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Mulheres denunciam violência obstétrica; saiba se você foi vítima

Bruce Torres

Let's be alone together.
Mulheres denunciam violência obstétrica; saiba se você foi vítima
Por Giovanna Balogh

Mulheres são diariamente vítimas da chamada violência obstétrica em consultórios e hospitais das redes pública e privada de saúde. Muitas parturientes não sabem dos seus direitos no pré-natal, na hora do parto e no pós-parto e constantemente sofrem com agressões físicas ou emocionais por parte dos profissionais de saúde.

É considerada violência obstétrica desde a enfermeira que pede para a mulher não gritar na hora do parto normal até o médico que faz uma episiotomia – o corte entre o ânus e a vagina para facilitar a saída do bebê . Apesar de a OMS (Organização Mundial da Saúde) determinar critérios e cautela para a adoção do procedimento, médicos fazem a prática de maneira rotineira. A obstetriz Ana Cristina Duarte, do Gama (Grupo de Maternidade Ativa), estima que entre 80% a 90% das brasileiras são cortadas durante o parto normal. “Sabemos que há evidências de que não é necessário mais cortar as mulheres. As mulheres são cortadas sem o consentimento delas e isso é uma violência obstétrica”, comenta.

De acordo com a pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, divulgada em 2010 pela Fundação Perseu Abramo, uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência durante o parto. Por conta do grande número de denúncias que tem recebido, o Ministério Público Federal decidiu instaurar nesta semana um inquérito civil público para apurar esses casos.

Segundo o MPF, algumas denúncias “demonstram o desrespeito” a essas mulheres. Para Ana Cristina, o número da pesquisa está subestimado pois muitas mulheres ainda não entendem que foram vítimas desse tipo de violência. Ela diz que os efeitos da violência obstétrica são sérios e podem causar depressão, dificuldade para cuidar do recém-nascido e também problemas na sexualidade desta mulher. Os tipos mais comuns de violência, segundo o estudo, são gritos, procedimentos dolorosos sem consentimento ou informação, falta de analgesia e até negligência.

A Defensoria Pública de São Paulo também tem intensificado as ações para orientar as mulheres e sobre a importância de denunciar os casos para a Justiça, a ouvidoria dos hospitais e os conselhos de classe, como o CRM (Conselho Regional de Medicina).

A free-lancer Marina de Oliveira Kater Calabró, 36, conta que sofreu episiotomia no parto dos três filhos e que teve dificuldades na recuperação dos pontos, principalmente, no parto do caçula, ocorrido no ano passado em um hospital particular de São Paulo. “Na primeira gravidez eu realmente não sabia que não era necessário. No terceiro parto, minha recuperação da episiotomia foi horrível, sofri pacas, demorou muito até eu conseguir andar direito”, lamenta Marina, que fez todos os partos com a mesma médica.

Outros exemplos de violência obstétrica são a infusão intravenosa para acelerar o trabalho de parto (ocitocina sintética), a pressão sobre a barriga da parturiente para empurrar o bebê (manobra de Kristeller), o uso rotineiro de lavagem intestinal, retirada dos pelos pubianos (tricotomia) e exame de toque frequente para verificar a dilatação. São comuns também os relatos de humilhações praticados por parte dos profissionais de saúde que dizem frases como “se você não parar de gritar, eu não vou mais te atender”, “na hora de fazer não gritou” e outras do gênero.

Também é considerada violência obstétrica agendar uma cesárea sem a real necessidade, recusar dar bebida ou comida para uma mulher durante o trabalho de parto ou impedir procedimentos simples, como massagens para aliviar a dor e a presença de um acompanhante na hora do parto, que pode ser o marido ou qualquer pessoa da escolha da parturiente.

Segundo os relatos do MPF, muitas mães são amarradas e obrigadas a ficar deitadas durante o trabalho de parto quando é comprovado cientificamente que, para minimizar os incômodos das contrações, a mulher deve se movimentar e ficar na posição que se sente mais confortável para parir. Mães que são impedidas de ter contato com o bebê e amamentá-lo logo após o parto também podem denunciar os profissionais de saúde.

Além de fiscalizar as entidades de saúde que estão desrespeitando os direitos reprodutivos e sexuais das mulheres, o MPF pretende divulgar a ocorrência das práticas indevidas durante o trabalho de parto, bem como os direitos das parturientes. As procuradoras da República Luciana da Costa Pinto e Ana Previtalli, responsáveis pela instauração do inquérito civil público, defendem que as mulheres precisam ser informadas para que possam cobrar dos profissionais que as atendem a assistência digna e baseada em evidências científicas já estabelecida pela OMS. Os casos podem ser denunciados no site do Ministério Público Federal.

