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O Diário de Bruce Wayne

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BATMAN (1939)[/b]

- Detective Comics 27 a 34 (Maio a Dezembro de 1939)

Histórias:

"The Case Of The Chemical Syndicate" - Escrita por Bill Finger e desenhada por Bob Kane
"Frenchy Blake's Jewel Gang" - Escrita por Bill Finger e desenhada por Bob Kane
"The Batman Meets Doctor Death" - Escrita por Gardner Fox e desenhada por Bob Kane
"The Return of Doctor Death" - Escrita por Gardner Fox e desenhada por Bob Kane, com artefinal de Bob Kane e Sheldon Moldoff
"Batman Vs The Vampire Part 1" - Escrita por Gardner Fox e desenhada por Bob Kane, com artefinal de Bob Kane e Sheldon Moldoff
"Batman Vs The Vampire Part 2" - Escrita por Gardner Fox e desenhada por Bob Kane, com artefinal de Bob Kane e Sheldon Moldoff
"The Batman Wars Against the Dirigible of Doom" - Escrita por Bill Finger e Gardner Fox, desenhada por Bob Kane, com artefinal de Bob Kane e Sheldon Moldoff
"Peril in Paris" - Escrita por Gardner Fox e desenhada por Bob Kane, com artefinal de Bob Kane e Sheldon Moldoff


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Em 1939, a editora National Publications colhia os frutos do sucesso que foi o lançamento de seu novo personagem, Superman, criado nas páginas da revista Action Comics um ano antes. Naquela época, com a recessão massacrando a economia americana, boas vendas eram mais que comemoradas e deviam, a todo custo, serem mantidas. Mas a editora não podia focar todos seus esforços em um único personagem. Precisava era abrir o leque, ampliar seu panteão de sucessos editoriais como aquele. A responsabilidade desta continuidade foi parar nas mãos do desenhita Bob Kane e do escritor Bill Finger. Juntos, começaram a desenvolver um personagem que, se não era lá tão super, iria entrar para a história da editora e dos quadrinhos americanos como um dos mais famosos personagens de todos os tempos: Batman.

Até hoje, quando se fala na criação do personagem, é o nome de Bob Kane que aparece de imediato. De fato, sua assinatura (que no início aparecia como R' Kane, abreviando Robert Kane) na obra ficou sempre mais em evidência do que a de Bill Finger. Houve até quem dissesse que o escritor pouco teve de participação na elaboração até mesmo das primeira histórias. Finger era, dessa forma, uma espécie de ghost-writer (escritor que não assinava suas obras) de Batman, deixando os créditos para seu colega. Mas isto não era exatamente uma política da editora, visto que Superman dava os devidos créditos a Jerry Siegel e Joe Shuster. Enfim, esse foi um desconforto que seguiu a dupla durante muito tempo.

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Batman surgiu nas páginas da revista Detective Comics. Diferente da temática utilizada em Action Comics, onde situações fantásticas eram apresentadas (como o personagem Superman, por exemplo), a Detective era mais "pé-no-chão" e, como o nome denota, apresentava histórias detetivescas no estilo suspense policial. O personagem apareceu (com destaque) no número 27 da revista, em Maio de 1939, com uma curta história entre as outras no mesmo estilo que eram publicadas em suas páginas.

Não havia ainda um elenco de personagens coadjuvantes como há hoje. Apenas conhecemos, logo de cara, o Comissário Gordon e seu amigo milionário Bruce Wayne. Havia, curiosamente, a presença de Julie Madson, noiva de Wayne que tinha pouco destaque e surgiu alguns meses depois, mas fazia o papel da mocinha que eternamente estava em perigo e precisava ser salva pelo herói. A hoje famosa e fictícia Gotham City não é citada. Batman atua em um grande centro urbano e isso é mostrado apenas visualmente. E, mesmo depois, quando os autores tentam situar o leitor de onde ocorrem suas aventuras, é Nova Iorque quem é citada (na verdade, Manhattan).

Nas primeiras histórias, o nome do personagem era escrito "Bat-Man", retirando o hífen alguns números depois. Um fato curioso é que, nas histórias, os vilões não conheciam o herói simplesmente chamando-o de Batman, mas de O Batman (com ênfase no "O"). Conforme o sucesso que o personagem adquiriu, o desenhista R'Kane começou a assinar como Bob Kane, forma como seria mais reconhecido. Sua origem é mostrada apenas na edição 33 (6 meses depois de seu surgimento), em um pequeno resumo onde vemos o pequeno Bruce Wayne sendo testemunha do assassinato de seus pais por parte de um simples ladrão. Traumatizado, o garoto promete dedicar sua vida a combater criminosos como aquele. Para causar pânico nos vilões que irá enfrentar, Wayne planeja criar uma espécie de uniforme, uma imagem, que os aterrorize. No momento que pensa sobre isso, um morcego entra em sua sala. Surge, então, a inspiração para seu visual.

Wayne faz o papel de curioso da história, dando a impressão que é a presença do leitor que está ali, testemunhando o surgimento de um novo mascarado combatente do crime. Batman aparece ajudando a polícia de forma secreta a sorrateira, sem que saibamos como ele consegue estar no lugar certo, na hora certa. Somente no último quadro é que nos é mostrado que Bruce Wayne, o folgado e xereta Bruce Wayne, é na verdade Batman. Uma história com clima de suspense perfeito para apenas 6 páginas de quadrinhos.

