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Modernidade Líquida

  • Criador do tópico Musidora
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M

Musidora

Visitante
No dia 29 de dezembro do ano passado, durante uma aula de 'Atitudes e Valores Cidadãos' (onde discutia-se Teologia e Filosofia), falávamos sobre todas as ações do ser humano em tempos modernos, e o papel da educação, valores e 'bons costumes' na vida de um indivíduo.

Aproveitando o 'embalo' que peguei pela manhã, resolvi fazer um artigo analisando toda a aula que tive, tirando minhas próprias conclusões. E gostaria de dividir com vocês, visto que hoje em dia tudo tornou-se descartável e passageiro, até mesmo as relações humanas.

Mas, além disso, também falo sobre o uso do tempo - aproveitando a outra discussão sobre 'Tempo', também neste fórum. -, já que sempre estamos com pressa ;D

Afinal, toda ação/idéia tem uma conseqüência. E essa é a conseqüência que me valeu um bom estudo sobre a matéria que tive naquela manhã.

Antes, três citações:

A Múmia 3 - O imperador Dragão: Uma vida toda não é o suficiente para fazer tudo que quero.
O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel - Tudo o que temos de decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado
E, segundo o Orkut [XD]: Não conte cada hora do dia. Faça cada hora do seu dia valer a pena.*

O grande problema de toda a sociedade é o tempo. Inclusive é o meu problema também. Tantas vezes já disse "Não posso, não tenho tempo..". Assim entramos em um vasto campo, onde podemos falar desde 'administração do tempo' até Tempos Pós-Modernos.

A verdade é que para a psicologia, essa falta de tempo pode se encaixar no perfil de Um típico "Faz Tudo", que, por começar muitas coisas ao mesmo tempo, não termina nenhuma delas, em uma briga eterna com o relógio. Muitas dessas ações são movidas, na realidade pela impulsividade de momento, e não de decisões claras.
Os mais ansiosos, correm de um lado para o outro, fazendo mil coisas, na expectativa que irão chegar mais rápido - à um lugar que nem sabem qual é, diga-se de passagem :B
E não querem perder nada, mas vivem atrasados, tentando ser pontuais.

Alguém com medo de perder tempo, acaba fazendo tudo de uma vez, sem se dedicar em absorver as coisas com calma. E acabam vendo as vida passar, até que de repente se perguntam "O que eu fiz até agora, de tão interessante?" ou "O que eu fiz com todo o meu salário, mesmo?".

Pulando para outro assunto, mas fazendo uma co-relação com o exposto até então, devemos observar uma definição para a homem, na filosofia: "Os seres humanos são 'máquinas' complexas; a personalidade e uma inter-relação de propriedades químicas e físicas que ainda não entendemos totalmente". Esse conceito pode se relacionar com minha preferida - modernidade líquida. Preferida pelo fato de que é algo real, um fato que nossa geração vive constantemente, mas nem nos damos conta.

A teoria apresentada trata do conceito de que homens se vêem como máquinas, ou animais. Isso porque, desde crianças, aprendemos que existem dois tipos de animais: racionais e irracionais. Nos colocamos no patamar de animais. Para a biologia, sim, somos. Mais precisamente, fazemos parte do reino Animalia, dentro do filo cordado. Mas para a filosofia, temos toda uma essência que nos torna diferente. Daí que surgem as indagações: Quem somos? De onde viemos? Qual a nossa missão?

O fato é que nos dias de hoje a impressão é que estamos nos equivalendo a objetos. E usamos de nosso tempo, para conquistamos coisas materiais - até mesmo 'pessoas materiais'. Exemplos da modernidade líquida:

- Namoros e casamentos tem prazo de validade.
- Nosso trabalho serve para bancar nosso consumo: carros, celulares e viagens.
- Desejos e interesses podem ser tão duradouros quanto uma fração de segundo.

O sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, dizia, de forma explicativa, que ao decidirmos ser algo, buscamos várias formas de fazê-lo. Mas, abandonamos a idéia no meio do caminho, por outra que surgiu, com um outro objetivo. É como um objeto que pode ser trocado a qualquer instante. Hoje em dia, até o conceito de ruim e bom são relativos. Até a verdade é relativa (verdade vs veracidade)**.

Mudar e agir por impulsos e aproveitar o presente (não a vida) ao máximo, essa é a regra atual, pois os conceitos, valores e tradições das gerações anteriores estão se desprendendo cada vez mais. É um modo insano de buscar a liberdade.

Mas existem pessoas, sim, que pensam nas coisas que fazem e suas conseqüências. Mas que, acima de tudo, possuem sonhos, daqueles que fazem os olhos brilharem. Mas que podem estar a um fio de mudarem para outro plano.

Não me excluo dessas teorias. Ultimamente são raras as pessoas que podem se desprender desses conceitos. A diferença está naquelas que reconhecem a tempo todo o tempo perdido.


Gostaria de saber a opinião sobre o tema, essa modernidade que vivemos, além do uso do tempo e foco nos objetivos. Particulamente, admiro muito as pessoas que se dedicam a seu sonho, e não desistem até realizá-lo. Não deixam o 'medo' e a insegurança de arriscar - até mesmo aqui no Fórum, vemos tantas pessoas que conseguem isso, e que nos inspiram (: Talvez essa falta de 'preserverança' cause toda essa relação decartável que temos muito nos dias de hoje..

Obrigada pela atenção ;D
__________
*O Orkut foi citado propositalmente, pois atualmente é o maior site de 'relacionamento' que existe, tornando o homem cada vez mais 'virtual' - mesmo que esse não tenha sido o objetivo inicial do site..

** Claro, resumidamente exemplificado:
Verdade: A sua verdade/ Veracidade: O que de fato é a realidade, o que é veraz.

Um artigo publicado na Revista MTV, #62, me auxiliou nas pesquisas. "Tempos (Pós) Modernos", por Ademir Correa.
 
Última edição por um moderador:
8-O

Igualzinha ao mestre.

Interessante, embora eu não esteja em condições mentais para filosofar, mas tem se aprender a noção de que o tempo não existe.
 
Muito bom o texto. Agra gostaria de fazer algumas colocações:

1-Essa materialidade, instabilidade e fraqueza com relação ao intangível, a decadência da espiritualidade, ela é econômica. Ou melhor, essa nova visão é puramente ideológica, uma criação da sociedade de consumo, da indústria a fim de nos massificar, nos transformar em monstros consumistas e irracionais?

2-Tal conjunto de pensamentos é uma evolução ou mesmo involução do domínio da ciência positivista em nossas vidas, com a gana de a tudo analisar, demonstrar, relativizar?

3-Seria essa mentalidade, essa vida que vivemos produto da pós-modernidade enquanto esgotamento das possibilidades humanas, perda de identidade do homem enquanto Ser, objetivação de si enquanto animais, existentes, mas não sujeitos de destino algum, simples instrumentos do destino ou da sociedade ancorada na economia, no mercado e tal.Uma gigantesca crise existencial.

Claro que a crise pós-moderna não pode se embasar unicamente nisso, é um assunto muito mais complexo. Proponho uma pequena reflexão sobre esses pontos ou novas colocações.
 
Ótimo tópico, Nolyë!

...estou de passagem, como sempre...= / ...

Eu vou fugir um pouco do assunto, pois, como sempre, o problema reside no comportamento humano.


Bom, vc tocou num ponto com o qual sempre entro em conflito: a modernidade e todas as "responsabilidades" concernentes a um mundo extremamente efêmero, cujas pessoas mantêm relações superficiais e cada vez mais distantes, tendo em vista a desculpa da falta de tempo, que na verdade é falta de direcionamento. Essa atitude de nos ocuparmos com várias tarefas é que é o problema. No intuito de buscarmos uma direção que nos leve a algo que nos dê felicidade, ocupamo-nos com um sem-número de tarefas todos os dias, e elas acabam anulando umas às outras, tornando-se improdutivas no sentido de não satisfazerem aquilo que realmente buscamos (SERMOS QUEM SOMOS, fazermos aquilo que REALMENTE QUEREMOS) causando essa insatisfação no homem, essa falta de preenchimento.