AÇÕES NA JUSTIÇA

A advogada Priscila Cavalcanti conta que entrou com várias ações na justiça por conta dos maus-tratos sofridos por suas clientes. Além de processar o hospital e o profissional de saúde envolvido, em alguns casos o plano de saúde também é incluído na ação. “Usamos o respaldo de que o médico consta da rede credenciada e deveria ser melhor qualificado ou estar mais a par das evidências”, comenta. A advogada, que se especializou nesse tipo de ações, aconselha as mulheres a tentar reverter o quadro no momento, quando isso é possível.

“Toda mulher tem direito a um acompanhante da sua escolha na hora do parto, então, ela deve se informar de seus direitos para exigir na hora do parto”, comenta. Ela ainda aconselha as pacientes a prestar atenção nos nomes de quem está praticando a violência obstétrica e, após a alta, pedir o prontuário da mulher e do bebê. “Depois, o ideal é escrever o relato do que aconteceu, com riqueza de detalhes, e procurar um advogado de confiança, para que possam ser tomadas as medidas legais cabíveis”, orienta.

A cidade de Diadema, na Grande SP, foi pioneira ao criar, no ano passado, uma lei contra a violência obstétrica na rede municipal de saúde.

RELATOS

Apesar do termo violência obstétrica ser relativamente novo, além de denunciar, muitas mães têm trocado experiências e divulgado os casos nas redes sociais para que outras mulheres não passem pelo mesmo sofrimento. Desde março do ano passado, a fotógrafa Carla Raiter, 31, coleta histórias e registra imagens de mulheres que foram vítimas na hora do parto. Com o projeto “1:4 Retratos da Violência Obstétrica”, ela mostra de forma anônima o sofrimento dessas mulheres.

Ao receber o relato, ela faz uma tatuagem temporária que é aplicada na pele da mulher que será fotografada. Confira nas imagens a seguir o que passaram algumas mulheres no momento que deveria ser o mais feliz de suas vidas. E você, já foi vítima de violência obstétrica?

Fonte: http://maternar.blogfolha.uol.com.b...iolencia-obstetrica-saiba-se-voce-foi-vitima/
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Meu comentário: essa reclamação contra a postura dos obstetras vem de longa data, mas fiquei impressionado com o fato de que muitos chegam a mutilar fisicamente a parturiente.
 
Que absurdo essa "episiotomia"! Não sabia que existia esse tipo de barbaridade.
E, pior, nesse texto tá dizendo que de 80 a 90% dos partos no Brasil utilizam essa coisa abominável.
 
E, pior, nesse texto tá dizendo que de 80 a 90% dos partos no Brasil utilizam essa coisa abominável.
80 a 90% dos partos normais
já li que a maioria dos médicos prefere fazer cesárea, pq assim o parto tem hora marcada e o médico ganha mais dinheiro
e já ouvi falar de plano de saúde que pediu a data do parto normal com antecedência, pra poder liberar ou não a cobertura o_O
ah, já apareceu em pesquisa que os partos normais estão uniformemente distribuídos pelos dias da semana, já as cesáreas quase não acontecem em sábados, domingos e feriados ¬¬
 
Mas a episiotomia não é para impedir que haja justamente uma ruptura maior que pode acontecer em alguns partos normais? Qual é o sentido de fazer episiotomia se ela não é necessária? Não estou defendendo nem nada. Só querendo entender. O que a nossa Dra. @Pim e a nossa futura Dra. @Tek tem a dizer sobre o assunto.
 
Última edição:
Mas a episiotomia não é para impedir que haja justamente uma ruptura maior que pode acontecer em alguns partos normais?
até onde eu sei, é sim, eu ouvi umas histórias terríveis quando estava grávida, de pessoas mais velhas, em que não era feito antigamente e acabava rompendo por causa da força, etc. e que daí era bem mais doído e demorava muito mais pra sarar, agora, até onde essa informação procede eu não sei...

