Discordo totalmente, Gerbur. O que é um viking pra vc? Snorri Sturluson viveu após a Era Viking, de fato, mas ele era islandês, preservou histórias de sua terra natal, a Islândia, uma terra beeeeem viking, inclusive, a última a ser cristianizada.
Viking, creio eu, era mais como se chamavam as atividades de pilhagem. Quando colonizavam terras, eram dinamarqueses, svear, noruegueses etc. Não há um povo chamado viking na história, mas povos escandinavos que saíam 'viking' pelo mar fora, isto é, saíam tocando o rebu e fazendo arruaça geral, com muito hidromel e estupros gratuitos. Coisas de bárbaros, essas coisas que adoramos...
Se falamos em escandinavos, Snorri (e provavelmente o 'compilador' da Edda Poética) era sim um descendente de vikings. Era historiador e político, mas vejam, os skalds não tinham todas essas funções? Membros do Althing (assembléia de nobres) de seu respectivo senhor, exerciam política e arte da poesia, uma poesia de tradição tanto mitológica quanto histórica. Então, se ele não era viking, era porque vivia no século XIII, e era cristão!
Não se trata de estrangeiros contando histórias vikings mas de pessoas cristãs contando velhas histórias de seu passado pagão.
Oba! Pedi um historiador valinoreano e meus desejos foram atendidos (você é historiador, não é?)!
Interessante Caio, não sabia que "viking" não era um povo, mas uma atividade. Vivendo e aprendendo.
Para mim, "viking" eram povos que praticavam a pilhagem, navegavam, cantavam canções sobre Odin e toda a cultura nórdica. Foi nesse sentido que usei o termo anteriormente.
Por isso não considerei o compilador de Edda como um viking. Ele, apesar de antigo, é mais recente que os bárbaros que praticavam essa atividade viking e tinham a cultura pagã, cultuavam Thor e não Cristo.
Agora, MUITO IMPORTANTE: Não estou desmerecendo o Edda. Graças a deus existe essa obra. Assim um dia eu vou poder lê-la e aprender mais sobre a mitologia nórdica, pois o pouco que conheço já me parece muito interessante e eu quero aprender mais sobre tudo isso, o Edda certamente vai me ajudar nesse quesito (uma versão traduzida, claro, se houver

). Afinal, muito provavelmente eu jamais aprenderei a ler as runas dos povos "vikings", mas ler uma obra traduzida contando suas histórias... sim, isso eu posso fazer!
Nem vou entrar no mérito do Homero ter vivido e escrito as obras não, que pra mim entraria no mesmo ramo do "Balrog tem asas?" ou se Jesus Cristo existiu.
Mas pra finalizar:
A Ilíada e a Odisséia não são como o Edda?
Gostei do que você disse Gerbur!
E ainda acrescentaria: discutimos o aspecto do livro, sua forma.
E, no final, isso é o que menos importa!
O que é realmente relevante, é que o conteúdo dos livros sobreviverão, em papel ou na tela. Lembrando do excelente tópico que você escreveu sobre imortalidade, os livros são um artefato que transforma seus respectivos autores em imortais!
E creio (espero) que daqui 10000 anos o conteúdo dos bons livros continuem por aí. Afinal, se daqui 10000 anos o homem não ler mais Tolkien, o futuro será um futuro bem sem-graça.
Anwel, senti um tom áspero nesse seu post. Desculpe se te ofendi nos meus posts anteriores, não era essa a intenção. Acredito que as discussões são boas e produtivas se levam as pessoas a busca pelo conhecimento, mas se elas provocam discórdias e chateações, então elas se tornam muito caras e talvez deixem de ser tão interessantes. Mais uma vez, me desculpe. Saiba que eu te considero muito inteligente e adoro ler seus posts e idéias.
Bem, respondeu seu último post: se há dúvidas que Homero existiu, vamos apenas usar a palavra "Homero" para nos referir ao(s) autores de Ilíada e Odisséia, ok?