Nessa primeira fase, não havia a galeria de vilões exóticos que fariam a fama do personagem em anos posteriores. Isso não significa que tipinhos esquisitos aparecessem em suas histórias. De fato, os roteiros de Finger seguiam o padrão da revista, apresentando criminosos comuns ou cartéis criminosos que se organizavam na cidade. Quando Gardner Fox começou a auxiliar nos roteiros, vilões mais vistosos começaram a aparecer. Temos então o Doutor Morte, cientista que criava armas químicas para matar suas vítimas e ficou irremediavelmente deformado em uma história; a Horda Escarlate, um grupo de fanáticos que possuíam um dirigível armado com um raio destruidor (e, pasmem, logo em sua história matam MILHARES de inocentes para provarem seu poder) e eram liderados por um gordo excêntrico que se dizia a nova encarnação de Napoleão Bonaparte; o Conde de Orterre, que também seguia o padrão de cientista maluco com visual de Drácula, mas sem poderes sobrenaturais. Aliás, como podem notar, os vilões tinham sua excentricidade destacada, mas não superpoderes especificamente. A única excessão foi o vilão conhecido como O Monge, misterioso com seu capuz e manto vermelho cobrindo seu rosto e com inúmeros poderes sobrenaturais do tipo hipnose a nível vampiro e até mesmo a capacidade de se transformar (e transformar outros) em lobo, mostrando ser um líder-lobisomem e um líder-vampiro ao mesmo tempo.

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Apesar de alguns planos mirabolantes por parte dos vilões, típico dos lunáticos que querem conquistar o mundo ou seja lá o que queiram, certas situações chegavam as raias da ingenuidade. Doutor Morte, por exemplo, inteligentíssimo, manda um recado para atrair o herói... através de uma agência de correios. Absurdo? O Absurdo é que Batman (na verdade Bruce Wayne) ainda vai retirar a ameaça no correio e comparece na cilada!!!

Ao contrário do que se possa imaginar, o modo de agir de Batman nessa época não era algo tão ingênuo assim. Batman não era exatamente um justiceiro, um executor. Mas seu ódio pelos criminosos era algo gritante. Ele não matava, mas não vacilava em deixar morrer. Dava até a impressão de ser algo voltado a comédia, já que seus vilões encontravam o fim (ou algo pior) de forma trágica quase que acidentalmente. Na primeira história, quando um criminoso tenta atacar o herói, acaba se desequilibrando e caindo em uma tina de ácido. Batman acha tudo muito perfeito e merecido. O Doutor Morte acaba causando um incêndio em seu laboratório e, enquanto arde no meio das chamas, Batman apenas testemunha a agonia como quem diz "bem-feito". Detalhe: o vilão não morre, mas fica com o rosto totalmente desfigurado, mais parecendo uma caveira viva (dando até mais sentido a seu nome). Em outra situação: o herói troca de lugar com um dos capangas do vilão, vestindo a roupa dele e colocando o uniforme de Batman no coitado. Resultado? O capanga é fulminado por seus parceiros sem poder se explicar. Batman quer mais é que se dane! E na situação mais impressionante dessa fase: o herói sai pela janela do esconderijo do Doutor Morte. Um dos capangas cai na besteira de colocar a cara pra fora, para ver onde Batman foi parar (ou cair). Acontece que o herói estava munido com sua corda de seda (nem me perguntem) e consegue se salvar balançando por ela. No meio desse balanço, em uma cena que parece ser totalmente acidental, Batman acaba dando uma botinada na cabeça do capanga e... quebrando o pescoço dele, dando fim a sua vida. Quem mandou ficar no caminho de Batman. Ou melhor de O Batman!!! O herói também se dava mal em algumas ocasiões. A Detective Comics não era exatamente uma revista infantil quando se olha pra esse detalhe, pois o herói levava tiros e sangrava bastante para um supostamente inocente gibizinho.

Bruce Wayne é, além de milionário, uma mente brilhante, não só no que diz respeito a suas capacidades como detetive mas, também, como engenhoso cientista e inventor. Nessas primeiras histórias, não havia um assistente para lhe ajudar. Não havia Robin e sequer vemos a aparição do fiel mordomo Alfred. É espantoso, portanto, que ele, sozinho, tenh criado o uniforme perfeito para agir na noite, bem como parafernálias que surgiam a cada histórias. Para sair enfrentando vilões cada vez mais exóticos e capacitados, Batman precisa carregar um arsenal de materiais de emergência. Contrário ao uso de armas (já que seus pais foram assassinados por uma), a solução é carregar "mini-soluções" em cápsulas presas a seu recém-criado cinto de utilidades. Sua marca em criar objetos com o nome precedido por "bat" (bat-isso, bat-aquilo) é destacado mais ainda quando cria objetos com o formato estilizado de morcegos. Surgem assim o Batarangue, um bumerangue em formato de morcego e o Bat-Plano, na verdade um Bat-Cóptero, espécie de helicóptero com asas de avião que, por sua vez, tem formato estilizado parecidas com asas de morcego. Em histórias posteriores, esse transporte ganharia até mesmo um cabeça gigante de morcego em sua frente (lembrando que ainda não havia sido criado o famoso Batmóvel).

Pelo pouco tempo em que surgiu, as histórias de Batman mostravam uma novidade a cada aventura, evoluindo tanto o personagem quanto os elementos que fariam parte de sua mitologia, mostrando que a National Publications conseguiu novamente... um sucesso entre leitores que acompanhavam todo o suspense e aventura que havia nos quadrinhos daquele novo mascarado.

Matéria originalmente publicada no blog Âmago: www.quadrinhosdarkmarcos.blogspot.com
 

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