Qual é o sentido de fazer episiotomia se ela não é necessária?
eu também não entendo qual é o sentido de fazer o corte quando não há necessidade, mas sei que aqui no hospital da minha cidade é feito sim, pois conversei com várias mulheres que tinham passado pelo procedimento quando eu estava internada...
com relação à cesárea, eu já passei por duas, a primeira foi por não ter podido ter o parto normal e a segunda foi por escolha minha, minha médica não teve influência nenhuma nessa decisão porém, segundo comentários ouvidos nos corredores de hospital quando eu estava lá e outros de amigas que tiveram bebês recentemente, vejo que os médicos daqui, quando estão atendendo por convênios com planos de saúde ou particular, procuram sim induzir a paciente a fazer a cesárea (não sei o que motiva isso, mas que acontece, acontece), enquanto que na rede pública, aparentemente a cesárea só é utilizada com último recurso, vide a minha ex cunhada que ficou 2 dias internada, com dores de parto e só fizeram a cesárea quando o bebê estava com os batimentos cardíacos baixos e quase morto...
felizmente, eu não posso dizer que sofri nenhum tipo de violência quando dos meus dois partos, a equipe que me atendeu foi ótima, desde a minha médica que fez os meus dois partos e pré natal, anestesista, e as enfermeiras que me ajudaram no pós operatório, logo após eu ter condições de estar com os bebês e amamentando elas já foram deixadas junto comigo e durante os dois dias que eu fiquei no hospital após o nascimento da Rafa, eu pude ter acompanhante (na época da Liza não era permitido)
 
Mas a episiotomia não é para impedir que haja justamente uma ruptura maior que pode acontecer em alguns partos normais? Qual é o sentido de fazer episiotomia se ela não é necessária? Não estou defendendo nem nada. Só querendo entender. O que a nossa Dra. @Pim e a nossa futura Dra. @Tek tem a dizer sobre o assunto.

Episiotomia tem indicação somente quando há alguma desproporção entre o bebê e o canal vaginal da mãe. Se a cabecinha ficou/ficará entalada? Episiotomia! Se o ombrinho ficou/ficará entalado? Episiotomia! Este é o certo, agora a forma que ela é usada eu não posso afirmar, discutir ou argumentar. Onde tem seres humanos tem falcatrua e mal uso das ferramentas e conhecimentos disponíveis, mas nem por isso devemos crucificar suas boas indicações.
 
Gentê, #menospreconceitomaisconhecimento

Episiotomia não é nenhum absurdo! A Pim explicou a necessidade, e como a Erendis disse, se não é feita quando necessária, pode estourar a vagina da mulher ou mesmo precisar de uma intervenção cirúrgica - a cesárea - pra retirada do bebê. Não é uma crueldade que os médicos fazem por prazer :roll:
De qualquer forma, já ouvi falar que muitas vezes é feita sem indicação, embora não lembre a fonte pra poder julgá-la confiável. Se é feito a torto e a direito, é pra evitar qualquer complicação, mesmo que ela seja improvável.
Mas uma coisa que deve ser feita é o médico falar com a parturiente sobre a possibilidade de se precisar fazer o procedimento.

O texto fala que a episio é um corte entre o ânus e a vagina. Não é bem assim. O corte não chega a atingir o ânus, só segue em sua direção. Existe também o corte médio-lateral:
mcdc7_episiotomy.jpg


Existe um preconceito grande e equivocado contra a cesárea. Não, a cesárea não é uma forma de ganhar mais dinheiro ou agilizar o processo, tampouco é a pior coisa que pode acontecer a uma parturiente.
No parto normal, a dilatação da mulher precisa ter 10 cm pra que o bebê possa nascer. Até lá, enquanto a mulher está dilatando, o médico vai vê-la ocasionalmente e tem tempo de fazer várias outras coisas, inclusive ver a novela. Quando atinge os 10 cm, aí sim o parto começa e é rapidinho, se não tiver complicações.
Já a cesárea é um processo cirúrgico. Exige muito mais cuidado, tempo de preparo e de finalização. Só a sutura de todas as camadas de tecido deve levar mais tempo que o parto em si (eu não sei porque não tinha saco e saía da sala).

A cesárea tem diversas vantagens sobre o parto normal, como maior segurança e menos sofrimento pra mãe. Alguns médicos acham (e eu concordo) que é mais humano deixar a mulher sofrer a recuperação da cirurgia do que certos trabalhos de parto difíceis, em que ela leva horas pra dilatar o necessário. A escolha final é dela, mas o médico tem a obrigação de oferecer a opção.
Em alguns casos como gravidez de gêmeos e apresentação pélvica (quando é o bumbum, e não a cabeça, que se apresenta no colo do útero) é muuuuito mais seguro fazer cesárea. Em apresentação transversa (feto na horizontal), complicações como descolamento de placenta e mãe portadora de herpes genital e/ou HIV, cesárea sem dúvidas!

