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Nossas Apostas para o Nobel 2011 – Parte I

comecei hj o indignação do Roth, estou bem no início, não sei nada muito bem ainda... mas me atraiu bastante o tema:sim:
 
É um bom livro, mas subdesenvolvido. Não vou comentar mais nada pra evitar spoilers. Mas a leitura é extremamente agradável até certo ponto.
 
Deixa eu perguntar uma coisa?
Em relação ao autor, que características ele precisa ter pra ser indicável ao Nobel? Vi alguem dizer que a academia tem diretrizes pra isso, mas é explícito ou só um comportamento padrão que vcs observaram ao longo do tempo?
 
realmente Ngũgĩ wa Thiong'o tá faz uma data na lista...
hummm.... a Somália morrendo de fome não rende um nobel, Luciano?
(o nobel é algo perverso...)

Acho que não, ein. Parece que tem de ser algo agudo, e a fome lá é crônica. Esse tipo de coisa eles deixam para o Nobel da Paz, ou mesmo da Economia.

Deixa eu perguntar uma coisa?
Em relação ao autor, que características ele precisa ter pra ser indicável ao Nobel? Vi alguem dizer que a academia tem diretrizes pra isso, mas é explícito ou só um comportamento padrão que vcs observaram ao longo do tempo?

Eles até tem lá suas diretrizes, mas não são muito claras: de acordo com o testamento do Nobel o prêmio de literatura deve ser dado ao autor vivo (ou, se morrer, que seja depois de decidido o prêmio) que 'trouxer o maior benefício para a humanidade' 'em uma direção ideal'. Obviamente a Academia não consegue manter a mesma opinião por muito tempo sobre o que é melhor, e qual a direção a ser tomada...
Mas, nas apostas, é pelos padrões e por especulações. E dá pra tentar identificar uma ou outra dica sutil no blog do Peter Englund, secretário permanente da Academia Sueca.
 
Deixa eu perguntar uma coisa?
Em relação ao autor, que características ele precisa ter pra ser indicável ao Nobel? Vi alguem dizer que a academia tem diretrizes pra isso, mas é explícito ou só um comportamento padrão que vcs observaram ao longo do tempo?

A diretriz é explícita no que tange ao testamento que o Nobel deixou, mas dentro disso há uma margem de comportamento que vai se modificando ao longo dos anos. Essa "diretriz secundária" não é explícita, e é essa que tentamos entender em nossos textos
 
é verdade, não? mas faz um tempo que um africano não leva um... ainda mais se vc considerar um escritor que não seja filho ou neto de colonizadores...

É verdade... Acho que africano, negro e mulçulmano soa bem esse ano. Mas não consigo me lembrar de nenhum que preencha todos os requisitos, no momento.
 
Uhull, cara, essa discussão é da boa mesmo. Vou começar a acompanhar aquela do WorldLiteraturaForum também, que está massa e, pelo que vi nas primeiras páginas, não está tão distante da nossa, né? Eco, McCarthy, Jelloun, Murakami e outros estão sendo cotados, pensados, pesados, discutidos e tudo mais tanto aqui quanto lá.

Será que rola Estados Unidos? O Tiago e o Luciano disseram que não, mas as crises pelas quais o país tem passado, os solavancos econômicos e os problemas que vem no caudal das especulações financeiras e falcatruas monetárias não tem lá seu quinhão de 'reserva de injustiça' que desperta exatamente a galhardia buscada pelo Nobel? Estou colocando aqui em termos mais 'poéticos e gerais' mas, embora também ache difícil ser um norte-americano, será que a 'dívida' de 18 anos (que os caras do WLF comentam) não será 'quitada' esse ano? Franzen tá na lista, Liberdade, apesar de todas as críticas e negatividade com que várias resenhas lhe tem reservado ultimamente, está expandindo os domínios da literatura e buscando, apesar dos percalços, fazer a 'alta literatura' alçar novos vôos. Quem sabe a Academia nos surpreenda...(nota mental: ler Cormac McCarthy ASAP)

Amós Oz tem chance e está cotado na lista, isso me deixa uma curiosidade: teve alguém dos galardoados que lidou de maneira intensa com os conflitos de Israel e Palestina?

Kundera ainda tá vivo, será que a justiça nobelesca não vai levar a Academia a premiá-lo?
 
