, é claro, é bom lembrar que os cartões de ração não são aceitos para pagar os bens vistos... são pagos em dólares. Dólares americanos.

É fato que os americanos investem em Cuba, e isso até já foi mostrado em filmes (recomendo O Poderoso Chefão -- Parte II, que apesar de se passar antes da Era Fidel (só mostra uma parte bem ínfima do começo dela), dá um panorama do tipo de investimento americano lá), mas quem investe lá são os donos de cassinos e outros comércios do tipo (de lazer, diversão, recreação). O fato é que quando eu disse que Cuba é "fechada ao mercado externo" quis dizer que grandes empresas, como as automobilísticas e de indústria de ponta da nata do mundo moderno (aka Primeiro Mundo) não investem lá. A comida de cachorro não resolve o problema da sociedade, a não ser, é claro, que nenhum outro alimento esteja disponível. É um caso a se pensar... :think:


"Socialismo de Mercado" é um dos termos mais ignorantes que já ouvi.
E olha que já ouvi cada coisa...

Eu não tiro esses termos da minha cabeça, ao contrário do que possa parecer. O fragmento a seguir é retirado de um dos sites no qual eu procurei informações antes de postar aqui: "(...) cada vez mais a China abre suas portas ao capitalismo, apesar de o partido afirmar que o país está passando por um "socialismo de mercado" [http://www.historia.uff.br/nec/geppsboletim2005correto.htm]. Uma vez que esse termo foi explicado no post, acho que se ele é bom ou ruim não faz diferença, o importante é que você entendeu a mensagem que ele passava.


Onde?
Só se for nas jacuzzis imensas do baixinho lunático.

Perdão, me referia à China (vide a correção no início do post). :tsc:


Pois é... seu post é uma prova clara de que isso nunca vai acontecer.
Enquanto o mundo muda, e os estudos econômicos tornam-se cada vez mais abrangentes e - quero crer - livre de ranços deixados por (alguns) economistas marxistas , tem gente que ainda tenta entender a realidade capitalista global através de arquétipos monolíticos como "modos de produção". Uma pena, mas é fato.

É fato que o mundo muda e que a tendência é as coisas melhorarem nos mais diversos aspectos (saúde, economia, ciência etc.). Isso é inegável. Mas esse seu avanço dos estudos econômicos pode não resolver o problema. "Abrangência" não é um termo que define o nosso avanço com o passar dos anos. Você pode não concordar comigo, e é um direito seu, claro, mas muitas vezes tomamos atitudes (não só nós enquantos cidadões "comuns", mas também governantes e outras pessoas que influenciam no pensamento dos homens ao redor do mundo, como mídia e religiosos) que estão a beira do retrocesso. A opinião sobre isso diverge, sobre se o homem pode ou não "involuir". Eu particularmente creio que não, que a tendência é a evolução, mas nem toda evolução vem para que a economia melhore, ou para que seja difundida a liberdade...

Quanto a "modo de produção": eu entendo "modo de produção" como a doutrina ou parte da conjuntura que forma uma doutrina que rege algum sistema onde estejam presentes sociedade, política e economia. Quis colocar esse termo com a intenção de passar isso, que o "modo de produção" de hoje é o capitalismo, até mesmo por que não sou perito em Economia ou Sociologia, nem nada do tipo, e o texto não tinha a intenção de tratar dessas coisas a fundo; foi só algo escrito para falar sobre um assunto que me chamou a atenção.


Por exemplo?

Embora não esteja implantada, e não possamos dizer como funcionará na prática (o próprio socialismo foi bem diferente), eu diria que é o anarquismo.



Não sei se você, ou alguma outra pessoa que leu esse post entendeu assim, jean, mas eu realmente não quis defender cuba ou a China. O que eu quis dizer aqui era só minha opinião sobre o que acontece hoje pelo mundo. Eu não sou socialista, e eu também não me enquadro no termo "anarquista", mas sinceramente, me irrita mesmo as coisas estarem como estão, o concentramento de rendas, a miséria e tudo mais, enquanto parte da mídia e outros meios nos passa imagens deturpadas, que só conseguimos apagar das nossas mentes quando vemos as coisas como elas são (p.e.: nesse tópico, com o qual eu aprendi algumas coisas que ainda não haviam entrado na minha cabeça).

