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Meridiano Sangrento, ou o anoitecer vermelho no Oeste

Luciano R. M.

vira-latas
A fronteira entre os EUA e o México, por volta de 1850. Ele não tem nome. É apenas ‘o garoto’. Nasceu durante uma chuva de meteoros em 1933. E fugiu de sua casa no Tennessee aos quinze anos. Sem o que fazer, sem ter aonde ir, o rapaz- apessar de parecer ter uma alma gentil- se junta ao histórico bando de caçadores de escalpo do General John Joel Glanton.

E essa é a linha mestra de ‘Meridiano Sangrento’, o violentíssimo faroeste de Cormac McCarthy, seu quinto livro, escrito enquanto ele vivia de uma bolsa da fundação McArthur. O livro tem uma forte base histórica, para a qual McCarthy pesquisou muito. Glanton e sua gangue realmente existiram, assim como o temível juíz, e todos aparecem no livro de Samuel Chamberlain, que participou das sanguinárias excursões do bando.Um dos livros mais fortes e violentos que já tive a oportunidade de ler, e não apenas pelo banho de sangue, mas pelo tom desesperançoso e deprimente. Apesar disso, uma vez começada a leitura, é algo quase compulsivo fazê-la até o fim: o tom é quase bíblico, as descrições são extremamente gráficas e as personagens são cativantes ao extremo.

LEIA O RESTO DO ARTIGO NO BLOG DO MEIA-PALAVRA
 
Eu confesso que acabei deixando o livro de lado porque as esquisitices do modo de escrever do McCarthy estavam me incomodando MUITO. no "no country" não era tão acentuado, então dava para seguir a história na boa. "the road" nem tem disso, então flui bem tb. Mas eu sou brasileira e não desisto nunca (e o McCarthy já ganhou meu coraçãozinho), então volto ao livro em breve.

(Mas acho que seria mais batutinha se eu lesse em português :timido: )
 
Haha, comentei com a Anica dia desses que ia reler a edição em inglês.
Esse aí eu preciso ter. Aliás, to bem curioso pra saber como ficaram todas aquelas descrições de brutalidade traduzidas para o português.

Quem quiser saber mais sobre o livro, aqui tem um link com uma matéria interessante sobre ele: http://www.naoeditora.com.br/revista/
 
Nunca li nada do McCarthy mas encontrei cidades das planíces num sebo bem em conta, acho que daqui uns dias eu pego.
Estou muito curioso com A Estrada, e fui dar uma pesquisada no Meridiano Sangrento e o preço me afastou um pouco, o mais em conta tava por 140 reais na estante virtual pelo menos.
 
isso pq não tinha edição nova fazia tempo, diego. dia 11 saiu essa nova edição, então agora ficará mais fácil (e mais barato) encontrá-lo ^^
 
Estou lendo Meridiano Sangrento e é meu primeiro contato com o McCarthy. De cara já achei uma prosa espetacular, embora é certo que muito tenha se perdido na tradução.

Infelizmente vou demorar um pouco pra engrenar a leitura, a faculdade não vai me dar moleza nessas próximas semanas, mas assim que concluir venho aqui postar minhas impressões.
 
Alguém que já tenha começado a ler a edição em português, me tire uma dúvida:

Como eles traduziram a primeira frase?

"See the child."

Mire a criança? Veja a criança? Olhe a criança? Observe a criança?
 
Na tradução antiga, sob o nome "Meridiano Sangrento" ficou: Eis o garoto. Na mais recente, "Meridiano de Sangue", da Alfaguara, é: Vejam a criança.
 
Confesso que, tendo passado da metade do livro, não tenho aquela avidez que costumo ter lendo, para saber como a história continuará... talvez por já saber mais ou menos o que virá a seguir: mais violência desmedida e massacres...
Eu li que o livro era extremamente violento, mas mesmo assim decidi ler... mas tanta violência sem propósito da gangue do Glanton está começando a me incomodar. Mesmo. Acho que cansei desses massacres, sei lá. No ritmo em que estou, vou demorar um mês pra terminar o livro, rs. Acho realmente que nunca lerei outra obra tão terrível quanto este meridiano do McCarthy. Não terrível no sentido de ruim - terrível no sentido de cruel, mesmo.

