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Nada de cotas no novo Estatuto da Igualdade Racial

Eu, como defensor ferrenho da igualdade de oportunidade, fico feliz pelas iniciativas que acabem com essa anomalia proposta pelas cotas. Não se resolve problemas estruturais no acesso ao ensino superior, emprego, saúde, financiamento bancário, etc. (sei lá quantos mais tópicos "desiguais" haviam no estatuto da Igualdade Racial) com atalhos artificiais; A solução definitiva, embora um tanto mais difícil, é eliminar as causas do problema (leia-se: educação básica).

Alguns posts atrás discutiu-se quais as culturas que deveriam ser enfatizadas nas escolas em função da sua influência no cenário nacional. Pura besteira. Somos um país miscigenado, recebemos imigrantes de zilhões de países de todos os continentes. Não existe, a nivel nacional, uma "cultura mais importante" (termo esquisito, né?). O cidadão de hoje precisa de um conhecimento cosmopolita e deve aprender o que puder sobre todas as culturas que puder. Eventuais ênfases podem ser dadas segundo critérios regionais, por exemplo, uma cidade cuja população descende majoritariamente de "X" tem mais ênfase na história deste povo, até para auxiliar a preservação cultural própria.
 
A cultura africana é mais relevante pois grande parte da população brasileira é afro-descendente.

Porém, renegar conhecimento asiático é ignorar a influência do alfabeto, da astronomia e matemática legados da cultura arábica, esta que usou muito do conhecimento grego.

Não é somente pela identificação étnica, mas falo em termos mais gerais, como imaginário, idioma, comportamento e formadores de identidade. Sendo que esses termos estão muito mais interligados com o modo de vida nacional do que os que tu citou, que são muito mais pontuais e longínquos até cronologicamente.

Em uma aula do Ensino Básico, por exemplo, a influência asiática nesse escopo citado seria reduzida à curiosidade e à informação em dois períodos máximos de aula. Enquanto que a influência africana exige muito mais profundidade por mexer com questões muito mais complexas, como identidade nacional, uma possível "dívida étnica" de que falam alguns e entranhamento cotidiano. Foi nesse aspecto que caracterizei a maior relevância e julgo mesmo ser mais importante.

Se a idéia hoje é da "globalização", que é defendida sem mesmo se ter conhecimento sobre o que isso significa, porque não estudar as culturas do globo?

A globalização nem é tão defendida assim. Existem pensamentos conservadores que detectam (com razão) os males da globalização. Em, todo caso, penso que em termos de educação, é muito mais proveitoso o estudo de culturas diretamente norteadoras do envolvimento social direto num sentido ampliado do que referências localizadas, regionais ou de grupo. Mas essa é outra história...

Ah sim, estudar 5 x a Idade Média, São Tomas de Aquino e Revolução Francesa é melhor... :bamf:

A repetição das mesmas informações em diferentes níveis cognitivos não é realmente interessante do ponto de vista pedagógico. E esse é um dos preços pagos por uma educação não interligada no país. Questão que seria resolvida, por exemplo, por um mesmo professor ao longo de todos os níveis do ensino, em que o controle temática seria muito mais preciso; ou então

Vocês entraram em um assunto difícil, porque mesmo os dados relativos ao tema são controversos. É difícil tachar alguém de negro ou branco, ainda mais na nossa sociedade tão miscigenada.

Usando os critérios do IBGE, só é considerado negro quem se assume como tal, o que pode gerar muitas controvérsias.

Ou seja, tentando ser o mais humilde possível, não vejo muito futuro nessa discussão de vocês.

Cara, mas é exatamente esse o cerne da questão: a definição racial (ou étnica, para ficar mais antropologicamente preciso e na moda)...

Quem disse?
É difícil ver negros de classe média alta, mas é muito mais fácil verem brancos pobres.

Admito que fica foda discutir quando nem tu nem eu apresentamos dados concretos para debater. Mas tu está querendo dizer que os brancos pobres no segundo maior país do mundo em número de população negra são em número superior aos negros pobres? Sério mesmo?

