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O aberto: o homem e o animal (Giorgio Agamben)

  • Criador do tópico Calib
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Calib

Visitante
Por recomendação da @Ana Lovejoy , transformei o meu post num tópico porque quase não criei tópicos em dois anos de fórum porque talvez alguém tenha mais a contribuir para a discussão deste livro, ou whatever.

agamben.jpg
Referência:
AGAMBEN, Giorgio. O aberto: o homem e o animal. Tradução: Pedro Mendes; revisão técnica: Joel Birman. 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. 157 p.



Depois de ter postado um texto do Merquior metendo o pau nos estruturalistas, e para não dizerem que eu só concordava com ele por desconhecimento de causa, catei na biblioteca esse livro aí do Agamben para ler entre uma aula e outra, em que eu teria um intervalo grande.

Estava indo bem até quase a metade, bem interessante enquanto ele analisava umas ilustrações do século XIII e patati patatá e questionava o fim da história hegeliano e se perguntava sobre como seria o homem ressuscitado no paraíso (se manteria suas funções orgânicas intactas ou não, e se mantivesse o paraíso acabaria no longo prazo ficando cheio de merda, daí veio aquela citação que pus no Facebook: "maledicta Paradisus in qua tantum cacatur"), etc. e tal. Ia bem, eu digo. De verdade. Até que ele começou a falar de Heidegger...

E pra mim ficou claro como o dia o que o Merquior quis dizer quando acusou a filosofia heideggeriana de ser uma filosofia "com grande luxo de trocadilhos etimológicos tão solenes quanto ridículos". Porque assim é. Isso explica a minha frustração que confessei lá noutro tópico:

Hoje eu aprendi que o Heidegger é um pé no saco. Ele não consegue formular um conceito sem ter de criar uma palavra xarope? Em três páginas sobre ele, quase dormi. E era digno de se perguntar, lendo os excertos traduzidos: isto é português? Porque se fosse grego eu compreendia melhor.

Vou dizer, hein: eram bem mais interessantes as citações do zoólogo Uexküll do que as do filósofo Heidegger. :osigh:
 
Última edição por um moderador:
Li do Agamben aquele ensaio O que é o contemporâneo, excelente! As reflexões que ele faz são de botar boas caraminholas na nossa cabeça, pois ele pensa o contemporâneo como o mais arcaico possível: isto é, o mais próximo da origem. Daí, ele desenvolve a ideia de que o contemporâneo não só enxerga a luz de seu tempo, mas tbm a escuridão, no que o Agamben traz a noção do espaço interestelar. O céu que vemos à noite é uma foto, digamos assim, de milhares de anos atrás: aquele lance de que a luz precisa viajar anos e anos até nos alcançar. Segundo esse raciocínio, o contemporâneo, próximo da origem, tem que saber enxergar essas trevas como uma espécie de promessa de luz, pois ela está vindo até nós.

Tem outras coisas tbm no ensaio. Ele é pequeno, recomendo a leitura. Mencionei ele pois achei interessante o título desse livro... O Agamben fala muito de fendas, estruturas em aberto, de algo que ainda não nos alcançou.

Li tbm aquele livro dele sobre o depoimento, mas confesso que achei fraco. O Agamben tem muita coisa de hermenêutica bíblica, né? E o doido é que ele mistura isso com estudos sobre estado de exceção e tal.

Sobre o Heidegger... É. Heidegger é osso mesmo. Não me lembro onde parei nO Ser e o Tempo, o que é uma catástrofe, pois vou ter que começar tudo de novo. Mas o Heidegger é danado de importante... Se ele precisar de um voto nesse sentido, pra mim é o maior filósofo do século XX. Esse lance dos jogos de palavras tem raiz na importância dada pelo Heidegger à linguagem, de modo que ele buscava as origens das palavras para prosseguir sua pesquisa sobre os fundamentos do Ser etc etc.
 
Esse lance dos jogos de palavras tem raiz na importância dada pelo Heidegger à linguagem, de modo que ele buscava as origens das palavras para prosseguir sua pesquisa sobre os fundamentos do Ser etc etc.

Nem me fale. Agora tudo é filosofia da linguagem! :lol: Mas isso é interessante mesmo porque vai mostrando as inúmeras possibilidades da formação linguística em paralelo e em consonância com o momento histórico. Pode ser que em algum momento você se pegue se perguntando qual o limite disso, mas precisamos ver qual o efeito e impacto e resultado de/para as ramificações etimológicas e semânticas. Haja paciência, claro, mas creio que vale a pena.
 
Vixe, nem fala! Até no Direito tá tendo... (O que é até uma coisa legal, pois caiu como uma bomba.) Mas tenho uma dificuldade em ver um respaldo prático desse tipo de ideia... Fico até com a sensação de que é dizer a mesma coisa de sempre de jeito difícil. Claro que aí já não acho que seja o problema de gente como o Heidegger ou Gadamer; talvez o que esteja pegando seja na hora de acoplar essas ideias na prática, se é que o objetivo final seja esse (digo assim: talvez o objetivo seja mudar nossa concepção de mundo para, aí sim, mudarmos o mundo).
 

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