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Narya - Parte 03

CAPÍTULO XII
Uma surpresa muito agradável

--Portal? – Gritaram todos ao mesmo tempo.
--Como assim portal? – Perguntou Henrique.
--Portal! – Disse Sam – Desses que nos levam de um lugar a outro. – Disse com um tom de zombaria na voz.
--Eu sei o que é um portal! – Defendeu-se Henrique – Eu quis perguntar como é que um anel pode funcionar como um portal.
--Isso não sabemos. – Respondeu Frodo.
--E esse certamente é um portal diferente, -- disse Prímula – já que não nos leva de um lugar a outro, e sim de um tempo a outro.
--De qualquer forma – continuou Frodo, -- precisamos de mais uma pessoa para poder voltarmos.
Sam concordou com a cabeça. Um silêncio repentino tomou conta da sala. Foi imposto mais um desafio: agora sabiam como voltar, mas alguém teria de ir junto. Prímula pensou em se oferecer para levá-los, mas certamente Henrique não permitiria.
A atenção de todos foi desviada por alguns gemidos e grunhidos que vinham do quarto de Prímula, mais especificadamente de baixo da cama.
Todos se levantaram e se dirigiram para lá, Henrique na frente, seguido de Prímula, Frodo, e por último, Sam.
--O que será isso? – Murmurou Sam ao ouvido de Frodo.
--Não sei. – Frodo respondeu também com um murmúrio.
--Afastem-se! – Alertou Henrique. – Deixem que eu vejo o que está acontecendo.
Todos pararam, e Henrique seguiu em frente, sozinho. Agachou-se ao lado da cama e abruptamente levantou a colcha da cama que impedia a visão do que havia embaixo.
--Latina? – Disse Prímula.
Era Latina, a cachorra de Prímula, quem estava gemendo e grunhindo.
--O nome dela é Latina? – Perguntou Sam. Ninguém respondeu.
Henrique abriu espaço para Prímula, que abaixou-se ao seu lado e, com cuidado e delicadeza, levantou a cachorra e a levou contra si, pressionando-a contra seu corpo.
--O que ela tem? – Perguntou Henrique – Parece que está sofrendo de algum ataque, ou coisa parecida.
--Coisa parecida. – Disse Prímula. – Ela está prestes a dar a luz!
--Como é? Ela está gravida?
--Está, mas não por muito tempo. Acho que foi no dia em que levei-a para passar alguns dias na casa de uma amiga minha, e ela tem um poodle macho.
--O que faremos agora? – Perguntou Frodo.
Sam estava tão apavorado que nenhuma palavra saiu de sua boca. Ele nunca antes vira alguma pessoa ou animal dando a luz.
--Vamos ajudá-la! – Disse Prímula, colocando Latina no chão.
--E o que faremos? – Perguntou Henrique nervoso.
--Faremos o parto dela. Agora, busque alguns panos bem limpos e algum cobertor velho para deitá-la em cima.
Henrique obedeceu e dentro de alguns minutos ele já estava de volta. Prímula estendeu o cobertor no chão e cuidadosamente colocou a cachorra sobre ele.
Não tiveram que esperar muito para que os cachorrinhos começassem a nascer. Prímula fez o parto como se soubesse havia anos. Não era de admirar, pois era enfermeira.
Latina deu a luz a três lindos filhotinhos: dois machos e uma fêmea. Depois de embrulhados, um em cada pano, os cachorrinhos foram colocados junto à mãe, que parecia estar mais aliviada depois do ocorrido.
Sam ficou impressionado com a habilidade de Prímula e ainda mais com os filhotinhos, que apesar de serem recém nascidos, já tinham uma boa quantidade de pêlos, todos branquinhos e levemente encaracolados.
--Que lindos! – Disse Sam. – Gostaria de ter um desses.
--Como quiser. – Disse Prímula. – Se esperar alguns meses, talvez possa levar um com você.
--Sério? – Disse Sam, feliz como há muito tempo não havia estado.
--E assim resolvemos nossa dúvida! – Disse Frodo. – Voltaremos em três.
--Ótimo, mas, Sr. Frodo, -- disse Sam – ficaremos todo esse tempo aqui?
--Não necessariamente. – Disse Prímula – Se não se importarem, eu gostaria de ir com vocês para conhecer a Vila dos Hobbits.
--Mas... – Disse Henrique.