Discordo parcialmente. Acho todas as culturas importantes, independente do número de descendentes.
Do mesmo modo que a cultura africana faz parte do nosso país, tb fazem as culturas japonesa, italiana, libanesa, turca e etc. Nosso país é muito diversificado para ficarmos discutindo qual é a mais importante. Para mim não vi muita importância em estudar a cultura africana quando estava na escola, mas meu interesse era enorme em sabe mais sobre a cultura japonesa, uma vez que meus avós eram japoneses e eu tinha interesse em conhecer minhas raízes.

Todas tiveram (e ainda têm) sua parcela de importância no crescimento cultural do país.

Mas aí entra um interesse regional e pessoal, não nacional, não populacional especificamente. Falo em país.

Moro numa região de forte imigração alemã datada do século XIX e, obviamente, os estudos germãnicos são importantíssimos para o entendimento da sociedade local. A mesma coisa, entretanto, não se amplia a estudos árabes ou nipônicos. E da mesma forma não seria adequado requerer que o estudo sobre a imigração alemã e o modo germânico seja realizado em todo território nacional, em que essas influências não são desse porte. Isso seria tomar o todo pela parte.

É preciso ter em mente o que é geral e o que é localizado. O Brasil é imenso e suas diferenças são igualmente imensas. Darcy Ribeiro, fulcral sociólogo brasileiro, caracteriza o Brasil por essa diversidade, a identidade nacional seria a diversidade, pontuando a partir daí as diferenças regionais. De um ponto de vista local, o Brasil é claramente miscigenado, mas existem aspectos concernentes ao todo e foram esses que eu ressaltei.

Meu curso ofereceu a disciplina História da África, coisa que deve ter sido inserida na grade curricular há uns 10/15 anos apenas, não mais que isso. Antes, muitos saíam dos cursos de História só "sabendo" história africana quando se estudava escravidão no Brasil mesmo. Ou o cara buscava esse conhecimento mais específico sobre a África, extra-curso, ou ficava só nisso aí mesmo.

Pois no meu curso só retornou agora com a lei. Foi preciso também uma lei para que a história africana e culturas africanas sejam ensinadas na Educação Básica.

Alguns posts atrás discutiu-se quais as culturas que deveriam ser enfatizadas nas escolas em função da sua influência no cenário nacional. Pura besteira. Somos um país miscigenado, recebemos imigrantes de zilhões de países de todos os continentes. Não existe, a nivel nacional, uma "cultura mais importante" (termo esquisito, né?). O cidadão de hoje precisa de um conhecimento cosmopolita e deve aprender o que puder sobre todas as culturas que puder. Eventuais ênfases podem ser dadas segundo critérios regionais, por exemplo, uma cidade cuja população descende majoritariamente de "X" tem mais ênfase na história deste povo, até para auxiliar a preservação cultural própria.

Importante = decisiva, do verbo relevante.
OK, talvez eu tenha usado o termo inadequado, que acabou gerando essa confusão e interpretação de algo que não era a minha intenção.

Mas reitero a minha opinião de que existem sim culturas mais decisivas para a formação cultural do país. E isso não é "pura besteira", é uma constatação mais do que óbvia. Até quando vamos ficar com esse papinho de miscigenação, de "somos todos iguais", equivalendo tudo, equivalendo o preconceito com a normatização, sem nem mesmo a noção/intenção disso? A sociedade é desigual e é natural que ela seja assim. É o processo histórico, humano.

Claro que estudar tudo, contemplar tudo seria o ideal. Ideal. Sabemos que o tempo em sala de aula não permite isso, que a curta vida humana não permite isso. Pautando especificamente na educação escolar, tratar de todos esses assuntos seria um disparate no sentido em que não há tempo hábil para isso: portanto é preferível aprofundar questões mais decisivas e relevantes do que "passar por cima" em assuntos diversos sem complexificá-los. É preciso fazer escolhas metodológicas e conteudísticas. Foi pensando nisso, no contexto escolar que pautei a (polêmica, já vi) defesa da "cultura mais importante"...


Sei, usuários quotados, que nem toda a minha réplica utiliza a vossa opinião como contraponto, apenas utilizei os vossos posts para levantar a minha perspectiva sobre os assuntos levantados nos referidos quotes. Podem ocorrer desvios de opinião de acordo com a interpretação.