Eu prefiro ignorar a coisa da justiça noblesca. O que faz com que eu desconsidere as chances de Kundera, Oz, Murakami...

E já teve um escritor laureado que falou sobre a questão Israel/Palestina: Shmuel Yosef Agnon. Tudo bem que no tempo dele (ele recebeu o prêmio em 1966) a coisa ainda não tinha ficado tão tensa- já era ruim, mas foi depois de 1967 que o quadro de hoje começou a se formar. Mas ainda assim, ele falou sobre os primeiros conflitos diretos entre os colonizadores de Israel e os Palestinos, além dos conflitos culturais e filosóficos entre o indivíduo oriundo do shtetl e o estilo de vida do kibutz.

E apesar de toda a coisa que levaria os EUA a serem cotados, tem uma coisa que falta: a literatura. Sim, Roth é do caralho, McCarthy também. Mas, literariamente, eles estão ilhados do resto da literatura contemporânea. Tanto que o Franzen, que surge tão grandioso, só o é nos EUA: nem aqui ele foi grande coisa - e, culturalmente, estamos mais próximos dos EUA do que a Suécia.
 
Não consigo entender esse negócio de estarem ilhados da literatura contemporânea. Tem a ver com o fato de eles não serem muito fãs de traduzirem livros para o inglês ou sobre como eles costumam ficar mais 'presos' ao que é dito lá do que estarem mais em contato com o que é feito no resto do mundo? Se for essa coisa do contato, o que diferencia um escritor de literatura norte-americano de um europeu?

Fiquei empolgado com o 1Q84 do Murakami (que está se anunciando como algo épico. Ah, essas intermedições, né Tiago? hehe), estava dando uma olhada e me parece que vem coisa boa por aí. Sério, quando a gente começa a olhar a quantidade de autores que nem conhece nem que nunca ouviu sequer falar, como eles tem livros celebrados, gente se digladiando para defendê-los ou criticá-los, a gente vê que deveria ler mais literatura contemporânea, ter mais acesso a traduções, ter mais tempo para compreender a dinâmica da literatura atual etc. Muito massa!

E é impressão minha ou o que? Desde que me aprocheguei no Meia Palavra que venho dedicando parte quase-majoritária a 'coisas' relacionadas a literatura e, consequentemente, ao que vem sido escrito contemporaneamente, no nosso tempo mesmo (lembro novamente que foi justamente esse post de 'Apostas para o Nobel' que me trouxe ao fórum, através do blog); e isso me levou a ver que apesar dos vaticínios inocentes de esgotamente da literatura e adjacentes, a coisa está fervilhando, pululando bem diante de nossos olhos e além da nossa capacidade de apreensão. 'Sempre' foi assim (e eu só me dei conta agora que estou mergulhando cada vez mais nesse 'universo') ou estamos vivendo um período sui generis muito intenso para a literatura?
 
a literatura norte-americana é ilhada porque é demasiado centrada na própria decadência, de uma maneira um pouco egocentrica...
Franzen não é isso? Mesmo o Roth e McCarthy tbm são, mas ao menos arriscam mais, inclusive com relação ao modo de apresentação desses problemas...
Percebam como sempre tem um homem velho, meio decadente, com os valores americanos um tanto perdidos, atônito com a perda do cosmopolitismo nova-iorquino (Paul Auster entra bem aqui tbm).

Esses são melhores (Roth e McCarthy) pq nas piores versões disso parece existir uma certa preguiça de experimentar algo, arriscar inclusive "formalmente"... vem com tons de constatação.... como o último DeLillo...

nesse ponto há um mundo de escritores bem mais interessantes, bem menos concentrado em problemas da vizinhança...

acho que tem gente que vai ficar um pouco ofendida, mas no que há de melhor e pior na literatura dos EUA hoje, esse é um ponto a ser ressaltado...
 
no caso seria sempre uma discussão do american way, o que em teoria vai contra o que o luciano falou de trazer maior benefício para a humanidade, é isso?
mas uma pergunta: não se leva em consideração a qualidade da obra no nobel de literatura? é mais o quanto ela representa determinado momento político-social-histórico-whatever de um determinado grupo?
 