E por que se faz mais partos normais na rede pública? Porque é bem mais barato. Os gastos de uma cirurgia são bem maiores e acho que não preciso explicar por quê, mas digo que a sala de cirurgia é individual enquanto a de parto normal não precisa ser - só se for hospital particular e a mulher pagar por isso.

Mais alguma dúvida? =]

Sobre outras partes da reportagem, eu já ouvi a enfermeira falando pra parturiente aquele "na hora de fazer não gritou". Fiquei chocada, de fato!
 
Alguns médicos acham (e eu concordo) que é mais humano deixar a mulher sofrer a recuperação da cirurgia do que certos trabalhos de parto difíceis, em que ela leva horas pra dilatar o necessário. A escolha final é dela, mas o médico tem a obrigação de oferecer a opção.
Tenho calafrios só de pensar na recuperação de uma cesárea, acho que escolheria parto normal, se possível. Mas isso é só opinião minha e nem sei ainda se quero ter filhos ><
 
Tenho calafrios só de pensar na recuperação de uma cesárea
olha Bel, eu sei que muita gente reclama bastante e já vi mulheres que ficaram bem debilitadas, mas acho que isso depende muito da pessoa, do organismo, etc., porque nas minhas cesáreas, a recuperação não poderia ter sido melhor, fiquei o tempo necessário em repouso, depois tomei os remédios receitados pela médica direitinho e não tive nenhum excesso de dor, nem de incômodo...
a minha médica conversou bastante comigo, orientou em ambas as vezes os cuidados que eu precisava tomar de verdade e as coisas que são lenda (as vózinhas piravam quando eu dizia que tomava banho sozinha e lavava o cabelo! :hihihi:)
 
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Reactions: Bel
Uma mulher falou isso? Eu esperava isso (infelizmente) de homens, mas de outras mulheres é ainda mais imbecil.
Pois é. Ontem mesmo minha mãe estava falando sobre isso. No dia que eu nasci, falaram pra ela "ah, mas pra fazer você gostou, né". Minha prima contou que uma enfermeira disse pra ela "para de drama, não está doendo tanto assim".
 
Pois é. Ontem mesmo minha mãe estava falando sobre isso. No dia que eu nasci, falaram pra ela "ah, mas pra fazer você gostou, né". Minha prima contou que uma enfermeira disse pra ela "para de drama, não está doendo tanto assim".
Nossa! Triste isso. A mulher já está bem traumatizada, sofrendo e soltam uma dessa? Pra muita gente falta empatia com o sofrimento alheio. Se alguém reclama ela está exagerando, fazendo drama. Se fazendo de coitado, de vítima.

É, o ser humano não mudou nada.
 
Gentê, #menospreconceitomaisconhecimento

tek, eu sei que o seu "menos preconceito mais conhecimento" foi voltado para os comentários das pessoas aqui no tópico assustadas com os procedimentos e não às pessoas que têm lutado contra a violência obstétrica, mas de qualquer forma, só para deixar claro: quem está nessa não enxerga episiotomia e a cesárea como coisas a serem combatidas/proibidas, porque elas sabem que há casos em que são de fato necessárias. a questão é que elas trabalham com depoimentos de muitas pessoas que passaram pelos dois procedimentos, em alguns casos tiveram complicações por causa desses e depois souberam que eles eram desnecessários.

então, seguindo a linha do "menos preconceito e mais conhecimento", acho legal ver o outro lado também, no caso o que os militantes consideram violência obstétrica. peguei do site 1:4:

São atos de violência obstétrica:

- Impedir que a mulher seja acompanhada por alguém de sua preferência, familiar ou de seu círculo social.

- Tratar uma mulher em trabalho de parto de forma agressiva, não empática, grosseira, zombeteira ou de qualquer forma que a faça se sentir mal pelo tratamento recebido.

- Tratar a mulher de forma inferior, dando-lhe comandos e nomes infantilizados e diminutivos, tratando-a como incapaz.

- Submeter a mulher a procedimentos dolorosos desnecessários ou humilhantes, como lavagem intestinal, raspagem de pelos pubianos, posição ginecológica com portas abertas.

- Impedir a mulher de se comunicar com o “mundo exterior”, tirando-lhe a liberdade de telefonar, usar celular, caminhar até a sala de espera etc.

- Fazer graça ou recriminar por qualquer característica ou ato físico como, por exemplo, obesidade, pelos, estrias, evacuação etc.

