Este post é uma continuação. Nesta cronologia leva-se em conta que após a derrota e expulsão da ilha de Tol Sirion (embate Huan e Lúthien), Sauron fora "deserdado" (e desertou também) do comando e do pronto fornecimento desta "demonic power" oferecida por Melkor. Acho que após o estarrecimento com a destruição da Guerra da Ira e o voto de arrependimento à Eonwë, vejo Sauron retornando aos "seus poderes originais" - shapeshifter, conhecimento técnico/artístico (elementos da época da tutelagem de Aulë), mas com a manutenção de aspectos ligados à Melkor: trapaça, enganação, atuação, lábia divina.
Temos então os séculos de decadência e obscuridade na T.M, com os homens em estado primitivo , haja vista o cataclismo em Beleriand e a natural perda do conhecimento - nos moldes da Lenda do "Enigma do Aço" retratado em Conan, ou seja, uma civilização ou belle Époque sofrem uma catástrofe de grandes proporções é um sinônimo de obscuridade e primitivismo tecnológico - uma espécie de Dark Age na T.M:
http://www.valinor.com.br/forum/top...em-do-tempo-e-tecnologia.148773/#post-2625740
É possível que os territórios em que Conan viaja fizessem parte de uma fronteira ou posto avançado da civilização perdida, que teria tecnologia superior. Esta hipótese parece ser apoiada pela descoberta, no filme, de uma ruína/túmulo onde o herói encontra uma Atlantean sword, que é feita de aço. Resta saber se os cimérios aprenderam a fabricar aço pelos atlantes, ou são um resto do povo mítico. Numa nota um pouco diferente, é de perguntar se os atlantes podem ser identificados com os gigantes da mitologia dos cimérios, derrotados por Crom com "fogo e vento dos céus" que fizeram "tremer a terra" e "lançaram os gigantes às águas". Há três pontos fundamentais para a mitologia do filme. O primeiro é o momento em que o pai de Conan lhe explica a teogonia de Crom e dos titãs. As semelhanças com a mitologia grega e a ascensão dos deuses do Olimpo são completas, com a excepção do aspecto crucial que faz dos cimérios de Howard um povo especial: os deuses perderam o segredo do fabrico do aço, agora nas mãos dos humanos. Desde então, os cimérios são invejados pela sua técnica metalúrgica por deuses e homens.
Os primeiros séculos da 2ª era - época do Sauron andarilho. A situação geopolítica se pautava na formação dos reinos élficos e uma espécie de renascimento da estirpe Noldo em Eregion. Mas os monstros, orcs, feras e demais servos de Morgoth estavam dispersos e sem liderança. Em relação aos homens, Sauron deve ter se utilizados da 3ª Lei de Clarke:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leis_de_Clarke para cooptá-los a sua causa:
Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia.
Neste cenário de decadência, obscuridade e primitivismo, um "deus benevolente" chega e traz ensinamentos de cunho tecnológico que impacta no desenvolvimento social, econômico e político das sociedades que interagem com essa divindade andante - na melhor das hipóteses Sauron já estava pensando à longo prazo, ou seja, fortalecimento militar, submissão e dependência tecnológica dos homens pré-históricos para uma futura conquista aos bolsões opositores que ficavam no noroeste da T.M - principalmente em Eriador - isso equivale a uma interferência no desenvolvimento normal de uma cultura ou sociedade, tolhendo-se toda e qualquer liberdade ou inovação (social, tecnologia, governo, etc) que pudessem atentar ou questionar esse falso Prometeu. Isso me lembrou um aspecto tratado em Star Trek - a Diretriz Primária:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Diretriz_(Star_Trek)
É proíbido a todas as naves e membros da Frota Estelar interferir com o desenvolvimento normal de uma cultura ou sociedade. Essa diretiva é mais importantes do que a proteção das naves ou membros da Frota Estelar. Perdas são toleradas, caso sejam necessárias para a observação dessa diretiva.