No mundo atual é cada vez mais escassa a pessoalidade, aquela relação estreita de confiança e que valoriza os sentimentos individuais. E a ganância do homem moderno, de sempre multiplicar os seus lucros e não ser passado para trás, nem que para isso fosse preciso sacrificar o tempo livre com a família ou sacrificar a dedicação a si mesmo, em prol de uma organização ou ideia valorizada pela sociedade, como por exemplo, "vencer na vida", sem antes uma profunda reflexão sobre a degeneração do homem não apenas quanto à sua identidade, à sua personalidade, da unidade, da essência, pela descartabilidade de um objeto qualquer, função de uma máquina que controla a todos nós, diminuindo nossos sonhos e valores, pelos ditames de um mundo onde somos o que temos (daí o consumo torna-se necessário para uma pessoa ser respeitada ou bem vista).


O grande problema é que aceitamos certas distorções dessa vida moderna e cada vez mais exigente (profissionalmente), sem que lutemos por aquilo que realmente acreditamos. Falamos tanto de corrupção ou do meio ambiente, mas não fazemos muito mais que criticar. E se acreditamos que as relações humanas estão cada vez mais frias e insulares, não agimos com coerência. Deixamos cada vez mais o tempo disponível para ficarmos entretidos com internet ou qualquer outra coisa que não o próprio ser humano. Não damos a nós mesmos 15 minutos de reflexão, e acreditamos que ser responsável é garantir um bom emprego ao invés de defendermos bons valores, sejam eles familiares ou associados ao comprometimento com a política ou com o meio ambiente. Encontramos um amigo em qualquer lugar e falamos atropeladamente pq estamos atrasados para o trabalho ou para a escola.


Quer dizer, não se trata apenas de cobrar do senso-comum da sociedade o nosso direito de sermos quem quisermos, acreditarmos no que queremos, mas antes fazermos uma avaliação de nós mesmos. Se precisamos mesmo seguir essa padronização de "não perdermos tempo" com bobagens! O que são bobagens? O que acredito é aquilo que faço sendo verdadeiro ou aquilo que escondo com medo de ser mal visto por aqueles que seguem tendências ou uma padronização de comportamento?


Enfim. A problemática maior reside em uma gama de variáveis que diz respeito às atitudes de cada um. No entanto, falta, sim, um contato mais intimo e transparente entre pessoas, entre uma pessoa e uma empresa, entre uma pessoa e aquilo que estuda. Parece que nossas relações com outras pessoas ou "coisas" são distantes como se estivessemos observando externamente as situações. Como se não fizessemos parte dos problemas, não importa que tipo e em que lugar tais estejam. Um carro-bomba explode no Iraque e não damos a mínima. O político desvia verbas, ou parlamentares aumentam arbitrariamente os seus próprios salários e não buscamos um meio de influirmos em tais situações, de modo que se faça justiça. Poluem o meio ambiente, desmatam vastas extensões de florestas e dizemos: "isso é triste". É só o que podemos fazer?