Mas enfim, o juiz Holden, do qual tantos falam, ainda não discursou muito nem nada do tipo... apenas umas poucas vezes. Vamos ver no que vai dar esse final.
 
Bueno, acabei o livro... ainda estou com a cena da dança e as palavras finais na cabeça...

Pra começar, confesso que não foi nada fácil prosseguir em determinados momentos. Empaquei lindamente durante quase 80 páginas, que foi quando postei aqui. Como eu disse acima, acho que tanta violência estava me cansando/incomodando... enfim, isso foi no meio do livro mais ou menos. Até a página cento e poucas eu li rapidamente, e o mesmo ocorreu com as últimas 150 páginas mais ou menos. Apesar disso vou deixando claro que o nível de violência do livro não diminuiu em nenhum momento.
Acho que o melhor do livro é mesmo o modo como o McCarthy narra a história. Não é uma leitura exatamente fácil, ele é extremamente descritivo. Fiquei admirada com o detalhamento das descrições de paisagens e da natureza. Seja pra falar sobre a forma da areia do deserto, dos tipos de pedras e montanhas, da vegetação local dos vários lugares por onde a gangue de Glanton passa, etc. Confesso que um dicionário me fez falta às vezes.
Essas descrições detalhadas se extendem a todos os terríveis massacres do livro... não são simplesmente pessoas sendo mortas. São cabeças rachadas, corpos queimados, miolos saindo, escalpos retirados, crianças, mulheres e bebês massacrados... você vê todo aquele inferno na sua frente. É terrível. Sinceramente, pra mim foi até incômodo. Só que a escrita dele é poderosa, épica, meio poética eu diria. Inclusive nesses trechos... acho que é aí que está a força do livro, na prosa. Sei lá, é mais ou menos como algo bonito de se ler e horrível de se imaginar, rs. Embora seja meio cansativo as vezes. O livro inteiro segue basicamente o mesmo ciclo: massacres - andanças pelo deserto...

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Outra coisa, reparei que ele escreve MUITOS trechos do tipo: "[...] pareciam remotos e insubstanciais. Como uma patrulha condenada a cavalgar por uma antiga maldição." Ou: "Cavalgaram como homens investidos de um propósito cujas origens eram anteriores a eles, como legatários de sangue de uma ordem imperativa e remota." E esse monte de analogias e comos se extende aos locais também, e podem ser vistos pelo livro inteiro...

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Não posso deixar de comentar aqui, Anton Chigurh parece um "vilão" até meio besta se comparado ao juíz, rs. Pra falar a verdade eu não me lembro de muitos personagens tão perversos com uma personalidade e filosofia tão curiosas. Ele não é só mau. Ele é a maldade em pessoa, a personificação da guerra, do horror e da morte... acho que aquele discurso dele sobre a guerra e o destino (que acaba com "A guerra é deus.") diz muito sobre a personalidade dele. E por mais curiosa que essa personalidade seja, por mais que você goste de vilões... não vejo como alguém possa criar qualquer simpatia por ele. (além de tudo, ele era pedófilo né? Foi o que me pareceu...) Ou por qualquer outro, com excessão talvez do garoto. São todos simplesmente terríveis demais.

Agora, uma coisa que me intriga: por que diabos o juíz ficava arrastando o idiota com ele? Achei que o coitado não duraria um minuto...

Por fim...

Não quero nem pensar no tipo de coisas que o Holden fez com o garoto antes de matá-lo...
 
A violência do McCarthy é muita e bastante visual, entendo que ela te incomode, Penny. O McCarthy consegue ser absurdo de vez em quando (leia-se: quase sempre).
Mas, curiosamente, eu não acho isso tão perturbador. A violência implícita nos ato do Juíz é que me parece mais bizarra: quando, logo no começo, tem aquela parte que ele acusa o padre de ser pedófilo e outras perversões mais, o que logo se descobre ser mentira.
 

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