É interessante como ambas têm um forte fundamento de cenário, Roma do fim da República e Westeros, e como isso se reflete de maneira tão importante nas séries. Digo, a localidade dá o tom óbvio para que as séries se desenrolem no foco de fato delas: a política. AS relações de poder tecidas entre todas as personagens, sem exceção, por mais distantes que sejam. E tem gente por aí dizendo que política não é interessante...
Game of Thrones remodelou o gênero fantasia para o grande público, tanto nos livros quanto na série. A tornou menos heróica, mais suja, talvez menos épica, mas com certeza mais humana. Roma também fez isso com a História para o grande público: porque ainda que estejam lá Júlio César e Brutus e Marco Antônio e Otávio, não são eles os protagonistas, mas dois homens comuns, plebeus romanos legionários, com suas vidas e famílias. No entanto, nesta Roma, até os heróis da História são mesquinhos, corruptos, egoístas.
Enquanto em Game of Thrones, a mente prodigiosamente criadora de um homem deu o tom para todo um universo, com a ajuda de dezenas de outras pessoas na produção da série, a história de Roma criou a si mesma. Certamente há muito de Roma em Game of Thrones. Tanto da série televisiva Roma na série televisiva Game of Thrones, quanto da história romana nos livros das Crônicas de Gelo e Fogo de George Martin.
Meu voto óbvio vai para Roma. A série, não bastasse ser absolutamente cativante, bem feita, bem produzida, atuada e dirigida, é uma adaptação histórica impressionante. Nem mesmo o erro mais crasso das adaptações históricas está aqui: o anacronismo moral. Os rituais religiosos romanos, por exemplo, estão perfeitos. É comum ver ficções históricas muito bem feitas visualmente, com a arquitetura, o vestuário, o armamento e os penteados. Ok, Roma também tem isso. Mas manter no roteiro a mentalidade e a cultura romana como Roma faz eu nunca vi em nenhum material de ficção dessa magnitude. Rome é perfeita!