- Fazer graça ou recriminar por qualquer comportamento como gritar, chorar, ter medo, vergonha etc.

- Dar bronca, ameaçar, chantagear ou cometer assédio moral com qualquer mulher/casal por qualquer decisão que ela possa ter tomado, quando essa decisão for contra as crenças, fé ou valores morais de qualquer pessoa da equipe, por exemplo: não ter feito ou ter feito inadequadamente o pré natal, ter muitos filhos, ser mãe jovem (ou o contrário), ter tido ou tentado um parto em casa, ter tido ou tentado um parto desassistido, ter tentado ou ter efetuado um aborto, ter atrasado a ida ao hospital, não ter informado qualquer dado, seja intencional, seja involuntariamente.

- Fazer qualquer procedimento sem explicar antes o que é, por que está sendo oferecido e, acima de tudo, SEM PEDIR PERMISSÃO.

- Submeter a mulher a mais de um exame de toque (ainda assim quando estritamente necessário), especialmente por mais de um profissional, e sem o consentimento, mesmo que para ensino e treinamento de alunos.

- Dar hormônios para tornar mais rápido e intenso um trabalho de parto que está evoluindo normalmente.

- Cortar a vagina (episiotomia) da mulher quando não há necessidade (discute-se a real necessidade em mais que 5 a 10% dos partos).

- Dar um ponto na sutura final da vagina de forma a deixá-la menor e mais apertada para aumentar o prazer do cônjuge (“ponto do marido”).

- Subir na barriga da mulher para expulsar o feto (manobra de Kristeler).

- Submeter a mulher e/ou o bebê a procedimentos feitos exclusivamente para treinar estudantes e residentes.

- Permitir a entrada de pessoas estranhas ao atendimento para “ver o parto”, quer sejam estudantes, residentes ou profissionais de saúde, principalmente sem o consentimento prévio da mulher e de seu acompanhante com a chance clara e justa de dizer não.

- Fazer uma mulher acreditar que precisa de uma cesariana quando ela não precisa, utilizando de riscos imaginários ou hipotéticos não comprovados (o bebê é grande, a bacia é pequena, o cordão está enrolado).

- Submeter uma mulher a uma cesariana desnecessária, sem a devida explicação dos riscos que ela e seu bebê estão correndo (complicações da cesárea, da gravidez subsequente, risco de prematuridade do bebê, complicações a médio e longo prazo para mãe e bebê).

- Submeter bebês saudáveis à aspiração de rotina, injeções e procedimentos na primeira hora de vida, antes que tenham sido colocados em contato pele a pele e de terem tido a chance de mamar.

- Separar bebês saudáveis de suas mães sem necessidade clínica.

e olha, qualquer site que defenda humanização do parto/seja contra violência obstétrica vai ter um punhado de depoimentos que se encaixam exatamente nessas situações, então não é coisa do tipo "aconteceu com amiga de prima da vizinha", não é fato isolado.

Episiotomia não é nenhum absurdo! A Pim explicou a necessidade, e como a Erendis disse, se não é feita quando necessária, pode estourar a vagina da mulher ou mesmo precisar de uma intervenção cirúrgica - a cesárea - pra retirada do bebê. Não é uma crueldade que os médicos fazem por prazer :roll:

é violência quando é feita sem necessidade e sem consultar a mulher. e claro, também em casos assim:

epis.jpg


E eu acho que a questão da necessidade também vale para a cesárea. sim, há casos em que ela é necessária. mas a ideia de fazer a cesárea só para evitar uma possível dor do parto normal é questionável, porque a cesárea oferece riscos, sim, para a mãe e para o bebê. a OMS não recomendaria uma porcentagem mínima de cesáreas por região se fosse esse picnic todo. Aí eu pergunto: se um médico não tem qualquer vantagem sobre uma cesárea se comparar ao parto normal, por que indicam cesarianas sem necessidade? É pela mãe mesmo? MESMO? Porque se fosse pela mãe, não precisariam inventar uma complicação x (circular de cordão?), basta dizer "Ó, você pode fazer isso e não sentir dor nenhuma, não é melhor?".