O post ficou grande, mas precisava ser assim pra eu poder te passar o que penso. :)
 
Última edição:
Essa é pra quem acompanha Cuba mais de perto:se o barbudo morrer,quais as chances da democracia ???
 
Eu não acompanho Cuba de perto, mas acho que as chances são poucas. O irmão vai tentar continuar o legado do Fidel. A não ser que tenha algum tipo de golpe ou revolução por lá (patrocinado pelos EUA, óbviamente).
 
Tisf disse:
Eu não acompanho Cuba de perto, mas acho que as chances são poucas. O irmão vai tentar continuar o legado do Fidel. A não ser que tenha algum tipo de golpe ou revolução por lá (patrocinado pelos EUA, óbviamente).
Ummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm, que cheiro de 64 no ar.

Isso sim que vai ser certo, nada como o "new american century".
 
Ah, eu também não acompanho Cuba assim tão de perto, mas acho que as chance são grandes, principalmente se os EUA resolver intervir com aqueles milhões de dólares que anunciaram. O irmão do Fidel não tem lá tanta força quanto ele, e o povo também já tá cansado desse clima de terror na ilha...
 
Hmmm... se a família Castro continuar no poder, creio que o negócio de Cuba vai continuar o mesmo.

Porém, é provável que os Estados Unidos dêem uma de "Jhonny without arm" e fiquem pressionando Cuba para acabar com a ditadura esquerdista. Mas o máximo que pode acontecer é o intervencionismo americano para levar a "democracia" à Cuba.
 
O mais "engraçado" é o tratamento diferente dado à Cuba e à China por parte dos Estados Unidos. Essa hipocrisia é enojante.
 
Cervus, veja o que tu disse:
Cervus disse:
Ah, eu também não acompanho Cuba assim tão de perto (...)

Cervus disse:
(...) O irmão do Fidel não tem lá tanta força quanto ele, e o povo também já tá cansado desse clima de terror na ilha...
Como é que tu não acompanha de perto pode afirmar essas coisas?
 
Tisf disse:
O mais "engraçado" é o tratamento diferente dado à Cuba e à China por parte dos Estados Unidos. Essa hipocrisia é enojante.

É coisa de gente da idade da pedra. =/


Edrahil disse:
Como é que tu não acompanha de perto pode afirmar essas coisas?

Realmente eu não acompanho Cuba de perto, nunca procurei informações antes sobre a situação da ilha nem nada, mas sempre vejo algo a respeito em noticiários ou outros programas, e ontem, quando postei isso aqui, li algumas matérias sobre o que tá acontecendo agora, e isso me deu informações para poder dizer isso, entende?
E além do mais, é só usar a cabeça: um povo dominado e sufocado década a fio por uma ditadura vê no seu ditador uma força poderosa e aterradora, principalmente quando ele tem força (exército) para reprimí-los. É o caso do Fidel
 
Mas Cervus, em Cuba todos tem educação e saúde. Será que há uma tão grande força em Cuba querendo ver o cara no chão?

Concordo com a questão da liberdade e talz, mas será que a maioria da população vê realmente dessa forma?
 
Olha, a educação e a saúde são realmente muito boas. O povo não poe reclamar disso, mas o problema é, como você falou, a liberdade. E tem também o lance do luxo e tal, porque veja só: você vê nas ruas de Cuba é um monte de carros Lada e outros do tipo vindos da antiga URSS rodando. O povo de lá não está incluído no mercado de consumo mundial, a não ser aqueles que são bem ricos, e vivem com produtos (eletro-eletrônicos é um bom exemplo) muitas vezes mais inferiores que os nosso. Nos dias de hoje, poder ter um tênis Nike e um laptop pesa muito quando se pensa em derrubar uma ditadura que os anda privando disso, não sei se concorda comigo...

