Haran
ㅤㅤ
Vamos ser mais honestos, né?
Sequer fiz menção à Veja no meu post. Quem está criando espantalhos, afinal?
Onde faltou honestidade? Foi uma comparação. "Post ao estilo 'o artigo é da VEJA então falemos mal da VEJA' de forma mais elaborada". Não é necessário fazer menção à VEJA, o que apontei é que a forma de "raciocínio" é a mesma entre os dois tipos de colocações, dos quais você fez apenas um. O trecho que você citou e respondeu não faz sentido isoladamente, é apenas o início dessa comparação.
A questão desse anti-comunismo vulgar, com ares de Guerra Fria, a que me referi diz respeito a opiniões externas do autor, óbvio. Mas não estão, de modo algum, descoladas do texto. É, aliás, a tônica que o orienta. Palavras do mesmo autor "Alguém que escreveu um texto chamado 'Como ser um bom comunista' não pode merecer minha estima." Constantino diz que Mandela foi importante por ter evitado uma guerra civil. Sua importância foi "basicamente isso". Mas era amigo de ditadores comunistas blá blá blá, o que pra ele "apaga todas as virtudes".
Eu entendo "anti-comunismo vulgar com ares de Guerra-Fria" algo aos moldes de Olavo de Carvalho, que aponta que o comunismo está prestes a ser implantado no Brasil, quase todos são comunistas, etc. O que eu vi no texto foi meramente o apontamento de que Mandela não era um grande defensor da liberdade, por se associar a regimes que o autor associa à tirania, sendo um deles comunista (e cita três outros de orientação islâmica, cita falhas na abordagem do racismo, etc). O que isso tem de "anti-comunismo vulgar com ares de Guerra-Fria"? O que vejo é "anti-comunismo", puro e simples.... E óbvio que, nesse sentido, essa associação vai "apagar todas as virtudes", num sentido mais amplo (afinal se fosse num sentido estrito Constantino sequer citaria essas virtudes como citou): no sentido de que Mandela não pode ser apresentado, apesar das virtudes específicas, como virtuoso no que diz respeito à luta pela liberdade, direitos civis e por aí vai.
Então ainda que menos deslocado do que por exemplo o comentário da espionagem, ou de todos os ditos espantalhos, ainda sim me soou deslocado, parecendo fazer referência a outros artigos do autor que poderiam estes sim, talvez, ser interpretados como "anti-comunismo vulgar com ares de Guerra-Fria". Mas ok, agora vejo, pode ser apenas um grande exagero de sua parte do que foi dito nesse mesmo artigo, sem referência a outros.
Naturalmente há uma dimensão mítica em torno da figura de Mandela. E aqui está situado o comentário que fiz a respeito: "as credenciais declaradas pelo seu autor tampouco são mais isentas e se situam no outro extremo: a demonização pura e simples, acompanhada por algumas concessões dadas de mau grado."
Contraditório, já que "demonização pura e simples" não é possível com "concessões" (de bom ou mal grado, seja lá como você estabelece isso), se você faz concessões não está demonizando pura e simplesmente.
Um texto que, por exemplo, acaba com "Não foi um demônio como Robert Mugabe, mas tampouco foi o santo que pintam por aí, agora que está morto" parece pouco a ver com demonizações. Enfim, além do mais isso também é meramente um rótulo e penso que pouco acrescenta ao debate.
E eu usei o termo "espantalho", assim entre aspas, pra indicar que vejo como um problema - ou uma miríade de problemas - com bastante concretude. Não os imputei ao Constantino, ainda que não duvide que ele feche com algumas dessas disposições.
Só ainda não compreendi o uso do termo espantalho mesmo que entre aspas, mas ok, detalhe pouco importante, de resto entendi: você mencionou apenas uma miríade de problemas e nada tinha de tentativa de associação ao autor e a seu artigo, apenas calhou de mencioná-la. "Vamos ser mais honestos, né?"
Você é bastante inteligente, então não se faça de desentendido. Você sabe de que tirano imperialista estou falando. E seja ou não referência a outras opiniões expressadas pelo autor, são pertinentes à presente discussão. Por que é condenável estabelecer boas relações com algumas "tiranias" e com outras não? Afinal, não é nem um pouco tirânico atropelar a soberania de um país com espionagem. Mas tudo bem. Esse anti-comunismo esclerosado legitima tudo.
Não me fiz de desentendido, não havia me ficado claro que a "tirania" era os Estados Unidos, como você disse agora. Afinal associar ato de espionagem à tirania me soa muito exagerado, de tal forma que pra adivinhar ou pegar nas entrelinhas é difícil, o pensamento mais plausível seria de que eu não o tenha entendido. E aliás, você disse de novo de forma indireta... por que meramente não respondeu a pergunta? Será que é porque a resposta "O governo dos Estados Unidos é a tirania imperialista" soaria ridícula demais?
E como assim "seja ou não referência a outras opiniões expressadas pelo autor"? "Mas tudo bem sermos amigos dos tiranos imperialistas! Constantino aprova!". Se ele não aprova, o texto tinha que ser bem diferente e não vejo como você traria a "tirania imperialista" na discussão, afinal você trouxe o assunto pois apontava uma suposta contradição entre a opinião do artigo aqui postado e a opinião de um artigo anterior.
E nem vejo o que isso vem a discussão, afinal esse artigo não tem a ver com o outro, você não precisa concordar com um para considerar concordar com outro, você não precisa concordar com a dita "tirania imperialista" para discordar da postura do Mandela. A pergunta "quem são e onde ele defende essas tiranias?" foi mais uma pergunta retórica, com respeito ao fato de que ele não faz uma defesa desse tipo no artigo. É uma outra discussão, e esse foi o ponto da minha resposta ao seu post: em resumo, de sempre, quando se envolve a VEJA ou figuras como o Constantino, aumentar-se o assunto para além do tema tratado, indo para a história do autor. Assim é muito fácil, basta qualquer assunto que o sujeito falar, ir no repertório padrão e mencionar outros artigos, fracamente associados ao artigo em discussão.
Última edição: