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O desafio final da literatura jovem

Ana Lovejoy

Administrador
Matéria que saiu na época no final de março, vale o clique porque lá tem uns infográficos:

Em 2010, Veronica Roth tinha 21 anos e cursava o último ano da faculdade de letras na Northwestern University, de Chicago, quando assinou um contrato milionário com a editora HarperCollins, para publicar e adaptar para o cinema um romance que ela ainda escrevia. “Foi chocante”, afirma Veronica. “Eu disse: ‘Vocês querem fazer isso com este livro?’. Mas vocês não sabem nem mesmo como ele vai terminar!” Nem precisava. O que Veronica produzira durante um curso de escrita criativa bastava para o agente literário encaminhar com confiança os originais – e obter a resposta imediata de um mercado sedento por produtos daquele tipo, que logo ganhariam um nicho de sucesso garantido, a literatura adulta jovem (Young Adult, ou YA), destinada ao público de faixa etária entre 15 e 25 anos. Tratava-se do primeiro volume inacabado de uma trilogia que tinha tudo para se tornar um megassucesso literário e cinematográfico: uma história ambientada no futuro sobre uma jovem, Beatrice “Tris” Prior, que se rebela contra uma sociedade controladora e hiperorganizada.

O primeiro romance, Divergente, forneceu o título à saga adolescente futurista e agourenta. Ele chegou às livrarias americanas em abril de 2011, com direito a uma enorme campanha promocional. Na semana de lançamento, o livro atingiu o sexto lugar da lista de livros mais vendidos do jornal The New York Times e se manteve nas primeiras posições por seis meses. Era o auge do sucesso de outras “sagas adultas jovens”, como Crepúsculo (2006-2008), de Stephenie Meyer, e Jogos vorazes (2008), de Suzanne Collins. Veronica foi então comparada às duas autoras que vendiam milhões de exemplares com seus romances seriados – e no caso de Stephenie atraía milhões de fãs ao cinema, com a adaptação da saga Crepúsculo, que estreara três anos antes, em 2008. Jogos vorazes chegou aos cinemas em 2012. Ambos foram sucessos de bilheteria.

Veronica seguiu as pegadas das colegas mais velhas. O segundo e o terceiro volumes deDivergente Insurgente e Convergente – viraram best-sellers nos Estados Unidos em 2012 e 2013, respectivamente. Boa parte do sucesso se deveu, segundo Veronica, às redes sociaise a centenas de blogs dedicados à saga espalhados pelo mundo – até no Brasil. A trilogia vendeu 10 milhões de exemplares nos Estados Unidos e foi lançada em 15 países. Os dois primeiros volumes atingiram 100 mil exemplares vendidos no Brasil. Agora, a saga estreia nos cinemas americanos, ao mesmo tempo que o último volume, Convergente (editora Rocco, 528 páginas, R$ 39,50, tradução de Lucas Petersen), sai em versão brasileira, com tiragem de 30 mil exemplares. O longa-metragem Divergente, dirigido por Neil Burger (de O ilusionista) e estrelado por Shailene Woodley (como Tris), está programado para entrar em cartaz no Brasil em 17 de abril.

O êxito da trilogia transformou Veronica em celebridade aos 25 anos. Ela nasceu em Nova York, cresceu em Hong Kong e na Alemanha e hoje mora em Chicago com o marido, o fotógrafo Nelson Fitch. Já não consegue andar pelas ruas. Sua presença é sempre notada, até porque é bonita e imponente com seu 1,82 metro de altura. Ela é a maior divulgadora da própria obra, pois mantém atualizados um blog, um Twitter e fan pages no Facebook. Ela prepara para julho um volume em e-book de contos em torno de Divergente, sob o ponto de vista do personagem Quatro, namorado de Tris. “No começo, achei difícil entregar minha obra para adaptação”, diz. “A partir do segundo volume, ela deixa de ser sua. Pertence ao leitor.”

O leitor se apossou facilmente do fenômeno. Para o estudante Claudio Silva do Carmo, de 16 anos, um dos responsáveis pelo blog e fã-clube Sagas Brasil, que abriga todos os tipos de séries de livros e filmes para jovens, o sucesso de Divergente se deve à base sólida dos fãs de fantasia, que começaram a gostar do gênero por causa da série Harry Potter, de J.K. Rowling. “Nosso objetivo é fugir do mundo real e nos transformarmos em mil mundos”, diz. “De bruxos, distópico ou qualquer outro onde possamos viver aventuras ou até mesmo nos emocionar.”

Divergente observa o modelo de estrelato iniciado com a série Harry Potter: a combinação de histórias seriadas, lançadas em vários volumes para alimentar a expectativa do público e, em seguida, repetir o ciclo no cinema, com direito a uma extensão e à participação das autoras como consultoras do filme. No caso de Harry Potter, os sete romances viraram oito filmes. Os leitores acostumados a acompanhar Potter logo abraçaram as sagas jovens. A tetralogiaCrepúsculo foi filmada em cinco longas-metragens. A trilogia Jogos vorazes chegará a quatro partes no final de 2015. O mesmo deverá ocorrer com Divergente, embora Veronica não confirme: “Mesmo que estejam fazendo esse tipo de plano, fico na posição de espera para ver no que vai dar”.

Quanto ao conteúdo, as sagas jovens também são regidas pela repetição e saturação (leia no quadro abaixo). Segundo João Luis Ceccantini, especialista em literatura infantil e juvenil da Universidade Estadual Paulista (Unesp), as sagas começam bem para cair na monotonia. “O primeiro livro é mais interessante, depois os outros ficam repetitivos”, afirma. “O autor tem uma boa ideia, mas a indústria cultural quer estender o material ao máximo. Ao transformar a literatura numa fórmula, a qualidade acaba diluída.” Para Ceccantini, acontecem repetições flagrantes de saga para saga. “Todas as histórias têm narrativas lineares, seguem uma linguagem muito direta e fazem uso do personagem adolescente arquetípico – com tom heroico, mas também características transgressoras.”

Esse tipo de trama busca envolver os adolescentes em desafios e dilemas típicos da idade: escolhas profissionais, iniciação sexual, atitudes a assumir diante da família e da vida nova na idade adulta. É diferente do romance juvenil às antigas, ingênuo e voltado para aventuras e lições rudimentares de moral. As sagas jovens abordam questões políticas e existenciais. É o caso de Tris Prior, de Divergente. Aos 16 anos, ela descobre num teste vocacional que não se enquadra em nenhuma das cinco facções em que a sociedade totalitária em que vive se divide: Abnegação, Amizade, Audácia, Erudição ou Franqueza. A divisão resultou de uma decisão governamental de eliminar a luta de classes. A única luta possível é das virtudes. Tris, como qualquer adolescente atual, se vê jogada ao mundo, tem de tomar decisões que marcarão sua vida, mesmo sem estar equipada para o desafio. Exatamente como Katniss Everdeen, deJogos vorazes. A semelhança não passa de uma coincidência, segundo Veronica, já que ela diz que pensou em sua história sem considerar a de Suzanne Collins. “Se querem comparar com Jogos vorazes, tanto melhor, porque é uma história incrível”, afirma Veronica. “Mas não acredito que o fenômeno se repetirá com Divergente, já que Jogos vorazes era algo inesperado.”
 
Última edição:
Fiquei pasma com a comparação entre ingressos vs. exemplares vendidos. o_O

E o que acho chato é isso mesmo que o especialista da Unesp falou: depois do primeiro livro, vai caindo na monotonia, mas acho que esses autores muito jovens não têm outra saída a não ser seguir as regras das editoras.
Imagina, com 25 anos já ser autora de best seller e as pessoas te conhecerem nas ruas de uma cidade grande. =/
 
não conheço ninguém que tenha lido e gostado de divergente. e falando dos meus conhecidos que curtem ya, não os que já leem esse tipo de livro esperando meter o pau. enfim, tenho um pé atrás sobre o livro e sobre o "sucesso" dele, de quanto não é mais pelo marketing do que por ser uma boa história e tal. por outro lado, é curiosa essa questão sobre a mesmice, porque até onde eu sei o fandom odiou o último livro porque

a autora matou a protagonista tris.

então o plot pode até ser mais do mesmo "uhh, distopia, uhhh heroína é badass, etc." mas pelo menos em termos de desenvolvimento acho que a história acaba indo para um lugar não muito explorado

o mais próximo disso é a prim morrendo em hunger games

não que isso fale qualquer coisa sobre a qualidade da obra, como eu disse antes, não conheço ninguém que tenha lido e diga que gostou, mas tenho um leve receio sobre essa coisa de jogar todos os YA no mesmo saco. do jeito que a matéria fala fica parecendo que YA são só essas trilogias distópicas ou sobrenaturais que saíram após crepúsculo, mesmo que citem as vantagens de ser invisível lá no fim. btw, as vantagens de ser invisível entra justamente no caso dos YA que não são mais do mesmo. pode ser por não ser uma trilogia (comentei tem uns dias por aqui e repito: tem livro que você percebe que claramente foi esticado além do tempo para dar conta desse formato), mas enfim, o que quero dizer é que se você saca lá a lista de mais vendidos, os quatro primeiros lugares são YA - só não se enquadram no modelo apresentado pela revista. tem a culpa é das estrelas saindo no cinema, e qualquer peido do john green tem vendido ultimamente. eleanor e park vai ganhar adaptação para o cinema também, e tenho visto cada vez mais gente lendo esse livro. então eu não acho que os YA estejam em um período de crise, é mais de renovação mesmo. sai o fantástico, entra de novo aquele pé na realidade (que era bem comum nos anos 90, década em que pipocou livro para adolescente com formato de diário).
 
