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O Deus das Pequenas Coisas (Arundhati Roy)

Gigio

Usuário
"O Deus das Pequenas Coisas" (The God of Small Things) é o único romance da indiana Arundhati Roy, publicado em 1997. O livro foi muito elogiado, desde o seu lançamento, e veio a receber o "Booker Prize", um dos principais prêmios literários ingleses.

A história se passa na região de Kerala, sudoeste da Índia, e envolve alguns acontecimentos cruciais na vida dos gêmeos Estha e Rahel, com consequências definitivas para todos os envolvidos - "as coisas podem mudar em apenas um dia" é um dos lemas que se impõe repetidamente sobre a vida dos personagens. Desde o princípio do livro, através de pequenas sugestões, percebe-se que algo terrível e grave aconteceu em algum momento. No entanto, apenas aos poucos vamos adquirindo compreensão da situação, através de uma narrativa que alterna relatos da infância dos gêmeos, e às vezes de um passado mais remoto, com o presente, em uma acumulação espiral de informações sobre todas as circunstâncias envolvidas.

Bem, até aí poderia não ser mais que um grande drama indiano. No entanto, o estilo da Roy é algo totalmente particular. A história é contada com tal sensibilidade e percepção dos fatos que todos os momentos são igualmente cativantes. Todos os acontecimentos, por mais acessórios que possam parecer, acabam se ajustando perfeitamente. O tom é levemente melancólico, até nos momentos engraçados, como alguém que pudesse rir dos seus infortúnios ou da fragilidade inerente das coisas. Um conjunto próprio de conceitos e expressões é elaborado ao longo do livro, a partir de situações vividas pelos personagens (como acontece normalmente conosco, palavras que vão adquirindo conotações especiais). E há também, só para lembrar mais um recurso, muita experimentação com o inglês, língua original do texto, como se ele fosse algo estranho, algo sujeito à curiosidade de que não o aprendeu como língua materna, como é caso de Estha, Rahel e, imagino, também de Roy.

E o livro também é interessante, claro, pela representação da Índia. A província de Kerala, como todas as partes desse país, é uma fusão de várias influências. Possui um grande número de católicos, de uma ramificação que se cogita tenha sido levada por São Tomé, ainda no séc. I. E é também a região em que houve maior penetração do comunismo.

O livro foi publicado no Brasil pela primeira vez em 1998, pela Companhia das Letras, em uma edição já esgotada, e mais recentemente foi relançado pela "Companhia de Bolso". Suponho que a tradução deve ter sido bem difícil, por aqueles elementos de reinvenção e estranhamento do inglês. Só dei uma olhada e vi que em alguns pontos críticos, alguns jogos de palavras, etc, o tradutor teve que se render a colocar o original entre colchetes.

Lucas_Deschain disse:
Confesso que já vi esse livro me encarando da estante da biblioteca da faculdade várias vezes, mas nunca havia pensado em dar um chance a ele. Obrigado pela dica Gigio, vou procurar emprestá-lo para ler, agora sob um novo prisma.
 

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