eu sei de caso de médico que a paciente chega para a primeira consulta e o sujeito já fala em cesárea (wtf, nem sabe se haverá motivo ou não para isso!) - aconteceu com minha amiga que está grávida, ela trocou de obstetra por causa disso, mas de boas que acho melhor um cara que joga às claras assim (e dá a opção para a gestante procurar outra pessoa) do que os "bonzinhos" que uhh, claro, parto normal até que UPZ "descobrem" uma complicação aleatória bem antes de um feriado quando o bebê está perto de nascer. o problema é que não só eles inventam razões para indicar uma cesárea como também não informam os pais sobre os riscos do procedimento. e isso também é uma forma de violência - um procedimento complicado (você disse "Exige muito mais cuidado", não?), sendo vendido como se fosse, sei lá, tratar unha encravada. é manter a pessoa na ignorância para obter vantagem - pode ser garantir um feriado sem trabalho, uma agenda em dia com as outras pacientes que não são gestantes, dinheiro ou o escambau, mas ainda assim, vantagem. enfim, só é escolha quando a pessoa tem noção real de quais são as opções. não é só sobre escolher sobre parto com dor ou parto sem dor, com certeza.

(eu nem sei porque fui ler esse tópico, pior coisa do mundo para se fazer estando grávida. quer dizer, grávidas normais talvez nem liguem, mas eu sou grávida neurótica que pensa sempre no worst case scenario e agora já estou aqui, morrendo de medo do que está por vir em julho. isso que já tive o arthur, imagina se fosse o primeiro. bleargh.)

edit: episiotomia é um daqueles casos de palavras que dão tilt no meu cérebro, então malz se escrevi errado em algum canto do post.
 
então, seguindo a linha do "menos preconceito e mais conhecimento", acho legal ver o outro lado também, no caso o que os militantes consideram violência obstétrica. peguei do site 1:4:
Mas eu sempre vejo o outro lado, Ana. Não sou/serei essa médica mal-estereotipada que tem pose e só pensa em dinheiro. Sei que esse tipo de maltrato e de desdém existem - e nem é só na medicina, vide clientes que ficam pendurados na linha quando querem reclamar de algum serviço, mas na medicina a situação é mais delicada por causa da fragilidade dos pacientes. Não tiro a razão da reportagem nem do movimento, só peço responsabilidade a quem lê pra que não interpretem episio e cesárea como procedimentos evil e de médico preguiçoso, como sempre acontece.

é violência quando é feita sem necessidade e sem consultar a mulher. e claro, também em casos assim:
Exatamente! Em qualquer procedimento médico, seja ele cirúrgico ou não, o médico tem a obrigação de informar as possíveis complicações e medidas extras que podem ser necessárias. Uma mulher que vai fazer parto normal tem que saber que a episio pode ser necessária e tem o direito de dizer que não a quer!

E eu acho que a questão da necessidade também vale para a cesárea. sim, há casos em que ela é necessária. mas a ideia de fazer a cesárea só para evitar uma possível dor do parto normal é questionável, porque a cesárea oferece riscos, sim, para a mãe e para o bebê. a OMS não recomendaria uma porcentagem mínima de cesáreas por região se fosse esse picnic todo. Aí eu pergunto: se um médico não tem qualquer vantagem sobre uma cesárea se comparar ao parto normal, por que indicam cesarianas sem necessidade? É pela mãe mesmo? MESMO? Porque se fosse pela mãe, não precisariam inventar uma complicação x (circular de cordão?), basta dizer "Ó, você pode fazer isso e não sentir dor nenhuma, não é melhor?".

eu sei de caso de médico que a paciente chega para a primeira consulta e o sujeito já fala em cesárea (wtf, nem sabe se haverá motivo ou não para isso!) - aconteceu com minha amiga que está grávida, ela trocou de obstetra por causa disso, mas de boas que acho melhor um cara que joga às claras assim (e dá a opção para a gestante procurar outra pessoa) do que os "bonzinhos" que uhh, claro, parto normal até que UPZ "descobrem" uma complicação aleatória bem antes de um feriado quando o bebê está perto de nascer. o problema é que não só eles inventam razões para indicar uma cesárea como também não informam os pais sobre os riscos do procedimento. e isso também é uma forma de violência - um procedimento complicado (você disse "Exige muito mais cuidado", não?), sendo vendido como se fosse, sei lá, tratar unha encravada. é manter a pessoa na ignorância para obter vantagem - pode ser garantir um feriado sem trabalho, uma agenda em dia com as outras pacientes que não são gestantes, dinheiro ou o escambau, mas ainda assim, vantagem. enfim, só é escolha quando a pessoa tem noção real de quais são as opções. não é só sobre escolher sobre parto com dor ou parto sem dor, com certeza.
Pera, aí você está falando o que você sabe ou o que você supõe? A primeira cesárea a que eu assisti foi uma mulher que chegou com dores de parto, tal, palparam e viram que era apresentação pélvica. Será que foi uma situação inventada? Será que a apresentação era cefálica e falaram que era pélvica só pra fazer a cirurgia? Já era cerca de meia-noite, imagine ficar esperando, ao longo da madrugada, a mulher dilatar deeeeez cm! Eu não sei.

