eu acho que como no caso da mulher forçada a fazer cesárea essa história tem alguns problemas dos dois lados. é evidente que o médico foi um imbecil grosseiro e houve violência obstétrica ali, não é isso que questiono. mas fico pensando aqui em algumas coisas como: como assim a mulher fica 30 horas em trabalho de parto e "esquece" de levar junto os exames e carteirinha do pré-natal? mesmo se fosse caso de emergência - eu desde que recebi a minha estava sempre com a carteirinha na bolsa, justamente para ter comigo em caso de emergência. aliás, uma semana antes do augusto nascer eu tive um sangramento e tive que ir correndo pra emergência da maternidade, óbvio que nessa situação não pensaria "upz, deixa eu passar em casa e pegar minha carteirinha", iria sem. mas de novo: 30 horas de trabalho de parto em casa, não é como se ela não estivesse já bem preparada para aquilo tudo né. e a treta toda aparentemente começou com a falta dos exames.
e todo o resto me pareceu que foi mais um daqueles casos de mulher que se informou pela internet, quis se empoderar mas andou só metade do caminho - como se pré-natal fosse só coleta de sangue e ultrassom. eu não sou uma pragmática sem coração achando que ela deveria sofrer essa violência toda que sofreu só porque não se preparou adequadamente, mas ela tinha que entender que infelizmente as condições que ela tinha para o parto são
especiais atualmente, ainda há uma luta contra toda essa estrutura que se montou, e então ela precisava de preparação
especial anterior. visitar maternidade anteriormente, conferir quais fazem parto humanizado, quais são conhecidas como amigas da criança, etc. o fato é que um plano de parto não transforma magicamente um hospital em especialista em parto humanizado.
e é justamente pelo fato de que o tratamento digno tenha que ser "planejado" que faz da causa dessas pessoas que lutam pelo parto humanizado algo tão importante. isso precisa ser divulgado, discutido, conversado, para que histórias como a dessas mulheres sejam cada vez mais raras, para que médicos como esse cara de natal não achem que o tratamento que ele dispensou a essa mulher seja "normal" e que ele tenha sido a vítima ali. mas enquanto essa luta não tem resultados de fato, a mulher que não deseja transformar seu parto em trauma precisa, infelizmente, de planejamento, planejamento, planejamento.