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Muito Além do Jardim (Hal Ashby, 1979)

Lucas_Deschain

Biblionauta
[align=center]Muito Além do Jardim (Hal Ashby, 1979)[/align]

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[align=justify]Sinopse: Chance (Peter Sellers) é um simplório jardineiro que nunca antes havia deixado a residência de seu patrão, até o dia em que este morre. Tudo o que ele conhecia sobre o mundo foi deturpado pela imagem da televisão. Agora que deve enfrentar pessoalmente o fato de ter que se virar sozinho, um homem de negócios muito influente acaba achando que ele é um gênio.[/align]

Fonte: CinePlayers

[align=justify]Assisti semana passada esse filme, achei sensacional e tudo, mas fiquei com algumas pulgas atrás do orelha justamente por não entender o que significa aquele final ou qual é a "mensagem" que o filme procura transmitir ou te fazer refletir. Gostaria de discutir aqui quais possíveis sentidos estão presentes no filme.
Vale lembrar que o filme é baseado no livro O Vidiota, de Jerzy Kosinski[/align]
 
esse filme é lindo! é tão inocente, o chance é simplesmente apaixonante. e aquele final, é bem wtf, hehehe. recomendo para todo mundo, sério. não tem a ver com gênero favorito, é simplesmente daqueles que não tem como não gostar.
 
[align=justify]Pois é, o filme é ótimo. A atuação do Peter Sellers é memorável, com aquele jeitão away que ele mantém o filme todo, quase autista. A direção em si também é ótima, com cenas muito boas dos lugares onde se passa o filme (as mansões principalmente, por dentro e por fora) e uma sequência calma como o protagonista.

O que me encafifou realmente foi aquele final.
Aquilo era supostamente para significar que Chancey Gardner era Jesus, ou atuou como Jesus ou que estava ajudando as pessoas a refletirem sobre si e sobre o mundo como Jesus?
Seria Chance um catalisador dos sentimentos latentes da humanidade para seu próprio engrandecimento? Porque, quando analiso o filme, penso que Chancey não diz nada demais, mas as pessoas usam de seus próprios conhecimentos para ver nas breves palavras dele sentidos quase epifânicos. Esse jogo de credulidade exacerbada fica sensacional no filme, acho um dos pontos altos de toda a trama. A passagem com o presidente é hilária e o constrangimento que ronda cada fala de Chancey é demais, parece que ele vai ser "desmascarado" a qualquer momento.

O que vocês acham?[/align]
 
Assisti esse filme ontem, no ônibus. Essa história é uma insanidade coletiva. Poderia ser totalmente diferente se ele não fosse tão sortudo e tivesse ficado na casa do homem mais rico da cidade. O cara não sabia fazer o próprio almoço! Simplesmente morreria de fome se ninguém o alimentasse.

Por mim, esse filme é uma analogia à fábula da roupa nova do imperador. Ninguém queria se passar por burro por não entender que Chance era na verdade mais ignorante que qualquer um deles. Puxa vida! O cara não sabia ler, nem escrever, e ainda era viciado em tv! Pior, nem conseguia assistir um programa inteiro! Ficava só pulando de canal em canal.

Pela data da filmagem, a história se passou durante a crise do petróleo, se não me engano. Estranho ver a ameaça comunista.

Chance, um cara sexy? Putz! Se pra ser sexy é só fazer de conta que entende o que as mulheres dizem, dizer que entende, dizer obrigado e falar que gosta delas, e preferir assistir televisão à uma boa trepada... pelamordedeus! Não dá pra acreditar!

O final não me lembrou muito a jesus. Me lembrou mesmo foi Pernalonga. Um episódio em que ele está numa árvore, acho que de um cenário. Então chega o Frajola, ou o Gaguinho, e corta o tronco em que está o Pernalonga. Mas o galho continua flutuando e a árvore cai. Pernalonga diz: "Eu não conheço a lei da gravidade". Foi isso que aconteceu. O cara não conhecia a tensão superficial.
 
[align=justify]Hehehehe, não tinha pensado por esse lado, mas é verdade, essa do Pernalonga foi sensacional.

Mas é que em se tratando de andar sobre a água, é inevitável não pensar em Jesus. Estou com vontade é de ler o tal do livro para ver do que se trata, quem sabe lá fica melhor explicado essa questão.

lhrodovalho, mas qual é o sentido desse filme? Enfim, porque ele é considerado um clássico na tua opinião?[/align]
 
Hmmm... deixe-me pensar por que esse filme é um clássico...

Chance era um jardineiro e o confundiram com um guru financeiro simplesmente porque ele discutia e tinha o respeito do homem mais influente do mundo dos negócios dos EUA. Era considerado um perigo pra inteligência americana porque nem o FBI nem a CIA conseguiram descobrir quem ele era, justamente porque ele era o mais zé ninguém de todo o país. Conquistou o coração de uma mulher riquíssima por ter coragem e educação pra falar com ela, uma mulher carente, da mesma forma que um bot de sala de bate papo faria. Foi considerado um poliglota, putz, oito línguas, só porque muitas pessoas tentaram dizer piadas em suas línguas nativas e ele ria delas!