Agora me pergunto: por que ainda me dou o trabalho de escrever posts desse tamanho e com essa carga depois de tanto tempo em debates na internet?
 
Admito que fica foda discutir quando nem tu nem eu apresentamos dados concretos para debater. Mas tu está querendo dizer que os brancos pobres no segundo maior país do mundo em número de população negra são em número superior aos negros pobres? Sério mesmo?
Sim, eu sei que sem dados concretos a discussão não sai do lugar.
Mas também sei que é impossível separar brancos e negros no Brasil.

Pra mim Lázaro Ramos é negro, mas Ronaldo 'Fenômeno' Nazário é branco.

Prova disso é a história dos gêmeos que foram capa da VEJA. Um deles foi aceito como negro e ganhou cota. O outro foi negado para cota, porque disseram que ele era branco. E aí???


Agora me pergunto: por que ainda me dou o trabalho de escrever posts desse tamanho e com essa carga depois de tanto tempo em debates na internet?
Pois é, eu nem li tudo! :lol:
 
A globalização nem é tão defendida assim. Existem pensamentos conservadores que detectam (com razão) os males da globalização. Em, todo caso, penso que em termos de educação, é muito mais proveitoso o estudo de culturas diretamente norteadoras do envolvimento social direto num sentido ampliado do que referências localizadas, regionais ou de grupo. Mas essa é outra história...

A globalização tem sim suas desvantagens, e uma das mais, se não pesadas, bizarras, é a transformação do lado mais estereotoipado de uma cultura em produto internacional, enquanto que o próprio povo perde aquele traço cultural.

Vi, no meu curso de alemão hoje, um vídeo da Deutsche Welle sobre várias tradições alemãs que viraram produto de exportação, enquanto que eles mesmos não fazem usos daqueles aparados. No Brasil, também há muita coisa assim, a imagem exagerada de samba country que temos para os gringos. O mesmo para o tango na Argentina, e whatever.

Mas eu sou mais a favor do que contra da globalização. Só depende do tipo de globalização, se para a exclusão ou a marginalização. Acredito que a integração do mundo, de maneira justa e concreta, só é viável com a redução das desigualdades antes (com barreiras comerciais ou até mesmo circulatórias) e com a compreensão inter-étnica que eu abordei no último post.

Mas aí entra um interesse regional e pessoal, não nacional, não populacional especificamente. Falo em país.

Moro numa região de forte imigração alemã datada do século XIX e, obviamente, os estudos germãnicos são importantíssimos para o entendimento da sociedade local. A mesma coisa, entretanto, não se amplia a estudos árabes ou nipônicos. E da mesma forma não seria adequado requerer que o estudo sobre a imigração alemã e o modo germânico seja realizado em todo território nacional, em que essas influências não são desse porte. Isso seria tomar o todo pela parte.

É preciso ter em mente o que é geral e o que é localizado. O Brasil é imenso e suas diferenças são igualmente imensas. Darcy Ribeiro, fulcral sociólogo brasileiro, caracteriza o Brasil por essa diversidade, a identidade nacional seria a diversidade, pontuando a partir daí as diferenças regionais. De um ponto de vista local, o Brasil é claramente miscigenado, mas existem aspectos concernentes ao todo e foram esses que eu ressaltei.

A vida é muito curta para aprender tudo. Aprender sobre os americanos confederados só por causa da cidade de Americana, dos holandeses por causa de Holambra ou dos finlandeses por causa de Penedo, por exemplo, seria foda.

Os mais decisivos são realmente ibéricos, os vários povos indígenas e os vários povos africanos que formaram a população do País. É necessário aumentar a ênfase principalmente sobre estes dois últimos grupos de povos, para mostrar que, dentro deles, há diferenças avassaladoras. Dizer que masais são iguais a zulus que são iguais aos povos da região do Congo que são iguais a somalis que são iguais ao povo de Mali é tão absurdo quanto dizer que portugueses, russos e persas são iguaizinhos entre si.

