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O anjo da morte

JLM

mata o branquelo detta walker
[size=x-large]O ANJO DA MORTE[/size]
de Jefferson Luiz Maleski


Era o primeiro dia na nova classe após a transferência de outra faculdade. Entrou na sala de aula cujo número estava anotado em um pedaço de papel. Sentia-se meio perdido, pois todos pareciam enturmados e com muitos assuntos para colocar em dia.

Percebeu alguns olhares curiosos e cochichos “Quem será ele?” e “Será aluno do matutino?”, nada mais. Apesar da população da sala ir aumentando, com colegas cientes de quais carteiras ocupar, ninguém puxou conversa além duns cumprimentos monossilábicos e desinteressados.

O sinal tocou. Involuntariamente, o fluxo de pessoas atingiu o ápice final e logo depois o professor entrou com aquele sorriso que só os que vêm de um longo período de férias conseguem ostentar. Após uma breve apresentação pessoal e curricular, passou a explicar a grade semestral da matéria.

O novato acompanhava razoavelmente as orientações do mestre, até a hora em que ela entrou. A partir daí não viu mais nada além dela. Não viu que somente ele parou de anotar, de ouvir, de respirar, até de pensar para ficar observando aquela cena divinal que se passava à sua frente. Era para presenciar aquele espetáculo da natureza que ele nascera. A partir daquele momento a sua existência faria sentido. Ao entrar na sala, atrasada, a moça pediu licença e cautelosamente fechou a porta. Um macio "com licença" que ficou ecoando em sua mente ad infinitum, pedindo permissão para também ali entrar, porém nem precisava. Os seus cabelos, os olhos, a boca, as curvas, enfim, tudo nela parecia hipnotizá-lo. Ele poderia assistir a trajetória dela em câmera lenta eternamente, até gastar o rewind da memória, mas como toda trajetória tem um início e um fim, a trajetória da Afrodite terminou na carteira vazia ao lado dele.

Envergonhado pela cara de bobo, fugiu o olhar para baixo, para o caderno sobre a carteira, para a caneta imóvel em sua mão suada, entretanto não conseguiu enxergar nenhuma frase nem pensar em palavra alguma. Só conseguia escutar a ensurdecedora escola de samba que virou o seu coração. O ar tornou-se rarefeito e a ventilação inútil. Como não conseguia ficar sem olhar para a musa ao seu lado, arriscou algumas olhadelas. Em uma destas, a flecha acertou o alvo, ele encontrou os olhos dela fitando-o, todavia ele não se sentiu no papel de flecha. Mais ainda quando ela devolveu-lhe um leve sorriso e voltou a atenção para o quadro-negro. Que fosse um sorriso ordinário de mera boa educação, ou de precaução para com um estranho sentado ao lado que insistia em dar olhadelas, isto não o importava mais, aquele sorriso era seu, fora direcionado para ele e seria a partir de então o seu argumento máximo de que Deus existia. Aquele sorriso seria seu estigma. Significava uma janela aberta para um horizonte de possibilidades.

Entretanto, os seus devaneios foram interrompidos por uma voz alta que vinha da porta, onde um homem parado dizia:

Tem algum Marcolino Ferreira aqui?

Sim, sou eu, respondeu em uma reação automática, e sentiu o rosto corar ao perceber que agora era observado por toda a classe, inclusive por ela.

Marcolino, pegue o seu material e me acompanhe, houve um erro na secretaria, a sua turma não é esta, decretou o fulminante Anjo da Morte, enquanto Marcolino se levantava lentamente sentindo-se expulso do Paraíso, sem ao menos ter provado do fruto proibido.
 
Coitado do Marcolino! :rofl:
Pelo menos ele ainda tem os intervalos...

O título engana um pouquinho, hehe. Eu não imaginei que seria uma estória que se passa em ambiente escolar.
 
Clover disse:
O título engana um pouquinho, hehe. Eu não imaginei que seria uma estória que se passa em ambiente escolar.

Foi proposital, heheheh. Q me perdoem os fãs de fantasia, mas pra mim um dos papéis do título é o de marqueteiro, não acha?
 
Cara, você escreve realmente muito bem.
Seu texto me prendeu e tem frases que são arrasa quarteirão.
Fico feliz de saber que tem mais coisas para ler sua.
 
Muito bom mesmo Jefferson! Se sabe que desde que eu começei a ler o teu escrito, já me veio na cabeça: "quem será o Anjo da Morte?". Aí você descreve os sentidos do Marcolino com relação ao seu primeiro dia, fala da bela moça que entra na sala, e eu caminhando pro final já, e ainda com aquela pergunta na cabeça: "mas quem raio é o Anjo da Morte?". Estava até começando achar que o cara iria chegar nela e tals, quando de repente surgi a criatura naquele Paraíso, me pegando de surpresa, claro, foi de propósito né?! Só o que eu sei, é que sou bem ancioso quando se trata dessas coisas, mas enfim, gostei muito mesmo, tá de parabéns! Tu escreve bem pra cacete!
 
Muito bom Jefferson!
O legal foi que eu comecei a ler esperando uma história de terror e passei o texto todo imaginando pq diabos ele se chamava O Anjo da Morte XD É uma maneira interessante de se criar suspense no leitor.
O conto todo está muito bem escrito. Parabéns!
 
Obrigado pelos elogios, pessoal.

Só peço para que leiam os meus contos maiorzinhos, q acredito serem melhores, mas q apesar de postados aqui, tiveram poucos leitores. Será q o povo se assusta diante de escritos longos?

Olhem lá hein. Lembrem-se, hj sou eu pedindo para lerem um conto grande, amanhã pode ser vocês! (chantagem barata tb vale!)
 
Olá...
Gostei muito, que banho de água fria no Marcolino, hein?!? Quem nunca passou por isso?...
O titulo me enganou. Você escreve bem mesmo, tem um bom acervo de idéias...

TKS
 
poizé, vail.

mas uma coisa interessante q percebi em alguns leitores é q alguns se sentiram não no papel do marcolino, mas da garota.

pra vc ver como é doido esse negócio de escrita: cada um veste a carapuça do personagem com quem + se identificou.
 
Eu caí igual um patinho nessa de "Anjo da Morte", viu!:rofl:

Coitado do Marcolino, já estava torcendo pra ele ficar com a gata das gatas... Não deu.:timido:
 

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