--Nada de mas, Henrique. – Disse Prímula – Só ficarei alguns dias, depois eu volto.
--Como vai voltar? – Perguntou Henrique, não muito contente com a atitude de sua namorada.
--Simples: suponhamos que Frodo me traga, depois ele volta para sua casa com dois cachorros.
--Dois? – Perguntou Frodo.
--Um macho e uma fêmea! – Exclamou Sam.
--Exatamente no que pensei. – Disse Prímula a Sam. – Assim terão mais cachorrinhos.
Sam abriu um sorriso que ia de orelha a orelha. Assim ficou decidido: Prímula iria com Frodo e Sam; Prímula voltaria com Frodo; e por último Frodo iria com os dois cachorros.
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CAPÍTULO XIII
Hora de Partir

Todos ficaram muito felizes com a decisão, foram tomar banho (um de cada vez) e depois de muito conversar, jantaram pizza de novo e foram dormir.
Deitado na cama, Frodo ficou imaginando se Gandalf já sabia que o Anel era um portal. "Com certeza ele sabia. Vivia em meio aos elfos e certamente as runas estavam visíveis. Me pergunto por que Gandalf nunca me contou." Mas desta vez Frodo foi vencido pelo sono e em pouco tempo já estava dormindo.
Depois de alguns dias (pois estavam programando minuciosa-mente as datas em que partiriam e chegariam, e o local) resolveram partir. A única dúvida ainda era onde seria o local apropriado para colocarem o Anel.
--Vamos colocá-lo aqui mesmo. – Disse Sam – No apartamento ninguém verá nada, a não ser, é claro, Henrique.
--Não seja tolo, Sam! – Disse Frodo – Se colocarmos o anel aqui, quando chegarmos iremos nos espatifar no chão. – Prímula concordou com a cabeça.
--Não havia pensado nisso. – Disse Sam meio sem jeito, pois sua idéia foi realmente estúpida.
--Acho melhor partirem do local de onde chegaram. – Disse Henrique. Todos olharam para ele. Até agora essa foi a melhor idéia suposta.
--Ótima idéia! Pelo menos usou essa cabeça alguma vez na vida – disse Sam num tom sarcástico.
--Pelo menos eu usei. E você, que nunca usou? – Retrucou Henrique.
Logo já estavam discutindo. Foi Prímula quem cessou a discussão:
--É melhor pararem de brigar! Ainda temos muito que fazer antes de partirmos.
--O que têm a fazer? – Perguntou Henrique.
--Arrumar as malas! – Respondeu Prímula.
--O local de onde partiremos é um pouco longe da Vila dos Hobbits, quando se vai a pé. – Disse Frodo. – Suponho que levemos comida também.
--Exatamente! – Exclamou Sam.
Depois de decidirem o horário (pouco depois da aurora), Prímula foi arrumar sua mochila com algumas roupas. Henrique ajudou Frodo e Sam a colocarem comida em suas mochilas (usaram as mochilas que eles próprios haviam trazido). Puseram frutas, algumas torradas ensacadas (que era como Sam as chamava, pois eram compradas já embaladas), biscoitos também ensacados, geléia, e muitos saquinhos de salgadinhos.
Essa era a última noite deles no apartamento (pelo menos para Sam). No outro dia partiriam.
Pouco depois da aurora todos já haviam tomado o desjejum e estavam prontos para partir (Henrique tinha dormido no apartamento de Prímula também). Entraram no carro e logo estavam na estrada. Depois de duas horas de viagem já estavam no local onde Prímula encontrou Frodo e Sam.
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Henrique estacionou o carro embaixo de um árvore que havia ao lado da estrada e todos desceram. Frodo procurou exatamente o lugar de onde tinham partido, e disse:
--Aqui, é esse o lugar!
--Tem certeza? – Perguntou Prímula.
--Sim, é bem onde havia um salgueiro. Foi daqui que viemos. – Sam também achou que fosse aquele o lugar.
--Embaixo de uma árvore? – Perguntou Prímula, e Frodo balançou a cabeça afirmativamente. – Então temos que dar alguns passos de distância desse lugar.
--Por quê? – Perguntou Frodo.
--Se estiverem só um pouquinho errados apareceremos dentro da árvore.
--É verdade. – Disse Frodo, e deu alguns passos para trás. – Aqui eu tenho certeza de que não havia árvore alguma.
Depois de que todos os três já estavam com as mochilas prontas e presas às costas, Frodo retirou o Anel do bolso.
