A cultura africana é mais relevante pois grande parte da população brasileira é afro-descendente.
Porém, renegar conhecimento asiático é ignorar a influência do alfabeto, da astronomia e matemática legados da cultura arábica, esta que usou muito do conhecimento grego.
Não é somente pela identificação étnica, mas falo em termos mais gerais, como imaginário, idioma, comportamento e formadores de identidade. Sendo que esses termos estão muito mais interligados com o modo de vida nacional do que os que tu citou, que são muito mais pontuais e longínquos até cronologicamente.
Em uma aula do Ensino Básico, por exemplo, a influência asiática nesse escopo citado seria reduzida à curiosidade e à informação em dois períodos máximos de aula. Enquanto que a influência africana exige muito mais profundidade por mexer com questões muito mais complexas, como identidade nacional, uma possível "dívida étnica" de que falam alguns e entranhamento cotidiano. Foi nesse aspecto que caracterizei a maior relevância e julgo mesmo ser mais importante.
Se a idéia hoje é da "globalização", que é defendida sem mesmo se ter conhecimento sobre o que isso significa, porque não estudar as culturas do globo?
A globalização nem é tão defendida assim. Existem pensamentos conservadores que detectam (com razão) os males da globalização. Em, todo caso, penso que em termos de educação, é muito mais proveitoso o estudo de culturas diretamente norteadoras do envolvimento social direto num sentido ampliado do que referências localizadas, regionais ou de grupo. Mas essa é outra história...
Ah sim, estudar 5 x a Idade Média, São Tomas de Aquino e Revolução Francesa é melhor...
A repetição das mesmas informações em diferentes níveis cognitivos não é realmente interessante do ponto de vista pedagógico. E esse é um dos preços pagos por uma educação não interligada no país. Questão que seria resolvida, por exemplo, por um mesmo professor ao longo de todos os níveis do ensino, em que o controle temática seria muito mais preciso; ou então
Vocês entraram em um assunto difícil, porque mesmo os dados relativos ao tema são controversos. É difícil tachar alguém de negro ou branco, ainda mais na nossa sociedade tão miscigenada.
Usando os critérios do IBGE, só é considerado negro quem se assume como tal, o que pode gerar muitas controvérsias.
Ou seja, tentando ser o mais humilde possível, não vejo muito futuro nessa discussão de vocês.
Cara, mas é exatamente esse o cerne da questão: a definição racial (ou étnica, para ficar mais antropologicamente preciso e na moda)...
Quem disse?
É difícil ver negros de classe média alta, mas é muito mais fácil verem brancos pobres.
Admito que fica foda discutir quando nem tu nem eu apresentamos dados concretos para debater. Mas tu está querendo dizer que os brancos pobres no segundo maior país do mundo em número de população negra são em número superior aos negros pobres? Sério mesmo?
Discordo parcialmente. Acho todas as culturas importantes, independente do número de descendentes.
Do mesmo modo que a cultura africana faz parte do nosso país, tb fazem as culturas japonesa, italiana, libanesa, turca e etc. Nosso país é muito diversificado para ficarmos discutindo qual é a mais importante. Para mim não vi muita importância em estudar a cultura africana quando estava na escola, mas meu interesse era enorme em sabe mais sobre a cultura japonesa, uma vez que meus avós eram japoneses e eu tinha interesse em conhecer minhas raízes.
Todas tiveram (e ainda têm) sua parcela de importância no crescimento cultural do país.
Mas aí entra um interesse regional e pessoal, não nacional, não populacional especificamente. Falo em país.
Moro numa região de forte imigração alemã datada do século XIX e, obviamente, os estudos germãnicos são importantíssimos para o entendimento da sociedade local. A mesma coisa, entretanto, não se amplia a estudos árabes ou nipônicos. E da mesma forma não seria adequado requerer que o estudo sobre a imigração alemã e o modo germânico seja realizado em todo território nacional, em que essas influências não são desse porte. Isso seria tomar o todo pela parte.
É preciso ter em mente o que é geral e o que é localizado. O Brasil é imenso e suas diferenças são igualmente imensas. Darcy Ribeiro, fulcral sociólogo brasileiro, caracteriza o Brasil por essa diversidade, a identidade nacional seria a diversidade, pontuando a partir daí as diferenças regionais. De um ponto de vista local, o Brasil é claramente miscigenado, mas existem aspectos concernentes ao todo e foram esses que eu ressaltei.
Meu curso ofereceu a disciplina História da África, coisa que deve ter sido inserida na grade curricular há uns 10/15 anos apenas, não mais que isso. Antes, muitos saíam dos cursos de História só "sabendo" história africana quando se estudava escravidão no Brasil mesmo. Ou o cara buscava esse conhecimento mais específico sobre a África, extra-curso, ou ficava só nisso aí mesmo.
Pois no meu curso só retornou agora com a lei. Foi preciso também uma lei para que a história africana e culturas africanas sejam ensinadas na Educação Básica.
Alguns posts atrás discutiu-se quais as culturas que deveriam ser enfatizadas nas escolas em função da sua influência no cenário nacional. Pura besteira. Somos um país miscigenado, recebemos imigrantes de zilhões de países de todos os continentes. Não existe, a nivel nacional, uma "cultura mais importante" (termo esquisito, né?). O cidadão de hoje precisa de um conhecimento cosmopolita e deve aprender o que puder sobre todas as culturas que puder. Eventuais ênfases podem ser dadas segundo critérios regionais, por exemplo, uma cidade cuja população descende majoritariamente de "X" tem mais ênfase na história deste povo, até para auxiliar a preservação cultural própria.
Importante = decisiva, do verbo relevante.
OK, talvez eu tenha usado o termo inadequado, que acabou gerando essa confusão e interpretação de algo que não era a minha intenção.
Mas reitero a minha opinião de que existem sim culturas mais decisivas para a formação cultural do país. E isso não é "pura besteira", é uma constatação mais do que óbvia. Até quando vamos ficar com esse papinho de miscigenação, de "somos todos iguais", equivalendo tudo, equivalendo o preconceito com a normatização, sem nem mesmo a noção/intenção disso? A sociedade é desigual e é natural que ela seja assim. É o processo histórico, humano.
Claro que estudar tudo, contemplar tudo seria o ideal. Ideal. Sabemos que o tempo em sala de aula não permite isso, que a curta vida humana não permite isso. Pautando especificamente na educação escolar, tratar de todos esses assuntos seria um disparate no sentido em que não há tempo hábil para isso: portanto é preferível aprofundar questões mais decisivas e relevantes do que "passar por cima" em assuntos diversos sem complexificá-los. É preciso fazer escolhas metodológicas e conteudísticas. Foi pensando nisso, no contexto escolar que pautei a (polêmica, já vi) defesa da "cultura mais importante"...
Sei, usuários quotados, que nem toda a minha réplica utiliza a vossa opinião como contraponto, apenas utilizei os vossos posts para levantar a minha perspectiva sobre os assuntos levantados nos referidos quotes. Podem ocorrer desvios de opinião de acordo com a interpretação.
Agora me pergunto: por que ainda me dou o trabalho de escrever posts desse tamanho e com essa carga depois de tanto tempo em debates na internet?