Quanto às relações humanas (que, para mim, é a chave), infelizmente elas são hipócritas em todos os sentidos. Muitas vezes elogiamos alguém, seja no ambito pessoal ou profissional, pq não queremos maiores problemas. Mas ocorre que é por causa dessa lassidão, desse medo que temos de dizermos NÃO, que por tabela, aceitamos tbm toda e qualquer imposição da sociedade. Escolhemos um trabalho que nos dê antes muito dinheiro e nenhuma satisfação pessoal real, nenhuma realização. Escolhemos fazer parte de um grupo para nos sentirmos "normais" e inseridos em sociedade, "traindo" quem somos. Compramos o último modelo de celular ou a última novidade tecnológica para podermos estar atualizados! Estudamos inglês, espanhol e francês porque o mercado está cada vez mais competitivo. Ouvimos a "última sensação" da mídia e achamos aquilo um máximo! Aliás, somos envolvidos pela mídia, pelo sensacionalismo, por aquilo que faz sucesso, e não buscamos ir atrás do que realmente tem qualidade. É apenas extensão dessa mesma falta de personalidade do homem contemporâneo. Lemos qualquer notícia e achamos que temos o conhecimento sobre determinado assunto abordado.


Aí, eu pergunto: por que não irmos na contramão se, DE FATO, tudo isso não está de acordo com aquilo que acreditamos/ queremos? Infelizmente, creio que a maioria da sociedade é alienada ou permissiva demais; mas autocritica de menos. A globalização não tem a tendência apenas de integrar as diversas economias e todas as informações, mas homogeneizar as culturas e destruir a originalidade, a individualidade, personalidade de cada um, para adequar-se aos ditames de um mundo onde o que impera não é mais o homem, mas uma corporação, um símbolo de prosperidade. Pode parecer simplista, mas a sociedade (as instituições) pregam que devemos prestar serviços e ser útil na cadeia produtiva, mas em contrapartida não nos dá a possibilidade de vivermos uma vida onde não dependessemos de rótulos, imagens, fachadas. Não precisamos a cada dia nos escravizarmos no aperfeiçoamento do conhecimento mecânico, e esquecermos dos sentimentos, dos valores que fazem da nossa vida algo um pouco maior do que o prazer efêmero de conquistas.


Nada mais é importante do que estreitarmos o convívio humano, mas a verdade é que o mundo caminha num sentido oposto.. Por exemplo, antigamente as famílias eram mais unidas, e os casais raramente se separavam. Hoje, é comum esse rodízio de parceiros, ocasionado por uma ausência de diálogo, de reflexão sobre nossas atitudes, por mais insignificantes e desnecessárias que essas coisas nos pareçam. A falta de tempo é uma desculpa para a falta de diálogo, quando na verdade as pessoas estão cada vez mais intransigentes: "o que importa é a minha satisfação", por consequência, o que o outro acha, não tem muita importância, tendo em vista que ninguém hoje em dia abre mão das próprias vontades em prol das vontades alheias.



Às vezes, dar um bom dia faz a diferença. Ouvir o que o outro tem a dizer, os seus medos e preocupações. Mas não, geralmente queremos ter a razão e não respeitamos as diferenças, pois mesmo inconscientemente não damos ouvidos àquilo que não nos agrada. Às vezes, antes de querermos que alguém nos escute, parar para ouvir o que o outro tem a dizer tem mais importância. E o porquê eu toco nesse ponto? Porque toda a nossa insatisfação com a vida, com a velocidade de informações, com as diversas tarefas que, ao invés de nos deixar satisfeitos, nos deixam confusos e perdidos , é fruto da ausência de relações humanas mais próximas e duradouras. Nos ocupamos muito mais com afazeres que, no fundo, não são mais importantes do que 30 minutos de descontração com alguém. Tirar 1 hora do dia para confessar ao outro sobre sentimentos e tudo o mais que está guardado por dentro. Mas não...fazemos o papel de "úteis" e "responsáveis" diante das exigências da sociedade.


Atropelamos o tempo, escondemos nossos desejos, convicções e sentimentos, para podermos ser enquadrados dentro do que chamam de "normal". A gente não pensa sobre o que somos, sobre se o que fazemos no dia-a-dia é realmente necessário. Não acreditamos no que realmente acreditamos; e preferimos aceitar as incertezas e o que nos é prático e cômodo!
 