Prímula e Henrique se abraçaram e se beijaram longamente.
--Vá ao meu apartamento todos os dias para cuidar dos cachorrinhos, está bem? – Perguntou Prímula, ainda abraçada a Henrique.
--Está bem, deixe por minha conta! – Respondeu ele – Vou cuidar muito bem dos seus cachorros, mas agora vamos falar de você.
Prímula soltou os braços do pescoço de Henrique. – De mim? – perguntou ela, fitando-o.
--Sim, queria pedir para que tome muito cuidado. Não sei o que faço se não voltar. Você é tudo para mim.
--Eu vou voltar. – Disse ela com um sorriso, e depois voltou a abraçá-lo. – Não se preocupe, vai ficar tudo bem.
Novamente se beijaram, e Henrique deixou escapar uma lágrima. Prímula passou o dedo em seu rosto para limpá-la, e novamente o beijou.
--Vamos, antes que eu desista! – Disse Prímula, virando-se para Frodo e Sam. – Daqui a pouco vou começar a chorar se não formos logo.
Frodo estava fitando o Anel, mas parou ao reparar que Sam e Prímula estavam ao seu lado (um de cada lado), formando um pequeno círculo.
Depois de se despedirem de Henrique, Frodo enfiou o menor dedo no anel, e disse:
--Esperem! Prestem atenção: Vocês dois, coloquem os menores dedos, senão não vai caber; e principalmente: sejam rápidos e enfiem exatamente ao mesmo tempo, não quero ir para o futuro (mais ainda) com somente um de vocês. Quando eu disser três.
Sam e Prímula concordaram e se prepararam para enfiarem os dedos. Ambos se aproximaram mais. Henrique abraçou Prímula por trás e ficou assim até que Frodo disse três, e eles sumiram. Henrique caiu para frente, pois estava apoiado em Prímula. Ficou alguns minutos parado, deitado no chão de bruços, e depois montou no carro e foi embora.
Frodo, Sam e Prímula viram um clarão e ouviram um estrondo (que Henrique não havia visto nem ouvido) no momento em que colocaram o Anel. E como se fosse um passe de mágica, estavam novamente (pela primeira vez para Prímula) em 1425.
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CAPÍTULO XIV
Uma surpresa nada agradável

Todos tiraram seus dedos quase que instantaneamente e por um triz Prímula, Sam e Frodo não haviam aparecido dentro do grande salgueiro, mas ao invés disso haviam aparecido dentro de uma moita de espinhos.
--Porcaria! – Dizia Sam – Eu havia me esquecido desses espinheiros. – E saltou para fora da moita, enquanto arrancava alguns espinhos de suas pernas e nádegas.
Frodo e Prímula também saíram dali e começaram a arrancá-los. Prímula só tinha espinhos até os joelhos, pois era muito mais alta que os hobbits. Sam desembainhou sua faca (que ele ainda a carregava consigo e a usava como espada) e começou a golpear os espinheiros. Depois, Prímula virou-se, olhou ao seu redor e disse:
--Já chegamos? Não vejo diferença alguma, a não ser pelas árvores, que estão em maiores quantidades e em outros lugares.
--Sim, já chegamos. – Disse Frodo – Está tudo idêntico ao que era antes de eu e Sam colocarmos o Anel pela primeira vez.
--É verdade. – Concordou Sam.
Depois de convencida, Prímula começou a andar pelo lugar. Estava procurando alguma coisa.
--Está procurando a estrada? – Perguntou Frodo a ela. Mas antes mesmo que ela respondesse, ele continuou – É por ali. – E apontou com o dedo.
Foram andando lado a lado em direção a estrada, com Prímula no meio e um pequeno hobbit de cada lado. Quando chegaram à estrada, que mais parecia uma trilha, Prímula assustou-se.
--É esse o lugar onde eu os encontrei pela primeira vez? – Perguntou.
--Sim, -- disse Sam – só que a algum tempo atrás.
--Legal! – Exclamou Prímula – Realmente muito diferente. Agora entendo porque pareciam tão assustados quando os encontrei.
Depois começaram a caminhar pela estrada, com destino à Vila dos Hobbits. Prímula caminhava muito rápido para os hobbits, e logo eles começaram a ficar para trás.
--Ei, Prímula! – Gritou Sam. Só então ela virou-se e percebeu que eles estavam muito para trás. – Espere por nós!