É aquela velha história que a gente conhece: o american way of life.
 
Última edição:
Eu acredito que Cuba não terá liberdade enquanto Fidel Castro morrer.
O governo é tudo farinha do mesmo saco... é claro que eles irão acatar as ordens e pedidos deles.

Não sei se vocês notaram, mas vocês prestaram atenção no medo em que as pessoas tinham ao falar algo sobre o acontecimento para imprensa?

Apenas diziam com a cara mais apavorada que desejavam muito a recuperação de Fidel, que Fidel era tudo.

:eek:
 
Olha, essas são as informações passadas por um amigo meu que mora em Cuba desde 1995:

Esqueça tudo o que vc já ouviu e leu sobre Cuba. Aqui não é as Mil maravilhas, mas ta muito longe de ser o inferno que pintam.
O Povo aqui gosta do Fidel. Cerca de 90%. Os que não gostam são os que querem a abertura do mercado principalmente para o EUA, e são financiados por eles para propagarem e inflamarem o estilo de vida americano por aqui.
A parte boa por exemplo, não tem mendigos, alguns se fazem de para arrancar uns trocos de turistas desavisados. Mas ninguém aqui é miserável como se vê no Brasil.
A parte ruim? Tudo é velho e as pessoas estão longe de ter livre arbítrio como estamos acostumados.

Acho que os cubanos estão de certa forma "ruins" com o Fidel. Mas se ele sair e Cuba se tornar um pais capitalista... eles estarão pior.
 
Acho que seria bem melhor uma socieade baseada na educação e na saude do que no consumo. E os States não podem falar nada da falta de democracia em cuba: antes do fidel, tinha o fulgencio batista, ditador capitalista apoiado pelos americanos
 
Reportagem do The New York Times do dia 04/08/06

Recuperação econômica de Cuba se deve à generosidade da Venezuela

Enquanto Raúl Castro assume a tarefa de liderar Cuba no lugar de seu irmão Fidel, pela primeira vez em 47 anos, há, surpreendentemente, uma coisa a menos com que se preocupar: o estado da economia de Cuba.

O crédito se deve, em grande parte, ao cabo salva-vidas econômico lançado a Cuba pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que está usando as tremendas reservas de petróleo de seu país para apoiar o governo Castro e combater a política do governo Bush na América Latina.

Para irritação das autoridades americanas, há muito determinadas a forçar uma mudança de governo ao sufocar a economia cubana com um embargo, o patrocínio da Venezuela poderá tirar um pouco da pressão sobre Raúl Castro em um momento de grande incerteza.

O governo cubano não divulgou nenhuma nova informação na quinta-feira sobre a saúde de Fidel Castro, 79 anos, que está se recuperando de uma cirurgia abdominal ainda inexplicada. Raúl Castro, 75 anos, que foi nomeado líder provisório na segunda-feira por seu irmão, ainda não fez nenhuma aparição.

Enquanto isso, o governo comunista deixou claro que continuará governando o país, algo que tem feito há quase cinco décadas com a ajuda de seus amigos ideológicos.

"O atual regime em Havana está trabalhando com governos de mentalidade semelhante, particularmente a Venezuela, para construir uma rede de apoio político e financeiro voltada a impedir qualquer pressão externa para mudanças", segundo um relatório fornecido ao presidente Bush no mês passado pela Comissão para Assistência a uma Cuba Livre, que é presidida pela secretária de Estado, Condoleezza Rice.

Wayne Smith, um ex-diplomata americano em Havana, disse que nos últimos anos o governo Bush mudou sua política, de trabalhar abertamente para minar o governo de Fidel Castro a tentar assegurar que ele não seja substituído por seu irmão Raúl ou outra figura comunista.

"Mas Chávez e a Venezuela entraram no caminho dando assistência a Cuba -e não apenas dando assistência, mas formando uma aliança com Cuba", disse Smith, um membro sênior do Centro para a Política Internacional, com sede em Washington. "Isto irrita o pessoal de Bush."