Última edição:
Então posso perceber aqui outro fator: o fator psicológico. Realmente, as pessoas se prendem em seu mundo, em sua visão, suas idéias sem se preocupar com o outro. Que outro?
Qualquer outro, uma herança da dialética hegeliana que tenta resolver com sua dialética todos os problemas, mas não pela alteridade, respeitando o outro, mas pela identidade, como se entre as opiniões, visões, idéias conflitantes houvesse uma Idéia, Verdade, Conceito Absoluta(o), única verdade. O que é algo bem platônico, bem metafísico, bem dogmático, bem pouco humano.
 
Desculpem-me a ausência. Ontem, só tive tempo de ler, não de postar x_x


1-Essa materialidade, instabilidade e fraqueza com relação ao intangível, a decadência da espiritualidade, ela é econômica. Ou melhor, essa nova visão é puramente ideológica, uma criação da sociedade de consumo, da indústria a fim de nos massificar, nos transformar em monstros consumistas e irracionais?


'Transformar em monstros consumistas e irracionais'. Na verdade essa é visão é uma análise do tempo que vivemos hoje, e por ser uma análise voltada para a relação entre o tempo e o homem não é só o consumo e a massificação que deve ser levado em conta, já que isso é a consequencia de relações humanas fracamente estabelecidas. Pois dentro do 'Sistema', esse consumo desenfreado não alimenta puramente o nosso querer, e sim o querer de construir nossa imagem social - e isso é equivaler-se à objetos.

(conceito que não é novidade para ninguém)

2-Tal conjunto de pensamentos é uma evolução ou mesmo involução do domínio da ciência positivista em nossas vidas, com a gana de a tudo analisar, demonstrar, relativizar?

3-Seria essa mentalidade, essa vida que vivemos produto da pós-modernidade enquanto esgotamento das possibilidades humanas, perda de identidade do homem enquanto Ser, objetivação de si enquanto animais, existentes, mas não sujeitos de destino algum, simples instrumentos do destino ou da sociedade ancorada na economia, no mercado e tal.Uma gigantesca crise existencial.

A Idade Moderna se iniciou a partir das Expansões Marítimas, reformas políticas e na religião a partir do século XVI. A partir de então, a evolução da tecnologia (o que não se resume somente à máquinas), aumentou muitas vezes mais e em pouco tempo, em relação à Idade Antiga e Idade Média. O século XX então, foi marcado pela ruptura de tudo que era 'antigo' - até na literatura. Essa rapidez na evolução já fez com que alguns valores e tradições também se tornassem antigos, dando forma a outro modo de pensar do ser humano, pois hoje realmente, não há barreiras para informação, ciência, conhecimento. E todos - em termos - podem ter o que querem.

Esse 'poder' em relação ao tempo, traduz àquela frase que conhecemos: 'Tempo é Dinheiro'. É o tempo pré-estabelecido em função do homem, e vice-versa :sacou:

O que causa mesmo uma crise existencial, e o motivo pelo qual eu toquei no assunto, é que hoje, nossos problemas são outros, e em particular, não vejo as pessoas se movendo em prol de um bem em comum - e não é por falta de situações problemáticas que não tenha o interesse de todos: temos o meio ambiente, crises políticas de corrupção, contrastes sociais, etc. E isso porque, justamente por idéias sobrepondo idéias, e tempo 'escasso', ideologias e lutas não amadurecem. Se até as relações conjugais não duram mais em relação à décadas passadas, onde envolvem duas pessoas, o que dirá um sentimento comunitário se 'acumular' e assim surgir outra revolução humana?


O grande problema é que aceitamos certas distorções dessa vida moderna e cada vez mais exigente (profissionalmente), sem que lutemos por aquilo que realmente acreditamos. Falamos tanto de corrupção ou do meio ambiente, mas não fazemos muito mais que criticar.

Assim, faço das palavras de Roy, as minhas também.
 
Well. Realmente bem escrito.

O problema com o passar dos anos é o declínio do que achamos ideal. Entramos naquela velha história, o homem primata começou a usar ferramentas de pedra, depois adquiriu o fogo depois formou as tribos, milhares de anos depois se tornou sociedade, construiu naves espaciais, a internet, em pról da evolução. Neste processo temos a velha briga da felicidade, o ser humano foi tentando ser feliz em todo este processo.

