Realmente, Goba tinha esquecido das limitações que ficamos sujeitos quando fazemos algo voluntário
tipo, se a instituição quer melhorar o ensino, não pode defender a arvore que o vizinho quer cortar porque faz sujeira. Então neste ponto, concordo que a crítica contra os defensores é injusta: estão de mãos atadas jurídicamente, por conta das limitações que fazem as definições.
Quanto a castração, Lukaz, não acho recomendável. O fato é que o estupro é uma violencia realizada com as mãos (ameaça de morte com faca, revólver), e o ato sexual em si é apenas o objetivo final... fica difícil forçar alguém a ter relações com você se você não pode empunhar uma arma. O que vai acontecer é que sem o seu pistolão, ele vai descontar de outra forma suas taras sexuais espancando, torturando, etc., a vítima até a morte, de raiva por não poder completar suas intenções.
O problema em si não é ausência de educação ou informação (e confundimos novamente com escola). Mas a falta de sonhos talvez, a falta de ambição real de crescer como ser humano. Quando existe a ambição é por bajulação vazia por feitos vazios, e isso não é ambição real: é frivolidade. Perdido isso, o sujeito volta a ficar deprimido com a falta de atenção que lhe dão.
Repito, não quero que matem a pessoa, ou que a mutilem para "aprender o que é bom para a tosse". Putz, acabei de revisar um texto sobre Boromir e muito do que o autor do ensaio escreveu ficou na cabeça.
Para ter poder real, para ser alguém é necessário muitas vezes humildade. A humildade de perceber que não é melhor que os outros, que não é uma ilha que não precisa de ninguém e que se foda o mundo.
Mesmo o mais vagabundo dos mortais precisa comer. De onde vem o pão? Acha que poderia sobreviver se alguém não plantasse o arroz?
Ah, mas o fazendeiro fez isso por que é um capitalista, blablabla...
Mas mesmo quando o "desgraçado capitalista" não fica rico continua plantando arroz... porque o fazendeiro capitalista desgraçado não pode viver só de arroz, e troca com alguém por dinheiro para conseguir outras coisas.
Quem não entende sequer este conceito básico de civilização, precisa não de suas mãos, necessita mais aprender a lição de humildade que precisa dos outros. Que não pode viver sozinho, apesar de galhardamente gabar-se de se virar sozinho muito bem, conseguir tudo o que quer (inclusive sexo, dinheiro), etc..
Claro que pode muito bem se afundar no mar de auto-piedade tendo de receber esta dura lição à força, mas como disse, tantos por menos afundam do mesmo jeito na alienação auto-imposta (delírios, alcool, drogas, etc.)
Sobre venenos e outras coisas... bem, o resultado final é o mesmo, mas os meios não. Mas falemos sobre sadismo e da nossa necessidade catártica de retribuição para com os sádicos (tornando-nos sádicos também).
Como eu disse, não quero ser sádica com eles. Mas infelizmente, como recuperar esses jovens sem que eles destruam tudo ao redor enquanto se destróem? Dá para salvar quem não quer ser salvo?
Ao chegar ao ponto de não sentir remorso pelo que fizeram (não matar apenas, mas ter prazer na tortura de matar), temos de parar de pensar em métodos Piagetianos e resignarmo-nos aceitando que nestes casos teremos de adotar métodos Pinocheteanos. Talvez uma lobotomia como em Laranja Mecânica?
Se for assim, ele não terá capacidade de se defender, como acontece no filme (fazendo-nos pensar que na verdade ele não tem escolha senão voltar a ser um FDP). Tudo bem que sem as mãos também fica difícil se defender, mas o entrave no caso de uma lobotomia seria maior: ele não teria sequer noções de auto-preservação.
E não desenvolveria - o mais importante - a consciência de que ele está errado em pensar que pode se virar sozinho, sem depender de ninguém. Afinal, o cérebro estaria danificado. Esta descoberta ele precisa fazer sem medicamentos ou choques elétricos ou cirurgias.
E vemos que os pais (neste caso, e não do Champinha) percebem que perderam totalmente o controle da educação do filho. Não há qualquer figura modelo para eles respeitarem, do qual eles dependam. Se não precisam sequer dos pais, então esperar que eles percebam precisam do "resto do mundo idiota e nojento"?
O maior dom do ser humano é sua capacidade mental. Sem o cérebro ele não é nada. Mas não é apenas uma questão de encher a cabeça de idéias (que não são dele, normalmente: dos amigos, dos livros, dos "amigos", etc).
Não dá para curar o sadismo das pessoas senão por humildade. Como disse, a partir do momento que percebemos que nos rebaixamos à condição sádica dos marginais, perdemos. É necessária a humildade para perceber que tornamo-nos iguais ao que abominamos.
Este tipo de aprendizado, que é difícil para muitos aqui, a meu ver torna-se impossível em casos com o dos jovens em questão. E daí vejo a necessidade dele aprender isso à força, porque eventualmente uma comunidade com essas pessoas - como bem notaram - acaba se "livrando" destas pessoas indesejáveis até entre os ranks dos indesejáveis.
Ou seja, ou a gente dá um jeito de corrigir eles, ou mais do que as mãos vão acabar perdendo a vida neste mundo cruel. Não que eu não seja cruel, aliás, eu sou bem malvadinha para o gosto de muita gente
Mas não é porque uma pessoa tem sangue frio para matar uma criança sadicamente, não possa ter o potencial para fazer milagres (se tiver um incentivo
) para o lado do bem. Apenas que em alguns casos, temos de pensar mesmo se a pílula precisa vir com açúcar, depois de tanto açúcar já ministrado por pais perdidos como baratas tontas. Não se enganem: eles tentaram seu melhor. Apenas que isso não deu certo.
E se não dá certo de um jeito precisa-se tentar do jeito mais difícil. Escolha deles (dos filhos, eu quero dizer): quantos de nós não resolvemos que nossos pais estavam errados e que queríamos cometer as mesmas burradas deles, mesmo que eles tenham dito que era burrada, porque pelo menos sou EU quem faz a burrada? (na verdade, nem admitimos que é a mesma burrada repetida ao longo de milênios, porque sempre nos justificamos que "no meu caso é diferente")
Agora... se eles não tivessem sido sádicos, teria sido diferente?
Talvez ainda precisassem de uma amputação
, mas o princípio de retribuição eles teriam, e de comiseração pelo próximo também. De que se o menino tinha de morrer, que pelo menos morresse de forma indolor.
Percebem que então a forma de ensinar eles a serem menos prejudiciais à sociedade, digo ao próximo, não é de longe parecida com a do sádico? O sádico SEQUER possui esse tipo de compreensão. Para ele, o mundo serve para seu prazer e satisfação, e se alguém morre, azar desse alguém.
Mas no caso do mais "piedoso" eles já percebem que não são ilhas. Apesar de ainda serem lobos e precisarem ser domesticados, porque nós não somos ovelhas suculentas para seu repasto. Talvez até mais difícil de ensinar que os sádicos, porque somente a amputação não vai ajuda-los a pensar de outra forma.
Só que não levem muito a sério meus delírios... afinal são apenas delírios.