Nesta demonstração de milagres e poderes (na minha visão era o uso de tecnologias e conhecimentos de sua época com Aulë), os homens ignorantes passaram a entender isso tudo num sentido estritamente religioso - transmutando a produção tecnológica em rituais, impondo dogmas para evitar questionamentos do que seriam esses conhecimentos (como se fossem cultos de mistérios, em que apenas a elite sacerdotal pudesse ter acesso) - mais ou menos o que o P
laneta Terminus fazia na
trilogia fundação de Isaac Azimov, quando monopolizava o conhecimento e fornecia os aparatos aos planetas incultos que entendiam tal conhecimento como sendo magia ou favor divino:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Foundation
Neste sentido temos a participação na confecção dos anéis de poder. Quais seriam suas funções essenciais/principais? Os ferreiros élficos queriam gerar bolsões de paraíso no mundo mortal, a grosso modo, trazer a boa aventurara e estrutura física divina/temporal à Terra Média. Isso seria uma espécie de poder de manipulação no tempo - espaço. O tempo e espaço nesses locais passariam de forma diferente da parte de fora desses bolsões, mantendo eterno as coisas que são mortais/perenes (fruto do "ingrediente morgoth" presente na matéria/átomo), o que me faz até pensar se não dá para encaixar
Teoria da Relatividade Geral e/ou Especial nesses territórios (em relação as árvores, rios, pedras, etc) que não envelhecem como seus semelhantes "de fora", ou seja, eles estariam em uma velocidade diferente, conforme percebido por Samwise:
- É muito estranho – murmurou ele. - A lua é a mesma no Condado e nas Terras Ermas, ou deveria ser. Mas ou ela está fora de seu curso, ou estou completamente errado em meus cálculos. O senhor se lembra, Sr. Frodo, que a lua estava no quarto minguante quando estávamos no flet em cima da árvore: uma semana depois da lua cheia, eu calculo. E ontem fez uma semana que estamos viajando, quando apareceu uma lua nova, fina como a apara de uma unha, como se não tivéssemos ficado tempo algum na terra dos elfos. - Bem, eu me lembro com certeza de três noites, e tenho a impressão de lembrar de várias outras, mas juraria que não completamos um mês de estada lá. Qualquer um pensaria que lá o tempo não contou!
- E talvez tenha sido isso mesmo - disse Frodo. - Naquela terra, talvez estivéssemos num tempo que já se passou há muito em outros lugares. Acho que foi só quando o Veio de Prata nos levou de volta para o Anduin que voltamos ao tempo que corre através das terras mortais, em direção ao Grande Mar. E eu não me lembro de
nenhuma lua, velha ou nova, em Caras Galadhon: só estrelas à noite, e sol de dia.
Realizados tais artefatos, Sauron poderia controlar os pensamentos e ações dos seus portadores (19 elfos controlados parecem pouco, mas nesse caso não é). Imaginem 19 agentes controlados com artefatos reality warpers; imaginem então um falso deus mestre no conhecimento químico, físico e geológico - tipo um assistente do deus vulcano. Imaginem ele controlando artefatos que aumentam a potência/força/magia ou capacidade de seu portador. Ora, com os 9 anéis dados aos homens, Sauron acessava e controlava uma dimensão espiritual. Se ele tivesse acesso aos 3 anéis - fogo, água e terra - ele poderia ter virado uma espécie de Demiurgo - controlaria a própria realidade, suas leis, seus fenômenos naturais - de forma que as criaturas racionais que ele desejava comandar (os elfos em especial) estariam presas num mundo de ilusões (uma das especialidades de Sauron) - tipo um falso paraíso ou quem sabe uma Matrix, tudo de acordo com sua vontade e bel prazer:
Se com Galadriel e Elrond que não possuíam as capacidades, conhecimentos e poderes nativos comparáveis com o de Sauron conseguiram parar/alterar a passagem de tempo em pequenas extensões territoriais, imaginem um Maia de grande potência como Sauron. Dentre os poderes específicos dos anéis:
- Em Valfenda, Elrond teve controle total do Rio contra os Nazgûl (controle das águas - coisa que Ulmo fez em Tol Sirion). Repeliu o cerco nas Guerras entre Angmar e os reinos de Arnor. Sendo um mestre das tradições, estudos e sabedoria - Valfenda externa tal intenção em um lugar de repouso, leitura, pensamento, busca de conhecimento e sabedoria.
- Em Lothlórien: Galadriel consegue gerar portais que aceleram a passagem de quem entra neles - espécies de buracos de minhocas - à exemplo do que ela fez quando o Eored de Eorl, o jovem, atravessou sem som e sem tocar o chão centenas de milhas num túnel de névoa com o teto embranquecido. Ademais, as extensões de Lórien conseguem repelir seres com alinhamentos/intenções desejáveis, vide os 3 ataques à floresta feitas pelos exércitos de Dol Gouldur.
Se com 2 elfos haviam isso, com Sauron os 3 anéis teriam um alcance muito maior, quem sabe o bolsão de Valfenda e Lórien (limitados territorialmente) se estenderiam à todo Planeta? Em vez de repelir exércitos de Orcs, Sauron faria uma barreira que repeliria exércitos de Valinor. Em vez de controlar um rio, Sauron controlasse o mar. Em vez de controlar uma floresta, controlasse a terra. É como Tolkien disse, os elfos seriam cientistas loucos:
Farei um outro post para tratar de Sauron pós criação do Um.