Outra noção que deve ser quebrada é que eles eram mais "burros" ou sempre mais "atrasados" que os colonizadores. Para se ter ideia, os escravos que lideraram a Revolta dos Malês - pela história que eu sei lá do Primário, que não sei se é de todo verdadeiro - eram muçulmanos (e o Islã tem um "espírito ético" de educação universal muito maior que o dos países cristãos antes do século XIX), sabiam escrever em árabe e eram muito mais bem educados que grande parte de seus próprios donos, que podiam ser até analfabetos.
 
Importante = decisiva, do verbo relevante.
OK, talvez eu tenha usado o termo inadequado, que acabou gerando essa confusão e interpretação de algo que não era a minha intenção.

Mas reitero a minha opinião de que existem sim culturas mais decisivas para a formação cultural do país. E isso não é "pura besteira", é uma constatação mais do que óbvia. Até quando vamos ficar com esse papinho de miscigenação, de "somos todos iguais", equivalendo tudo, equivalendo o preconceito com a normatização, sem nem mesmo a noção/intenção disso? A sociedade é desigual e é natural que ela seja assim. É o processo histórico, humano.

Claro que estudar tudo, contemplar tudo seria o ideal. Ideal. Sabemos que o tempo em sala de aula não permite isso, que a curta vida humana não permite isso. Pautando especificamente na educação escolar, tratar de todos esses assuntos seria um disparate no sentido em que não há tempo hábil para isso: portanto é preferível aprofundar questões mais decisivas e relevantes do que "passar por cima" em assuntos diversos sem complexificá-los. É preciso fazer escolhas metodológicas e conteudísticas. Foi pensando nisso, no contexto escolar que pautei a (polêmica, já vi) defesa da "cultura mais importante"...


Sei, usuários quotados, que nem toda a minha réplica utiliza a vossa opinião como contraponto, apenas utilizei os vossos posts para levantar a minha perspectiva sobre os assuntos levantados nos referidos quotes. Podem ocorrer desvios de opinião de acordo com a interpretação.

Agora me pergunto: por que ainda me dou o trabalho de escrever posts desse tamanho e com essa carga depois de tanto tempo em debates na internet?
Mas seguindo esse raciocinio, o que é feito hoje em dia não poderia ser considerada errada.
É só uma questão de divergencia de onde deve ser passada a régua.
 
Mas a pergunta fica, qual é a diferença entre língua e dialeto?
Língua é um sistema linguístico completo, um idioma verdadeiro. Dialeto é um apanhado de gírias e poucas palavras usado geralmente entre povos de idiomas diferentes, jargões comerciais, etc. Chamar línguas africanas de dialeto era uma prática europeia comum para desvalorizar a riqueza dessas culturas, como se eles fossem incapazes de falar idiomas verdadeiros - como se o seu falar não passasse de um dialeto ridículo, um tribalismo primitivo.
 
Dialeto não é bem isso. Dialeto é apenas uma variante da língua padrão de determinado lugar, como aqui no Brasil mesmo, onde temos o dialeto gaúcho do português, o nordestino, etc. Há diferenças consideráveis de léxico, sintaxe e pronúncia entre essas variantes, mas todas ainda são parte do português. Um dialeto também pode ser definido por características sociais, como o cockney no inglês britânico, que é basicamente o dialeto da classe trabalhadora londrina.

As línguas africanas, principalmente as com maior número de falantes, certamente também têm seus próprios dialetos. Quanto maior o número de falantes de uma língua (qualquer língua, africana ou não), ainda mais se associado a uma grande área geográfica onde ela é falada, maior será a probabilidade de existir dialetos dessa língua.
 
Última edição:
''lei de cotas'' pode criar "controvérsia e divisão" e que o novo estatuto pretende dar atenção à população "mais pobre" independente da raça.

Eu eu me pergunto por que demorou tanto tempo para perceberem isso. Desde o começo dessa baboseira de cotas eu me irritava com a tal ideologia que a defendia.

Se a maioria dos pobres é ou não composta por negros, a questão não é essa. O ponto é saber que, ao menos na teoria e na proposta governamental, o indivíduo pobre terá a devida atenção dada sua condição sócio-econômica, e não o fato de pertencer a uma etnia X ou Y, independentemente de X ser 10% da população pobre e Y 90%, ou vice-versa.