Então, no final do filme, ainda os espectadores, do outro lado da tela, ainda o comparam a Jesus!

Então, esse filme é considerado um clássico porque... porque ele não é um clássico.

Até nos créditos, mostra o Peter Sellers tentando gravar a cena do raio-X. Ele tentou várias vezes falar o script e não conseguiu. Puta que pariu! Isso que é branco!
 
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lhrodovalho disse:
Então, no final do filme, ainda os espectadores, do outro lado da tela, ainda o comparam a Jesus!

Engraçado você ter escrito isso, pois foi mais ou menos o que eu escrevi na resenha que pretendo publicar essa semana no blog do Meia. Da mesma forma que as pessoas procuraram entender (quiçá projetar) sentidos filosóficos mega-complexos nas simplórias palavras de Chance, talvez eu mesmo esteja querendo ver um clássico onde não há nada mais que acasos e coincidências, nada mais.

lhrodovalho disse:
Então, esse filme é considerado um clássico porque... porque ele não é um clássico.

Pois é...talvez sejamos todos aquele pessoal que fez de conta que viu a roupa do Imperador para não fazer papel de bobo (ou não). Acho que foi por isso que fiquei cético com o filme, abri esse tópico não para deixar de ver a roupa do imperador, mas para entender por que motivo deveria ou não vê-la.[/align]

Hehehe, se o filme não fez muito sentido pelo menos essa discusão está sendo bem divertida.

[align=justify]Ah sim, lhrodovalho, nesse ínterim, o que a televisão significa ou que significado o filme carrega para a TV? Produção de indivíduos bestializados mas que ganham fama e são associados a coisas grandiosas sendo que nem direito sabem do que estão falando?[/align]
 
O filme é uma bela crítica à TV. Logo no começo, quando o velho morre, Chance não esboça nenhum sentimento quanto a isso, nenhuma tristeza, nem mesmo preocupação pelo futuro. Não se sabe dizer se é por puro cinismo ou por simples idiotice. Mas Chance não era um cínico. Ele era idiota mesmo. Possivelmente, nunca presenciou a morte antes, a não ser na TV, onde muitas personagens morrem e os atores continuam em outros filmes.

Outro ponto que discute a TV durante o filme é quando perguntam a Chance qual jornal ele lê. Ele diz que não lê nenhum. A repórter pergunta pergunta se ele acha que a TV consegue satisfazer todas as necessidades de informação dele. Ele responde que sim. Então ela o engrandece, dizendo que ele é o único intelectual que tem a coragem de confessar que não finge ler jornais nos dias de hoje. Correção: no final da década de 70.

Mais outro ponto. Um editor pretende lançar um livro escrito por Chance. Então ele diz que não escreve. O editor nem pergunta porque e já inventa uma desculpa pra ele, dizendo que ele deve ser muito ocupado para ter tempo pra escrever. A solução: ghostwriter!

O filme não é uma crítica apenas boçais que se enzumbizam na frente da TV, mas também aos intelectuais que se acham assim tão superiores a esses zumbis. A entrevista em rede nacional de Chance teve aprovação de mais de 90% dos espectadores. O presidente ficou tão perplexo que ficou com disfunção erétil.

A TV, afinal, é uma ótima forma de se atingir o Nirvana. Confortably Numb.
 
[align=justify]Alguns filmes são gratas surpresas, não por você ter entendido realmente o que aquele amontoado de imagens projetadas seqüencial e rapidamente dando ilusão de movimento significam, mas sim porque elas te deixam desnorteado e te forçam a refletir para entender qual o sentido que se esconde por baixo daquilo tudo.

Muito além do Jardim (Being There) é um desses filmes. Você assiste a ele, compreendendo a história, achando-a inusitada, até engraçada em certos momentos, mas quando assiste a última seqüência, esperando que toda aquela trama seja concluída com um ponto final mais lógico ou explicativo…não. Isso mesmo: não. O desfecho é daqueles que fazem você se irritar por querer entender instantaneamente. O final está mais para um começo, o começo de um exercício de reflexão que te permita entender, afinal, que aquilo tudo deve ter um sentido.[/align]

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Muito bom. Quantas coincidências não levaram ele aos lugares onde esteve! Um filme cômico, mas bem dramático. Em algumas vezes eu ria dele, em outras eu tinha pena.

Nota 8.

Esse foi o penúltimo filme de Peter Sellers, ele morreu um ano depois de ataque cardíaco.
 
Esse foi um filme que quando vi pela primeira vez na infância foi uma época que eu só dava valor a humor, terror e ficção científica, então eu não curti logo de cara, mas que aprendi a gostar vendo outras vezes e me encantando cada vez mais.
 

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