E sim, eu acredito que muitas vezes a cesárea é escolhida pela mulher, que não quer sentir dor ou prefere o dia x. E sim, acredito que muitas vezes é vendida pelo médico de modo a lhe dar alguma vantagem. Como a Pim disse, até gostei, onde tem ser humano, tem falcatrua.

(eu nem sei porque fui ler esse tópico, pior coisa do mundo para se fazer estando grávida. quer dizer, grávidas normais talvez nem liguem, mas eu sou grávida neurótica que pensa sempre no worst case scenario e agora já estou aqui, morrendo de medo do que está por vir em julho. isso que já tive o arthur, imagina se fosse o primeiro. bleargh.)
Vai dar tudo certo, fica tranquila ^^ Você é bem informada, deve ter um obstetra de confiança e tem pelo menos eu pra tirar dúvidas, se precisar =]
 
Pera, aí você está falando o que você sabe ou o que você supõe? A primeira cesárea a que eu assisti foi uma mulher que chegou com dores de parto, tal, palparam e viram que era apresentação pélvica. Será que foi uma situação inventada? Será que a apresentação era cefálica e falaram que era pélvica só pra fazer a cirurgia? Já era cerca de meia-noite, imagine ficar esperando, ao longo da madrugada, a mulher dilatar deeeeez cm! Eu não sei.

não entendi bem a sua pergunta. eu não disse que toda indicação para cesárea é lorota de médico, só que rola muita lorota. e rola mesmo, nos sites que linkei no meu post anterior tem vários relatos, links para artigos e afins. até porque convenhamos, se a oms recomenda uma taxa de 15% e o brasil está na casa dos 44% (dados da unicef), não precisa ser muito bom em matemática para ver que tem algo de errado aí e que algumas são feitas sem necessidade, não?

E sim, eu acredito que muitas vezes a cesárea é escolhida pela mulher, que não quer sentir dor ou prefere o dia x. E sim, acredito que muitas vezes é vendida pelo médico de modo a lhe dar alguma vantagem. Como a Pim disse, até gostei, onde tem ser humano, tem falcatrua.

sim, concordo com isso. são os dois lados, no final das contas. uma conhecida conta que falava pro médico que ia trocar de obstetra se ele não fizesse a cesárea para um dia que ela achou que era legal para a criança nascer. tem também um salto grande de nascimentos em datas "especiais", tipo 12/12/12 ou 11/12/13, por exemplo. não é só culpa do obstetra, o que eu acho que é culpa do obstetra é não deixar claro que há riscos, quando há. do site da ANS:

Estudos empreendidos apontam que a alta prevalência de bebês prematuros parece estar relacionada, em grande parte, às cesarianas e às induções do trabalho de parto realizadas antes da completa maturidade fetal. Estes fatores têm sido apontados como umas das principais causas de morbi-mortalidade perinatal destacando-se, entre elas, a síndrome de angústia respiratória do recém-nascido. Fetos de 37 a 38 semanas de gestação possuem 120 vezes mais chances de apresentarem essa complicação quando comparados aos fetos com mais de 39 semanas (BARROS et al, 2005; LEAL et al, 2004; MARTINS-COSTA et al, 2002). Em relação à mortalidade materna, outros estudos mostram que o risco para este evento é 2,8 vezes maior nas cesarianas eletivas sem emergência do que no parto vaginal (WAGNER, 2000; RCOG, 2001).

As cesarianas são intervenções cirúrgicas com a intenção de aliviar as condições maternas ou fetais quando há riscos para mãe e/ou feto, durante a gestação ou no trabalho de parto. Estes procedimentos, entretanto, não são isentos de risco, pois estão associados a maiores taxas de morbi-mortalidade materna e infantil (RATTNER, 1996; MARTINS-COSTA et al, 2002).

enfim, eu dei sorte com essa minha segunda obstetra porque ao contrário da primeira que só disse "ahhh, sabia que você ia amarelar" e agendou o parto, essa já veio na primeira consulta falando das complicações da cesárea, jogando aberto mesmo, ao invés de me oferecer a cesárea apenas como uma possibilidade de me "livrar" dos incômodos do parto, uma coisa que eu posso escolher já no primeiro mês sem nem saber qual será o posicionamento do bebê na hora do parto. é algo assim "vamos trabalhar para evitar ter que fazer uma cesárea", e não "dia 12 de julho às 8 tá bom para você?".

