Anelise Espíndola diz:
Como será que nossos pais lidavam com esse tipo de situação, descobrir que muitas das pessoas com quem estamos acostumados simplesmente têm de partir, assim como foi com meus avós, com muitos dos amigos de infância ou apenas conhecidos.
Como estou no momento em que o adulto na família sou eu, passo por todos esses rituais de despedida com freqüência e penso como era duro para nossos pais. Hoje o mundo está lotado de gente e ainda dói muito, mas no passado eram poucos e por isso cada
querido que partia era muito doído, um pedaço de mundo ia junto.
Porém, creio que sofremos muito também, com as despedidas, como diz Zygmunt Bauman, em Vida líquida, na modernidade convém ser versátil, desapegado, em meio à incerteza e a vanguarda constante do eterno recomeço. Afinal, o consumidor não obtém satisfação plena,
seja consigo ou com o outro, nem mesmo por meio do amor. Entre as artes de se viver numa sociedade líquido-moderna, a capacidade de se livrar do que é passado se torna prioritária à necessidade de adquirir, ... A vida líquida não pode ter apenas uma direção, mas muitas.
Trata-se de viver na indiferença, no desprendimento, e, por isso mesmo,
tal existência se torna repleta de preocupações com relação a mudanças e términos, muitas vezes mais doloridos do que se pretendia.
Ao lado do efêmero vem o medo de ficar para trás, de não acompanhar a fluidez e a velocidade dos eventos e produtos, de se tornar dispensável, dejeto, lixo-humano — de se tornar ninguém.
Essa última frase, para mim, fala muito do Michael, ele pode ter exacerbado um sentimento muito atual na maioria de nós, reciclar-se ou ...