Ecthelion
Mad
Escola Politécnica de Saúde obtém melhor resultado entre escolas públicas no Enem
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) do Ministério da Educação disponibilizou um levantamento inédito das médias obtidas pelos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2005, por escola e por município. Pela primeira vez em oito edições do exame o país tem à disposição um sistema de consulta online que permite conferir a média de resultados dos participantes matriculados em
cada um dos estabelecimentos de ensino médio com participação no Enem. O levantamento mostrou que a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), uma unidade da Fiocruz, é a melhor escola pública do Brasil. A EPSJV obteve a melhor nota entre as instituições públicas de ensino, alcançando 79,02 pontos (numa escala de zero a cem).
Emocionados com o bom resultado obtido pela EPSJV, um grupo de funcionários, alunos e professores fez nesta sexta-feira (10/02) uma homenagem ao sanitarista Sergio Arouca, um dos idealizadores da Escola. "Unidos pela vida e companheiros por todo o sempre". A frase, atribuída a Arouca, foi recuperada pelo médico equatoriano Miguel Márquez, pioneiro na implantação de escolas politécnicas de saúde na América Latina e amigo do ex-presidente da Fiocruz. Professor da Universidade de Havana em visita à EPSJV, Márquez organizou uma caminhada da Escola até a frente do Castelo Mourisco, onde foi erguida uma estátua de Arouca.
Rodrigo Méxas/IOC
Márquez e Arouca se conheceram em Ribeirão Preto, durante um congresso de estudantes de medicina nos anos 60. Tornaram-se amigos e chegaram a trabalhar juntos como representantes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em Honduras, nos Estados Unidos e na Nicarágua. Neste último país, tiveram uma participação importante na implantação de um ministério da saúde, que até então não existia. Já em Cuba, os sanitaristas contribuíram para a criação de um centro de atendimento à saúde para a edição de um livro sobre a saúde pública cubana. "Minha história com Arouca é de profunda amizade, não poderia sair do Brasil sem esta homenagem", disse Márquez ao pôr um buquê de flores aos pés da estátua. Única escola federal do país voltada exclusivamente para a educação profissional em saúde, a EPSJV foi oficializada em agosto de 2004 como Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a educação de técnicos em saúde. Criada em 1985, a escola tem como objetivo articular o ensino, a pesquisa e a cooperação técnica em benefício da melhoria da qualidade dos serviços da saúde. Os cursos de educação profissional de nível básico e técnico abrangem as áreas de vigilância em saúde, atenção à saúde, gestão em saúde, informação em saúde e procedimentos de laboratório. Algumas habilitações técnicas são cursadas de forma articulada e concomitante ao ensino médio.
Como Centro Colaborador da OMS, a escola participa de projetos internacionais de educação técnica em saúde; de formação de docentes de cursos técnicos em saúde; de consultoria para o desenvolvimento local de educação de técnicos em saúde; e de elaboração de materiais educacionais para o desenvolvimento de professores e de técnicos em saúde, entre outros. Em 2004 a EPSJV ganhou uma nova sede no campus de Manguinhos da Fiocruz: um edifício de cinco mil metros quadrados com 23 laboratórios, salas de aula e restaurante.
A articulação entre ensino de nível médio e pesquisa da EPSJV tem levado à implementação de ações como a instalação da Estação de Trabalho Observatório dos Técnicos em Saúde e a criação de laboratórios de tecnologias educacionais e técnicas de biodiagnóstico. A EPSJV também tem prestado assessoria e consultoria a órgãos governamentais, em nível municipal, estadual e federal. Um exemplo é a coordenação do Programa de Formação de Agentes Locais de Vigilância em Saúde (Proformar), em parceria com a Funasa. Ocupa também a Secretaria Técnica da Rede de Escolas Técnicas do SUS (RET-SUS).
Ao todo, 21.990 escolas compõem o cadastro do Inep: 15.974 públicas e 6.016 privadas. A consulta também pode ser efetuada por unidade da Federação, por localização da escola (rural ou urbana), por dependência administrativa (particular, federal, estadual ou municipal) e por modalidade de ensino (ensino regular, educação profissionalizante e educação de jovens e adultos). Os dados estão disponíveis na página eletrônica do Inep.
Fevereiro/2006
Fonte: http://www.fiocruz.br/ccs/novidades/jan06/enem.htm
FÓRMULA QUE DÁ CERTO
14/02/2006
Escola Politécnica da Fiocruz, primeira no Enem entre as públicas, oferece disciplinas como filosofia e expressão corporal, laboratórios equipados e cineclube
Os estudantes da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), não se cansam de dizer que agora todo mundo vai saber onde estudam. A instituição ganhou fama semana passada depois que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC) divulgou a média das escolas no Enem: ela é a pública com a melhor média no país (79,02). Mas o que será que ela tem de tão especial para desbancar outros colégios federais de excelência, como o Cap-UFRJ e o Cap-Uerj, que no ranking das escolas públicas do município ocupam o segundo (média 77,79) e o terceiro lugar (73,99)?
Para o coordenador geral do curso técnico em saúde da politécnica, Cláudio Gomes Ribeiro, um dos destaques da escola é a organização curricular, que inclui filosofia, música, teatro e artes plásticas. Além disso, todos os alunos fazem esportes e aulas de expressão corporal.
— Organizamos muitas viagens para cidades históricas, visitas a museus, cinemas, exposições — diz Claudio, acrescentando que outro diferencial da escola é a exigência de uma monografia no fim do curso. — Eles desenvolvem o projeto ao longo dos três anos.
Inaugurada há 20 anos, a politécnica faz concurso para selecionar os alunos. O edital sai em setembro, mas por causa do sucesso repentino muitos pais ligaram para a escola para saber se ainda há vaga. Cerca de três mil alunos costumam disputar as 110 vagas da instituição, que no concurso passado reservou, pela primeira vez, 50% de suas vagas para alunos da rede pública.
Apesar do bom resultado obtido no Enem, Cláudio explica que o foco da escola não é preparar para o vestibular. Mesmo assim, seis estudantes da turma de 2005 passaram para universidades públicas. André Maiocchi, de 18 anos, não passou mas aguarda reclassificação para microbiologia na UFRJ. Para ele, o desempenho de sua turma no Enem é resultado do bom trabalho dos professores (são 50 ao todo, a maioria pesquisadores da Fiocruz).
Na politécnica — que oferece os cursos técnicos de nível médio de gestão em serviços de saúde, laboratório em biodiagnóstico em saúde, registro e informações em saúde e vigilância sanitária e saúde ambiental — as aulas práticas ocorrem em três laboratórios equipados com 35 microscópios. A instituição também oferece laboratório de informática com 32 computadores, cineclube e biblioteca com seis mil volumes. Apesar do alto investimento em seus alunos, o diretor da escola, André Malhão, conta que recebeu com surpresa o resultado no Enem:
— Foi uma surpresa. Não treinamos nossos alunos especificamente para provas, mas eles têm bom índice de aprovação em concursos.
Jornal: O GLOBO Autor: Editoria: MegazineTamanho: 495 palavras
Edição: 1 Página: 12 Coluna: Seção: Caderno: Megazine