Ela esperou. Estava muito ansiosa e nem havia percebido que estava realmente andando rápido demais até mesmo para pessoas grandes.
--Desculpem. Acho que me precipitei um pouco. Não vejo a hora de chegar à Vila.
--Vá com calma. – Disse Frodo ao se aproximar dela – Estamos a dias de caminhada da Vila dos Hobbits.
--Eu sei. Já pedi desculpas.
--Tudo bem. – Disse Sam – Agora vamos continuar andando porque eu quero chegar logo ao Condado. Não me sinto seguro longe de casa.
E continuaram. Caminharam até suas pernas começarem a ficar bambas. Nesse caso pararam para descansar sob uma árvore. Aproveitaram também para comer alguma coisa.
Depois de comerem e de descansarem, novamente voltaram a caminhar. Novamente andaram bastante, mas pararam ao pôr do sol. Dessa vez se aconchegaram em uma pequena caverna sob uma rocha saliente, à esquerda deles. Resolveram passar a noite ali, pois era mais seguro, e os protegia contra a chuva (se chovesse) e contra o vento.
Depois de comerem mais alguma coisa, encostaram-se na parede rochosa e dormiram.
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Não haviam dormido mais de meia hora quando Prímula acordou assustada.
--Ouviram isso? – Ela gritou tão alto que os dois hobbits acordaram assustados.
--O que foi isso? – Perguntou Sam.
--Vocês ouviram? – Perguntou Prímula – Acho que foi um lobo uivando.
--Lobo uivando? – Sam estava confuso – Não! Eu estava me referindo ao berro "Ouviram isso?". Não ouvi nenhum lobo uivando.
--Fui eu quem berrei. Achei que teriam acordado com o uivo e não com meu grito.
--Não interessa. – Disse Frodo de repente – Não adianta ficarmos discutindo. Se foi realmente um lobo que Prímula ouviu, devemos sair daqui depressa, não quero virar comida.
--Acho que eu estava sonhando. – Disse Prímula – Agora que estou acordada não ouço nada.
Mas outro uivo (dessa vez mais próximo) ecoou pelo ar. Então olharam ao redor e perceberam que tinham entrado não em uma pequena caverna, mas em uma toca de lobo.
--O que faremos? – Perguntou Sam, desesperado.
--Subam na árvore mais alta que acharem! – Gritou Frodo.
Prímula rapidamente subiu em um pinheiro próximo, mas Sam e Frodo corriam de tronco em tronco e não achavam nenhuma árvore com galhos o suficiente baixos para poderem subir.
--Aqui! – Gritou Prímula. – Eu ajudo vocês! – E desceu ao galho mais baixo do pinheiro e esticou o braço.
Frodo e Sam correram para chegarem o mais rápido possível ao braço de Prímula, mas mesmo pulando não conseguiram alcançá-lo. Prímula esticou-se o máximo que conseguiu, mas não foi suficiente e ela caiu sobre os hobbits. O lobo estava se aproximando, pois ouvira os gritos. Agora os três ouviram um uivo tão próximo que sentiram as espinhas congelarem. Frodo virou-se e viu um warg (um enorme lobo cinzento).
Prímula mais que rapidamente levantou Sam e o colocou sobre o galho mais baixo. Em seguida levantou Frodo, e os dois hobbits subiram depressa, tentando alcançar os galhos mais altos. Depois ela mesma pulou e agarrou um galho. Mas o warg os viu e correu muito velozmente para a árvore. Antes que Prímula conseguisse subir, o warg abocanhou sua mochila e puxou, e isso fez com que Prímula fosse ao chão. Ela rapidamente tentou se livrar da mochila, mas estava enroscada e o warg a puxava ferozmente, arrastando-a para a toca. Prímula não conseguia se levantar, mas por sorte o warg não largava a mochila. Estava estraçalhando-a, quando Prímula conseguiu tirar os braços das alças e se levantou para correr. Mas o lobo mais que rapidamente largou a mochila e correu atrás de Prímula. Estava quase alcançando-a quando foi morto por uma faca que voou para suas costas. Prímula parou e olhou para o warg caído no chão; depois olhou para cima do pinheiro e lá viu os hobbits descendo.
--Mas quem...? – Prímula tentava falar, mas estava muito ofegante e assustada.
--Me agradeça depois. – Respondeu Sam. – Agora vamos sair daqui antes que apareça mais algum warg.
