• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Metáforas Preferidas

Mavericco

I am fire and air.
Usuário Premium
Claro que nós teríamos que iniciar definindo o que é metáfora e tal e coisa e coisa e tal... Mas, como isso entraria numa discussão longa e talvez desnecessária, pois metáfora é algo que todo mundo meio que sabe o que é, tentemos definir guimaraesroseanamente a metáfora como aquele processo que a literatura (ou a arte em geral?) se utiliza para deixar as palavras, as imagens encantadas.

Pois bem. Assim sendo, quais são suas metáforas preferidas?

Vou citar algumas:

Mil cavalinhos persas dormiam
na praça com luar de tua fronte

(Federico García Lorca, Gazel do amor imprevisto)

Como esses primitivos que carregam por toda parte o maxilar inferior de seus mortos,
assim te levo comigo, tarde de maio,

(Carlos Drummond, Tarde de Maio)

The time and my intents are savage-wild,
More fierce and more inexorable far
Than empty tigers or the roaring sea.

(Shakespeare, Romeu e Julieta.)
 
Oh, @Mavericco, só hoje vi esse post.
Sempre que metáfora vira um assunto, eu lembro desse trecho de A Insustentável Leveza do Ser:

upload_2018-8-20_16-14-59.png

Nem precisa dizer que nesse livro as metáforas são tratadas com a dignidade que merecem, né? rs.

Bom, em plano secular, a metáfora mais monumental que já li foi "O Cão Sem Plumas". É todo um poema que respira, depende e encanta graças às metáforas, que vão fluindo de uma para outra, voltando à metáfora inicial, ui, é lindo! Um trechinho que nem é o melhor do poema:

(...)
Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.
Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos polvos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.
(...)

Se na lista puder entrar literatura religiosa, um exemplo bacana é esse poema aqui.
É uma metáfora meio às avessas, pq uma tempestade é usada para descrever a grandeza do poder de Deus, mas sem mencionar a tempestade. As ações são atribuídas, em vez disso, à voz dEle: despedaça árvores, faz a terra tremer, enfraquece fortalezas como se fossem animais selvagens assustados, é uma força indomesticável e temível (a menção de pontos geográficos é para orientar o leitor: a tempestade está vindo te pegar, corre). E o grand finale: você vai morrer eletrecutado! Haha, né não, to zoando. O finale é "o Senhor abençoa o seu povo com paz": vem a calmaria àqueles que são dEle.
 
Última edição:

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo