Vela- o Rousoku
Sirius Black
Li recentemente, gostaria de compartilhar.
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O CREDO DA CIÊNCIA
Huberto Rohden
"Meu caro amigo. Recebi tuas felicitações - muito obrigado.
Atingi o "vértice da pirâmide" - dizes.
Enchi de mil conhecimentos o espírito - é verdade.
Cinge-me a fronte o laurel de doutor - sou acadêmico.
Entretanto não me iludo...
Quase todo o humano saber - é crer...
Nossa ciência - é fé.
Creio no testemunho dos historiadores - porque não presenciei o que referem.
Creio na palavra dos químicos e físicos - porque admito que não
se tenham enganado nem me queiram enganar.
Creio na autoridade dos matemáticos e astrônomos – porque não sei medir uma só das distâncias e trajetórias siderais.
Tenho de crer em quase todas as teses e hipóteses da ciência – porque ultrapassam os horizontes da minha capacidade de compreensão.
Creio até nas coisas mais cotidianas - na matéria e na força que me
circundam...
Creio em moléculas e átomos, em elétrons e prótons - que nunca vi...
Creio nas emanações do rádium e nas partículas do hélium – enigmas ultramicroscópicos.
Creio no magnetismo e na eletricidade – esses mistérios de cada dia.
Creio na gravitação dos corpos sidéreos – cuja natureza ignoro.
Creio no princípio vital da planta e do animal - que ninguém sabe
definir.
Creio na própria alma - esse mistério dentro do Eu.
Não te admires, meu amigo, de que eu, formado em ciências naturais, creia piamente em tudo isto...
Admira-te antes de que haja quem afirme só admitir o que compreende – depois de tantos atos de fé cotidiana.
O que me espanta é que homens que vivem de atos de crença descreiam de Deus – "por motivos científicos".
Homem! Tu, que não compreendes o artefato - pretendes compreender o
Artífice?
Que Deus seria esse que em tua inteligência coubesse?
Um mar que coubesse numa concha de molusco - ainda seria mar?
Um universo encerrado num dedal – que nome mereceria?
O Infinito circunscrito pelo finito - seria Infinito?
Convence-te, ó homem, desta verdade: só há duas categorias de seres que estão dispensados de crer: os da meia-noite - e os do meio-dia.
As trevas noturnas do irracional - e a luz meridiana da Divindade...
O insciente - e o onisciente...
Aquele por incapacidade absoluta - este por absoluta perfeição...
O que oscila entre a treva total do insciente e a luz integral do
onisciente - deve crer.
Deve crer, porque a fé se move nesse mundo crepuscular, eqüidistante do vácuo e da plenitude, da meia-noite e do meio-dia..."
___
Como eu geralmente digo, muitos cientistas são fanáticos tão cegos quanto certos fundamentalistas que derrubam prédios.
Há no mundo uma nova religião, que nem é tão nova: a dos fundamentalistas da crença do descrer.
Se descrê de algo, estará certo em defender sua opinião, mas digne-se a admitir ser questão de fé. Que não seja usado o já decadente nome da ciência como muleta de prata.
Há quem escute com as mãos nos ouvidos, e quem olhe com os olhos fechados. A quem caberá julgar se eles ouvem e vêem?
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O CREDO DA CIÊNCIA
Huberto Rohden
"Meu caro amigo. Recebi tuas felicitações - muito obrigado.
Atingi o "vértice da pirâmide" - dizes.
Enchi de mil conhecimentos o espírito - é verdade.
Cinge-me a fronte o laurel de doutor - sou acadêmico.
Entretanto não me iludo...
Quase todo o humano saber - é crer...
Nossa ciência - é fé.
Creio no testemunho dos historiadores - porque não presenciei o que referem.
Creio na palavra dos químicos e físicos - porque admito que não
se tenham enganado nem me queiram enganar.
Creio na autoridade dos matemáticos e astrônomos – porque não sei medir uma só das distâncias e trajetórias siderais.
Tenho de crer em quase todas as teses e hipóteses da ciência – porque ultrapassam os horizontes da minha capacidade de compreensão.
Creio até nas coisas mais cotidianas - na matéria e na força que me
circundam...
Creio em moléculas e átomos, em elétrons e prótons - que nunca vi...
Creio nas emanações do rádium e nas partículas do hélium – enigmas ultramicroscópicos.
Creio no magnetismo e na eletricidade – esses mistérios de cada dia.
Creio na gravitação dos corpos sidéreos – cuja natureza ignoro.
Creio no princípio vital da planta e do animal - que ninguém sabe
definir.
Creio na própria alma - esse mistério dentro do Eu.
Não te admires, meu amigo, de que eu, formado em ciências naturais, creia piamente em tudo isto...
Admira-te antes de que haja quem afirme só admitir o que compreende – depois de tantos atos de fé cotidiana.
O que me espanta é que homens que vivem de atos de crença descreiam de Deus – "por motivos científicos".
Homem! Tu, que não compreendes o artefato - pretendes compreender o
Artífice?
Que Deus seria esse que em tua inteligência coubesse?
Um mar que coubesse numa concha de molusco - ainda seria mar?
Um universo encerrado num dedal – que nome mereceria?
O Infinito circunscrito pelo finito - seria Infinito?
Convence-te, ó homem, desta verdade: só há duas categorias de seres que estão dispensados de crer: os da meia-noite - e os do meio-dia.
As trevas noturnas do irracional - e a luz meridiana da Divindade...
O insciente - e o onisciente...
Aquele por incapacidade absoluta - este por absoluta perfeição...
O que oscila entre a treva total do insciente e a luz integral do
onisciente - deve crer.
Deve crer, porque a fé se move nesse mundo crepuscular, eqüidistante do vácuo e da plenitude, da meia-noite e do meio-dia..."
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Como eu geralmente digo, muitos cientistas são fanáticos tão cegos quanto certos fundamentalistas que derrubam prédios.
Há no mundo uma nova religião, que nem é tão nova: a dos fundamentalistas da crença do descrer.
Se descrê de algo, estará certo em defender sua opinião, mas digne-se a admitir ser questão de fé. Que não seja usado o já decadente nome da ciência como muleta de prata.
Há quem escute com as mãos nos ouvidos, e quem olhe com os olhos fechados. A quem caberá julgar se eles ouvem e vêem?