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Noites de Verão com Cheiro de Jasmin

Zuleica

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Joëlle Rouchou busca neste livro compreender a história de judeus expulsos do Egito no século XX, a partir da memória do grupo que veio se instalar no Brasil entre 1956 e 1957. Por meio de entrevistas gravadas com rigor metodológico, de acordo com um quadro de parâmetros teóricos precisos, embasados em bibliografia especializada, a autora traz sua contribuição ao debate em torno da relação entre memória, história e identidade cultural.

Autor: ROUCHOU, JOELLE
Editora: EDITORA FGV
Assunto: LITERATURA BRASILEIRA
ISBN: 8522506566 - ISBN-13: 9788522506569
Livro em português - Brochura - 1ª Edição - 2008 - 192 pág.
Êxodos da memória entre dois mundos
Pesquisadora narra a saga dos judeus egípcios expulsos de seu país e exilados no Brasil
Rose Esquenazi - [size=x-small]Jornal do Brasil - Data: 30/8/2008 em[/size] Saiu na Imprensa

[size=x-small]Em 1956, os judeus egípcios, que falavam francês e árabe, amavam o cheiro do jasmim e as praias da Alexandria, foram expulsos de seu país. Tiveram 15 dias para deixar casas, amigos, escolas, trabalho. E, com pouquíssimo dinheiro no bolso, fugiram para qualquer lugar que os abrigasse. Sensibilizado com a situação, o presidente Juscelino Kubitschek ofereceu asilo à pequena comunidade tornada apátrida do dia para a noite. A bordo do navio Giulio Cesare, 300 pessoas embarcaram para a Gênova e dali para o Rio, onde chegaram sem passaportes. Na saída do Egito, os documentos haviam sido confiscados.

Para entender o que aconteceu com o grupo, que também era o seu, a jornalista e pesquisadora Joële Rouchou escreveu Noites de verão com cheiro de jasmim, versão resumida de sua tese de doutorado em comunicação social na USP. Joëlle tinha apenas três meses de idade quando chegou ao Brasil no Cesare, permanecendo sem nacionalidade até os 21 anos, quando pôde assumir o lugar de brasileira.

Utilizando-se da metodologia da história oral e de entrevistas de cunho jornalístico, a autora mergulhou no universo de 11 imigrantes/exilados, com idade entre 50 anos e 81 anos, e quatro filhos de judeus do Egito. O primeiro ponto curioso no livro é ver que, apesar de terem sido expulsos, muitos, ao chegar, sentiram-se imigrantes – e não exilados. Até hoje, eles continuam olhando para o Egito como um lugar idílico, de sonhos. Os que voltaram se decepcionaram: tudo pareceu pior do que a imagem que tinham guardado na memória.

Mas por que foram expulsos se eram tão integrados, trabalhavam com egípcios de origem muçulmana, freqüentando escolas locais ou liceus franceses? Apesar de reconhecerem que faziam parte da elite estrangeira, amavam o país e se identificavam com a cultura e a gastronomia, embora alguns seguissem a tradição das festas judaicas.

A partilha da Palestina foi o ponto detonador da hostilidade contra os judeus naquele momento. Em 1948, com a criação do Estado de Israel, o movimento nacionalista egípcio se tornou mais forte, não permitindo a permanência de não-árabes no país. Para o presidente Gamal Abdel Nasser, o país tinha que fazer parte da liga pan-árabe e, assim, os judeus, acusados de sionismo ou comunismo, eram trancafiados em campos de concentração. De 75 mil judeus egípcios em 1848, o grupo foi reduzido a 40 mil em 1955 e a apenas 250, em 1982.

Segundo Joëlle, "os judeus se tornaram estrangeiros em terras egípcias, assim como era egípcio o estrangeiro Moisés, que fundou a religião judaica". Para citar Marx, tudo em História acontece duas vezes: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. Os judeus pareciam repetir sua própria história. Para a autora, havia e ainda há confusão de termos. "Como se israelense, judeu e sionista fossem sinônimos" – o que não é verdade.

No Correio da Manhã, o jovem repórter Márcio Moreira Alves fez uma cobertura sobre a guerra do Canal de Suez, e a chegada dos egípcios ganhou um raro espaço na imprensa: "Fugitivos de Nasser tentam a vida no Rio".

Poliglotas, comerciantes ou trabalhadores qualificados, aos poucos conseguiram trabalho e se adaptaram ao Brasil, mesmo tendo achado sujo o Rio de Janeiro dos anos 50. Logo se sentiriam brasileiros, como seus filhos nascidos aqui. Nas entrevistas, ao repetir a mesma pergunta – "Como era a sua vida no Egito?" – a pesquisadora ouviu memórias emocionantes. Alguns choraram, outros perderam a fala ou só conseguiam se exprimir em francês, a língua materna. Ao se aprofundar sobre os mecanismos da memória, Joëlle vai tecendo a trama à Sherazade das Mil e uma noites. "Os mergulhos internos de cada entrevistado resultaram em viagens por Egitos diferentes, mas que remetem aos mesmos temas, sentimentos e imagens".[/size]
 
O título do livro é lindo! :ginlove:
Zy, onde você encontra esses lançamentos?
 
Liv disse:
O título do livro é lindo! :ginlove:
Zy, onde você encontra esses lançamentos?
Eu procuro histórias que me levem para além do cotidiano. Depois de ter lido muitas histórias a gente "cata" novidades. :rofl:
 

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