Enfim, antes tarde do que nunca.
 
Cabe lembrar que (ao menos pelo que eu ouvi falar) língua e dialeto são dois conceitos diferentes, mas não há nenhum "teste padrão" para diferir um do outro. Por motivos políticos, por exemplo, Sérvia, Croata e Bósnia chamam seu idioma oficial de sérvio, croata e bósnio, quando na verdade são a mesma língua. Por outro lado, o governo chinês, por motivos também políticos, considera que muitas línguas que não são mutuamente inteligíveis com o mandarim padrão, como o cantonês, são apenas "dialetos" de uma mesma fala.

Mas isso ainda são diferenças muito mais sutis do que as que devem existir entre o yorubá, o zulu e o swahili.
 
Língua é um sistema linguístico completo, um idioma verdadeiro. Dialeto é um apanhado de gírias e poucas palavras usado geralmente entre povos de idiomas diferentes, jargões comerciais, etc. Chamar línguas africanas de dialeto era uma prática europeia comum para desvalorizar a riqueza dessas culturas, como se eles fossem incapazes de falar idiomas verdadeiros - como se o seu falar não passasse de um dialeto ridículo, um tribalismo primitivo.

Dialeto não é bem isso. Dialeto é apenas uma variante da língua padrão de determinado lugar, como aqui no Brasil mesmo, onde termos o dialeto gaúcho do português, o nordestino, etc. Há diferenças consideráveis de léxico, sintaxe e pronúncia entre essas variantes, mas todas ainda são parte do português. Um dialeto também pode ser definido por características sociais, como o cockney no inglês britânico, que é basicamente o dialeto da classe trabalhadora londrina.

As línguas africanas, principalmente as com maior número de falantes, certamente também têm seus próprios dialetos. Quanto maior o número de falantes de uma língua (qualquer língua, africana ou não), ainda mais se associado a uma grande área geográfica onde ela é falada, maior será a probabilidade de existir dialetos dessa língua.

Cabe lembrar que (ao menos pelo que eu ouvi falar) língua e dialeto são dois conceitos diferentes, mas não há nenhum "teste padrão" para diferir um do outro. Por motivos políticos, por exemplo, Sérvia, Croata e Bósnia chamam seu idioma oficial de sérvio, croata e bósnio, quando na verdade são a mesma língua. Por outro lado, o governo chinês, por motivos também políticos, considera que muitas línguas que não são mutuamente inteligíveis com o mandarim padrão, como o cantonês, são apenas "dialetos" de uma mesma fala.

Mas isso ainda são diferenças muito mais sutis do que as que devem existir entre o yorubá, o zulu e o swahili.

Obrigado aos três. Pelo que eu entendi a diferença era ligeiramente sutil mesmo.

Eu eu me pergunto por que demorou tanto tempo para perceberem isso. Desde o começo dessa baboseira de cotas eu me irritava com a tal ideologia que a defendia.

Se a maioria dos pobres é ou não composta por negros, a questão não é essa. O ponto é saber que, ao menos na teoria e na proposta governamental, o indivíduo pobre terá a devida atenção dada sua condição sócio-econômica, e não o fato de pertencer a uma etnia X ou Y, independentemente de X ser 10% da população pobre e Y 90%, ou vice-versa.

Enfim, antes tarde do que nunca.
Creio que tenha sido pela repercussão de fazer uma cota racial (conceito errôneo, por sinal, já que a gente n é cachorro) e não social. Enfim, finalmente consertaram isso.
 
Cabe lembrar que (ao menos pelo que eu ouvi falar) língua e dialeto são dois conceitos diferentes, mas não há nenhum "teste padrão" para diferir um do outro. Por motivos políticos, por exemplo, Sérvia, Croata e Bósnia chamam seu idioma oficial de sérvio, croata e bósnio, quando na verdade são a mesma língua. Por outro lado, o governo chinês, por motivos também políticos, considera que muitas línguas que não são mutuamente inteligíveis com o mandarim padrão, como o cantonês, são apenas "dialetos" de uma mesma fala.

Mas isso ainda são diferenças muito mais sutis do que as que devem existir entre o yorubá, o zulu e o swahili.

