Tolkien foi sim influenciado por várias obras de culturas diferentes, sendo que ele próprio apontou algumas (nas Cartas).
A história de Túrin foi a tentativa dele de fazer uma versão para a história do personagem Kullervo, do
Kalevala finlandês. Há vários elementos em comum, os quais apontei
neste post.
As principais culturas que influenciaram Tolkien foram a nórdica e a anglo-saxã, sendo que os Rohirrim possuem vários aspectos desta última, como a língua (embora com uma diferença crucial: os anglo-saxões não usavam cavalos em batalha, sendo que esse foi um dos fatores que fez com que perdessem a Batalha de Hastings, em 14 de outubro de 1066, onde foram literalmente pisoteados pela cavalaria invasora normanda). As literaturas dessas culturas também foram influência direta, como o
Edda Poético nórdico, de onde Tolkien tirou os nomes dos Anões de
O Hobbit e também de Gandalf, e a
Saga dos Volsungs germânica, onde a morte do dragão Fafnir nas mãos de Sigurd é bem similar à de Glaurung nas mãos de Túrin, com os respectivos heróis atacando os dragões por baixo em suas barrigas (Túrin pendurado em um penhasco, Sigurd escondido em um fosso, sobre os quais os dragões passam por cima).
Smaug é baseado em dragões europeus mesmo, inclusive seu nome é uma piada filológica da parte de Tolkien, já que ele é derivado do pretérito do verbo germânico primitivo
smeugan, que significa "espremer através de um buraco". O próprio episódio do roubo da taça do tesouro por Bilbo é um eco de um episódio semelhante no poema anglo-saxão
Beowulf, provavelmente o texto que mais influenciou Tolkien como autor, seja por motivos narrativos, seja por estilo de composição.
A influência direta como inspiração para Beren e Lúthien, como personagens, é o próprio Tolkien e suas esposa Edith, como ele também relata nas cartas. Do ponto de vista narrativo, há mais coisas. Segundo Tom Honegger, no artigo "A Note on Beren and Lúthien's Disguise as Werewolf And Vampire-Bat" ("Uma Nota sobre o disfarce de Beren e Lúthien como Lobisomem e Morcego-Vampiro"), presente no vol. 1 do jornal
Tolkien Studies, o episódio no qual Beren e Lúthien usam as peles para se disfarçarem teria sido inspirado por um episódio semelhante no romance
William of Paleme, escrito em inglês médio (que Tolkien dominava e do qual traduziu alguns poemas importantes para o inglês moderno, como
Sir Gawain and the Green Knight), composto por volta de 1350, no qual dois amantes precisam fugir e se disfarçam com peles de ursos polares. Além do motivo das peles, Honegger aponta outros elementos em comum nas duas histórias, como o fato de as duas narrativas apresentarem figuras paternas que se opõem à união de suas filhas com os heróis; a presença da ajuda de caninos que possuem poderes especiais; e o fato de que os oponentes em ambas as obras são feiticeiros.