Na verdade, acho que é mais fácil que isso: alguns desses autores apresentam os problemas globais somente na medida que isso afeta a vidinha americana... há muita nostagia dos anos 1990, quando os estados unidos era um modelo desejado por muitos e quando era mais fácil ver sua faceta mais positiva já que a economia ia bem e nem sempre se via o custo por trás disso... (ou ela era muito bem mascarada, com Bush pai)

Nós já escrevemos muito sobre isso. Claro que a qualidade conta (muito desses escritores são muito bons), mas dentro disso há um outro fator que é a relevância política para o momento...

Acho isso absolutamente honesto... Muito mais do que apontar "O melhor", sem que o critério seja explicitado... Essa história de apartar uma coisa da outra é só um modo um pouco confortável de ver as coisas...

Seria interessante alguém que conseguisse apontar algum escritor nos últimos 2000 anos que tivesse apartado uma coisa da outra...
 
eu confesso que não gostava muito disso, mas vá lá, concordo que realmente é complicado manter um prêmio puramente na questão da qualidade, no que seria "o melhor". o melhor para quem? baseado no que? essa relevância política da obra acaba ajudando a definir um parâmetro um pouco menos subjetivo, e talvez até mesmo encontrar um diferencial entre tantos escritores que são realmente bons.

mas eu não acho que o mccarthy se concentre só nos estados unidos. o que ele faz com the road, por exemplo, é um exercício de reflexão sobre aquela linha tênue entre o que nos diferencia dos animais. é a humanidade que ele critica ali, não a sociedade americana. algo parecido com o que o saramago fez em o ensaio sobre a cegueira. mas aí entra a questão que eu nunca entendi muito bem sobre o nobel: o autor é premiado por um livro ou é conjunto da obra?
 
Anica, o Nobel é o conjunto da obra, mas eventualmente um livro pode ser a chave para a premiação de um autor, como foi com "Os Buddenbrook", do Thomas Mann, em 1929. Qualidade artística é importante, mas a escolha é envolve tb outras questões. A Academia adora uma política. Alguns ótimos escritores do século XX eram grandes estilistas, mas jamais levaram o prêmio (Borges e Nabokov, por exemplo).

Sobre o Franzen, ele é o "bom moço" americano, um escritor que surgiu com as obras certas no momento certo. Mas é isso, um bom americano para os americanos. A insular literatura dos EUA também não aposta em traduções como deveria, é completamente auto-centrada e isso os isola da Europa e do resto do mundo.
 
E é impressão minha ou o que? Desde que me aprocheguei no Meia Palavra que venho dedicando parte quase-majoritária a 'coisas' relacionadas a literatura e, consequentemente, ao que vem sido escrito contemporaneamente, no nosso tempo mesmo (lembro novamente que foi justamente esse post de 'Apostas para o Nobel' que me trouxe ao fórum, através do blog); e isso me levou a ver que apesar dos vaticínios inocentes de esgotamente da literatura e adjacentes, a coisa está fervilhando, pululando bem diante de nossos olhos e além da nossa capacidade de apreensão. 'Sempre' foi assim (e eu só me dei conta agora que estou mergulhando cada vez mais nesse 'universo') ou estamos vivendo um período sui generis muito intenso para a literatura?

Nem sempre foi assim, a literatura já rendeu bem mais. Existe uma quantidade enorme de bons escritores, e surgem mais a cada momento. Claro, isso é superado pela quantidade de maus escritores, mas é a ordem natural das cosias. Quando se fala em esgotamento da literatura ou qualquer coisa parecida, não sei se a questão é justamente a produção, mas os temas da produção e, pior ainda, a recepção. Eu não consigo pensar em muitos temas diferentes uns dos outros que eu tenha vista na literatura contemporânea: incomunicabilidade, decadência, opressão disfarçada, falta de perspectiva... e? Certo, são temas grandiosos e que abarcam muita coisa, mas ainda assim é pouco - se compararmos com outros tempos. Mas a grande questão é que, sinceramente, é praticamente impossível escrever a respeito de outras coisas hoje. Por outro lado, o leitor também está em decadência: televisão e outras coisas, mais 'rápidas' distraem as pessoas mais do que livros ou teatro.
Tudo isso, porém, é sintoma - e não o problema em si.
Entra aqui também, o problema dos americanos. Poucos perceberam que os modelos que existiam até 20 anos atrás (que, por sua vez, são herdados, com algumas mudanças, de muito antes) não servem mais. E, mesmo os que perceberam, parecem não ter muita certeza do que fazer - os bons escritores americanos parecem, agora, estar chegando ao que Beckett fez, e não vão receber o Nobel por isso.
 
