Lucas_Deschain
Biblionauta
[align=justify]Ok, mas esse antes de eu dormir, me perdoem a vastidão:
Sim e não. A palavra natureza dá uma idéia de fechamento, de cerceamento e falência de quaisquer alternativas, como se as coisas já estivessem definidas e ponto final. Não é assim que gosto de pensar sobre a 'natureza humana'. Não sou aqueles otimistas que acham que tudo depende de nós, de nossa força de vontade, blá, blá, blá, auto-ajuda e papinho motivacional.
Qualquer coisa que é fruto da ação do homem, seja material ou intelectual, inevitavelmente será histórica, visto que está inscrita no tempo, foi feita em determinadas condições que não se repetem em seus mínimos detalhes. Assim como as condições históricas influenciam a forma como os homens agem, também os 'homens-agentes' são produto do meio onde se encontram, logo, nada é absolutamente universal. Isso pode soar bastante desanimador dependendo de como você encara certas coisas, mas, enfim, é o que penso e que cada vez tenho mais certeza.
Você está totalmente certa a respeito da 'alteridade', de como as coisas são constituídas relacionalmente, já que é na relação entre os sujeitos e com os objetos que se manifesta a subjetividade. As pessoas e as diferentes sociedades assumem determinadas feições por conta do solo histórico no qual se constituem, isso não é meramente uma decisão consciente, o homem não age exatamente na forma como quer, justamente porque constrói sua história em condições dadas, ele não escolhe tintim por tintim como será a sua vida, como agirão os outros ou se ele vai nascer mais ao norte ou mais ao sul, ele age dentro dessas coordenadas, tendo como escopo as condições materiais e subjetivas de sua existência, de modo que não exista uma natureza que seja universal ou universalmente aplicável. Existem modelos, tipos ideais e tudo o mais, mas todos eles são históricos, não existe um ensaio pré-vida em que se definem esses detalhes, vivemos neles constantemente.
Pois é, não dá para ser de outro jeito, afinal, partimos de algo externo a nossa vontade para nela se constituir. Quando eu disse natural, estava me referindo, por exemplo, ao natural tipo ter fome e morrer: não existe quem não vá morrer ou não sentir fome, porque faz parte de sua natureza, está inscrito biológica e fisiologicamente na sua constituição. Mas, por exemplo, o gosto por comida ou as reações a morte e a forma como lidamos com ela são historicamente construídas.
Não sei se me fiz entender. Qualquer coisa dá um toque aí.[/align]
Manu M. disse:Concordo com o que vc diz sobre personagem. Mas a parte em itálico... hmmm... é e não é, né? "não existe uma 'natureza' humana através da qual as pessoas podem viver". Hmmm... Será? Ai, minhas aulas de antropologia... Acho que existe sim. Por exemplo, é parte da natureza humana a necessidade de relacionamento, isso não é construção social, ao menos foi o que aprendi e mal observei até hoje. Aquela história toda de o "ser e o outro" e a entidade terceira que é o relacionamento - e, no caso, a sociedade. E uma coisa social e historicamente construída não deixa de ser natural, uai. É efeito colateral da simples existência humana. Bem, é o que penso até agora...
Sim e não. A palavra natureza dá uma idéia de fechamento, de cerceamento e falência de quaisquer alternativas, como se as coisas já estivessem definidas e ponto final. Não é assim que gosto de pensar sobre a 'natureza humana'. Não sou aqueles otimistas que acham que tudo depende de nós, de nossa força de vontade, blá, blá, blá, auto-ajuda e papinho motivacional.
Qualquer coisa que é fruto da ação do homem, seja material ou intelectual, inevitavelmente será histórica, visto que está inscrita no tempo, foi feita em determinadas condições que não se repetem em seus mínimos detalhes. Assim como as condições históricas influenciam a forma como os homens agem, também os 'homens-agentes' são produto do meio onde se encontram, logo, nada é absolutamente universal. Isso pode soar bastante desanimador dependendo de como você encara certas coisas, mas, enfim, é o que penso e que cada vez tenho mais certeza.
Você está totalmente certa a respeito da 'alteridade', de como as coisas são constituídas relacionalmente, já que é na relação entre os sujeitos e com os objetos que se manifesta a subjetividade. As pessoas e as diferentes sociedades assumem determinadas feições por conta do solo histórico no qual se constituem, isso não é meramente uma decisão consciente, o homem não age exatamente na forma como quer, justamente porque constrói sua história em condições dadas, ele não escolhe tintim por tintim como será a sua vida, como agirão os outros ou se ele vai nascer mais ao norte ou mais ao sul, ele age dentro dessas coordenadas, tendo como escopo as condições materiais e subjetivas de sua existência, de modo que não exista uma natureza que seja universal ou universalmente aplicável. Existem modelos, tipos ideais e tudo o mais, mas todos eles são históricos, não existe um ensaio pré-vida em que se definem esses detalhes, vivemos neles constantemente.
Manu M. disse:E uma coisa social e historicamente construída não deixa de ser natural, uai. É efeito colateral da simples existência humana. Bem, é o que penso até agora...
Pois é, não dá para ser de outro jeito, afinal, partimos de algo externo a nossa vontade para nela se constituir. Quando eu disse natural, estava me referindo, por exemplo, ao natural tipo ter fome e morrer: não existe quem não vá morrer ou não sentir fome, porque faz parte de sua natureza, está inscrito biológica e fisiologicamente na sua constituição. Mas, por exemplo, o gosto por comida ou as reações a morte e a forma como lidamos com ela são historicamente construídas.
Não sei se me fiz entender. Qualquer coisa dá um toque aí.[/align]