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CAPÍTULO XV
Emboscada

Sam retirou sua espada das costas do warg caído e a limpou na grama. Prímula pegou sua mochila quase estraçalhada, mais ainda boa para ser utilizada, e a colocou nas costas. Depois, todos correram pela estrada, pois não queriam ser a ceia de outros animais selvagens.
--Corram, antes que apareçam mais wargs. – Disse Sam, enquanto corria. – Certamente, se mais alguns deles aparecerem, vão nos caçar por termos matado o amigo deles.
--Concordo plenamente. – Disse Frodo em seguida.
Prímula não falava nada, ou não conseguia dizer nada enquanto corriam, estava por demais assustada.
Depois de muito correrem (se corressem mais não agüentariam ficar de pé) os três pararam e se jogaram no chão, ao lado de uma árvore. Todos bufavam e ofegavam muito.
--Vamos fazer uma fogueira. – Disse Frodo – Wargs odeiam fogo.
Prímula por sorte tinha uma caixa de fósforos em um zíper de sua mochila. Acendeu uma fogueira embaixo da árvore (Frodo e Sam ficaram espantados, mas gostaram dos fósforos) e pegou um pedaço de galho que estava jogado no chão ao seu lado.
--Frodo, -- disse ela – é melhor você pegar um pau também. Se algum lobo se aproximar, é melhor que tenhamos com o que nos defender.
--Eu havia me esquecido! – Exclamou Frodo de repente – Que burro eu sou! Estou com Ferroada aqui comigo. A desembainhei em sua casa – disse virando-se para Prímula – e pus na minha mochila para não esquecê-la para trás.
--Mas vejo que acabou esquecendo-se dela do mesmo jeito. – Disse Prímula, rindo. – Se você fosse mais atento, talvez minha mochila ainda estivesse inteira.
Frodo retirou a espada e a empunhou. – Agora estou pronto! – Disse ele. – Não me esqueço mais.
Depois os três se aconchegaram, pois acharam que estava mais que na hora de dormir, e entraram em um sono profundo.
Mais uma vez Prímula acordou com o barulho de um uivo de lobo. Mas desta vez ela não gritou, pois só iria chamar a atenção do warg. Ao invés de gritar, ela cutucou os dois pequenos hobbits, que dormiam como crianças.
--O que foi desta vez? – Perguntou Sam, muito sonolento.
--Não são wargs novamente, são? – Perguntou Frodo já preocupado.
--Acho que sim. – Sussurrou Prímula. – Falem mais baixo, ou só os atrairão mais rápido.
Sam despertou rapidamente e empunhou sua pequena espada. Frodo empunhou Ferroada. Prímula segurou firmemente o galho quebrado de árvore que ela havia encontrado ao lado da árvore.
--O que é isso? – Perguntou Prímula – Sua espada, Frodo, está brilhando.
--Mau sinal, -- disse Frodo – significa que há inimigos se aproximando.
Os três se aproximaram mais ainda da fogueira e se puseram um de costas para o outro. Mais uma vez ouviram um uivo de lobo, que vinha de onde haviam matado o warg. Mas desta vez o chamado foi respondido. À direita e à esquerda deles mais uivos surgiam, muito mais próximos, e também na frente e atrás. Estavam cercados, como três coelhinhos cercados por ferozes predadores.
--Acho que estamos numa enrascada! – Exclamou Prímula.
--E eu tenho certeza! – Disseram Frodo e Sam ao mesmo tempo.
Não tardou para que os wargs começassem a aparecer. Estavam um pouco hesitantes em atacar por causa da fogueira, mas não ficaram parados por muito tempo. Um enorme warg (o líder deles) foi quem deu o primeiro bote, mas teve a pata decepada por Ferroada. Prímula tremia como nunca tremeu, mas se encorajou ao desferir um golpe com o galho na cabeça de um warg, que caiu morto. A espada de Sam também teve trabalho: feriu vários outros wargs que tentaram se aproximar.
O galho na mão de Prímula nunca foi tão prestativo: tanto machucou como matou vários dos lobos. As espadas de Frodo e Sam também mataram muitos wargs. Mas muitos outros apareciam. Haviam algumas dezenas deles, mas Frodo, Sam e Prímula não desistiam.