Curioso: as três obras citadas na reportagem - Crepúsculo, Jogos Vorazes e Divergente - fazem uso frequente de imagens cristãs, seja na narrativa - a questão da Escolha e do Livre Arbítrio e suas consequências é bem flagrante - ou no desenvolvimento das personagens - todas três apresentam heroínas dispostas ao sacrifício por um bem maior, seja o Amor ou a Libertação de um Povo. Em um país como os Isteites, creio que isso atice ainda mais os leitores jovens que frequentam a Escola Dominical.
 
Curioso: as três obras citadas na reportagem - Crepúsculo, Jogos Vorazes e Divergente - fazem uso frequente de imagens cristãs, seja na narrativa - a questão da Escolha e do Livre Arbítrio e suas consequências é bem flagrante - ou no desenvolvimento das personagens - todas três apresentam heroínas dispostas ao sacrifício por um bem maior, seja o Amor ou a Libertação de um Povo. Em um país como os Isteites, creio que isso atice ainda mais os leitores jovens que frequentam a Escola Dominical.
Sem falar no incentivo a servir nas Forças Armadas.
 
Eu li Divergente e gostei. Li com as expectativas mais baixas possíveis, já esperando nem ter vontade de ler o segundo. Mas gostei, gostei da história, do desenvolvimento das personagens e de como tudo transcorre, não gostei da previsibilidade de tudo, ela dá dicas o tempo todo e você sabe o que vai acontecer uns três capítulos antes, mas mesmo assim, a forma que acontecem me surpreendeu.
Não gostei da necessidade da Tris descrever cada músculo e cada curva de cada pessoa apresentada, enche o saco, mas acho que isso é esperado nesse tipo de livro né. O primeiro livro me deu motivos suficientes pra querer ler o segundo, e o segundo, pra ler o terceiro, apesar de que eu acho que se enxugassem algumas coisas caberia a história toda em um só livro.
 
apesar de que eu acho que se enxugassem algumas coisas caberia a história toda em um só livro.

é a reclamação geral sobre as "sagas" de YA. que não tem nada ali que justifique três livros (e notem que normalmente o número de páginas aumenta do primeiro volume até o último, pegando o crepúsculo de exemplo, um breaking dawn dá dois twilights em tamanho). por outro lado é estranho, porque muitos dos que reclamam desse efeito "esticar mais do que devia", também são os que quando leem um livro redondinho, com começo meio e fim definidos em um único volume, pedem uma "continuação". e aí é a questão do mercado né: se vende, é publicado. se me perguntarem eu acho que um dos poucos casos de YA que se justifica a necessidade de mais de um volume é o do harry potter, porque a série foi planejada para acompanhar o crescimento da personagem.

mas de novo (considerando a reportagem da época): não acho que os livros YA estejam em crise. acho que esse formato trilogia-com-heroína-badass que está começando a cair. mas YA continua firme, só está tomando outros rumos.
 
Acho que tudo é um ciclo. Explode em algum momento, o mercado aproveita o máximo possível e depois explode outra coisa. Depois volta.
Podemos ver pelo próprio Senhor dos Anéis que foi ressucitado quando saiu nos cinemas e lembrou o mundo que fantasia medieval era legal...
Sei lá, vejo ciclos e aproveitamento de mercado.
O próprio Harry Potter tbm sofreu com isso, o final ficou meio assim quando a autora deu umas piradas depois de ter terminado o livro... o que não é legal... "a devia ter feito diferente"... não me agrada, não é algo que deva ser compartilhado. Fico muito confuso com tudo isso. Não consigo confiar na crítica quando rola tanta grana quanto nessas séries...
Não que não seja legal, mas sei lá... sinto que falta alguma coisa sabe?
Fazem livros YA, desenhos, séries, filmes, etc industrialmente. Sempre perde um pouco da arte nisso.
Mas sem esse sistema perde-se um punhado de outras coisas.. por isso fico confuso !! hahahahaha
 

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