A única diferença entre língua e dialeto é que dialeto é mais específico, a língua inclui todos os dialetos, como alguém falou em um post acima, os dialetos são o português de Portugal, com os seus inúmeros subdialetos (o português falado em Lisboa é ligeiramente diferente do falado em Alentejo etc), e o português do Brasil tem o gaúcho, o nordestino, o caipira, o mineiro etc, dialetos são "partes" da língua que são ligeiramente diferentes mas inteligíveis entre si, o que não acontece com o chinês, o mandarim é diferente do cantonês, que é diferente do xangainês etc.
 
Gente...
Vale lembrar que a proposta inicial da política de cotas era uma forma de reparo ao atraso causado pela escravidão e etc. Se isso foi realmente o que aconteceu ou se era viável que isso acontecesse... são outros 500.

Na prática eu sou contra pq não acontece dessa maneira. Fica aquele mal estar, aquela suposta incapacidade. Fica uma nuvem de preconceito no ar. Acho que existem outras maneiras de estimular o ensino e viabilizar outras affirmative actions.

Concordo com todos no que diz respeito à(s) cultura(s) africana(s). Acho imprescindível que faça parte do programa escolar. É parte do Brasil. É ridículo estudar escravagismo e não estudar outros aspectos.

No mais...
Existe algum tópico aqui onde poderíamos discutir cultura africana e afins? Acho que seria bastante interessante.
 
No mais...
Existe algum tópico aqui onde poderíamos discutir cultura africana e afins? Acho que seria bastante interessante.
CulturaS AfricanaS.


Sim, na minha época aprendi que os negros eram todos escravos e fim. O que sei hoje tive de aprender por conta própria.


Uma boa ideia de tópico, enfim.
 
CulturaS AfricanaS.

Isso. Erro meu! ;)

Sim, na minha época aprendi que os negros eram todos escravos e fim. O que sei hoje tive de aprender por conta própria.

Exatamente. Abordam toda a questão do negro escravo, mas e o papel do negro na formação da cultura brasileira? Falta muito isso. E acho que se esse aspecto fosse abordado nas escolas há alguns anos, estaríamos um pouco à frente na questão do preconceito e inclusão.

Uma boa ideia de tópico, enfim.

Vou ver em que área podemos abrir o tópico e tento criá-lo! :)
 
Eu tive uma professora de história no 2º ano que era mestre em história dos negros no Brasil e estava fazendo o doutorado. Então, ela naturamente, como todos os professores pós-graduados deste mundo, puxava sardinha para a especialização dela mesmo dando uma disciplina geral.

Ela falava que a sociedade dos escravos era extremamente complexa. Lembro-me de pouca coisa mas que, por exemplo, escravos poderiam inclusive ser donos de escravos.

PS: Cabral, ótima ideia você fazer um tópico sobre a história dos povos africanos mesmo.
 
Ela falava que a sociedade dos escravos era extremamente complexa. Lembro-me de pouca coisa mas que, por exemplo, escravos poderiam inclusive ser donos de escravos.

Isso inclusive gerou uma confusão muito grande quando descobriram umas cartas, em que se relatava o fato do Rei Zulu tinha escravos que serviam a ele. Não sei em que pé está isso hoje, mas foi uma zona total na época, incluindo denúncias de racismos e perjúrio pra quem publicou a carta.
 
Ela falava que a sociedade dos escravos era extremamente complexa. Lembro-me de pouca coisa mas que, por exemplo, escravos poderiam inclusive ser donos de escravos.

Isso inclusive gerou uma confusão muito grande quando descobriram umas cartas, em que se relatava o fato do Rei Zulu tinha escravos que serviam a ele. Não sei em que pé está isso hoje, mas foi uma zona total na época, incluindo denúncias de racismos e perjúrio pra quem publicou a carta.

A própria captura dos escravos na África era dada pelos africanos, e não pelos europeus. Até onde eu aprendi (o que pode significar que esteja errado), o sistema de escravidão já existia no continente, só foi extremamente ampliado. Esse fato do Rei Zulu ilustra bem isso.

E a idéia do tópico sobre culturas africanas é bem interessante, boa sugestão Castiel!
 

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