Mas nesse esquema de pensamento, tu consegue ver alguma espécie de 'solução' ou um caminho a ser seguido? Ou estamos fadados às perspectivas de falta de perspectiva pós-modernistas? hehe

Não sei, acho que penso um pouco diferente de você Luciano, mas isso pode ser parte do fato de que eu não tenho tantas leituras quanto você e nem tanta estrada de leitura como você, o Tiago e a Anica, por exemplo. Quando eu olho para a forma como a dinâmica da literatura anda hoje em dia, eu vejo que há muito hype a guiando. Parece que escrever para se tornar famoso ou para assegurar uma grana tem norteado vários autores mais do que em outras épocas (embora eu não saiba se isso procede ou se há algum modo de provar que isso está ou não certo). Isso se assemelha aquele papo que o DFW mandou dizendo que os escritores estão se tornando 'celebridades baratas'.

Ao mesmo tempo, essa perspectiva de inovar, inovar, inovar tem acabrunhado novos escritores, fazendo-os ser massacrados antes de poderem se tornar grandes autores. OK, estou exagerando um pouco, mas isso não deixa de ser verdade em alguma medida. Não vou defender o Franzen aqui porque só li 'Liberdade', mas estão massacrando ele porque ele não escreveu algo revolucionário. Parece que não se aceita nada menos que isso...não me entendam mal, estou fazendo aqui o papel de 'advogado do diabo' só para termos um contraponto. Assim como vocês estou esperando o novo 'Ulisses' (embora eu não tenha lido nem o velho ainda, hehe), mas acho que às vezes temos que refletir sobre os parâmetros que estamos usando para analisar as coisas.

Entenderam ou já estão me odiando? XD
 
Mas nesse esquema de pensamento, tu consegue ver alguma espécie de 'solução' ou um caminho a ser seguido? Ou estamos fadados às perspectivas de falta de perspectiva pós-modernistas? hehe

Não sei, acho que penso um pouco diferente de você Luciano, mas isso pode ser parte do fato de que eu não tenho tantas leituras quanto você e nem tanta estrada de leitura como você, o Tiago e a Anica, por exemplo. Quando eu olho para a forma como a dinâmica da literatura anda hoje em dia, eu vejo que há muito hype a guiando. Parece que escrever para se tornar famoso ou para assegurar uma grana tem norteado vários autores mais do que em outras épocas (embora eu não saiba se isso procede ou se há algum modo de provar que isso está ou não certo). Isso se assemelha aquele papo que o DFW mandou dizendo que os escritores estão se tornando 'celebridades baratas'.

Ao mesmo tempo, essa perspectiva de inovar, inovar, inovar tem acabrunhado novos escritores, fazendo-os ser massacrados antes de poderem se tornar grandes autores. OK, estou exagerando um pouco, mas isso não deixa de ser verdade em alguma medida. Não vou defender o Franzen aqui porque só li 'Liberdade', mas estão massacrando ele porque ele não escreveu algo revolucionário. Parece que não se aceita nada menos que isso...não me entendam mal, estou fazendo aqui o papel de 'advogado do diabo' só para termos um contraponto. Assim como vocês estou esperando o novo 'Ulisses' (embora eu não tenha lido nem o velho ainda, hehe), mas acho que às vezes temos que refletir sobre os parâmetros que estamos usando para analisar as coisas.

Entenderam ou já estão me odiando? XD

se não tem algo de revolucionário, o que diferencia um livro de outras obras? a literatura precisa dessa "revolução" para vencer o teste do tempo, acho. o harold bloom usa um termo que eu gosto para isso, que é "agitar as águas" da literatura. se o sujeito não move essas águas, como ele atrai a atenção para si entre outros tantos, incluindo aí os que movem a água? até porque sem os revolucionários nada de novo seria feito, e literatura seria apenas contação de história.

edit: em tempo, não li liberdade nem nada, mas as vezes acho que se procura a tal da "revolução" no lugar errado. você falou em novo james joyce e aí dá a sensação de que a revolução tem qualquer relação com um livro hermético que alopre na linguagem, quando não é só isso que pode ser inovado. há livros que são claramente um desenvolvimento de personagem, que o forte dele (e o que faz com que seja lembrado anos após anos) seja o desenvolvimento da personagem, o tratamento dado pelo escritor; por exemplo.
 

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