Quando tento fazer uma separação entre Ilíada/Odisséia e Edda estou querendo dizer o quê?
Que embora as três obras são importantíssimas e embora não conhecer todas eas tenho profundo respeito pelas três e seus autores. Entretanto, vejo Ilíada e Odisséia como obras escritas muito próximas dos "acontecimentos" que elas relatam, enquanto Edda (apesar de antiguíssimo) é mais distante temporalmente dos seus relatos.
Não sou historiador, mas na minha visão, "Homero" realmente acreditava em tudo o que escreveu, porque penso assim? Porque "ele" escreveu coisas como: "E na batalha o próprio Ares, o deus da guerra, matou muitos soldados", ao ler a obra o autor conta a história e coloca no meio da batalha um deus matando soldados como um fato. É diferente do que se ele escrevesse assim: "A batalha foi tão sangrenta que era como se o próprio Ares, deus da guerra, estivesse batalhando e matando soldados".
Assim, para mim, "Homero" (autores de Ilíada e Odisséia) independente de quem seja, cego ou vidente, 1 ou muitos, etc. Era um grego antigo, que viveu temporalmente próximo a Guerra de Tróia e acreditava que a guerra (e os acontecimentos posteriores) aconteceu como está escrito em Ilíada e Odisséia.
Isso difere do Edda que, por ser escrito não por um bárbaro que praticava atividade viking, mas por um cristão historiador que estudava a mitologia antiga de sua nação.
Então para mim, por mais fiel que Edda seja à cultura dos antigos nórdicos, Edda é uma segunda visão dessa cultura (e mais uma vez, eu não tenho nada contra isso) enquanto Ilíada e Odisséia, para mim, corresponderiam a uma primeira visão da cultura do antigo mundo grego.
Os antigos nórdicos então só podem serem "acessados" a partir da segunda visão Edda? Eles não tem uma primeira visão como os gregos?
Não, para a primeira pergunta. Sim, para a segunda. Para mim, Gerbur, o que corresponderia a Ilíada e Odisséia para o mundo antigo nórdico (ou seja, a antiga cultura nórdica por si mesma, sua "primeira visão") seriam justamente as pedras rúnicas que o autor de Edda deve ter estudado. Pedras que possuíam runas nórdicas antes que o Edda fosse escrito, pedras que os próprios bárbaros da época talharam, contando a história como eles acreditavam.
Quanto a discussão da forma "livro", eu acho super importante sua forma! Claro que essa forma só existe para preservar seu conteúdo, então o cerne do livro é o conteúdo dele e não ele em si. Mas para mim, os livros são de suma importância e eu quero muito que eles sobrevivam todos os milênios como as pedras nórdicas e os pergaminhos de Alexandria (ou de outros lugares) sobreviveram até agora. Porque? Porque isso dá uma autenticidade ao seu cerne, ao seu conteúdo, a que ele conta.
Por exemplo: ninguém precisa ler o livro ou assistir aos filmes do Senhor dos Anéis para conhecerem essa história, qualquer um que conhece pode contar e quem não conhecia vai passar a conhecer, mas não é muito mais legal assistir/ler para ter um contato mais direto com a obra? Isso dá mais autenticidade à história. Para ter mais "autenticidade" ainda, imaginem ter um livro do Senhor dos Anéis autografado por Tolkien? Isso não tem preço! Conta a mesma história de um livro sem o autógrafo, mas o que tem o autógrafo é muito mais valioso para um fã.
Se os livros deixarem de existir um dia e os homens do futuro só tiverem acesso ao que nós homens de 2010 pensamos através dos cyber-arquivos, eles vão conhecer a história e o nosso pensamento sobre o que discutimos e deixamos registrados, mas certamente não terá tanto valor quanto se eles encontrarem um livro do nosso tempo, com as nossas anotações nos rodapés das páginas, etc. Isso dá autenticidade à história, aquele sentimento de realidade, de contato com uma realidade que não existe mais.
Desculpem o imenso post.