Os três já estavam ficando cansados. Prímula quase não tinha mais forças. Os dois hobbits já estavam a ponto de se renderem para serem devorados, quando, sem mais nem menos, um uivo longo e distante cortou o ar. Todos os wargs (os que ainda viviam) saíram correndo na direção em que veio o uivo.
--Por pouco! – Disse Sam com um suspiro.
--Por que será que eles se foram? – Perguntou Prímula, passando a mão pela testa e bufando.
--Devem ter recebido algum chamado urgente de outro líder. – Respondeu Frodo. – Mas de qualquer forma foi bem na hora, eu não estava agüentando mais.
--Vamos sair daqui. – Disse Prímula – Arranjaremos algum outro lugar para dormirmos, longe desses cadáveres malcheirosos.
Eles pularam por cima dos lobos caídos e caminharam pela estrada, procurando algum lugar seguro onde pudessem passar a noite.
Depois de muito procurarem, por sorte encontraram uma enorme árvore oca onde caberiam os três confortavelmente. Jogaram suas coisas dentro da árvore através de uma fenda e se deitaram. Estavam exaustos, e ali seria um bom esconderijo, então dormiram (até que enfim) sossegados.
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CAPÍTULO XVI
Invasores em Bolsão

Foi Prímula quem acordou primeiro, e, consequentemente, acordou os dois hobbits.
--Vamos! Acordem, seus preguiçosos. – Disse ela.
--O que foi? – Perguntou Frodo, que estava com as costas doloridas por ter dormido sobre uma pequena pedra no interior da árvore.
--Hora de acordar! Ou melhor, já passou da hora de acordar. – Prímula estava mais disposta e confiante depois da noite anterior.
--Mas é cedo! Não dormimos quase nada! – Resmungou Sam.
--Quase nada? – Disse Prímula, rindo. – Está bem que ontem fomos dormir um pouco mais tarde por causa dos lobos, mas já são dez horas da manhã!
--Já? – Perguntaram Frodo e Sam ao mesmo tempo.
--Sim, é melhor levantarem. – Após dizer isso saiu da árvore.
Com muito sono, os dois hobbits olharam em seus relógios e se levantaram e também saíram da árvore. Comeram um pobre desjejum, pois as provisões estavam se escasseando, e depois voltaram a caminhar.
Durante alguns dias eles andaram, e não encontraram mais nenhum perigo, e no final de um belo dia, finalmente chegaram ao Condado.
--Agora me sinto seguro! – Exclamou Sam em voz alta. – Meu bom e velho Condado.
Na verdade todos se sentiram mais seguros no Condado. Não que essa terra não tenha perigos, pois ela não possui nenhuma barreira contra eles, mas todos se sentem seguros em seus lares.
--Não sei quanto a você, Sam, – disse Frodo – mas só vou me sentir realmente seguro quando entrar em Bolsão. Mas fico feliz em entrar no Condado (nesses tempos) depois de anos fora de casa. Não vejo a hora de subir em uma colina e avistar a Vila dos Hobbits.
--Principalmente eu, -- disse Prímula – que nunca conheci esse lugar, a não ser, é claro, em tempos mais modernos. – Todos riram, inclusive ela.
Depois de horas de caminhada avistaram um riacho, e se sentiram felizes ao tocar a água com os pés; era refrescante e reconfortante. Os dois hobbits se lavaram no riacho, mas Prímula se recusou, mesmo estando imunda como estava.
--Só tomarei banho em um lugar onde eu possa ter privacidade e água quente.
--Mas está calor, e você não precisa tirar as roupas. – Disse Sam. – A água está uma delícia!
--É verdade. – Disse Frodo. – Vai ficar com remorsos se não vier nadar conosco.
Depois de muito hesitar, Prímula finalmente entrou na água. – Como está fria! – Dizia ela, mas no fundo estava gostando. Ficaram várias horas nadando no riacho – que não era muito fundo – e depois voltaram a caminhar (depois de uma refeição, é claro!).
Já era quase noite, e eles andaram pouco após o banho. Foi sorte deles que estavam perto de Bri, e resolveram passar a noite no "Pônei Saltitante".
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Cevado Carrapicho os recebeu muito calorosamente, e ao passarem pela sala, os homens e os hobbits cumprimentaram Frodo e Sam (pois a maioria já os conhecia) e pediram para serem apresentados a Prímula. Ela usava roupas diferentes e eles ficaram curiosos em saber de onde ela vinha.