Em seu primeiro comentário público sobre a doença de Fidel Castro, Bush divulgou uma declaração na quinta-feira dizendo: "Eu peço ao povo cubano que trabalhe pela mudança democrática na ilha".

"Nós apoiaremos vocês em seus esforços para formar um governo de transição em Cuba, comprometido com a democracia, e prestaremos atenção naqueles do atual regime cubano que obstruírem seu desejo por uma Cuba livre", acrescentou Bush.

Um dos últimos países comunistas do mundo, Cuba tem uma economia que está longe de ser saudável. Mas o país está muito longe daquele que ficou destituído e abandonado quando sua antiga benfeitora, a União Soviética, entrou em colapso, por volta de 1989.

Em comparação com o difícil início dos anos 90, quando os importações -a grande maioria do Leste Europeu- caíram quase 75% em três anos, a economia de Cuba tem exibido sinais importantes de renovação nos últimos anos.

Na Feira dos Agricultores na Rua 19 de Havana, as bancas estavam repletas de enormes abacates e mangas. O feijão de corda apresentava quase 30 centímetros de comprimento. Pães saíam quentes do forno. Vendedores ofereciam lagosta e camarão pescados naquela manhã. E o local estava cheio de consumidores pagantes.

Para os vendedores, o dinheiro é tão bom que alguns abandonaram cargos públicos para vender produtos. "Eu costumava ganhar US$ 5 por mês", disse José Antonio Milanes Vasco, antes funcionário do armazém público de alimentos. "Agora ganho US$ 3 por dia. Minha vida foi totalmente transformada."

Philip Peters, um especialista em economia cubana no Instituto Lexington, na Virgínia, disse que tais experiências com reformas de mercado aberto ajudaram a melhorar a economia da ilha.

Tais feiras de produtores rurais, notou Peters, foram apoiadas por Raúl Castro no início dos anos 90, quando o governo permitiu que os produtores rurais vendessem o excedente de suas plantações após o Estado ter se considerado incapaz de pagar os subsídios agrícolas.

Hoje, disse Peters, há 300 destas feiras por todo o país. E apesar do Estado continuar fornecendo às famílias cotas mensais de arroz, feijão, óleo de cozinha, leite e outros itens básicos, as chamadas "feiras livres" transformaram alguns agricultores em capitalistas de risco e revitalizaram o setor agrícola.

"Cuba claramente superou a crise que a afetou nos anos 90", disse Peters. "Naquela época, a dúvida era se a economia sobreviveria. Isto não é mais questionado."

Em vez disso, a pergunta para qualquer governo pós-Fidel Castro, particularmente um comandado por seu irmão Raúl, é se tais aberturas econômicas serão ampliadas. Se a esfera política provavelmente permaneceria fortemente controlada sob Raúl Castro, ele nos últimos anos deu sinais de que Cuba poderia experimentar com o tipo de reformas econômicas adotadas por outros governos autoritários, como os da China e do Vietnã.

Apesar de ser o chefe do exército e do aparato de segurança do Estado, Raúl Castro dirige o setor de turismo da ilha, que também foi uma das primeiras experiências de Cuba com a permissão de bolsões de liberalização econômica. Hoje ele gera cerca de US$ 2 bilhões por ano em receita.

O governo diz que o crescimento econômico foi de 10% no ano passado. Muitos economistas duvidam do número, mas mesmo a CIA coloca o crescimento em 8% em 2005.

Os recursos de Cuba, como o níquel, estão sendo vendidos em altas recordes e a ilha poderá se beneficiar no futuro de planos para extrair etanol da cana-de-açúcar.

Havana também assinou acordos econômicos importantes com países como China, Canadá e Espanha, cujas empresas estão interessadas em tudo, de vender equipamento de transporte e maquinário a investir no turismo e na exploração de petróleo.

Mas nenhum país tem sido mais importante para Cuba do que a Venezuela.

Chávez, que freqüentemente se encontra com Fidel Castro e fala do velho presidente como o mais importante estadista da América Latina, fornece a Cuba 100 mil barris do petróleo por dia abaixo do preço de mercado.