Na era das cavernas a coisa era mais fácil, o homem em sua brutalidade acertava a parceira com a crava e voalá, um casal feliz se formava. Já na medieval quem tinha o poder do sangue nobre se dava bem, àqueles que eram subalternos tinham que se conformar em perder sua primeira noite com a mulher para depois tentar ter uma vida feliz, chegamos às armas com o tempo das guerras mundiais e o sujeito além de viver inseguro ainda ficava paranóico de sua família ser destruída e sua mulher ser abusada pelos soldados. Finalmente na idade moderna temos as mulheres colocando os homens na parede, não algo como elas baterem na cabeça deles com a crava, mas sim como uma inversão de papéis onde o homem se torna a caça. Sim, juntamos a idade primata com a medieval, o homem com recursos "nobres" é um animal a ser caçado pela crava feminina moderna.

É claro que em todos os casos temos excessões, mas o fato é que houve uma inversão nos conceitos e um embaralhamento deles que varia muito em cada país. O povo evoluiu e em certo ponto começou a desleixar a educação dando espaço para uma nova massa, um novo povo de subinteligência com conceitos de que o que é ruim é bom. Os encrenqueiros e submarginais viraram atraentes heróis, as mulheres adquiriram a necessidade do dinheiro para o amor verdadeiro. Em fato a felicidade da vida moderna está nas classes subdesenvolvidas, eles sabem se divertir com o que tem. Os cultos que eram para ser a nova classe de evolução são massacrados pelas massas, as músicas agressoras ao bom intelecto estão em todo lugar, os cultos se tornaram tímidos e temerosos quanto aos relacionamentos por serem conhecedores da realidade que os cerca. Enquanto o subintelecto se alimenta com a luxuria gerando filhos e mais filhos o intelecto se fecha em sua própria complexibilidade.

Bah, acho que fugi do assunto... Ouch.

By Raphael Silvério
Crazy Apocaliptic Mind
 
Última edição:
Sobre o tempo lembro de alguns artigos comparando relógios biológicos e a organização da sociedade. Sobre como a matéria se organiza em diferentes velocidades e como o tempo se expressa de forma particular em cada sistema.

De como a velhice se prende mais a função do que propriamente a idade ou de como a identificação interfere em nossa percepção de tempo.

Fico pensando aqui que eu gostaria que as funções que darão forma a sociedade do futuro fossem aperfeiçoadas de maneira a criarem critérios saudáveis de questionamentos. Para que respondam bem as mesmas perguntas que aparecem em cada ciclo de geração. Para reafirmarem laços fortes diante das situações novas que não existiam mas que existirão sempre.
 
A eliminação da subjetividade decorrente da nova sociedade consumista se dá em diferentes etapas e por diversos prismas. Não creio ser novidade aqui que a análise fria de como os objetos (muitas vezes dispensáveis) à venda por aí se nos apresentam com atributos estranhos, Não estranhos somente à sua função, mas ao seu próprio ser. Uma batedeira não só deixa de ser uma batedeira, mas 'uma revolução na sua cozinha', ou vemos carros como 'o sonho de sua vida'.

O que coloco aqui pode ser encarado como puramente econômico, mas se manifesta na vida social e na psiquê de todos nós. Todos esses produtos se transformam de materialidade em espiritualidade, uma idolatria moderna. Os carros, sapatos se deslocam de seu aspecto funcional e aparecem como revoluções, sonhos realizados, metas a serem alcançadas na vida. O sonho de consumo é a expressão mais elevada da queda do intelecto do homem, queda de seu ser. Daí a crise filosófica, a crise idealista, a crise excistencial. Idealizando nossos sonhos em produtos do mercado, o que sobrou de verdadeiro e único em ideais como Deus, justiça, liberdade?
 

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