--Venho de uma terra distante – dizia ela – do outro lado do mar. Vim com Frodo no último barco e agora estou muito cansada, se me permitem. – E com isso Carrapicho levou os três a um alojamento bem parecido com uma toca hobbit.
--Vem mesmo do outro lado do mar, senhorita? – Perguntou Carrapicho, quando estava saindo pela porta do quarto. – Desculpe, mas estou curioso.
--Sim. Agora queira nos dar licença. – Prímula realmente estava muito cansada para ficar dando satisfações para estranhos.
Frodo e Sam ficaram satisfeitos por ela não ter dito nada sobre o anel e a viagem. Mas também estavam cansados demais para ficarem conversando. Foram para as camas assim que chegaram.
No outro dia bem cedo eles partiram, após um farto desjejum (até que enfim).
--Já estamos bem perto da Vila dos Hobbits. – Anunciou Frodo.
Todos estavam muito excitados pelo fim da viagem, então, andaram mais rápido para chegarem logo. Em pouco tempo já estavam nas fronteiras da tão ansiada vila.
Ao subirem uma colina, Frodo pode ver sua tão querida Vila dos Hobbits.
--Veja, Sr. Frodo! – Disse Sam – Lá está Bolsão, sua antiga e nova toca.
Depois desceram a colina, e Prímula estava sem palavras. Tudo era tão pequenininho e bem feitinho! Crianças hobbits brincavam nas ruas e nos jardins; Prímula os achou parecidos com bonecos, de tão pequeninos. Depois atravessaram o Água por uma ponte e passaram em frente a um moinho. Vários hobbits cochichavam e ficavam curiosos ao ver Prímula passar com Frodo e Sam, mas as crianças adoraram Prímula, e, durante todo o caminho até Bolsão, várias delas os seguiram.
Frodo, Sam e Prímula finalmente chegaram em frente a Bolsão. Prímula estava rodeada de crianças, achou até uma pena ter que deixá-las para trás para poder entrar.
Sam procurou as chaves e não as encontrou.
--Havia me esquecido! – Disse ele – Não tranquei a porta antes de partir, tamanha era a pressa e o desespero.
Frodo empurrou a porta e ela se abriu. Era bom ver Bolsão de novo. Ele ficou tão emocionado que uma lágrima de felicidade desceu rolando pelo seu rosto. Todos os móveis estavam exatamente do mesmo modo e no mesmo lugar desde que ele partira com Bilbo, Gandalf, Elrond, Galadriel e outros elfos. Bilbo ficaria feliz em rever Bolsão se ainda vivesse.
--Bela toca! – Disse Prímula, abaixando-se para poder passar por baixo da pequena porta redonda.
--Quietos! – Murmurou Sam – Estou ouvindo conversas. Vêm de dentro da cozinha!
--Quem está aí? – Gritou uma voz que vinha de dentro da cozinha. – Responda!
Segundos depois duas pequenas figuras (mais ou menos do tamanho de Frodo e Sam, talvez um pouquinho mais robustos) apareceram diante deles, com cara de assustados.
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CAPÍTULO XVI
Reencontro

--Merry! Pippin! – Gritou Frodo.
--Frodo? – Perguntaram as duas figuras ao mesmo tempo.
Frodo correu ao encontro deles e abraçou-os, um embaixo de cada braço.
--Pensei que estivesse do outro lado do mar! – Disse Pippin, feliz pelo reencontro.
--Resolvi voltar. – Disse Frodo.
--O que fazem aqui? – Perguntou Sam.
--Viemos fazer uma visita. – Respondeu Merry – Chegamos há algumas horas, mas como não tinha ninguém, resolvemos esperar. Estávamos ceando. Estão servidos?
--Tudo bem, agora venham me dar um abraço, ou não vão me cumprimentar?
Merry e Pippin foram na direção de Sam e também se abraçaram, quando Prímula, que estava por fora do assunto, perguntou para Frodo e Sam:
--Não vão me apresentar?
--Oh, claro, desculpe-me. – Disse Frodo. – Merry, Pippin, esta é Prímula. Prímula, estes são Merry e Pippin.
--Prazer. – Disse Prímula, dando a mão para os dois hobbits.
--O prazer é nosso.
--O que estamos esperando? – Disse Sam, ansioso – Vamos logo cear!
--Nós já ceamos. – Disse Pippin – Mas por educação vamos cear novamente para lhes fazer companhia.