A Venezuela fornece crédito, paga mais de 20 mil médicos cubanos que oferecem serviços aos pobres na Venezuela e banca programas como o Missão Milagre, no qual dezenas de milhares de latino-americanos são enviados de avião para Cuba para cirurgia oftalmológica gerando centenas de milhões de dólares anualmente para o Estado cubano.

"Sem dúvida, Cuba foi capaz de se recuperar e graças à ajuda da Venezuela, não apenas com o acordo de petróleo, mas também com muitos outros tipos de assistência", disse José Toro Hardy, um economista de petróleo de Caracas.

O Projeto de Transição de Cuba, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Miami que estuda a economia de Cuba, disse que a Venezuela forneceu mais de US$ 2 bilhões em financiamento, grande parte disto em óleo cru e derivados de petróleo.

De fato, o petróleo venezuelano representa metade do consumo total de Cuba -um presente que caiu do céu para um país que, até recentemente, sobrevivia quase que exclusivamente dos dólares do turismo.

A Venezuela também se tornou uma grande compradora de bens cubanos que caso contrário não seriam competitivos, como peças velhas de antigos engenhos de açúcar e equipamento médico usado. As exportações da ilha para a Venezuela cresceram de apenas US$ 25 milhões, em 2002, para US$ 300 milhões em 2004.

Juntos, Caracas e Havana assinaram dezenas, talvez centenas, de acordos econômicos, o mais importante sendo um recente pacto comercial com o presidente da Bolívia, Evo Morales, que visa combater os esforços de Washington para criação de um acordo comercial em todo continente.

Entre os projetos mais importantes realizados pelo governo Chávez em Cuba está a reforma da refinaria de petróleo de Cienfuegos da ilha, um plano que custará centenas de milhões de dólares para a Venezuela. Os venezuelanos estão falando não apenas em reativar a instalação há muito inoperante, mas atualizá-la para refinar o óleo pesado extraído pela Venezuela.

Raúl Castro, como o sucessor escolhido por seu irmão, se beneficiaria enormemente da generosidade venezuelana, que poderia lhe dar tranqüilidade para realizar experiências com outros setores da economia. "O governo cubano fez declarações recentemente de que se Raúl estiver no poder, uma de suas principais preocupações será lidar com as necessidades básicas da população cubana", disse Eric Driggs, um pesquisador associado do Instituto para Estudos Cubanos e Cubano-americanos da Universidade de Miami. "Se isto significar lhes dar algum grau de vida melhor ou colocar mais comida na mesa, eu acho que ele adotará."

Driggs e outros analistas, como Mauricio Font, nascido em Cuba e um especialista em governo Castro da Universidade Municipal de Nova York, alerta que apesar da ajuda venezuelana ser chave para escorar a economia, ela faz pouco para ajudar Cuba a se tornar auto-suficiente.

De fato, a generosidade de Chávez parece pouco diferente da munificência dos soviéticos, apesar de Moscou também ter fornecido bilhões em ajuda militar.

"Há um risco em tal dependência, nestes tipos de relacionamento com parceiros externos", disse Font. "Em Cuba, você não está realmente se envolvendo em um processo de produção, onde você tem um aumento de produtividade. Ainda é uma economia baseada no turismo e há apenas um número limitado de praias e sol que se pode vender."

A importância do turismo está por toda a parte em Cuba, de seus hotéis elegantes à reforma cara e meticulosa do centro histórico de Havana, que tem atraído turistas como Mieke Zee, uma enfermeira de tratamento intensivo da Holanda, e seu marido, Jeroen.

Eles disseram que estiveram várias vezes na África. Mas Mieke Zee disse que eles decidiram passar as férias de verão deste ano em Cuba, "porque queríamos vir antes da morte de Castro".

Ela acrescentou: "A pobreza não parece tão ruim aqui. Quero dizer, eu já estive em países onde as crianças não têm o suficiente para comer. Aqui as crianças comem, vão à escola e têm atendimento de saúde".

*Um funcionário do "The New York Times" em Havana, cujo nome não pode ser citado, contribuiu com reportagem para este artigo.
 

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