Vilya
Pai curuja, marido apaixonado
A seleção brasileira de 70
Recentemente sentei diante da tevê pela primeira vez para assistir na íntegra, após 28 anos, aos jogos da Seleção Brasileira de 70, com saudades, ansiedade, um olhar crítico de comentarista e sem a emoção daquele momento. Queria constatar e entender a magia daquela equipe, idolatrada desde o título. Eu sei que foi a primeira Copa transmitida ao vivo, que o Brasil ganhou todas as partidas, que goleou a Itália na final por 4 x 1, que havia um grito contido por causa da ditadura..., mas existe um carinho, uma admiração e um encanto que ultrapassam o meu entendimento.
Para minha surpresa, a seleção de 70 jogava se defendendo mais do que a atual – e até do que a de 1994 –, pois toda a equipe voltava para o nosso campo, quando o adversário tinha a posse de bola, diminuindo os espaços na defesa. Ao recuperá-la, saíamos rápido para o ataque, com toques curtos, dribles ou em lançamentos longos para Jairzinho e Pelé, que conseguiam chegar em velocidade na frente.
Fiquei fascinado com os lançamentos perfeitos do Gérson, a genialidade e força física do Pelé, a velocidade e habilidade do Jairzinho, os dribles maravilhosos do Rivelino, os passes de um certo Tostão nos dois primeiros gols contra o Uruguai e a Inglaterra, a habilidade e o domínio de bola do Clodoaldo (ele e Gérson eram volantes e armadores ao mesmo tempo), a passada larga, de cabeça erguida e passes corretos do Carlos Alberto, a eficiência de Piazza, Everaldo e Félix, a forma física e a impulsão do Brito e a energia, comando e competência do Zagallo.
Ao lado destas belas virtudes, eu também vi defeitos: Pelé batendo muitas faltas erradas, Gérson, acreditem, errava passes, Rivelino demorava com a bola nos pés, Tostão não tinha velocidade para os médios e longos espaços e estava improvisado de centroavante, Jairzinho corria com a cabeça baixa, Clodoaldo dava só passes curtos, Carlos Alberto chegava pouco à linha de fundo, Everaldo quase não passava do meio-campo, Brito era inconstante, Piazza não cabeceava bem e Félix era um bom goleiro, porém, comum.
Agora entendo Nélson Piquet, apesar de não concordar com seu exagero, ao dizer vendo os videoteipes que a seleção de 70 era um time comum e que não ganharia da seleção de 1994. Ele ficou decepcionado, pois imaginava um time perfeito. Nada foi perfeito, mas foi lindo e mágico. Era um time espetacular, irresistível, mas ainda não era o time ideal, pois a perfeição só existe na nossa imaginação.
Na verdade, esta seleção teve um grande defeito: os jogos estão sendo constantemente repetidos na tevê e a imagem destrói a fantasia, que é sempre melhor do que a realidade. Eu proponho que todas as fitas sejam queimadas e no futuro permaneça a lenda: existiu no futebol um time perfeito, o do Brasil campeão mundial de 70.
Coluna Tostão na Copa, Revista Isto é.
(Para quem quiser o link
http://www.zaz.com.br/istoe/comport/147913.chtm )
Este depoimento do tostão me reacendeu uma velha questão: qual foi o melhor meio campo brasileiro em copas do mundo?
Em 70 tínhamos Clodoaldo, Gérson, Rivelino e Pelé. Aqui, Clodoaldo atuava quase como um zagueiro e Pelé praticamente como um atacante.
A característica marcante eram os lançamentos precisos de Gérson.
Em 82 tínhamos Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico. Formando o famoso quadrado mágico de Telê Santana, jogando em tabelas rápidas e passes de primeira.
Individualmente falando eu prefiro o de 70, mas enquanto meio de campo como um todo, confesso que considero melhor o de 82.
Recentemente sentei diante da tevê pela primeira vez para assistir na íntegra, após 28 anos, aos jogos da Seleção Brasileira de 70, com saudades, ansiedade, um olhar crítico de comentarista e sem a emoção daquele momento. Queria constatar e entender a magia daquela equipe, idolatrada desde o título. Eu sei que foi a primeira Copa transmitida ao vivo, que o Brasil ganhou todas as partidas, que goleou a Itália na final por 4 x 1, que havia um grito contido por causa da ditadura..., mas existe um carinho, uma admiração e um encanto que ultrapassam o meu entendimento.
Para minha surpresa, a seleção de 70 jogava se defendendo mais do que a atual – e até do que a de 1994 –, pois toda a equipe voltava para o nosso campo, quando o adversário tinha a posse de bola, diminuindo os espaços na defesa. Ao recuperá-la, saíamos rápido para o ataque, com toques curtos, dribles ou em lançamentos longos para Jairzinho e Pelé, que conseguiam chegar em velocidade na frente.
Fiquei fascinado com os lançamentos perfeitos do Gérson, a genialidade e força física do Pelé, a velocidade e habilidade do Jairzinho, os dribles maravilhosos do Rivelino, os passes de um certo Tostão nos dois primeiros gols contra o Uruguai e a Inglaterra, a habilidade e o domínio de bola do Clodoaldo (ele e Gérson eram volantes e armadores ao mesmo tempo), a passada larga, de cabeça erguida e passes corretos do Carlos Alberto, a eficiência de Piazza, Everaldo e Félix, a forma física e a impulsão do Brito e a energia, comando e competência do Zagallo.
Ao lado destas belas virtudes, eu também vi defeitos: Pelé batendo muitas faltas erradas, Gérson, acreditem, errava passes, Rivelino demorava com a bola nos pés, Tostão não tinha velocidade para os médios e longos espaços e estava improvisado de centroavante, Jairzinho corria com a cabeça baixa, Clodoaldo dava só passes curtos, Carlos Alberto chegava pouco à linha de fundo, Everaldo quase não passava do meio-campo, Brito era inconstante, Piazza não cabeceava bem e Félix era um bom goleiro, porém, comum.
Agora entendo Nélson Piquet, apesar de não concordar com seu exagero, ao dizer vendo os videoteipes que a seleção de 70 era um time comum e que não ganharia da seleção de 1994. Ele ficou decepcionado, pois imaginava um time perfeito. Nada foi perfeito, mas foi lindo e mágico. Era um time espetacular, irresistível, mas ainda não era o time ideal, pois a perfeição só existe na nossa imaginação.
Na verdade, esta seleção teve um grande defeito: os jogos estão sendo constantemente repetidos na tevê e a imagem destrói a fantasia, que é sempre melhor do que a realidade. Eu proponho que todas as fitas sejam queimadas e no futuro permaneça a lenda: existiu no futebol um time perfeito, o do Brasil campeão mundial de 70.
Coluna Tostão na Copa, Revista Isto é.
(Para quem quiser o link
http://www.zaz.com.br/istoe/comport/147913.chtm )
Este depoimento do tostão me reacendeu uma velha questão: qual foi o melhor meio campo brasileiro em copas do mundo?
Em 70 tínhamos Clodoaldo, Gérson, Rivelino e Pelé. Aqui, Clodoaldo atuava quase como um zagueiro e Pelé praticamente como um atacante.
A característica marcante eram os lançamentos precisos de Gérson.
Em 82 tínhamos Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico. Formando o famoso quadrado mágico de Telê Santana, jogando em tabelas rápidas e passes de primeira.
Individualmente falando eu prefiro o de 70, mas enquanto meio de campo como um todo, confesso que considero melhor o de 82.