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No Country For Old Men (Cormac McCarthy)

Ana Lovejoy

Administrador
(To copiando do meu post do Hellfire porque acho meio pointless redizer algo que já foi dito :mrgreen: )

Acabei de ler o livro no qual se baseou o filme que papou quatro estatuetas do Oscar desse ano (e não por acaso, devo dizer). Confesso que inicialmente o estilo do McCarthy me irritou um tanto. Porque ele simplesmente aboliu o uso de aspas nesse livro (não li os outros, não posso confirmar se é um recurso que ele sempre utiliza). Isso significa ficar completamente perdido sobre o que é diálogo e o que não é, além de ler vários donts, cants bem desse jeito (e imaginem a pira que uma professora de inglês não tem ao ver isso).

Mas ali pela página 50 você já se acostuma com o estilão do sujeito, e então é só alegria. A primeira coisa a ser dita: a adaptação dos Coen foi uma das melhores adaptações que já vi. Quase ipsis litteris. E o legal é que nos momentos em que não segue exatamente as palavras do McCarthy, você consegue compreender a razão para isso (aquela velha história dos problemas da troca de mídia).

Agora, voltando ao livro. O foco narrativo muda, ora está em primeira pessoa, através de um relato do Xerife Bell, ora está em terceira pessoa, observando a perseguição que se inicia no momento em que Moss pega uma mala cheia de dinheiro de uma cena de crime. O legal é notar como de certa forma cada uma dessas “histórias” se complementam - e o mais interessante é que em nada quebra a tensão construída, em alguns momentos até contribui (como quando ele antecipa um evento que acontecerá quase já na conclusão do livro).

Outra coisa interessante, pelo menos se comparar com o Moss do filme, é que ele é muito, muito mais desenvolvido. No sentido de que você realmente torce por ele (eu não sei sobre vocês, mas eu tenho um sério problema em adorar vilões, então Chigurh é na minha opinião um dos badass mais filhos da mãe de todos os tempos e por isso merecia a minha torcida, hehe).

O Moss fica especialmente bacana quase já lá no fim, por causa dos diálogos com uma maluquinha que ele encontra a caminho de El Paso. São frases que ficam ótimas, daquelas que você pensa “Uou, em algum momento ainda usarei isso com alguém”, digamos assim. Um exemplo (traduzido na loca, desculpem aí qualquer coisa):

- O que houve com você?

- Você quer dizer recentemente?

- Sim. Recentemente.

- Você não precisa saber.

- Por que não?

- Eu não quero que você fique toda excitada sobre mim.

- O que te faz pensar que eu ficaria excitada?

- Porque meninas más gostam de garotos maus.

Muito bom! Recomendo a leitura, a versão traduzida está saindo por aqui entre 28 e 40 reais. Não li a edição brasileira e não sei se o estilo do McCarthy foi mantido na tradução, mas acho que vale a pena ler mesmo que seja para conhecer algumas das personagens mais legais de todos os tempos.
 
No livro dá para sentir que o Bell é a espinha dorsal de tudo, no filme ele aparece meio apagado por causa que as intervenções narrativas são menores.
 
Fato, Pips. Mas é aquela coisa, livro sempre tem mais 'espaço' para o desenvolvimento das personagens. O Bell participa da narrativa de forma mais apagada mesmo, acho que o que faz dele a espinha dorsal como você falou são aqueles trechos de "depoimento" (aliás, era uma das minhas partes favoritas do livro hehe).
 

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