então assim, o que eu acho: criou-se um sistema, e ele não existiria se os dois lados (médicos e mães) não contribuíssem para tal. a única coisa que eu acho que desequilibra um pouco o sistema é que bem, os médicos têm a informação, mães normalmente não. e no geral, elas confiam no que é passado pelo médico, nada mais natural. só que isso vira um problema quando uma decisão é tomada a partir de uma desinformação ou de omissão de informação.

Vai dar tudo certo, fica tranquila ^^ Você é bem informada, deve ter um obstetra de confiança e tem pelo menos eu pra tirar dúvidas, se precisar =]

nhooooum, obrigada! :grinlove: :abraco:
 
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Existe uma pressão do ramo da estética e da mídia pop pra banalizar cirurgias. Uma das conseqüências é um bocado de gente fazendo anestesia achando que nunca vai ter uma alergia séria na mesa (descobre na hora) ao mesmo tempo em que a barriga está aberta ou que um corte nunca vai liberar um bocado de coágulos mortíferos na corrente.

Algumas vezes a bomba estoura em clínicas clandestinas ou até com médicos de diploma falso.

Podendo escolher, o melhor é o procedimento menos invasivo. Cirurgia é mesmo pra quem realmente precisa, afinal a vida é preciosa.
 
ou que um corte nunca vai liberar um bocado de coágulos mortíferos na corrente.

Me permite fazer uma observação?

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Brimks, só quero dizer que não precisa ser hiperbólico, também não é assim que acontece nas cirurgias com seu "bocado de coágulos mortíferos na corrente". Só concordo que ela deveria ser a última das opções.
 
  • Haha
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não entendi bem a sua pergunta. eu não disse que toda indicação para cesárea é lorota de médico, só que rola muita lorota. e rola mesmo, nos sites que linkei no meu post anterior tem vários relatos, links para artigos e afins. até porque convenhamos, se a oms recomenda uma taxa de 15% e o brasil está na casa dos 44% (dados da unicef), não precisa ser muito bom em matemática para ver que tem algo de errado aí e que algumas são feitas sem necessidade, não?
Não vou argumentar contra fatos. Esse número é bem alto e com certeza tem erro médico aí também. O que eu não gosto é de ver argumentos do tipo "quando eu estava grávida, me fizeram uma cesárea sem necessidade" ou "inventaram uma complicação" porque é difícil separar a verdade da falácia e esses argumentos não costumam vir com justificativa.

Mas eu concordo com o post inteiro, principalmente isto:

então assim, o que eu acho: criou-se um sistema, e ele não existiria se os dois lados (médicos e mães) não contribuíssem para tal. a única coisa que eu acho que desequilibra um pouco o sistema é que bem, os médicos têm a informação, mães normalmente não. e no geral, elas confiam no que é passado pelo médico, nada mais natural. só que isso vira um problema quando uma decisão é tomada a partir de uma desinformação ou de omissão de informação.

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Existe uma pressão do ramo da estética e da mídia pop pra banalizar cirurgias.
Não entendi... "pressão do ramo da estética pra banalizar cirurgias"? Não deveria ser o oposto?
 
Não entendi... "pressão do ramo da estética pra banalizar cirurgias"? Não deveria ser o oposto?

Essa estranheza é natural. Em um mundo ideal isso deveria ocorrer. Mas o nosso mercado deveria ser um monte de coisas melhores, entre elas menos fantasioso e mais honesto. Entretanto, hoje em dia quem vende a imagem dos serviços de medicina também são pessoas que não são médicas o que cria dores de cabeça para pacientes e médicos enquanto oportunistas fazem a festa.

Conheci duas professoras de faculdade de medicina (pública) especializadas na área de clínica e em uma conversa elas confessaram, uma pra outra, que tinham muito medo de ter que fazer lipoaspiração aqui no país. Tipo... se no meio acadêmico já está assim imagina no meio popular onde aqueles programas de TV de fofoca andam falando demais, apenas dos lucros sociais das cirurgias e não de aptidão. A imagem que focam em passar é que as pessoas ganharam uma Ferrari nova mas não dão espaço o bastante para a pessoa falar que o paciente arrisca a vida só de ficar aberto esperando o médico trabalhar.
 
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