Tisf
Delivery Boy
O Cheiro do Ralo
Direção: Heitor Dhalia
Eu vou colocar aqui o que eu escrevi sobre o filme no blog que eu escrevo com o Pips sobre o filme:
Há um cena, já quase no final de O Cheiro do Ralo, em que a personagem de Selton Mello, depois de conseguir aquilo que mais desejava, a deixa “na sala ao lado”, simplesmente para se ter por perto. Nada mais emblemático sobre a coisificação das pessoas, dando um valor à tudo aquilo que ele se interessava, e como dispunha de dinheiro, aquilo era como se ele tivesse poder sobre todas as coisas. Há um paralelo entre essas situações do filme e a teoria sobre o fetiche da mercadoria, feita por Marx, como uma espécie de atração passional pelo objeto de consumo na medida em que se atribui a ele propriedades que ultrapassam seu valor de uso.
Nenhum personagem do filme tem propriamente um nome (ou um que não se saiba), dando um sentido mais subjetivo aos propósitos do personagem central. Ele vê as coisas do seu ponto de vista, sem se preocupar muito com as pessoas que vai tomando contato, exceto quando algo o conecta à ela, uma característica bizarra, ou coisas sobre seu pai, por exemplo.
O Cheiro do Ralo nos traz questões que a princípio são extremamente dramáticas e sérias (a eterna busca por algo, sem saber muito bem o que é ou a sensação de prazer através do poder), mas que o roteiro cobre com uma camada de ironia e comédia. A brilhante atuação do Selton Mello é nessa linha, entre o neurótico, o sério, o desagradável, o cara que teve que se tornar frio para fazer o que fazia, o cara irônico, impagável. Em uma cena, pode-se rir e no segundo seguinte, ficar surpreso ou chocado com algo.
Outra situação que eu destacaria é com relação ao próprio ralo. Hilariante no princípio, onde a personagem tenta desesperadamente se livrar dele, mas que no fim é a própria conexão com o âmago da personagem, o prazer sujo, o cheiro fétido que se originava dela mesma, que a fazia lembrar da realidade após os devaneios de poder ao atender os clientes diariamente.
Não acho que o Cheiro do Ralo seja um filme fácil, mesmo fazendo concessões quando é preciso (com as cenas cômicas, por exemplo). Ele sabe dosar essas situações com momentos repulsivos, repugnantes, bizarros, ajudados por um elenco extremamente competente.
Enfim, eu gostei bastante do filme. Sei também que tem muita gente que não gostou dele aqui ("o ralo fede"), por isso achei interessante abrir tópico próprio pra ele!
Ah sim, a Tiazinha aparece no filme
Direção: Heitor Dhalia
Eu vou colocar aqui o que eu escrevi sobre o filme no blog que eu escrevo com o Pips sobre o filme:
Há um cena, já quase no final de O Cheiro do Ralo, em que a personagem de Selton Mello, depois de conseguir aquilo que mais desejava, a deixa “na sala ao lado”, simplesmente para se ter por perto. Nada mais emblemático sobre a coisificação das pessoas, dando um valor à tudo aquilo que ele se interessava, e como dispunha de dinheiro, aquilo era como se ele tivesse poder sobre todas as coisas. Há um paralelo entre essas situações do filme e a teoria sobre o fetiche da mercadoria, feita por Marx, como uma espécie de atração passional pelo objeto de consumo na medida em que se atribui a ele propriedades que ultrapassam seu valor de uso.
Nenhum personagem do filme tem propriamente um nome (ou um que não se saiba), dando um sentido mais subjetivo aos propósitos do personagem central. Ele vê as coisas do seu ponto de vista, sem se preocupar muito com as pessoas que vai tomando contato, exceto quando algo o conecta à ela, uma característica bizarra, ou coisas sobre seu pai, por exemplo.
O Cheiro do Ralo nos traz questões que a princípio são extremamente dramáticas e sérias (a eterna busca por algo, sem saber muito bem o que é ou a sensação de prazer através do poder), mas que o roteiro cobre com uma camada de ironia e comédia. A brilhante atuação do Selton Mello é nessa linha, entre o neurótico, o sério, o desagradável, o cara que teve que se tornar frio para fazer o que fazia, o cara irônico, impagável. Em uma cena, pode-se rir e no segundo seguinte, ficar surpreso ou chocado com algo.
Outra situação que eu destacaria é com relação ao próprio ralo. Hilariante no princípio, onde a personagem tenta desesperadamente se livrar dele, mas que no fim é a própria conexão com o âmago da personagem, o prazer sujo, o cheiro fétido que se originava dela mesma, que a fazia lembrar da realidade após os devaneios de poder ao atender os clientes diariamente.
Não acho que o Cheiro do Ralo seja um filme fácil, mesmo fazendo concessões quando é preciso (com as cenas cômicas, por exemplo). Ele sabe dosar essas situações com momentos repulsivos, repugnantes, bizarros, ajudados por um elenco extremamente competente.
Enfim, eu gostei bastante do filme. Sei também que tem muita gente que não gostou dele aqui ("o ralo fede"), por isso achei interessante abrir tópico próprio pra ele!
Ah sim, a Tiazinha aparece no filme