Culpa? N sei se faz sentido questionar a responsabilidade de quem criou tudo.
Como todo mundo tá careca de saber, o Tolkien era muito cristão. A obra dele é extremamente relacionada com o cristianismo que conhecemos. Não li o tópico inteiro (portanto provavelmente alguém já indicou essa pergunta), mas pense: a intervenção de Melkor implicou em uma Arda mais bela, independente da intenção de Melkor? Se sim, isso fazia parte do grande plano de Eru? Pode-se dizer que portanto o
objetivo final de Melkor era bom. Essa afirmação está sumariamente equivocada, pois esse era o objetivo final de
Eru através das falhas de Melkor.
Exemplo: A própria morte dos homens, apesar de, da visão de Eru ser um presente muito valioso, foi mal vista por Eruhins, anões, etc; dada a influência de Melkor. Esse "medo pela morte" faz com que os homens vivam mais intensamente? Definitivamente sim. A intenção de Melkor era essa? Definitivamente não.
O próprio Lúcifer na mitologia cristã era o maior dos anjos; o mais capaz. Mas era capaz o suficiente para criar um mundo? Não. Era capaz o suficiente para entender que, apesar de ser o maior dos maiores, não tinha essa capacidade? Essa é a parte interessante. Minha interpretação é que sim - e no que essa visão poderia resultar senão num ódio por si e consequentemente por toda a criação de Deus?
Temos um reflexo deste quadro através do próprio Feanor: o maior dos Noldor. É possível entender a sequencia dos fatos que levaram ao massacre de Alqualondë, mas o entendimento justifica a ação de Feanor? Ou então justifica as consequencias terríveis que o juramento egoísta carregou para todos os habitantes de Arda? É muito importante definir uma sequencia básica: entender para julgar! o julgamento vem depois do entendimento, e não o contrário. Porém, é muito fácil seguir um caminho distinto quando o entendimento é vislumbrado: entender para absolver.
Do ponto de vista de música, as tais "dissonancias" de Melkor não poderiam também ser um
contraponto? Como vc colocou de uma forma muito agradável, o relato é parcial e favorável aos Valar. Veja só: contraponto é reconhecidamente uma belíssima forma de atingir complexas harmonias na música - mas para uma linha isolada, uma outra linha completamente distinta pode parecer sem sentido e dissonante se a obra não for analisada por completo. E quem senão Eru teria essa capacidade de analise? Eru escreveu uma música para ele mesmo ouvir, ué
Anw, ótimo post, ótima colocação! Mas não concordamos em absolutamente nada. O desenvolvimento inteiro da obra de Tolkien tem base maniqueísta. Atacar essa base é praticamente exigir uma revisão completa de todo o trabalho do cara - e que sentido teria discutirmos as escrituras de algo que nunca foi escrito?