Bartleby
fossore
Estou lendo, e gostando, como todo saramago, embora ainda, apesar de estar na metade, não possa dizer necessariamente que será meu favorito.
Desde o início dá para perceber que, antes de ser uma reconstituição dos fatos bíblicos comentados por cima pelo narrador, é mais como se o mago tomasse total liberdade para tecer uma criação toda sua, com todos os toques fantásticos característicos ao autor que aqui acham casa certa, assim como a retórica sempre estimulante e os anacronismos absurdos sempre engraçados demais por ele tascá-los onde você menos os espera (um exemplo em anexo:
)
Mas daí que o inicio, fora as sempre presentes e bem-vindas digressões do autor, achei bem chatinho em termos de história mesmo. E não sei se foi intenção (por talvez recriar bem a magreza de desenvolvimento de personagens dos evangelhos em prol do simples relato da mensagem em si), mas pareceu que ele se refreou de dar camadas de humanidade aos personagens muito mais do que o necessário pra fazer o enredo andar, principalmente bem no começo em que jose e Maria pareçam estar ali apenas para se por em pauta questões de patriarcado (constantemente repisadas). E sempre me admira, como disse, a forma como ele arranja para com ironia dizer o que quer dizer, sua estética, a fluência da escrita que me faz ficar horas lendo sem perceber que o fiz (ele é um dos poucos que conseguem me dar esse completo abandono do tempo, o alheamento enquanto concentrado na atividade da leitura, e por isso sou muito grato). Mas fora essas qualidades, que ja eram de se esperar, não estou tendo uma conexão mais emocional com a obra; o que tbm era de se esperar pq talvez esta se daria, no caso dessa obra específica, com alguém que partilhasse das mesmas ideias do autor, o que óbvio que comigo, sendo cristão, não vai acontecer.
Mas enfim, é aquelas, impendentemente do que se diz, sempre a forma como se diz é a que se pode apreciar mais num obra de arte, e, como viram, tem dado para aproveitar bastante dela.
E ainda não sei o que ele vai fazer de Jesus, já que estou literalmente na metade, logo quando este retornou à cidade natal (btw, demorou a nascer o menino!). Mas por enquanto, com a vida totalmente humana, sem elo com Deus mais do que o estudo, parece que Saramago esta compondo um everyman, um homem comum.
Tenho lido bastante até, tem uns três dias de leitura por enquanto. To indo bem...
Mais nos capítulos seguintes.
Desde o início dá para perceber que, antes de ser uma reconstituição dos fatos bíblicos comentados por cima pelo narrador, é mais como se o mago tomasse total liberdade para tecer uma criação toda sua, com todos os toques fantásticos característicos ao autor que aqui acham casa certa, assim como a retórica sempre estimulante e os anacronismos absurdos sempre engraçados demais por ele tascá-los onde você menos os espera (um exemplo em anexo:
Mas daí que o inicio, fora as sempre presentes e bem-vindas digressões do autor, achei bem chatinho em termos de história mesmo. E não sei se foi intenção (por talvez recriar bem a magreza de desenvolvimento de personagens dos evangelhos em prol do simples relato da mensagem em si), mas pareceu que ele se refreou de dar camadas de humanidade aos personagens muito mais do que o necessário pra fazer o enredo andar, principalmente bem no começo em que jose e Maria pareçam estar ali apenas para se por em pauta questões de patriarcado (constantemente repisadas). E sempre me admira, como disse, a forma como ele arranja para com ironia dizer o que quer dizer, sua estética, a fluência da escrita que me faz ficar horas lendo sem perceber que o fiz (ele é um dos poucos que conseguem me dar esse completo abandono do tempo, o alheamento enquanto concentrado na atividade da leitura, e por isso sou muito grato). Mas fora essas qualidades, que ja eram de se esperar, não estou tendo uma conexão mais emocional com a obra; o que tbm era de se esperar pq talvez esta se daria, no caso dessa obra específica, com alguém que partilhasse das mesmas ideias do autor, o que óbvio que comigo, sendo cristão, não vai acontecer.
Mas enfim, é aquelas, impendentemente do que se diz, sempre a forma como se diz é a que se pode apreciar mais num obra de arte, e, como viram, tem dado para aproveitar bastante dela.
E ainda não sei o que ele vai fazer de Jesus, já que estou literalmente na metade, logo quando este retornou à cidade natal (btw, demorou a nascer o menino!). Mas por enquanto, com a vida totalmente humana, sem elo com Deus mais do que o estudo, parece que Saramago esta compondo um everyman, um homem comum.
Tenho lido bastante até, tem uns três dias de leitura por enquanto. To indo bem...
Mais nos capítulos seguintes.
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