--Não precisa se não quiserem. – Disse Prímula. – Não faço questão de cortesias.
--Mas nós fazemos. – Disse Merry, rindo. – Comida nunca é demais para um hobbit.
Prímula riu. – Já que fazem tanta questão, – disse ela – vamos, então todos comeremos até não agüentarmos mais.
Sam os conduziu pelo corredor, em direção à cozinha. Prímula foi observando tudo por onde passava. A toca de hobbit lhe chamou muito a atenção. Nunca imaginara, em toda sua vida, que um dia poderia ter existido pequenas pessoas que vivessem em um vilarejo onde mais futuramente ela estaria morando. Reparou também que em lugar algum da toca havia escadas, Bolsão era grande, mas era também uma toca térrea. Na verdade, ela até agora não vira uma só casa com mais de um andar. O corredor por onde passaram tinha um teto redondo, vários quadros pendurados nas paredes e muitos tapetes pelo chão. Em intervalos regulares apareciam também pequenas portas, como a porta da frente. Prímula também observou que haviam janelas, redondas como as portas, em alguns lugares.
Ao chegarem na cozinha, a mesa já estava posta, faltavam somente alguns pratos, talheres e copos. Sam se encarregou de trazer os objetos que estavam faltando.
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Durante a ceia, Pippin não conteve a curiosidade e perguntou:
--Onde está Rosinha, Elanor e Frodo (seu filho), Sam?
Sam não respondeu, apenas abaixou a cabeça. Então Frodo resolveu contar a história, desde que ele partira dos portos cinzentos. Contou sobre as mortes de Bilbo, Rosinha, Elanor e Frodo. Contou também sobre Narya, um dos três anéis élficos, que pertencera a Gandalf, e sobre como eles conheceram Prímula no futuro e voltaram depois.
--Sobre a parte de Bilbo, Rosa, Elanor e Frodo – começou Merry – eu sinto muito, foram realmente grandes perdas. Mas sobre a viagem ao futuro eu achei uma coisa fantástica.
--Você tirou as palavras da minha boca. – Disse Pippin a Merry – Meus pêsames a vocês dois – disse virando-se para Frodo e Sam.
Os dois nada disseram, apenas fizeram um movimento com a cabeça, em sinal de agradecimento.
Acabada a ceia, Prímula se ofereceu para lavar a louça, mas se arrependeu depois, porque a pia era extremamente baixa, e ela teve que se abaixar um bocado, tendo em seguida uma terrível dor nas costas.
Depois, Sam lhe mostrou onde ficava o banheiro. Ela tomou banho em uma banheira com água fumegante (Sam acabara de esquentá-la no fogo) e vestiu as roupas que ela mesma trouxera na mochila. Em seguida foi a vez de Frodo tomar banho, e depois, Sam. Pippin e Merry já haviam tomado antes de os três chegarem.
Depois de todos estarem bem limpos e confortáveis (o que acharam um alívio, depois de tanto tempo caminhando), os quatro hobbits e Prímula foram sentar-se diante da lareira. Prímula teve de se espremer um pouco para caber na pequena poltrona, mas depois de sentada ela sentiu-se até confortável. Conversaram longamente, quando Pippin e Merry revelaram que pretendiam passar alguns dias com eles.
--Será um prazer! – Exclamou Frodo – Adorarei recebê-los novamente em Bolsão.
--Não seria nenhum incômodo, seria? – Perguntou Pippin.
--De jeito nenhum, faz tempo que não recebemos visitas tão agradáveis. – Disse Sam.
--E eu poderei conhecê-los melhor. – Disse Prímula.
--E nós a conheceremos melhor. – Disse Merry. – Gostaria de saber sobre várias coisas do futuro.
--Só se me contarem várias coisas daqui. – disse ela – adorei a Vila dos Hobbits e principalmente os hobbits. Se não fosse pelo Henrique, eu viveria aqui para sempre.
--É só ele vir morar aqui também! – Disse Frodo, achando tudo uma maior simplicidade.
--Não adianta. – Disse Prímula – Acham que já não pedi para ele? Quase implorei, mas ele insiste em não querer.
--Bem, se é assim...
Cessou-se o assunto. Todos já estavam cabeceando de sono quando resolveram que era hora de dormir. Sam arrumou camas para todos, em diferentes quartos, e devolveu a Frodo seu antigo quarto. Todos foram dormir contentes por rever (ou conhecer) amigos.
 

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